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sábado, 2 de setembro de 2023

Vento a favor - Alon Feuerwerker

Análise Política

O bom resultado do PIB do segundo trimestre tem uma fonte primária: a combinação de inflação em queda com mercado de trabalho e programas sociais sustentados. Daí o consumo das famílias a puxar a atividade. Acrescente-se ainda um efeito inercial do final da pandemia. 
A variável incômoda? Para o mercado, é a projeção de um quadro fiscal deficitário no próximo ano, mas mesmo isso está em precificação pelos agentes econômicos.

O debate sobre zerar o déficit vai quente, mas os cenários financeiros mais realistas já absorveram algum grau de frouxidão fiscal. Até porque sempre haverá o Banco Central autônomo para, se necessário, apertar a corda ou soltar menos que o previsto.

Essa combinação entre um governo concentrado em gastar e um BC ortodoxo vai produzindo, portanto, resultado neste curto prazo.  
Um problema?  
Os investimentos não habitam patamar propriamente brilhante, o que é a outra face do consumo em alta. 
Mas no curto prazo essa variável tem efeito apenas relativo para uma administração em busca da estabilidade política.

O fôlego na economia reforça a mão de cartas do governo nas negociações para a ampliação da base parlamentar, numa moldura que já vinha favorável por razões políticas propriamente ditas, em particular a inteligente recusa do Congresso Nacional a ficar isolado contra o que se chama, com algum grau de humor, de presidencialismo de coalizão com o Judiciário.

Nunca se deve subestimar o instinto de sobrevivência dos políticos.

Essa “coesão no conflito” projeta um segundo semestre de votações com tudo para ser tranquilas ao oficialismo, ainda que nos micromomentos aconteçam turbulências e ruídos, um alarido que sempre acaba por se dissipar na hora H. Até por o governo contar com sólido respaldo nos mecanismos ditos formadores de opinião pública.

O que tem funcionado como amortecedor eficaz de potenciais crises.

Um exemplo são as Comissões Parlamentares de Inquérito. Que, de instrumentos para a fiscalização do poder, transformaram-se em ferramentas para acossar a oposição. Esta, aliás, vem aprendendo uma lição preciosa. Denuncismo sem apoio da imprensa e do Judiciário é tiro que pode, e costuma, sair pela culatra.

Especialmente quando a própria oposição está encalacrada numa agenda policial-criminal.

Outro movimento que se inicia é a dança antecipatória da disputa municipal, quando os partidos constituirão as bases materiais para as eleições gerais dali a dois anos. Aliás, a tensão entre o lulismo raiz e o neolulismo do chamado centrão orienta-se também pela disputa de posições na máquina estatal federal favoráveis à produção de poder municipal. [o ilustre articulista destacou com inteligência o caráter momentâneo das 'supostas' melhoras; alguns indicadores que levaram a um crescimento ínfimo do PIB, são passageiros, não se sustentam e produzirão consequências contrárias as que apresentam; o atual DESgoverno   mantém  preço dos combustíveis as custas da Petrobras e logo terá que compensar com um mega reajuste. 
 É questão de tempo constatar a inevitável explosão da bomba da economia no colo do maligno presidente, a dúvida é se a explosão ocorrerá em outubro ou dezembro próximos.]


Uma incógnita sobre 2024 é se o PT conseguirá romper a barreira nas cidades, pois, apesar de ter estado 14 anos no poder federal, nunca conseguiu capilarizar essa força nos municípios.  

Também porque as amplas alianças que precisa costurar em Brasília para sobreviver acabam alimentando adversários do partido na base da sociedade. 

Alon Feuerwerker,  jornalista e analista político 

 

 

 

domingo, 14 de maio de 2023

As revoluções do transativismo - Revista Oeste

Flávio Gordon

Por que a ideologia de gênero é relativista no sentido cis e essencialista no sentido trans? 


Foto: Shutterstock
 
Ao fim do meu último artigo, observei o estranho fenômeno do ativismo transativista, que, muito embora se apresente como continuador do movimento pelos direitos civis, tem realmente muito pouco a ver com a tradição norte-americana do common sense. Não obstante a retórica do universalismo possa enganar os mais incautos, o que ressalta na agenda trans são a radicalidade, a virulência, o seu niilismo. Eis a principal marca do movimento identitário em sua versão mais extremada.

Ocorre é que, quando se dirigem a públicos extra-acadêmicos, e genericamente progressistas, os transativistas mais radicais costumam atenuar seu discurso, tentando angariar empatia e identificação geral. 
A coisa não tarda a mudar de figura quando os radicais estão em seus casulos acadêmicos, quando já não hesitam em moderar a linguagem. Num ensaio introdutório a uma coletânea de estudos sobre gênero, uma das enragés transativistas, Susan Stryker, chegou a propor que o maior propósito do transgenderismo era o de subverter o paradigma epistemológico do Ocidente. Nada menos. Para a alegada defesa de direitos individuais e proteções civis, a coisa parece ter ido bem além das chinelas… publicidade

Stryker e outros transativistas sabem que, no fundo, o que lhes cabe promover é o trabalho disruptivo, de modo a que os indivíduos concretos sejam usados pelas causas, e não o contrário. Nesse sentido, a velocidade com que as contradições se sucedem no seio do movimento trans-identitário chega a ser estonteante, gerando uma série de fissões no radicalismo outrora “ortodoxo”. Uma das principais frentes de batalha, como se sabe, tem oposto as feministas radicais aos transativistas. Enquanto as primeiras assumem uma posição mais convencionalmente construcionista, as segundas apelam a um curioso “naturalismo” de segunda mão. Susan Stryker chegou a propor que o maior propósito do transgenderismo era subverter o paradigma epistemológico do Ocidente | Foto: Reprodução Redes sociais

Com efeito, as assim chamadas “mulheres trans” dizem ser mulheres — como se, de algum modo, possuíssem cérebros femininos “presos” no corpo de homens. Mas, da perspectiva feminista radical, a ideia de um cérebro naturalmente feminino não faz sentido.
Se as mulheres pensam e agem diferentemente dos homens é porque a sociedade assim as forçou por convenção social, exigindo-lhes que fossem sexualmente atraentes, maternais e submissas aos homens.  
Para as feministas, o que terá se passado na história entre os sexos foi um processo político marcado por uma espécie de “submissão ritualizada” das mulheres aos homens, um processo de exploração do qual as “mulheres trans” estariam se beneficiando.

Há não muito tempo, o gênero era considerado uma mera construção social, enquanto o sexo era uma realidade biológica. Agora, os ativistas alegam que o gênero é destino, enquanto o sexo biológico não passa de construção social

A posição construcionista, como dissemos, é a que foi sempre historicamente marcada pela ideologia feminista da segunda onda. Consagrada, entre outras, por Simone de Beauvoir, o argumento consistia na ideia de que as mulheres não nascem naturalmente mulheres, conquanto possam vir a se tornar. No lado do transativismo, a confusão reside num misto entre duas posições. Se, por um lado, o transativista começa como realista contra o construcionismo feminista, obviamente não pode levar esse realismo naturalista até as últimas consequências, pois isso destruiria a premissa política fundamental de que o gênero é construído, fluido, mutável etc.

As contradições do transativismo permanecem sempr
e ocultas, jamais examinadas, porque, no fundo, o transativismo não admite fazer elucubrações metafísicas
Sua retórica está repleta de afirmações ontológicas, tal como a de que as pessoas são do gênero ao qual dizem pertencer ser, e de que os sentimentos determinam a realidade. Os radicais não querem que o debate aconteça no nível da filosofia, de modo que o disfarçam com as vestes da “ciência” e da “medicina”. E cooptam várias associações médicas e profissionais a serviço dessa ideologia delirante.  
Simone de Beauvoir foi escritora, intelectual, filósofa existencialista, ativista política, feminista e teórica social francesa | Foto: Wikimedia Commons

A Associação Psicológica Americana, por exemplo, elaborou um panfleto intitulado “Respostas às suas questões sobre pessoas trans, identidade de gênero e expressão de gênero”. O texto fala em “transgenderismo como um termo guarda-chuva para pessoas cuja identidade de gênero, expressão de gênero e comportamento não se conformam com o tipicamente associado com o sexo que lhe foi atribuído ao nascer”. Note-se a linguagem politizada. As pessoas não nascem com sexo — é-lhes “atribuído”.

Trata-se de uma reviravolta espantosa. Há não muito tempo, o gênero era considerado uma mera construção social, enquanto o sexo era uma realidade biológica. Agora, os ativistas alegam que o gênero é destino, enquanto o sexo biológico não passa de construção social. Se, por um lado, afirmam ainda que as possibilidades para a identidade de gênero são ilimitadas — para homens, mulheres, ambos ou nenhum —, insistem também que a identidade de gênero é inata e imutável, estabelecida de uma vez por todas desde uma tenra idade.

O transativismo afirma não haver diferenças significativas entre homens e mulheres,
mas repousa sobre rígidos estereótipos sexuais a fim de sustentar que a “identidade de gênero” é real, mas o corpo biológico não o é. Diz-se ademais que a verdade é tudo o que uma pessoa afirma ser, mas no instante seguinte postula-se a existência de um eu real “dentro” da pessoa. O gênero é uma construção social, mas também simultaneamente inato e, em novo rodopio, por sua vez “fluido”. 
Tente-se imaginar o que significa exatamente ter um senso interior de gênero, e o que significaria ter esse senso interno de gênero à parte o fato de ter um corpo desse ou daquele sexo.

Por último, restam mais de mil e um paradoxos do transgenderismo. Se não há homem e mulher, por que há homem trans e mulher trans? Se nenhuma mulher cis pode ser enquadrada num determinado estereótipo de feminilidade, por que a mulher trans é invariavelmente um homem que se autoidentifica como uma mulher estereotípica? 
Por que uma mulher trans é sempre um homem cis que se autoidentifica como mulher cis, e nunca um homem trans que se autoidentifica como mulher trans? 
Por que não parece haver dupla incidência do fator trans? 
Talvez porque trans + trans = cis? 
Diz-se que um homem trans é uma mulher que se autoidentifica como homem. 
Mas ser homem (ou mulher) não é justamente o ato de se autoidentificar como tal? 
Se a ideologia de gênero postula uma identidade identificante, por que depende tanto das identidades identificadas para definir o gênero por oposição? 
Por que, enfim, a ideologia de gênero é relativista no sentido cis e essencialista no sentido trans? Resta-nos, enquanto dá, seguir perguntando, enquanto a gritaria revoltosa não se impõe pelo silêncio… Ativistas alegam que o gênero é destino, enquanto o sexo biológico não passa de construção social| Foto: Reprodução/WikiMedia Commons

Leia também “O que o transativismo tem a ver com direitos civis”
 

Recomendamos: A epidemia trans

 
Flávio Gordon, colunista - Revista Oeste
 
 

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Padre Kelmon e o exorcismo dos comunas - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

Como já tinha acontecido no debate anterior, o "tal" do Padre Kelmon roubou a cena no debate da Globo esta quinta. Ele foi a grande estrela da noite, desnudando a esquerda hipócrita e tirando Lula do sério, para desespero dos militantes disfarçados de jornalistas.

Para acompanhar o debate, acabei colocando na Globo News antes, o que não fazia há semanas. Lá vi Merval Pereira elogiar Aloysio Mercadante como um economista ortodoxo, responsável. Esse aperitivo foi o tom da noite: o desespero tucano para passar pano e borracha no radicalismo petista, tudo para tentar derrotar Bolsonaro.

A esquerda nutria alguma esperança de que Ciro Gomes fosse pegar leve com o ladrão petista. Em vão! Ciro “Retroescavadeira” Gomes entrou de sola no molusco! 
E a militância foi para as redes sociais detonar Ciro, até ontem um queridinho da turma. Fica a mensagem: quem não adere 100% ao teatro petista só pode ser um golpista!
 
Chamou a atenção também a quantidade de "direito de resposta" concedida ao ex-presidiário. 
Faltava William Bonner usar uma estrela vermelha na lapela. Como a melhor parte do espetáculo são os memes nas redes sociais - lembrando que a esquerda radical é incapaz de humor - Bonner de testemunha de Jeová oferecendo mais direito de resposta a Lula foi uma imagem que viralizou: Em vários momentos, Bolsonaro engoliu lula frita na noite, mastigando o cinismo de quem tentava acusar o atual presidente de corrupção, tendo comandado o maior esquema de desvio de recurso público do planeta
O grau de cinismo do petista é o de um psicopata, não resta dúvidas. Mas não foi uma boa noite para Lula...
 
O candidato do Novo deve ter ignorado sugestões de João Amoedo e levantou a bola para o Ciro Gomes cortar direto na cabeça do larápio! “Lula, só um diretor seu devolveu cem milhões de corrupção aos cofres públicos”, apontou D'Ávila.  
O ladrão tergiversou e fugiu pela tangente demagógica: “O povo quer que eu volte pois eu sei cuidar do povo”. Felipe D'Ávila pode ter pinta de "mauricinho" Leite de Soja, mas até que deu uma ou outra boa bordoada no petista ontem, e merece crédito por isso.

Bolsonaro trouxe o caso do assassinato de Celso Daniel à tona. Simone Tebet saiu pela tangente, mas a vice dela foi quem disse que Lula teria pago milhões pra se livrar da acusação. Como não é tema relevante para o país, senadora? Tebet reclamou que Bolsonaro deveria ter feito a pergunta diretamente ao Lula, ignorando que ele não poderia mais escolher o ex-presidiário no bloco. Não foi, portanto, covardia...

Em momento épico, Bolsonaro soltou essa pérola logo no começo: “Acabei com a mamata da grande mídia, em especial da Globo”. Afirmar isso na própria Globo é simplesmente delicioso para quem está cansado dessa militância podre da velha imprensa.

A "onça" só se enrolou a noite toda, disputando com Tebet quem era a mais patética. Chegou a usar a expressão "maninterruptipng" contra o Padre Kelmon, e depois ainda disse que ele iria para o inferno 
O padre humilhou a senadora Soraya, que dobrou a aposta e chamou o candidato do PTB de "padre de festa junina", além de cabo eleitoral de Bolsonaro. Teve de escutar que ela é cabo eleitoral de Lula!
 
Simone Tebet foi lacrar e levou uma lapada do presidente Bolsonaro sobre ambientalismo. Para ela, enquanto rolava o debate algo como três mil árvores eram cortadas! Já no Ceará de Ciro, todos devem comer a picanha do Lula! É um mundo paralelo inventado, tal como aquele Brasil de Bolsonaro dos mais de 30 milhões de famintos. 
A esquerda não tem qualquer compromisso com os fatos.
 
Tanto que o imitador de focas chegou a afirmar que Bolsonaro estava "fora de si, completamente descontrolado, totalmente fora do prumo, gritando e babando". O rapaz devia estar sintonizado em algum outro canal, só pode! No mais, Lula bem que tentou aparentar calma, mas a farsa durou pouco. 
Sua linguagem corporal exalava nervosismo e ódio o tempo todo, e quando o Padre Kelman partiu para o ataque...
 
Chegamos ao melhor momento do show! O padre estava lá pois contra a esquerda radical é necessário um exorcista mesmo. E Kelmon exorcizou Lula em praça pública
Fez o demônio transfigurar o rosto do ator que bancava o pacificador. Jogou duras verdades na cara do ladrão: 
-  não foi inocentado coisa alguma, só descondenado por companheiros supremos; é um bajulador de tiranos assassinos como Fidel Castro; nada diz contra o colega Daniel Ortega que persegue cristãos na Nicarágua; etc. Lula foi moído pela cruz!
 
William Bonner nem sabia o que fazer para impedir o massacre. 
Ele não conseguiu ocultar o desprezo e o ódio que a turma global sente pelo padre anticomunista. 
Nas redes sociais petistas, vários "jornalistas" desesperados com o padre, revoltados com o "deslize" de Lula, que caiu na casca de banana.
 
Já do lado bolsonarista, os memes divertidos enaltecendo o papel do padre no debate, como se fosse o Carluxo disfarçado espancando um Lula perdido e atônito:  Roberto Jefferson tentou ser candidato assumidamente para esse papel de linha auxiliar de Bolsonaro, para bater nos comunas em seu lugar, para defender o presidente dos ataques pérfidos de todos os lados
O sistema não permitiu sua candidatura e já deve estar arrependido. 
Ele encontrou um substituto à altura, um Bob Jeff de batina!

E claro, tendo um presidente zoeiro, que sabe tirar sarro da oposição desesperada, até Bolsonaro embarcou na brincadeira e postou em seu Twitter que, após o exorcismo, Lula pediu voto para o presidente, fazendo o 22 com as mãos...

Essa talvez seja a marca registrada desse embate: a coisa é muito séria, pois a esquerda radical corrupta quer voltar à cena do crime para acabar de destruir o país; não obstante, a direita é capaz de encarar tudo com firmeza, mas leveza, enquanto a esquerda "democrata" só consegue exalar ódio, raiva, sentimento de vingança, autoritarismo.

E a turma sentiu, não resta dúvida. Já tem até gente prometendo perseguição ao padre se o ladrão realmente voltar ao poder...

Pelo bem da nação, isso não vai acontecer! O povo brasileiro não vai permitir a volta do ladrão socialista ao poder. O padre iniciou os trabalhos de exorcismo, e agora cabe ao eleitor mandar o capeta embora de vez: vade retro, Satanás!

Rodrigo Constantino, colunista -  Gazeta do Povo - VOZES

 

domingo, 24 de março de 2019

Temer: Coaf evidencia por que Bretas ignorou a cascata dos R$ 20 milhões

Relatório do Coaf que compõe a denúncia do MPF e que foi ignorado por Bretas Mas por que razão, afinal de contas, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio, não citou em seu despacho tresloucado para mandar prender o ex-presidente Michel Temer a suposta tentativa de um depósito de R$ 20 milhões na conta de uma empresa do coronel João Baptista Lima Filho, que a Lava Jato diz ser "operador" de Temer? Eu ousaria dizer que isso não aconteceu porque Bretas não é tonto. O documento no qual se baseia a acusação não vale um lenço de papel usado.


[comentando: qualquer um, pode comprovar a qualquer momento, que o simples pensar em ingressar em uma agência bancária, já faz com que o 'pensados' seja filmado, escaneado, pesado e medido; 
por óbvio, como lembra o ilustre articulista, vinte milhões de reais, em espécie, ocupariam várias malas e várias pessoas no transporte e uma filmagem da operação com certeza houve; .
dificil se entender os motivos do Coaf,  não ter requisitado a mesma - sequer mencionou sua  existência ou a possibilidade.]

Bretas gosta de exibir os músculos na academia; divulga três dias antes da eleição depoimentos que comprometem o adversário de um amigo seu que também disputa o pleito; manda para o isolamento um preso porque cismou ter sido ameaçado; recebe, em companhia da mulher (agora não mais; STF cassou o benefício), dois auxílios-moradia, embora proprietário de imóveis de luxo; posa portando um fuzil; expressa simpatia por candidato à Presidência da República (no caso, Bolsonaro); manifesta-se defendendo o governo (no caso, o de Bolsonaro…); não se faz de rogado quando apontado candidato a juiz de corte superior (no caso, seria indicado por… Bolsonaro). 

Bem, ele pode fazer tudo isso, mas não é burro.  Preferiu estuprar e estripar o Artigo 312 do Código de Processo Penal com uma catilinária surrealista porque isso ainda lhe pareceu um caminho mais eficaz do que dar crédito à acusação do tal depósito. E que se note: ainda que tivesse existido, o que parece piada (vocês verão), forçoso seria evidenciar que o ato derivava mesmo de uma decisão tomada por Temer, que nem sequer foi formalmente acusado na investigação que acabou resultando na sua prisão. Pois bem, meus caros: o trecho do relatório do Coaf ao qual apela o MPF está reproduzido acima. Transcrevo abaixo:
"O objetivo desta comunicação de boa-fé é apenas reportar a tentativa de depósito em espécie no valor de R$ 20 milhões. O depósito foi recusado na agência, sendo que na abordagem foi solicitado ao portador a comprovação da origem dos valores para recebimento e reativação da conta em atendimento à legislação de PLD vigente. O portador, que não se identificou, se retirou da agência e não obteve êxito na realização do depósito"

Sei lá se câmeras filmaram o notável episódio ocorrido no dia 23 de outubro de 2018. Embora o texto do Coaf cite em "portador", não aprece crível que alguém tenha entrado na agência arrastando algumas malas de dinheiro e, tudo indica, sem acompanhante — fazer o imodesto depósito de R$ 20 milhões em dinheiro vivo. Um dado chama a atenção na nota na comunicação do Coaf. Tratava-se de uma conta desativada. Então a "sofisticada organização criminosa", como quer o MPF, que operava havia 40 anos, acusação não menos ridícula, comete o erro primário de tentar depositar R$ 20 milhões em dinheiro vivo numa conta que está zerada? E, claro, note-se que isso se deu uma semana depois de o delegado Cleyber Malta Lopes concluir o tal inquérito dos portos. Malta Lopes, diga-se, foi quem comandou a operação que resultou na prisão de Temer, com todos os requintes de um espetáculo.

Se eu estivesse fazendo um roteiro de um desses filmes B, diria que isso tem um certo cheiro de plantação de provas — a autoria fica por conta da imaginação de cada um. Convenham: alguém que incorresse em tal erro não estaria chefiando nem esquema pra bater carteira em ponto de ônibus, não é mesmo? Ou bem se trata de uma organização criminosa ou bem se trata de um bando de amadores bem-sucedidos que, com medo da investigação, resolvem depositar R$ 20 milhões em grana viva, o que corresponde a se entregar, não é mesmo?

E o tal que supostamente queria fazer o depósito, claro!, vai embora sem se identificar. Posso imaginar a frustração. Saiu com as suas malas de dinheiro, meio resfolegante, rumo ao estacionamento… Dá para entender por que nem Bretas, que não é exatamente um ortodoxo, deu bola para a história. "Ah, mas e se aconteceu assim mesmo? Aí a prisão preventiva estaria justificada, Reinaldo?" A resposta, obviamente, é "não". Porque ainda faltaria ligar o dinheiro a Temer. Um dos requisitos para a prisão preventiva, segundo o Artigo 312 do Código de Processo Penal, é a contemporaneidade de ato criminoso… Vá lá: outubro de 2018 não está tão longe. Mas há também os pressupostos de uma preventiva: a prova de que o crime aconteceu e o indício de autoria. Também eles não estão dados. A aberração fica mais clara a cada dia.

 Blog do Reinaldo Azevedo





Temer: Coaf evidencia por que Bretas ignorou a cascata dos R$ 20 milhões ... - Veja mais em https://reinaldoazevedo.blogosfera.uol.com.br/2019/03/24/temer-coaf-evidencia-por-que-bretas-ignorou-a-cascata-dos-r-20-milhoes/?cmpid=copiaecola

domingo, 7 de junho de 2015

BRASIL HETERODOXO! Juros de 13,75%, inflação de 8,39% e recessão de 1,27%.

BRASIL HETERODOXO! Juros de 13,75%, inflação de 8,39% e recessão de 1,27%. 

Eis a ortodoxia do besteirol petista

Se você quer uma medida, leitor amigo, do estado miserável a que o governo petista conduziu a economia brasileira, então fique com este conjunto: 
no dia em que o IBGE divulgou a informação de que o desemprego atingiu a taxa de 8% no primeiro trimestre — 511 mil pessoas perderam o emprego —, o Comitê de Política Econômica do Banco Central decidiu elevar a taxa de juros de 13,25% para 13,75%, o que contribuirá certamente para… elevar o desemprego.

Por que é assim? Porque é preciso combater a inflação. Segundo o Boletim Focus de segunda, o mercado espera que o ano termine com uma taxa de 8,39% e com uma recessão de 1,27%. Então fica estabelecido: o modelo petista conseguiu realizar o prodígio de produzir inflação alta, recessão e juros estratosféricos — que ainda devem aumentar. A expectativa do mercado é que cheguem ao fim do ano em 14%. E já há quem não descarte algo acima disso.

Entendem por que o desemprego aumenta e continuará a crescer? É claro que isso traduz um cenário de desalento para a economia. Ocorre que não se chegou a esse ponto por acaso. E dificuldades outras podem se juntar ao cenário. A agência de classificação de risco Moody’s, por exemplo (leia post), estima que o Brasil não conseguirá alcançar a meta de superávit primário neste ano 1,1% — nem a anunciada para o ano que vem, de 2%. E é muito provável que não. No ranking da agência, o país está no penúltimo patamar do “grau de investimento” mas com viés negativo: Baa2. A chance de haver novo rebaixamento é grande. E não só por causa do não cumprimento da meta fiscal. O país precisa fabricar uma recessão para tentar pôr a economia no eixo, mas o crescimento vai para o brejo, o que piora as contas do governo, que a recessão tenta corrigir…

Quem pariu tal modelo? Os governos do PT. O que mais impressiona é fazer uma breve pesquisa e ver as vezes em que os companheiros foram advertidos de que o país estava caminhando para a ruína econômica. Não para Guido Mantega, que ainda gostava de expelir regras. A piora do quadro recessivo contribui para tornar ainda mais inquieta a base do governo, que mostra, inclusive no petismo, seu desconforto em aprovar medidas que restringem as generosidades oficiais.

Muita gente critica o que seria a ortodoxia liberal em curso no Brasil… Que bobagem! Mundo afora, os ortodoxos costumam baixar juros para estimular uma economia em recessão. No Brasil, eles estão sendo elevados porque a inflação ameaça subir ainda mais, a despeito da retração econômica…
A rigor, raramente este país foi tão heterodoxo…

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo 

 

 

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Cinco pontos do que pode mudar na política econômica

O discurso do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ao assumir o cargo nesta segunda-feira foi interpretado por analistas como uma confirmação de que ele pretende dar uma guinada de 180 graus na política econômica, perseguindo uma agenda mais "liberal".

Além de apresentar sua equipe formada principalmente por economistas ortodoxos Levy defendeu a austeridade fiscal, cortes de subsídios do BNDES e o fim das desonerações para setores específicos. Por um lado, abraçou medidas de simplificação tributária. Por outro, falou da possibilidade de um aumento de impostos. Mas se há consenso de que a posse de Levy deve ser o início de um novo ciclo na política econômica, também há dúvidas tanto sobre o grau de autonomia que o novo ministro terá para liderar essa guinada quanto sobre a capacidade de essas políticas impulsionarem o crescimento da economia.


Para Silvio Campos Neto, da consultoria Tendências, por exemplo, as mudanças propostas por Levy vão na direção certa, ao priorizar a responsabilidade fiscal e dar seriedade à gestão das contas públicas. "Mas ainda não sabemos como o Planalto vai reagir se essas medidas começarem a afetar o emprego e renda das famílias", diz ele.

Já para o economista heterodoxo Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, a estratégia é equivocada. "Com Levy, (a presidente) Dilma Rousseff está tentando repetir o que foi feito no primeiro governo Lula, quando o ministro Antônio Palocci implementou uma série de políticas de austeridade para recuperar a confiança dos mercados. O problema é que em 2003 o crescimento só foi retomado em função do crescimento da China e valorização das commodities e o contexto em que vivemos é outro", opina.


Abaixo confira o que, segundo indicações do discurso de Levy e medidas já anunciadas pelo governo, pode mudar na condução da política econômica:

1) Ajuste fiscal: 
 Para alcançar 'primário', governo deverá cortar gastar e aumentar impostos 

Em 2014, o governo havia se comprometido a economizar 1,9% do PIB para pagar os juros da dívida pública ─ no que é chamado por economistas de "superávit primário". A meta, porém, não foi cumprida e uma lei teve de ser aprovada às pressas no Congresso para alterar a forma como essa economia é calculada.

Levy se comprometeu a fazer um superávit de 1,2% neste ano e de 2% em 2016 e 2017 ─ e isso pode ser feito por meio de duas estratégias: corte de gastos e aumento de impostos. Na semana passada, a equipe econômica começou a dar sinais em quais áreas pretende cortar quando anunciou regras mais rígidas para o acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários, como seguro-desemprego, abono salarial e pensão por morte. E no discurso de posse Levy deu indicações de que também pode elevar alguns impostos.

Para alguns analistas, o ajuste fiscal precisa ser duro, para que o governo consiga recuperar a confiança dos mercados. Belluzzo e André Perfeito, da Gradual Investimentos, discordam. "Já estamos em um cenário de estagnação, com retração do consumo e da geração de postos de trabalho. O risco é que um ajuste muito forte aprofunde um cenário recessivo", diz o economista-chefe da Gradual. Ou seja, na avaliação desses especialistas, mais impostos significariam menos dinheiro sendo gasto para consumir e contratar, impedindo, assim, a retomada da economia.

2) Impostos: 
Em seu discurso de posse, Levy defendeu uma simplificação tributária, com unificação das alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), mas admitiu que o governo avalia a possibilidade aumentar alguns tributos para colocar as contas públicas em dia.
"Possíveis ajustes em alguns tributos também serão considerados", disse.

Ler a íntegra, clique aqui

Fonte: BBC Brasil