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quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

O discurso sangrento da diversidade - Alex Pipkin, PhD

          É fundamental compreender que conservadores acreditam na vida como ela é, objetivamente. São os indivíduos aqueles que fazem suas próprias escolhas, não devendo existir o abusivo envolvimento do governo nas opções privadas.

Já os “progressistas”, advogam por um forte intervencionismo estatal nas questões sociais e econômicas, a fim do alcance do “como a vida deveria ser”.

E na “moderna visão de mundo progressista”, de um mundo igualitário, evidente, quem poderia se objetar às políticas identitárias, em defesa das minorias, aquelas que supostamente pregam mais diversidade e inclusão? Pois uma coisa é uma coisa, outra coisa é, de fato, outra coisa…

Quando da morte de George Floyd, o mundo todo, em especial, os dos sentimentos progressistas, afloraram em todos os campos. “Black Lives Matter” se transformou, rapidamente, em uma grife mundial.

Via-se, lia-se e se ouvia legiões e mais legiões de bondosos sinalizadores de virtude, ecoando contra a brutalidade policial e a discriminação racista, contra os negros.

Separando-se o joio do trigo, logo após tal evento, ficou muito claro o rotundo ativismo político emaranhado na teia sentimental relacionada a morte de Floyd. Mas o que aconteceu em 7 de outubro deste ano, com o massacre do grupo terrorista Hamas, que assassinou, queimou e estuprou, bebês, mulheres, jovens, adultos e idosos civis em Israel?

A resposta de grande parte das instituições mundiais, foi um silêncio quase que ensurdecedor. Partiu de “progressistas”, justiceiros sociais, e o que é pior - surreal -, esses se voltaram contra a minoria judaica, saindo às ruas para clamar pela eliminação do Estado de Israel do mapa.

Qualquer um que disponha ao menos de um olho, pelos fatos e pelas evidências em todo o globo sabe que os judeus passaram a ser alvo de muita discriminação e de vários tipos de agressões. [ao nosso entendimento, sem viés ideológico ou de qualquer outra natureza, ,  essa digamos 'antipatia' pela causa dos judeus, é mais consequência da perversidade representada pela matança de civis palestinos, incluindo crianças, promovida pelas Forças Armadas de Israel.] O antissemitismo saiu, definitivamente, do armário.

Pela narrativa progressista, esses não toleram o preconceito e a violência. São ferrenhos lutadores pela causa da diversidade, exceto quando a minoria envolvida é, claro, a judaica!  Desde o período do Holocausto, nunca se assistiu - e se consentiu - tamanho e declarado antissemitismo! Atualmente, a turma progressista - genuínos hipócritas racistas -, utilizam-se da diversidade para espalhar seus preconceitos e ódios ao povo judeu. Não há mais como esconder.

O discurso é aterrorizante: do extermínio, primeiramente, acompanhado da discriminação. O mundo já assistiu esse filme com final macabro. Esses apologistas da bondade e da paz terrena, juntamente com uma variedade de sinalizadores de virtude, agora berram contra o revide “desproporcional” das tropas israelenses.

Eles creem num mundo, não como ele factualmente é, mas como eles pensam que deveria ser. De acordo com suas sectárias crenças “benevolentes”. Enchem os pulmões para gritar pelo fim do Estado de Israel, porém, desejam uma guerra mais “humana”.

Exclamam pela morte de judeus, mas querem uma guerra “proporcional”. Fora da fantasia de suas cabeças-ocas, não existe guerra sem mortes, inexiste guerra “humana”. Essa é a realidade.

Israel deve fazer o que tem que ser feito, ou seja, destruir os terroristas do Hamas, custe o que custar. [ceifando vidas de inocentes? revivendo em  escala maior a crueldade narrada na Biblia Sagrada dos "Santos Inocentes"?]  Não há nenhuma outra alternativa. E imagino que assim será feito.

Nunca é demais reiterar que, embora muitos não enxerguem - ou não queiram ver -, a batalha travada é entre o bem contra o mal. Aqui não há reducionismo. E o que está em jogo é exatamente o que a tropa progressista demanda ostensivamente, desejando ver desaparecer do mapa; a existência do grandioso Estado de Israel.

 

Alex Pipkin - PHD

 

 

sexta-feira, 24 de março de 2023

O narcoestado se empoderou no Brasil - Percival Puggina

         Na onda do “empoderamento”, que parece ser a verdadeira força motriz das reivindicações identitárias destes dias tumultuados, mas pedagógicos, ganha espaço o empoderamento do narcoestado. Um poder sem regras que o reprimam tende a crescer como inço em jardim desmazelado. Em pouco tempo, acaba com o jardim e vira mato.

Certa vez, revisitando Nova Petrópolis, na Serra Gaúcha, depois de muitos anos sem por lá andar, encontrei a cidade transformada num jardim. Uma senhora que me reconheceu abordou-me e, após algumas palavras, perguntei a razão daquela transformação que me dava a sensação de estar em bem cuidada cidade alemã da Bavária. Ela me esclareceu, com forte sotaque regional: “Quando a chente passa por uma cassa mal cuidada, tiz pra tona: ‘A senhora é pem relaxada mesmo, non?’.”

Assim, na lata. No Brasil, protetores da criminalidade zelam pelo inço social! São os inimigos da ação policial, sempre prontos a criticar a polícia. Quando policiais e criminosos se defrontam numa operação, parecem querer um equilíbrio de forças que só se satisfaz se houver “equidade” no número de óbitos. 
Pedem políticas de desencarceramento. 
Afirmam que temos presos demais, como se os cidadãos, caminhando nas ruas ou navegando na internet, não fossem peças numa vitrine de frango assado à escolha da bandidagem. 
Dizem – na caradura – que roubar é um direito. Querem a liberação das drogas, como se o narcoestado, com livre comércio e consumo, fosse se transformar em alguma ONG benemerente. 
Odeiam as armas dos cidadãos de bem e têm contra eles palavras de repreensão jamais empregadas aos criminosos que veem como vítimas da sociedade e aos quais devotam cínico senso de humanidade.
 
Tudo se agrava quando: a) o STF proíbe o acesso da polícia a certos locais dominados pelo crime; 
b) quando o presidente da República entra choroso nesse discurso e constrói a imagem falsa de um “menino” preso e maltratado por roubar um celular;  
c) quando o ministro da Justiça ingressa no recinto privado e controlado pelo crime da favela da Maré para se reunir com uma ONG, em evento no qual não tratou de recadastramento de armas nem de desarmamento, mas de mortos em ações policiais”, segundo informação de um parlamentar.

O controle de estabelecimentos penais ou de inteiras galerias pelas facções do sindicato do crime; centenas de violentos ataques a unidades policiais, veículos estabelecimentos públicos e privados no Rio Grande do Norte; a ação planejada contra autoridades da República, entre as quais o senador Sérgio Moro e sua família, etc., são simples consequências do empoderamento que não encontra contenção e se propõe eliminar qualquer resíduo de resistência.

Não por acaso, à nossa volta, o narcoestado é uma realidade ou está em acelerada formação no Peru, na Bolívia, no Colômbia, na Venezuela e se você prestar atenção vai reconhecer parte expressiva dos países do Foro de São Paulo, da Pátria Grande etcétera e tal.

Tudo tem sua compensação. Não há um minuto sequer de leniência, tolerância, comiseração nem perdão para quem rezou e cantou na frente de um quartel.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


sábado, 25 de maio de 2019

Os erros da esquerda

Corrupção é mais um mecanismo de acumulação seletiva e de incremento da desigualdade

A última década testemunhou o surgimento, em muitos países, de personalidades e grupos políticos contrários às elites tradicionais, de discurso agressivo contra o status quo, muitas vezes denominados de populismos. Com algumas exceções parciais, como Grécia e Espanha, estes populismos bebem na tradição da extrema direita. É cedo ainda para avaliar em detalhe este fenômeno, de causas complexas e diferenças de país a país, mas é possível refletir sobre os possíveis equívocos da esquerda que contribuíram para esse cenário.

O primeiro é o foco, nos últimos anos, em pautas políticas identitárias. Nada mais justo do que defender as minorias sexuais ou raciais de um tratamento discriminatório. Contudo, num cenário de desigualdade econômica crescente que, como mostra Piketty, está chegando em níveis que só existiam antes dos anos 40, boa parte da esquerda deixou de lado as políticas de redução da desigualdade econômica, como a política fiscal, para se centrar na defesa das minorias. Essa escolha não acalmou o mal-estar das classes baixas, cujos integrantes migraram para opções políticas cada vez mais conservadoras. A direita, por sua vez, aceitou o desafio identitário e desenvolveu projetos políticos identitários para as maiorias, a partir da percepção de uma suposta ameaça.


Assim, heterossexuais passaram a sentir ameaçados pelas “novas” orientações sexuais, [além da ameaça das novas orientações sexuais, os heteros estão sendo compelidos a aceitar, em silêncio e sem direito de protestar, os praticantes de tais orientações; 
protestar contra tais orientações caminha para se tornar um crime mais grave do que matar alguém - o homícidio prescreve em 20 anos, já um protesto contra os seguidores das novas orientações sexuais é imprescritível.] e cidadãos de países ricos passaram a acreditar que os migrantes poderiam destruir sua identidade nacional. A falta de um projeto político transformador e igualitário para o conjunto da sociedade, num momento de crescente frustração com a globalização, abriu um espaço político que foi ocupado pelo retorno ao nacionalismo e ao nativismo. Apelos a colocar o país em primeiro lugar são hoje comuns e, inclusive, dão nome a projetos e a partidos políticos.

Um segundo problema é o tratamento da corrupção. Para boa parte da esquerda, a corrupção foi sempre um problema menor, uma distração da luta de classes. Na América Latina, onde a corrupção é endêmica, os governos progressistas que chegaram ao poder na década passada ignoraram a questão. Acreditaram, erradamente, que seriam julgados pelos mesmos parâmetros de governos anteriores, mas, dado que a esquerda sempre pregou a renovação moral, os níveis de exigência acabaram sendo mais elevados. Além disso, quando o boom das commodities acabou, e a economia entrou em crise, a tolerância social com a corrupção caiu abruptamente, e muitos governos de esquerda foram alvo de acusações de corrupção. É verdade que, em vários países, a Justiça penal foi usada seletivamente contra políticos progressistas, o que se conhece como lawfare, mas não é menos certo que os níveis de corrupção continuaram elevados.

De qualquer forma, o principal erro da esquerda não foi moral, mas doutrinário. Embora a corrupção afete a todos os setores sociais, os lucros auferidos através dela são muito maiores para quem dispõe de um capital político e econômico significativo. Assim, a corrupção constitui mais um mecanismo de acumulação seletiva e de incremento da desigualdade. Para enfrentá-la não bastam apelos à superioridade moral, é preciso fortalecer os mecanismos de fiscalização e transparência. Eis uma proposta política absolutamente progressista que a esquerda deixou, em muitos países, nas mãos da direita. O exercício da autocrítica não garante o fim das derrotas, mas a ausência dela significa que elas, provavelmente, continuarão.