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quinta-feira, 13 de julho de 2023

Barroso confessa: perdeu, mané! - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Em um país sério, jamais um ministro de Corte Suprema seria palestrante empolgado em evento de estudantes comunistas. Em um país sério, esse ministro jamais afirmaria, com orgulho, que "derrotou" o candidato de direita. 
A constatação inapelável é a de que o Brasil não é um país sério. Nem perto disso.
 
O ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse na noite desta quarta (12) que enfrentou e derrotou o “bolsonarismo”. A declaração foi dada após ser vaiado por um grupo de estudantes na abertura do 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). A fala entrou na mira de deputados da oposição, que consideram entrar com um processo de impeachment contra o magistrado por cometer crime de "exercer atividade político-partidária". [o único empecilho é que o STF em julgamento extraordinário antecipado já inocentou o ministro Barroso. Valeu a regra do ministro Fux,  quando  presidente do STF, sentenciou: 'mexeu com um,mexeu com todos'. ]

As vaias a Barroso ocorreram por conta da atuação dele em processos na Corte, como o piso da enfermagem e o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. “Nada que está acontecendo aqui me é estranho. Já enfrentei a ditadura e já enfrentei o bolsonarismo. Não tenho medo de vaia porque temos um país para construir. Nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”, disse.

Quem seria esse "nós" a que ele se refere? O STF? E quem deu ao Supremo a missão de "construir um país", em vez de preservar a Constituição?  
O mesmo Barroso, não faz muito tempo, reconheceu que o Poder Judiciário virou um "poder político", admitindo o ativismo inconstitucional. 
Foi o mesmo ministro que já confessou seu desejo de "empurrar a história", e que, provocado com perguntas educadas e legítimas em Nova York, rebateu: "Perdeu, mané!"

Enquanto isso, o ministro Flávio Dino, da Justiça, reafirmou que o governo quer regulamentar as redes sociais e que as plataformas são usadas para divulgar as “ideias da direita e do poder econômico”. As falas foram dadas durante a abertura do 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), que teve também um protesto com vaias ao ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Está tudo funcionando perfeitamente em nossa democracia, como podem perceber. Golpistas são os patriotas! 
 Chegou a mim uma thread de um Alexandre Andrada, que não conhecia, mas que é professor do Departamento de Economia da UnB. 
Seu pensamento retrata com perfeição a desgraça que se abateu sobre o Brasil. É o pensamento de muito tucano, gente "moderada", alguns que se dizem até "liberais". Eis o que ele argumenta: - Pra mim está cada dia mais óbvio que as elites (política, econômica, jurídica, jornalística, etc.) se juntaram no famoso “grande acordo nacional” para acabar com duas ameaças ao status quo: a Lava Jato e o Bolsonarismo. Eu, particularmente, acho que a Lava Jato estava se transformando num instrumento jurídico extremamente arbitrário e perigoso.  
E acho que o antigo status quo PT-PSDB era bem melhor que PT-Bolsonarismo. 
Para acabar com o bolso-lavajatismo, o STF se lavajatou em alguma medida. Estão usando de heterodoxias para “fazer justiça”. Isso me assusta um pouco, pq é muito fácil desse poder se corromper e desandar. Moraes é Moro com mais inteligência e foco. Que seja só uma transição.
 
Vamos criar uma ditadura "transitória" para combater os abusos lavajatistas e a direita "tacanha".  
Vamos defender o arbítrio, a censura e a perseguição para resgatar o status quo da hegemonia esquerdista, quando PT e PSDB promoviam o teatro das tesouras. 
Vamos rasgar a Constituição para proteger a liberdade. 
Vamos destruir a democracia para salvá-la. E tudo isso terá prazo de validade, claro.
 
Os comunistas queriam o fim do estado, mas aceitavam o socialismo no processo, a ditadura do proletariado. 
Estranho que jamais o aparato tirânico criado para tal finalidade recuou por conta própria, se autodestruiu e instaurou uma era de liberdade depois. Que coisa estranha, não?

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quarta-feira, 18 de novembro de 2020

O futuro da Direita - Percival Puggina

É errado subestimar o estrago produzido no inconsciente coletivo dos brasileiros pelos longos anos em que lhes foram servidas doses diárias de veneração ao Estado como provedor de bem estar material mesmo que ele apenas disponibilize gotas diárias de esperança e placebo. Uma e outra não perdem validade ainda que nossas grandes cidades engrossem seus cinturões de miséria escalando morros e afundando em baixios insalubres.

 Ao longo das últimas décadas, a direita foi cooptada pelas duas esquerdas que repartiam entre si, e com ela mesma, o butim chamado Brasil. O trabalho em busca da hegemonia, no entanto, era consignado de modo quase exclusivo à esquerda. Eventos como os Fóruns da Liberdade promovidos pelo IEE circunscreviam-se a Porto Alegre e não se multiplicaram, como deveriam, em centenas de outros, Brasil afora. A formação de opinião é inconstante e dependente de iniciativas desconexas. Eventos conservadores são de inspiração e motivação recente, surgindo como tiros de pistola sinalizadora de afundamento da embarcação. Nacionalmente, partidos identificados com a direita pagavam caro pelos estigmas que incidiam sobre ela, mas se saciavam no centrão.

A vitória de Bolsonaro colocou na cabeça de muita gente que o terreno estava arado e semeado para que conservadores e liberais completassem, nas bases municipais, a transição do poder para outras mãos. Mas não é assim que a política funciona. Mesmo num arremedo de democracia como o nosso, o sucesso eleitoral, o voto na urna, multiplicado e transformado em fonte de poder político, demanda um conjunto indispensável de condições. Entre elas incluem-se lideranças reconhecidas, trabalho consolidado, arregimentação, captação de recursos, marketing político, mensagens sedutoras insistentemente repetidas, formação de dirigentes e de militância, candidatos preparados, conhecimento dos adversários e dos parceiros com suas forças e debilidades. E por aí vai.

Porque as coisas são assim, a decadência do PT não retirou substância da mensagem que logo foi apropriada pelo Psol, principal beneficiário do petismo desiludido. Esteve visível, durante os últimos anos esse processo crescente de transferência. O Rio Grande do Sul e sua capital, onde vivo e escrevo, é um palco onde esse show tem sido objeto de sucessivas reapresentações.

Eleger alguém pelo voto majoritário pode ter uma infinidade de causas, inclusive muitas meramente circunstanciais. No entanto, a formação de uma consistente representação parlamentar, verdadeira expressão de poder político, jamais será fruto da árvore do acaso. Quando o terreno do plantio está tomado pelo inço da mistificação e da demagogia, pelos chavões e narrativas semeados pelos adversários, o trabalho precisa ser ainda mais intenso.

Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.

 

sábado, 16 de dezembro de 2017

O messianismo dos anti-Bolsonaro

Ser conservador, então, é preferir o familiar ao desconhecido, o testado ao nunca testado, o fato ao mistério, o atual ao possível, o limitado ao ilimitado, o próximo ao distante, o suficiente ao abundante, o conveniente ao perfeito, o riso presente à felicidade utópica.”

Michael Oakeshott

Em “The Politics of Faith and The Politics of Scepticism”, o filósofo britânico conservador Michael Oakeshott (1901-1990) identificou duas vertentes ocupando o debate político moderno: de um lado, a política de fé. Do outro, a política do ceticismo.


Os liberais não se contentam com o bom senso e o estoicismo de Jair Bolsonaro, e querem linchá-lo por isso

Em poucas palavras, Oakeshott entendia que a política de fé se baseia em um racionalismo raso que promete soluções universais em pacotes ideológicos nos quais existem respostas para tudo. A fé, aqui, não tem conexão com a religião; é a fé na Razão, a deusa da modernidade. A política de fé é a dos ideólogos, dos racionalistas delirantes.

Por outro lado, a política de ceticismo é aquela na qual existem soluções provisórias, circunstâncias e possíveis à administração civil. Mas não há respostas universais aos problemas modernos, aliás, nem todos os problemas são solúveis. A política de ceticismo é a dos conservadores que se contentam com o mundo possível ao mundo ideal.

Os liberais apressados da terrinha podem se esforçar para tentar empurrar o presidenciável Jair Bolsonaro e seus seguidores ao campo da política de fé. Bolsonaro é um nome contra o establishment, livre dos partidos, desembaraçado de obrigações para com empresários que dependem do BNDES e dos políticos na mira da Lava Jato. 

Os brasileiros notaram o fato e, por isso, Bolsonaro tem arrastado multidões por onde passa, representando hoje um fenômeno popular que enraivece defensores do establishment espraiados por todos os lados do espectro político, da esquerda à direita.
Ocorre que o próprio Bolsonaro já declarou, incontáveis vezes, que não é um “messias”, [messias só no nome: Jair Messias Bolsonaro.] que não tem o poder de “consertar o Brasil” e que não carrega soluções mágicas no bolso para todos os nossos problemas atuais, sejam eles econômicos ou socioculturais.

Arrogância liberal x estoicismo conservador
Os liberais, ironicamente, enxergaram nesse ceticismo político saudável de Bolsonaro uma fraqueza indesculpável. Eles não perdoam o fato de que ele não é expert em economia com soluções mágicas para a crise que enfrentamos.  E perdoam menos ainda que Bolsonaro, de maneira humilde e sensata, confesse publicamente que não é o messias, quer dizer, o especialista que os liberais estão esperando surgir em um cavalo branco com as soluções universais mágicas com as quais os racionalistas sonham. Jair afirmou que seu papel será o de estabelecer diretrizes, formar uma equipe competente e delegar. Nenhuma mágica, mas apenas o uso do bom senso na avaliação de cada situação.

Isso, contudo, não é o bastante para os nossos liberais que, herdeiros do racionalismo iluminista e partidários da política de fé descrita por Oakeshott, esperam sempre por pacotes fechados com soluções mágicas universais para tudo.  Nossos liberais rejeitam a postura estóica de Bolsonaro, que fala apenas em soluções circunstanciais e provisórias. Como ensinou o filósofo britânico, o racionalista exige uma solução racional para todo e qualquer problema. O racionalista rejeita o que seria o melhor dadas as circunstâncias, ele exige apenas o melhor em termos absolutos. O racionalista pensa saber, com certeza dogmática, a “direção com a qual o mundo está se movendo”. E quer um pacote ideológico que leve a essa direção.


O Messias liberal
Nossos liberais nunca se cansam de brandir seu puritanismo ideológico. E, desta forma, crucificam Jair Bolsonaro por conta de opiniões políticas equivocadas quem nunca as teve? que ele manifestou em um passado já um tanto longínquo. O terror da esquerda americana, Donald Trump, apoiou Democratas por vinte anos pouco antes de perceber que eram eles, os democratas, o problema. O seu rompimento com a esquerda foi autêntico e teve consequências de proporções globais, como se sabe.
Assim como é autêntico o rompimento de Bolsonaro com figuras que pareciam representar uma alternativa ao establishment.

Os liberais, contudo, de forma consciente ou não, preferem opções fabricadas, criadas nos departamentos de marketing de partidos que integram o establishment, que trazem uma embalagem de novidade para entregar o de sempre.  Os liberais preferem apoiar um opositor fabricado, criado por marqueteiros, que teatralizará algo de novo e recebera aval das esquerdas, incluindo o PSDB, porque salvará o establishment.  Para os liberais, importa mais a aparência da coisa do que a coisa em si.

Foi o caso de Doria, poderia ser o caso de Luciano Huck e talvez agora seja o caso de João Amoedo. São todos impecáveis porque são fabricados. São figuras de grupos, de partidos, e contam com a simpatia dos liberais que esperam por um messias. São eles, os liberais, que estão rejeitando Bolsonaro em nome de alternativas fabricadas que refletem a obsessão racionalista com o melhor absoluto e a rejeição ao melhor “dadas as circunstâncias”. Os liberais são os fanáticos da seita messiânica por aqui.  Os liberais preferem aquilo que parece se aproximar da perfeição ao que é imperfeito, mas autêntico e com real legitimidade popular. São os racionalistas, os puritanos, os gladiadores da ideologia, que buscam um líder messiânico e ungido pelo mercado.

Thiago Cortês é jornalista - MSM