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segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

O novo departamento de propaganda do PT - Revista Oeste

Edilson Salgueiro

Como Lula transformou a Rede Globo, maior emissora do país, em um ‘puxadinho’ do PT

Aparições de Janja em programas e artigos do Grupo Globo | Foto: Montagem Revista Oeste/Reprodução
Aparições de Janja em programas e artigos do Grupo Globo | Foto: Montagem Revista Oeste/Reprodução

Historicamente chamada de “golpista” por militantes, intelectuais e políticos petistas, a Rede Globo está disposta a deixar essa marca no passado. Não sem motivo. A maior emissora do país, outrora irrigada com pomposa verba publicitária estatal, sofreu períodos de abstinência nos últimos anos. Vale tudo para encher novamente os cofres. Até mesmo transformar-se numa espécie de departamento de propaganda não-oficial do “lulopetismo”.

A primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, é o símbolo da conversão do plim-plim. A mulher do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi uma das convidadas especiais do programa Altas Horas, que, no sábado 7, homenageou o cantor Milton Nascimento. As câmeras da emissora buscavam Janja em praticamente todos os momentos. A cada música, um close-up. Ao fim do programa, o apresentador Serginho Groisman direcionou sua fala à primeira-dama. “Sei que teremos, a partir de agora, mais luz e mais esperança em nosso país”, afirmou.

É a terceira grande aparição de Janja na Globo desde as eleições. Em novembro, a primeira-dama concedeu uma entrevista às jornalistas Maju Coutinho e Poliana Abritta, no Fantástico. Na ocasião, disse que gostaria de “ressignificar o conteúdo do que é ser primeira-dama”. Acabou sendo escalada para organizar a cerimônia de posse do presidente eleito.

Janja voltou à emissora em 5 de janeiro. O motivo? Denunciar os supostos danos causados ao Palácio da Alvorada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Na GloboNews, a socióloga se queixou dos tapetes velhos, sofás rasgados e de infiltração nas paredes e janelas quebradas.

Para dar credibilidade às críticas de Janja, a TV mobilizou sua equipe de edição de arte. Os profissionais criaram um “antes” e “depois” do Alvorada. Quem passou pelo canal “zapeando” estranhou e, por alguns instantes, achou que caíra num programa da GNT ou da Discovery H&H, com dicas de reforma de casas. Na Globo, o “antes” mostrou imagens sem brilho nem iluminação, e o “depois” ressaltou justamente… O brilho e a iluminação. O caso virou meme.

Michelle Bolsonaro alegou que o Alvorada se manteve preservado no mandato anterior, especialmente por se tratar de um patrimônio público. A ex-primeira-dama também criticou os gastos relacionados à reforma do edifício durante o governo Lula, em 2006. A obra custou R$ 18 milhões e foi financiada por 20 empresários ligados à Associação Brasileira de Indústria de Base (Abdib). “Prezando sempre o respeito pelo contribuinte, trouxemos nossos móveis do Rio de Janeiro e reutilizamos as panelas, os talheres, os copos, as toalhas e os lençóis que já pertenciam à residência presidencial”, escreveu Michelle.

A entrevista da atual primeira-dama à revista Vogue, do Grupo Globo, foi ao ar em 6 de janeiro — apenas um dia depois da “vistoria” do Alvorada. Seria a terceira tentativa de promover a imagem da petista. “Sou deste jeito: muito expansiva”, salientou. “Converso, canto, danço sozinha em casa. Não vou ser diferente porque tenho de ser a mulher ‘certinha’ do presidente da República. Tenho uma história de vida que me dá condições para discutir algumas coisas.”

‘Não deve nada à Justiça’
Mas não é apenas de Janja que vive a Globo. Lula também abastece a nova máquina de propaganda do Projac. Ainda durante as eleições presidenciais, o petista recebeu as bênçãos dos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos. “O senhor não deve mais nada à Justiça”, disse o âncora ao então candidato à Presidência, durante entrevista no Jornal Nacional. Renata assentiu com a cabeça e mostrou-se afável ao sabatinado. “Bonner e Renata ouviram com o coração em descompasso os ataques a Bolsonaro, e contemplaram com cara de paisagem as críticas a Lula”, observou  o colunista Augusto Nunes, em artigo publicado na Edição 127 da Revista Oeste. “A dupla do Jornal Nacional fez o que pôde para confirmar que o estúdio da Globo virou comitê eleitoral, promovida a palanque de Lula ao longo da sabatina de araque. O que se viu foi um comício da alma viva mais pura do planeta, como garante o ex-presidiário tão orgulhoso do alentado prontuário policial que se refere a si próprio na terceira pessoa do singular.”

Nunes acrescenta que Bonner “fingiu ignorar que Lula está em liberdade não por ter sido inocentado, mas pela chicana parida pelo ministro Edson Fachin e avalizada pela maioria do Supremo Tribunal Federal”. “Ao inventar a Lei do CEP, que transferiu para Brasília os processos que envolveram o ex-metalúrgico que enriqueceu sem emprego fixo, o rábula de toga sentenciou à morte por prescrição de prazo decisões de nove juízes de três instâncias que condenaram Lula a uma longa temporada na cadeia pelas negociatas expostas nos casos do triplex do Guarujá e do sítio em Atibaia. Na sabatina, o termo Mensalão foi mencionado uma única vez. Petrolão, nenhuma”, afirmou.

A sabatina com Bolsonaro teve um desfecho diferente. Bonner abriu a entrevista com uma pergunta que consumiu 110 palavras, por exemplo. Com 212, lembrou o site Poder360, Abraham Lincoln produziu o Discurso de Gettysburg uma das maravilhas da retórica universal. Em razão do palavrório do âncora, o então candidato à reeleição brincou: disse ter ficado feliz de ter testemunhado o “Pronunciamento à Nação de William Bonner”
Os jornalistas falaram durante 40% do tempo destinado à sabatina de 40 minutos.
 
‘Nuvens bonitas’
Os afagos entre Globo e Lula se acentuaram depois das eleições. Na transmissão da cerimônia de posse, por exemplo, enquanto o petista se aproximava do Congresso Nacional para ser empossado na Câmara dos Deputados, Bonner celebrou a paisagem que se formava atrás do presidente. “São imagens muito bonitas”, ressaltou o âncora do Jornal Nacional. “Bonitas também porque estão coroando o processo democrático de uma eleição. São imagens para a História. Até as nuvens de Brasília parece que ficaram mais bonitas hoje, para que o quadro tivesse essas cores.”

Bonner continuou o discurso. “É um clima muito tranquilo em Brasília, muito diferente do que o noticiário pós-eleição pudesse sugerir”, considerou.

Propaganda cinematográfica
Mas a história não termina aí. Na mesma semana em que Lula vestiu a faixa presidencial, a GloboNews exibiu o documentário Visita, Presidente. Trata-se de um registro dos 580 dias em que o petista ficou preso na Superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba. A produção mostra como o período de cárcere dialoga com aquele que promete ser o governo petista.

“São imagens muito bonitas”, ressaltou o âncora do Jornal Nacional. “Bonitas também porque estão coroando o processo democrático de uma eleição. São imagens para a História. Até as nuvens de Brasília parece que ficaram mais bonitas hoje, para que o quadro tivesse essas cores”

“O documentário é resultado de um trabalho intenso de apuração que realizei em busca da história daqueles dias na prisão e de como isso nos ajuda a entender o presente”, explicou Julia, roteirista do longa-metragem. “A rotina, as visitas, as articulações políticas nesses 580 dias transformaram Lula no 39º presidente do Brasil. O petista não chega ao Palácio do Planalto sozinho; leva consigo as testemunhas que acompanharam de perto aquilo não pudemos ver.”

Cena do documentário Visita, Presidente, produzido pela jornalista 
Julia Dualibi | Foto: Reprodução

No filme, há depoimentos inéditos da primeira-dama, Janja; do ministro da Fazenda, Fernando Haddad; do fotógrafo oficial de Lula, Ricardo Stuckert; e de outros personagens que visitaram o atual presidente na cadeia. O título do documentário faz referência aos anúncios feitos pelos carcereiros ao petista, quando suas visitas chegavam à prisão: Visita, Presidente.

Para alavancar as visualizações, o plim-plim liberou gratuitamente o documentário. Em princípio, o longa-metragem era acessível apenas aos assinantes do streaming Globoplay e dos Canais Globo.

A Era da Grande Mentira
Como diz J.R. Guzzo, em artigo publicado na Edição 146 da Revista Oeste, “a posse de Lula é provavelmente a tentativa mais flagrante de uso da mentira como política de Estado que o Brasil já viu em sua história”. “Nada do que foi dito ou apresentado ao público em 1º de janeiro tem algum contato com qualquer coisa que se possa chamar de verdade”, observou o colunista. Na nova religião oficial do Brasil, Lula não é um político que foi condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em três instâncias e por nove juízes diferentes; também não passou 20 meses trancado numa cela de cadeia. É como se tudo o que aconteceu não tivesse acontecido.”
 
O presidente da República pensa que a realidade do Brasil é o que aparece nos blogs “progressistas”, no noticiário da imprensa militante e na programação da Rede Globo. Para Lula, a realidade consiste no mundo encantado de Janja, nos afagos de William Bonner e em produções cinematográficas que enfatizem suas próprias qualidades. 
E o departamento de propaganda não oficial dos petistas está trabalhando arduamente para alimentar esses devaneios. 
Como se ninguém estivesse vendo.
Capa da Revista Oeste, edição 146. Luiz Inácio Lula da Silva, 
durante cerimônia, no Palácio do Planalto - 
 Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Leia também “Operação Lava Passado”

e

O ato falho de um deputado petista

Alencar Santana disse que o Brasil precisa de ‘ditadura sempre’

 Edilson Salgueiro, colunista - Revista Oeste

 

domingo, 18 de outubro de 2020

Dinheiro na cueca pode? Nas entrelinhas

A verdade pode ser distorcida para obter vantagem política, aproveitar o momento mais conveniente, obter a resposta desejada, favorecer pessoas, priorizar fatos e reescrever a História

Coluna boi com abóbora, como diria meu querido Noca da Portela, rende polêmicas inesperadas. Foi o que aconteceu na sexta-feira, comigo, por causa da grana na cueca do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado pela Polícia Federal, supostamente, tentando ocultar provas e obstruir a ação da Justiça durante uma operação de busca e apreensão em sua residência, em Boa Vista. Vice-líder do governo Bolsonaro no Senado, a notícia se espalhou pelo mundo e virou meme nas redes sociais, porque o parlamentar governista tentara esconder R$ 33,1 mil no calção do pijama, uma parte nas nádegas, dentro da cueca. Havia pedido para ir ao banheiro, e o delegado desconfiou do grande volume dentro do pijama. A versão vazada era de que o senador se borrou todo, nervoso, quando sofreu a revista íntima.

Diz um velho jargão das redações: um homem ser mordido por um cachorro não é notícia (não é bem assim), ela só existe quando o homem morde o cachorro, fato que nunca vi registrado nos jornais. Já vi atirar ou espancar um animal. Era óbvio que a história do senador Chico Rodrigues seria o assunto político do dia, a ponto de ofuscar o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) do polêmico habeas corpus do traficante André de Oliveira Macedo, o André do Rap, que havia sido concedido pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), e fora suspenso pelo presidente daquela Corte, ministro Luiz Fux. Como vinha acompanhando o julgamento, tive de tratar dos dois assuntos na mesma coluna, intitulada “O traficante e o senador”.

O julgamento do caso de André do Rap terminou 9 a 1, a favor da excepcionalidade da suspensão do habeas corpus, mas gerou muita discussão entre os ministros sobre: a) o poder de Fux no comando do tribunal para sustar liminares dos pares, contestado pela maioria; b) as fragilidades do sistema de distribuição de processos (o advogado entrou com nove habeas corpus sucessivos e os retirava sempre que julgava que o ministro escolhido não o concederia, até ser distribuído para Marco Aurélio, que já havia concedido mais de 70 liminares com a mesma interpretação literal da lei); c) a sucessão de omissões da Justiça, do Ministério Público e das autoridades policiais quanto ao caso de André do Rap; e d) a libertação automática dos presos preventivamente, caso o juiz não faça a revisão a cada 90 dias, que, no entendimento da maioria, com exceção de Marco Aurélio, não deve ocorrer mais.

Toda a confusão deu-se por causa da exegese do artigo 316 do Código de Processo Penal, que diz, em seu parágrafo único: “Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal”. Marco Aurélio Mello interpretava ao pé da letra o citado artigo e mandava soltar todos os presos nessa situação, cujos casos fossem parar em suas mãos, inclusive, André do Rap, segundo o princípio do direito germânico-romano, predominante na legislação brasileira, de que a lei precede o fato, não importa o “paciente” nem as consequências. É o que os advogados chamam de “bom direito”.

Ombudsman
Voltemos ao dinheiro na cueca, que entrou para o nosso folclore político mais escatológico. Ao ler a coluna de sexta-feira, um querido amigo, em mensagem pela mesma rede social pela qual havia lhe enviado a coluna, indagou: “Mas o crime é carregar dinheiro na cueca?”. Dei-me conta de que estava diante de um questionamento ético, uma discussão muito séria. Tentei explicar: ocultação de prova e obstrução da justiça. E arrematei: vai acabar cassado e preso, por causa do desvio do dinheiro das emendas. Aí veio o questionamento definitivo: “Aí, sim. Mas levar dinheiro na cueca, eu fiz muitas vezes, quando viajava sem cartão de crédito. Mas a manchete tem sido: ‘Dinheiro na cueca’. Pois é. Não é crime. É bullying! ”

Meu ombudsman acidental tem razão. Não é crime mesmo, quem já não viajou com dinheiro e documentos numa pochete sob as vestes para evitar furtos? Eis a questão, estamos diante de uma situação em que a notícia não é o crime, a investigação ainda tem de provar a origem ilícita do dinheiro. Penso que isso acabará acontecendo, mas, quem acha vive se perdendo, advertia Noel Rosa. O parlamentar já foi lançado ao mar pelo presidente Jair Bolsonaro, de quem era próximo, e não será surpresa se seu mandato for cassado por seus pares no Senado, como já aconteceu outras vezes, porque a situação é muito desmoralizante para a vetusta instituição. Tanto que o ministro Luís Roberto Barroso, sem pestanejar, afastou-o do mandato por 90 dias, decisão monocrática que causou mal-estar entre os políticos. A cúpula do Congresso tem ojeriza a isso, porém, não reage, para não afrontar a opinião pública.

Os fatos ocorrem e são registrados como História, os meios de comunicação têm um papel fundamental nisso. Entretanto, como já advertiu Hanna Arendt, a verdade desses eventos pode ser distorcida para justificar uma ação política particular, garantir a revelação dos fatos num momento mais conveniente, assegurar a resposta desejada em determinados momentos e reescrever a história para favorecer certas pessoas ou priorizar certos fatos. A ação policial na casa do senador Chico Rodrigues foi documentada e está anexada aos autos do processo, mas os vídeos da revista íntima foram mantidos em sigilo de Justiça, trancados num cofre, por determinação do ministro Barroso. A divulgação de que o senador estava com dinheiro nas nádegas, o que, por si, não é crime, como já foi dito, fez da operação de busca e apreensão um fenômeno midiático mundial. Entretanto, se não for comprovada a origem ilícita do dinheiro, nada poderá ser feito contra ele, além de exigir o pagamento do Imposto de Renda
Quem se desgasta com a tese de que a polícia prende e a justiça solta, como no caso de André do Rap? O Supremo.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


domingo, 9 de fevereiro de 2020

Nas entrelinhas: Parasitologia

Talvez o grande incômodo de Guedes não sejam os servidores parasitando a máquina pública, mas o fato de que gostaria de impor a sua reforma administrativa a qualquer preço


Na ciência, a parasitologia estuda os parasitas, seus hospedeiros e a relação entre esses organismos. Não são apenas os animais que possuem parasitas, todos os organismos vivos podem ser parasitados. Até mesmo uma bactéria pode ser alvo desse tipo de relação, como é o caso dos vírus bacteriófagos que se reproduzem no interior desses organismos. No parasitismo, apenas um dos organismos envolvidos é beneficiado. Isso, porém, não gera necessariamente a morte do hospedeiro.

[o ministro Guedes deve ter algum problema de memória, visto esquecer  que é a carência de "parasitas" no INSS que está causando o CAOS no atendimento daquela Autarquia - situação ainda não sanada e cuja persistência atinge milhões de brasileiros, sendo grande parte carente.

Ou será que ele pretende, ao eliminar os que chama de parasitas, estender o CAOS do INSS para todo o Serviço Público? 

Destaque-se que os desmontes das equipes técnicas do INSS e Dataprev,  antecedem, emmuito, ao governo Bolsonaro.

Outra ideia que o ministro Paulo Guedes precisa esquecer é a de recriar a CPMF, ou algo do gênero, independente do apelido que receba.]

O parasita pode se instalar tanto fora (ectoparasita) como dentro (endoparasita) do corpo do hospedeiro. Piolhos e carrapatos são exemplos do primeiro; as lombrigas, do segundo. Já o parasitoidismo é a situação na qual se observa a morte do hospedeiro: As vespas, por exemplo, colocam os ovos no interior de alguns artrópodes. Após eclodirem, as larvas alimentam-se do hospedeiro ainda vivo. Depois de algum tempo, elas matam o hospedeiro e emergem de seu interior.

Para os neodarwinistas, como o biólogo Richard Dawkins (O gene egoísta), o organismo humano é apenas uma “máquina de sobrevivência” do gene, cujo objetivo é a sua autorreplicação; a espécie na qual ele existe é a “máquina” mais adequada a essa perpetuação. Analisando o comportamento de algumas espécies animais, Dawkins explica que o altruísmo que se observa em muitas espécies não é contraditório com o egoísmo do gene, mas contribui para a sua sobrevivência. A tese leva as ideias liberais ao terreno da história natural, pois o egoísmo seria uma característica básica dos indivíduos, sendo o altruísmo uma necessidade de sobrevivência, apenas.

Dawkins desenvolve o conceito de “meme” como o equivalente cultural ao gene, que seria uma espécie de unidade básica da memória ou do conhecimento que o ser humano transfere para os descendentes. A comparação da relação entre a administração pública e os que dela se aproveitam com o parasitismo faz todo o sentido, mas daí a classificar o servidor público de parasita, como fez o ministro da Economia, Paulo Guedes, há uma enorme distância. Mudando de paradigma, é tão equivocado como chamar de parasitas os operadores do mercado financeiro, categoria da qual o ministro faz parte, com muito êxito.

Duas éticas
Existe, sim, parasitismo na administração pública brasileira. A Operação Lava-Jato está aí mesmo para mostrar a plêiade de ectoparasitas e endoparasitas que tomou de assalto, por exemplo, as operações da Petrobras e a preparação da Copa do Mundo de 2014, mas comparar os servidores públicos às pulgas, aos carrapatos e às lombrigas é uma agressão alucinada e inaceitável. Não foi à toa que o ministro Guedes se viu obrigado a distribuir uma nota afirmando que a frase na qual chama os servidores públicos de parasitas foi retirada do contexto — a culpa das declarações infelizes é sempre dos jornalistas. Guedes levou um puxão de orelhas do chefe, o presidente Jair Bolsonaro, mantido pelo erário público desde a juventude, seja como militar, seja como político.

Às vésperas de uma reforma administrativa cujo objetivo é reduzir custos, aumentar a eficiência e eliminar privilégios na máquina pública, a frase de Guedes revela que, mesmo cercado de excelentes técnicos do setor público, não se deu conta de que não existe administração eficiente e moderna sem um corpo burocrático qualificado e motivado. Ou seja, não conseguirá dar seguimento às reformas que preconiza sem conquistar o apoio dos servidores públicos de carreira.

Aliás, o governo Bolsonaro começa a pagar o preço por subestimar e tratar com preconceito os servidores, como no caso dos desmontes das equipes técnicas do INSS e da Dataprev, hoje com uma fila de 2,6 milhões de pessoas esperando aposentadorias e benefícios. Não se trata de defender o corporativismo e ser contra a privatização de estatais, como a Eletrobras, os Correios, a BR Distribuidora e outras. Mas é um erro crasso desvalorizar os servidores e, inclusive, não reconhecer a existência de centros de excelência na gestão pública, como o BNDES, a FGV, o Inep, o Inpe, a Funai, a Polícia Federal e o Itamaraty. Isso não tem nada a ver com eliminar privilégios e mordomias.

O outro lado da moeda é a tensão permanente entre a ética das convicções, como a do ultraliberal Paulo Guedes, que persegue o “estado mínimo”, e a ética da responsabilidade, que serve de eixo condutor e moral da atuação da burocracia de carreira, responsável por zelar pela legitimidade dos meios empregados pelo governo. Talvez o grande incômodo de Guedes não seja propriamente a existência de servidores parasitando a máquina pública — eles também existem —, mas as exigências legais e institucionais que o governo precisa observar para viabilizar as reformas. Ou seja, o fato de que gostaria de impor a sua reforma administrativa a qualquer preço, colocando-se acima das instituições e do ordenamento democrático vigente.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Doria, quem valoriza o que não tem valor, costuma ser desvalorizado

Doria fala sobre saia justa com Zeca Pagodinho

"Sou educado", afirmou o prefeito após clique que virou meme

O prefeito João Doria (PSDB) comentou na noite deste domingo (11), em seu perfil no Twitter, o episódio de desconforto com Zeca Pagodinho que aconteceu em um camarote no Sambódromo do Anhembi, durante esta madrugada. 

Após ter um pedido de foto negado pelo cantor, Doria envolveu sua assessoria e a do músico em uma negociação. Zeca cedeu e incluiu o jogador Amaral e a mulher dele no registro.  “Sou educado e cumprimento todas as pessoas”, disse o prefeito, por meio do Twitter.


Memes
Graças à expressão enfadada de Zeca, o clique acabou virando meme. Muitos usuários das redes sociais publicaram a foto acompanhada de piadas.

[Observação Editores Blog Prontidão Total: por nosso pensamento ser exatamente igual ao expresso no título, não postamos nenhuma foto dos dois envolvidos.
Muitos lembram do conceito de ética do pagodeiro quando foi 'garoto propaganda' de uma marca de cerveja.]