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domingo, 2 de abril de 2023

Honestos e levianos - Uma grande armação

VOZES - Luís Ernesto Lacombe

Lula resolveu falar de “armação”. Não daquelas que arquitetou, nas quais foi beneficiado. O problema são sempre os outros. Ele continua sendo “a alma mais honesta deste país”.  
Pode ser leviano, pode falar a mentira que bem entender... 
De alguma forma, ele será compreendido, defendido, protegido. 
Tudo o que faz de errado deve ter uma boa intenção, mesmo as maiores burradas. A ele é permitido todo tipo de insinuação, acusação, impropério, injustiça. 
Ele prescinde de provas, está acima dos fatos.
 
Os levianos estão contra ele, sempre estiveram. Até hoje, falam do dedo mínimo da mão esquerda perdido numa prensa
Não o dedo anelar, o médio, não um dedo da mão mais usada, a direita. Até hoje falam do sindicalista malandro, dado a golpes e armações, que começava e encerrava greves, atrás de dinheiro... 
Não para a categoria dos metalúrgicos, mas para um metalúrgico específico e seu grupo restrito. Sim, os levianos ainda falam disso.

Em breve, por lei, tudo o que Lula disser será verdade, será inquestionável. O que disserem contra ele será mentira deslavada, será banido, desaparecerá

Sobre os dois primeiros mandatos de Lula, juram que ele foi beneficiado por um período de bonança no planeta. Economia mundial aquecida, preços das matérias-primas que o Brasil exporta em alta... 
Juram que foi a turma econômica do PSDB, antes de Lula, que arrumou a casa. Metas de gestão das contas públicas, metas de inflação, liberação do câmbio. Como assim? O que deu estabilidade ao Brasil, o que permitiu ao país acumular reservas cambiais não foi obra do Lula? Leviandade pura.
 
Ficam imaginando como estaria o país se Lula tivesse feito, lá atrás, as reformas da Previdência, tributária, administrativa, política... 
Os levianos imaginam e falam qualquer coisa, que nos governos do PT a educação não melhorou, a saúde também não. Não melhorou o ambiente de negócios, não diminuiu a burocracia. 
O tamanho do Estado aumentou, o Estado gastou um bocado. E insistem até hoje em falar na corrupção sistêmica, bilionária, monumental: mensalão, petrolão... Tentaram envolver Lula nisso tudo. Tremenda armação, ele nunca soube de nada.
 
Foi condenado, é verdade, por corrupção e lavagem de dinheiro, mas já decretou: tudo não passou de uma armação do juiz Sergio Moro. Esqueçam a pena aumentada no TRF4, em que Lula perdeu por unanimidade, assim como no STJ. 
Foram três instâncias de armações, foram armações sem limites. 
Tudo contra ele, “o maior líder popular do Brasil”. A seu favor moveu-se o mundo da retidão, da responsabilidade, da bondade e fraternidade, pelo bem do Brasil.
 
E, para que não reste dúvida, em breve, por lei, tudo o que Lula disser será verdade, será inquestionável. O que disserem contra ele será mentira deslavada, será banido, desaparecerá.
O mundo será cristalino, estaremos protegidos
Os levianos vão dizer que nossa Constituição garante a liberdade de expressão... 
Vão ficar nesse papinho de que não dá para defender a democracia, implementando censura. Mas eles são levianos, eles não sabem o que dizem.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Luís Ernesto Lacombe, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sábado, 17 de novembro de 2018

Sem trégua para Bolsonaro

A doutrinação política de Jair Messias Bolsonaro como presidente eleito está sendo feita a duras penas e sob forte resistência. O mandatário mergulhou em discussões acessórias, como fusão de ministérios, ideologia nas escolas, limitação do papel do BNDES, e recebeu algumas invertidas, seja de corporações fortemente organizadas, seja de líderes congressuais – esses, de alguma maneira, movidos por uma ponta de vingança, indo à forra por se sentirem tratados como personagens figurativos. É o caso, por exemplo, do ainda, temporariamente, presidente do Senado, Eunício Oliveira, que viu naufragar fragorosamente seu projeto de reeleição e botou pra quebrar na base da gastança pública.[curiosidade: que respeito, que consideração, que autoridade tem um político que é demitido nas eleições;
quando é escorraçado na tentativa de reeleição, o fracasso e a desmoralização são ainda maiores,  visto que a rejeição, o repúdio, estão acompanhados por um atestado de incompetência?]   Foi dele a ideia de antecipar de forma vergonhosa a agenda de votação dos aumentos do Judiciário, impactando toda a folha da máquina que “Messias” vai herdar. 

Não pegou nada bem nessa queda de braço do futuro Executivo com o superado Legislativo o intento de realizar uma “prensa” na patota parlamentar, como sugeriu o superministro da economia Paulo Guedes, tentando com tal expediente fazer passar a reforma da Previdência ainda neste ano. Ao “prensar” a turma, colocá-la contra a parede, veio, de quem se sentiu encurralado, o esperneio. Eunício, de novo, pontificou entre risos de deboche: “ele não sabe como a coisa funciona”. Decerto os congressistas não estão dispostos a aceitar o “tratoramento” puro e simples da Casa. Exigem negociações, rapapés, o diálogo em última análise. Se não vai ser na base do toma lá dá cá, que pelo menos os conquistadores cheguem com jeito – pedem eventuais aliados. Eis aí um aprendizado que Bolsonaro & Cia. estão tendo de fazer de maneira acelerada, sem trégua. Há um longo, acidentado e perigoso percurso a atravessar para que pautas vitais à retomada do País sejam digeridas no plano de quem possui a caneta para ajudar a aprová-las ou não. 

É preciso bem mais que habilidade para mobilizar apoios nas redes sociais. São necessárias tarimba de liderança e interlocução calejada. Na prévia do seu governo, a “prensa” exigida pelo intendente de “Messias” soou como prepotência e, em tempos de animosidade latente, a resposta veio do mesmo tamanho. Resultado: a votação da Previdência vai mesmo ficar para o ano que vem. Perdem os brasileiros e castiga-se ainda mais a cambaleante economia nacional. Essa temporada de testes de governança para a esquadra bolsonarista já foi equivalente a um curso intensivo. Teve de tudo um pouco. A cada choque com a fauna política de Brasília, recuos tiveram de ser bolados. O Ministério do Trabalho voltou a ter o mesmo status. Havia entrado na navalha de cortes. Não mais. 

No horizonte dos caciques palacianos cada um deles pediu a sua cerimônia de convescotes para, digamos, o reconhecimento de forças. Bolsonaro foi aos juízes e também tratou de agradar líderes parlamentares. Após cancelar duas audiências justamente com os presidentes do Senado e da Câmara, aquiesceu e enviou acenos para que Rodrigo Maia tivesse com ele um encontro a portas fechadas, exclusivo e sem tempo predeterminado. [Rodrigo Maia vá lá, não é um campeão de votos, mas, foi reeleito para o seu sexto mandato, sonha com a reeleição na Câmara e pede o apoio do capitão reformado e eleito presidente da República;
quanto a dar alguma atenção a  Eunício é desperdiçar velas com defunto ruim.]
Maia sonha com a reeleição na Câmara e pede o apoio do capitão-reformado. Deve levar. Bolsonaro precisa dele para aprovar o orçamento de 2019, para fazer valer mudanças na Lei do Desarmamento, para reforçar a legislação do combate ao crime organizado e à corrupção. A agenda é extensa. Sem contar que ele não possui outra alternativa fora da conversa com líderes da cúpula para evitar molecagens como a da aprovação sem lastro do reajuste de salários que impactam brutalmente o caixa da União, estados e municípios. Entre o novo presidente e o velho Congresso existem conhecidas diferenças. Elas precisam ser aparadas. A arte de “engolir sapos” diz muito de um governante consciente e provando competência para avançar fazendo pequenos recuos. Assim são curtidos os verdadeiros estadistas. Com o seu temperamento irascível – e um tanto quanto ingênuo – Bolsonaro ainda está longe desse estágio. Nada melhor que o tempo e a vivência para lhe darem traquejo.

 Carlos José Marques,  diretor editorial da Editora Três

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Guedes defende ‘prensa’ no Congresso por Previdência e provoca mal-estar

O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu, nesta terça-feira, 6, uma “prensa” no Congresso Nacional para que os parlamentares votem ainda este ano a proposta de reforma da Previdência apresentada pelo presidente Michel Temer. A declaração foi mal recebida entre os congressistas, que recomendaram aos assessores de Jair Bolsonaro “cuidado com as palavras”.
 
Questionado na terça-feira, em Brasília, sobre a estratégia para a aprovação do texto em 2018, o futuro ministro jogou a responsabilidade para o Parlamento. “Classe política, nos ajude a aprovar a reforma. A bola esta com o Congresso: prensa neles!”, disse ao chegar ao Ministério da Fazenda para uma reunião com o ministro Eduardo Guardia, que durou mais de quatro horas e teve entre os principais temas a reforma.  O episódio se soma ao mal-estar que existe entre algumas lideranças do Congresso pelo fato de o futuro articulador político de Bolsonaro, o ministro da transição Onyx Lorenzoni, ter integrado a oposição à reforma da Previdência durante sua tramitação na comissão especial na Câmara. Agora, ele será o responsável por negociar o apoio dos parlamentares à proposta.

A aprovação da Previdência ainda no período de transição ajudaria o novo governo a “limpar” a pauta do Congresso, abrindo caminho para outras reformas que precisam ser feitas pela próxima equipe em 2019, aproveitando o capital político do início de governo.
Se não for possível, Guedes já adiantou que pretende encaminhar um texto, novo e mais amplo, em 2019. Nesse caso, a proposta teria de repetir todo o trâmite já enfrentado na gestão Temer, passando por duas comissões.  A proposta em tramitação prevê a fixação de idades mínimas de aposentadora em 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, de uma regra de transição, além de equiparar os regimes de aposentadoria de servidores públicos e de trabalhadores da iniciativa privada. O texto precisa ser aprovado em dois turnos nas duas Casas.

O presidente eleito indicou a possibilidade de adotar uma proposta menos ambiciosa do que o desejado inicialmente por sua equipe para acelerar a resolução dessa pauta, que é considerada impopular.(A reforma da Previdência) Não é a que queremos, mas é a que podemos aprovar”, disse, em sua primeira visita a Brasília. Mais tarde, ele admitiu inclusive alterar as idades mínimas previstas na versão atual, para 62 anos.  Caso o Congresso aprove agora a reforma de Temer, Guedes explicou que poderia ser enviada no futuro uma nova proposta para introduzir o regime de capitalização, pelo qual os segurados contribuem para uma conta individual e recebem o benefício com base nos pagamentos feitos ao longo da vida.

Reação
Os parlamentares reagiram às declarações de Guedes para pressionar o Congresso. Presidente da Comissão de Assuntos Econômicos no Senado, Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse que o déficit na Previdência é um assunto urgente, mas que é preciso debate. “O Congresso é soberano, independente e não tem prensa por aqui. A primeira coisa que esse governo vai ter de aprender é a ter mais cuidado com as palavras.”


Um dos principais aliados do presidente eleito, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) disse que hoje não há votos suficientes para aprovar a reforma. “O ministro Paulo Guedes precisa entender que aqui, para votar, tem de ter voto. E hoje não tem. Quem tem de ficar com esse ônus é o novo governo.” O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), que detém o controle sobre a pauta na Casa, defendeu que Bolsonaro encaminhe sua própria proposta de reforma da Previdência e evitou dar garantias de que o texto será votado este ano.

IstoÉ

[será que o futuro ministro sobrevive a sua própria língua e toma posse em 1º de janeiro?
em uma análise generosa e clemente de sua frase, podemos considerar ser mais algo tipo uma brincadeira, estilo entre amigos, ... vamos dar uma prensa nele ... só que o que o Congresso mais deseja é um pretexto para postergar a reforma da Previdência e com seus comentários o 'posto Ipiranga' fornece o que os parlamentares desejam.]