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sábado, 19 de agosto de 2017

O nazismo, a esquerda e o procurador Benedito

Vem sendo notado o fenômeno da multiplicação cavalar de promotores sem qualquer noção histórica

Prezado procurador da República Ailton Benedito: primeiramente, o “prezado” é só fórmula de cortesia. Vou me privar de adjetivos cabeludos como os que o senhor vem usando para desqualificar quem exerce o dever de contestar os equívocos que o senhor profere por aí. Como a postagem que reproduzo a seguir, publicada em sua conta do Twitter, domingo passado. Eis os 125 toques de sua sentença: “Partido Nacional SOCIALISTA dos Trabalhadores Alemães, conhecido como NAZISTA. Os próprios nazistas se declaravam SOCIALISTAS”.

O post passa a impressão de que, após rápida pesquisa no Google, o senhor acaba de descobrir, em idade madura, a designação formal do partido nazista, e impulsivamente, cria um desses silogismos fáceis e perigosos, sem contexto, que estão na moda. Francamente. 

Um homem escolarizado, com grau superior, que, paralelamente à sua atuação na PGR, reza pela direita, deveria, em respeito à História, à inteligência e à própria direita responsável, saber que, já em sua origem, nos anos 1920, tal partido, de cunho racista e populista, era formado por paramilitares que se dedicavam a combater, sobretudo, os levantes marxistas.  O movimento prosseguiu no esquadro da extrema-direita nacionalista que levaria à ascensão de Adolf Hitler. Em seus escritos, o ditador fazia questão, inclusive, de associar o judaísmo internacional às doutrinas sociais que levaram à revolução soviética, irmanando antissemitismo e antiesquerdismo. Assim, inversamente ao ímpeto universalista dos regimes marxistas (antes de Stálin), destinado a unir trabalhadores de todo o mundo sem distinção de origem, o “socialismo” nazista era destinado a unir o povo alemão em torno de uma fantasia de pureza racial.

A falência posterior do comunismo, a inviabilidade da aplicação do marxismo como sistema de governo, os crimes monstruosos de Stálin etc. O cunho antiburguês e anticapitalista do nazismo (abandonado em prol da cooptação das indústrias germânicas à sua máquina de genocídio de hebreus, ciganos, negros, gays... e comunistas) era associado a teorias de conspiração na linha do Tratado dos Sábios de Sião, de que o capital judaico estaria na base da decadência da sociedade.

Seu tweet, apesar de tudo, enseja algumas lições. Vem sendo notado o fenômeno da multiplicação cavalar de promotores sem qualquer noção histórica, sem base em humanidades, sem leitura de filosofia, sem literatura. Em março de 2016, em documento conjunto, os promotores José Carlos Blat, Cássio Conserino e Fernando Henrique Araújo, do MP de São Paulo, citavam a doutrina de “Marx e Hegel” na fundamentação de processo contra Lula, caindo num ridículo colossal, independentemente do mérito do processo em si. Não estaria na hora de rever os critérios nos concursos para a magistratura e a procuradoria?

Outra lição é que se deve questionar, em plena era da pós-verdade, um sistema educacional que privilegia a ultraespecialização sem cuidar do conhecimento mais abrangente. Por conta disso, vemos, cada vez mais, médicos que não sabem nem mesmo quem foi Hipócrates, engenheiros iletrados, advogados apedeutas, arquitetos de anedota, pseudopensadores direitopatas, idealistas de esquerda com nível pré-natal e analfabetos funcionais com grau de doutor.

A última lição, prezado procurador da República, vou ilustrar com um diálogo que travei com um desses cidadãos furiosos que gostam de rotular todo pensamento voltado para o social de “esquerdopata”, reservando a uma ideia difusa de direita o status de sanidade suprema. O sujeito me lançou um desafio: “Cite um país com regime de esquerda com alto IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)”. Respondi que, embora a Escandinávia, campeã em IDH, por exemplo, adote muitos procedimentos francamente socialistas, além de inovações distributivas, ou que a presença do estado em políticas públicas de países como o Canadá seja notória, a tal pesquisa era desnecessária: estava claro que regimes estritamente de esquerda, fechados, planificados, totalitários, não funcionaram nem funcionarão

(...) 

ARTIGO COMPLETO em O GLOBO

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domingo, 21 de maio de 2017

‘Ideais altamente lucrativos’ e outras notas de Carlos Brickmann

Com a sucessão de erros, o país mergulhou numa crise em que não se vê saída

Publicado na coluna de Carlos Brickmann

Primeiro, Michel Temer errou ao dar conversa demais a um cavalheiro que sempre usou a política para abrir portas. Segundo, erramos nós, jornalistas, que demos crédito a uma transcrição de gravação que não era fiel à gravação, mas lhe atribuía um viés (inexistente) anti-Temer. Com a sucessão de erros, o país mergulhou numa crise em que não se vê saída.

E, já que falamos de quem errou, falemos também de quem acertou e lucrou com a crise. A gravação da conversa de Joesley Batista com Temer foi feita uma semana depois que a Operação Carne Fraca revelou que o império JBS era investigado. O império contra-atacou, armando a delação premiada. Ainda aproveitou para lucrar com isso: vendeu pouco mais de R$ 300 milhões em ações, sabendo que o preço desabaria com a confissão de irregularidades – na quinta-feira, 18, a queda foi de 9,68%. E comprou grande quantidade de dólares (algo como US$ 1 bilhão, segundo o jornal Valor Econômico). Com o presidente da República em xeque, o dólar subiria. Subiu 17% — ampliando o lucro da delação em US$ 170 milhões.

Como ensinou um intelectual de gênio, Millôr Fernandes, “desconfie de todo idealista que lucre com seu ideal”. Mas o lucro não parou por aí: com a delação premiada, Joesley Batista ganhou o direito de morar nos Estados Unidos, num excelente apartamento, sem tornozeleiras, sem nada. Multa? Foram R$ 250 milhões, menos que o lucro com a compra dos dólares. E só. [a esperança das PESSOAS DE BEM é que as investigações comprovem a falsidade da delação, o delator perde todos os benefícios, é indiciado em vários crimes e extraditado para cumprir sentença no Brasil. É possível? Sim. Só uma punição exemplar a um delator  e duplo traidor (incrível, mas o cara pode ser DELATOR e DUPLO TRAIDOR) manterá a credibilidade da Lava Jato.]

Mal comparando
Nas operações conduzidas por Curitiba, quem confessou seus crimes em delação premiada foi menos beneficiado. Marcelo Odebrecht, que acusou tanta gente, pegou dois anos e meio de prisão em regime fechado (que terminam no fim deste ano), e cumprirá o restante dos dez anos da pena em regime semiaberto e aberto. Joesley e seus principais executivos, morando nos EUA, simplesmente transferem o comando do grupo para lá.

Fernando Albrecht, ótimo colunista gaúcho, lembra que o primeiro delator premiado da História do Brasil foi Joaquim Silvério dos Reis, que entregou Tiradentes e demais companheiros de Inconfidência Mineira, recebeu em troca o perdão das dívidas com a Coroa. E ficou 11 anos e meio em regime fechado, na Ilha das Cobras, Rio.

Sobra para todos
O primeiro a ser atingido pela delação premiada da JBS foi Temer (que, entretanto, tem margem para se defender, já que na gravação não há nada explícito recomendando atos fora da lei); o mesmo tiro acertou Aécio Neves, que logo renunciou à presidência nacional do PSDB, e sua irmã Andréia Neves, que foi presa. Fala-se que é a maior das delações, superando a da Odebrecht, e atinge gente importante da maioria dos partidos. Pois é: citando de novo o ótimo Millôr Fernandes, “os corruptos são encontrados em várias partes do mundo, quase todas no Brasil”.

Onde está a saída? Ficar
Agora, que é que pode acontecer? Com o Governo, duas possibilidades: sai ou fica. Fica em uma de duas situações: ou convence boa parte do eleitorado de que as frases de Temer não tiveram o significado que lhes foi atribuído inicialmente e consegue arrostar a fúria da oposição, até hoje sedenta de vingança pela expulsão de Dilma, ou não é convincente, mas se mantém na base do “falta pouco tempo”, ou “neste Congresso em que há tantos suspeitos, quem elegerá o novo presidente”, tudo acompanhado de generosa oferta de cargos e privilégios. Nesse caso, será o que nos EUA chamam de “lame duck”, um pato manco, que preside mas não governa.

Onde está a saída? Cair
Temer pode se sentir fragilizado, ou ser abandonado por seus colegas de Governo, e renunciar. Mas há um problema: perde o foro privilegiado e exposto ao juiz Sérgio Moro. Ou o TSE pode cassar o registro da chapa Dilma-Temer, por abuso de poder econômico e político. Nos dois casos, como não há vice, o Congresso tem 30 dias para eleger indiretamente o substituto. Nesse prazo, assumiria o presidente da Câmara, Rodrigo Maia; ou, em sua ausência, o presidente do Senado, Eunício Oliveira. Ambos, porém, têm problemas no Supremo, e podem ser impedidos de assumir. Assumiria então a presidente do Supremo, Carmen Lúcia. Temer também pode sair por impeachment, mas isso levaria praticamente um ano: o eleito governaria por seis meses, ou pouco mais. A ideia da eleição direta é inviável: aprovar uma emenda à Constituição, realizar a campanha e finalmente colher os votos é muita coisa para o prazo disponível.

Todo lado!
Lembra do procurador da República Ângelo Goulart Vilela, que falou na Câmara sobre as virtudes das Dez Medidas Contra a Corrupção, propostas pelo Ministério Público Federal? Foi preso no dia 18, por suspeita de passar a Joesley Batista, do JBS, informações a respeito da investigação sobre ele.

 

sábado, 5 de setembro de 2015

Ministério Público rejeita recurso da defesa do lobista Lula



Conselho do MPF rejeita recurso de defesa de Lula contra procurador do DF
Procurador apresentou "notícia de fato" que levou a abertura de inquérito contra o ex-presidente 

Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF) rejeitou, por unanimidade,recurso apresentado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre reclamação disciplinar contra o procurador da República Anselmo Henrique Lopes, da Procuradoria da República no Distrito Federal (PR/DF). O procurador é autor da "notícia de fato" (um procedimento dentro do MP que pode levar à abertura de inquérito) em que pede investigação, por suspeita de tráfico de influência, de Lula. A defesa do ex-presidente questionou a isenção do trabalho de Lopes, levantando um eventual ativismo e afirmando que houve atuação político-partidária em rede social por parte do procurador.

Presente à sessão, Lopes afirmou que todo o procedimento foi regular e sem juízo de valor. Segundo ele, houve a devida distribuição da notícia de fato para verificar se havia ou não elementos para prosseguir com a apuração, que culminou em um procedimento investigatório criminal agora em curso na Procuradoria. Ainda de acordo com o procurador, não houve  defesa político-partidária em rede social, conforme alegou a defesa.

O plenário do CSMPF entendeu que o recurso da defesa de Lula poderia ser apresentado somente no âmbito do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que arquivara a reclamação disciplinar contra Anselmo Henrique Lopes em 20 de julho. Além disso, o CSMPF considerou que o recurso foi apresentado após o prazo possível – a defesa deu entrada em 5 de agosto, quando o prazo se encerrara em 27 de julho.  A decisão do CSMPF foi tomada na terça-feira (1º), na primeira sessão ordinária desde a recondução de Rodrigo Janot ao cargo de procurador-geral da República

Fonte: Revista Época


segunda-feira, 4 de maio de 2015

Alguém ainda duvida que os petralhas são asquerosos?

Procurador é alvo de ataques e se defende após reportagem de ÉPOCA sobre Lula 

O procurador da República no Distrito Federal Anselmo Henrique Cordeiro Lopes usou as redes sociais para se defender das acusações

Alguém ainda duvida que os petralhas são asquerosos? O cara está tendo sua reputação destruída por que o MPF abriu investigações contra o rei do crime, e para eles o lularápio é intocável. Eis a resposta para os blogs sujos e os baba-ovo do enganador de trouxas.
 
 
1. Meus pais são médicos e ninguém da minha família tem ou teve um escritório de advocacia chamado “Cordeiro Lopes”, e muito menos esteve envolvido em qualquer tipo de investigação ou ilicitude.
 
2. Não possuo nenhuma coluna no jornal Folha de São Paulo; o único artigo que publiquei nesse artigo, chamado “A Sociedade Não Silenciará” , trata do tema dos perigos de agrotóxicos e transgênicos e foi escrito em resposta a críticas feitas pela Senadora Kátia Abreu;
3. Até onde tenha chegado a meu conhecimento, não existe procedimento em aberto contra minha pessoa na Corregedoria do MPF. As representações contra mim formulada pelo ex-governador de Alagoas Ronaldo Lessa (que é réu de ação penal firmada por mim) foram devidamente arquivadas pela Corregedoria do MPF e pelo Conselho Nacional do Ministério Público.
4. Não sou amigo de nenhum deputado federal do PSDB. A propósito, até o dia de hoje, nunca votei em candidatos do PSDB (aliás, fui eleitor do PT até o surgimento do escândalo do “Mensalão”).
5. A investigação que trata de possível tráfico internacional de influência cometido, em tese, pelo ex-presidente Lula da Silva, apesar de ter iniciado a partir de despacho por mim firmado, hoje está sob a direção de outro membro do Ministério Público Federal.
6. O procedimento autuado que tem por objeto o suposto ilícito mencionado no parágrafo anterior é público e pode ser acessado, com base na Lei de Acesso à Informação, por qualquer cidadão que queira acompanhar a apuração e colaborar no esclarecimento dos fatos. O acompanhamento, inclusive, pode ser realizado a partir da página de transparência do Ministério Público Federal.
7. Nos últimos 7 anos e 8 meses, desde que entrei no MPF por meio de concurso público, tenho atuado, de corpo a alma, em defesa dos povos indígenas e das comunidades tradicionais, em prol da proteção ambiental, em favor da implementação de diversos direitos humanos e no combate à corrupção. Não serão calúnias, difamações e agressões veiculadas pela internet que subtrairão minha disposição inesgotável de buscar sempre a verdade, a justiça e a punição dos ilícitos.
 
 Fonte: OCC - ALERTA BRASIL