Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
[a esquerda se alimenta da crueldade existente nas mais cruéis repugnantes ditaduras; quanto maior a crueldade, melhor para os malditos esquerdistas.]
‘O antissemitismo atual transformou-se no preconceito contra e na demonização do Estado judeu’, diz Pilar Rahola
A jornalista iraniana Narges Mohammadi ganhou o Nobel da Paz deste ano.
Não poderá recebê-lo. Está presa, condenada por “propaganda contra o
Estado”, um crime de opinião.
Não atirou bombas, nunca conspirou.
Sua
pena é de dez anos e nove meses, parte do tempo em confinamento
solitário. Mais exatas 154 chicotadas. Não se sabe se foi chicoteada. O
governo não presta qualquer informação.
No início deste mês, a representação do Irã na ONU foi designada para a
presidência do Fórum Social do Conselho de Direitos Humanos. O
presidente do Irã, Ebrahim Raisi,
é o responsável direto pela execução de dissidentes e adversários. No
final do ano passado, a jovem Mahsa Amini morreu num presídio, para onde
fora levada pelo crime de não usar corretamente o véu. Mulheres e
homens iranianos protestaram nas ruas. Muitos foram mortos.
O Irã sustenta e financia o Hamas, com o fim declarado de varrer o Estado de Israel
e matar os judeus. O Irã jamais seria admitido na União Europeia. A
comunidade não acolhe ditaduras. Também não acolhe países cujas
legislações incluem discriminação por sexo, raça, religião, posições
políticas. Exige, sem concessões, o respeito aos direitos das mulheres.
O Irã foi recentemente admitido no Brics, na origem formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O presidente Lula saudou o presidente Ebrahim Raisi. O PT havia parabenizado Raisi por sua eleição — duvidosa, sem observadores internacionais.
O Prêmio Nobel da Paz de 2022 foi concedido ao Centro pelas Liberdades
Civis, organização sediada em Kiev, fundada pela ativista ucraniana
Oleksandra Matviichuk. Dividiu a honraria com outra organização por
direitos humanos, Memorial, russa, e com o ativista Ales Bialiatski,
preso na Bielorrússia. A Memorial é perseguida pelo governo de Vladimir
Putin. A Bielorrússia apoia a Rússia.
As manifestações que a esquerda vem promovendo mundo afora defendem o
Hamas e o Irã, apoiam a Rússia contra a Ucrânia, esta considerada cabeça
de ponte do Ocidente “imperialista”. Atacam a União Europeia e,
especialmente, os Estados Unidos e Israel. Estes são “terroristas” ou
aliados deles. Por uma mistura de miopia, ignorância, preconceito e,
sim, antissemitismo, a esquerda do Sul Global apoia as ditaduras e seus
crimes. E ataca as democracias ocidentais.
Os Estados Unidos formam a maior democracia do mundo.
Claro, cometem
pecados e erros de política internacional. Mas corrigem lá mesmo.
Foram
os americanos que acabaram com a Guerra do Vietnã. O presidente Joe
Biden diz que a guerra do Iraque foi um equívoco lamentável. [equívoco só superado pela eleição do abortista Biden.]
Israel é um Estado democrático, com eleições livres e regulares. Há
liberdade de imprensa. Árabes podem frequentar suas mesquitas e se
elegem para o Parlamento. Claro, comete pecados e erros — o maior deles,
no momento, a ocupação da Cisjordânia com os assentamentos.
Ocorre que os israelenses há anos não conseguem formar uma maioria
parlamentar consistente. Em grandes linhas, tomaram dois caminhos.
Primeiro, com os sociais-democratas do Partido Trabalhista, tentaram a
negociação com o Fatah (Autoridade Palestina). Chegaram a dois acordos
(Washington e Oslo) que definiam os dois Estados. Nos dois casos, a
Autoridade Palestina, primeiro com Arafat, depois com Abbas, não obteve
aprovação entre os palestinos.[só haverá PAZ no Oriente Médio quando o povo palestino tiver seu Estado = o que torna imperioso que o caminho dos DOIS Estados - um para os judeus e outro para os palestinos - seja aprovado e implantado.]
O Partido Trabalhista foi afastado, e os israelenses colocaram no
governo a direita, que defendia a solução militar. Também não deu certo.
Agora, as eleições acabam sempre empatadas. E Netanyahu tem conseguido
formar gabinetes recrutando pequenos partidos religiosos e de direita.O terrorismo do Hamas e o antissemitismo global reforçam essa direita.
Cito a ensaísta espanhola Pilar Rahola: “Israel encarna, na própria
carne, o judeu de sempre. Um pária de nação entre as nações, para um
povo pária entre os povos.
É por isso que o antissemitismo do século XXI
foi vestido com o disfarce efetivo da crítica anti-Israel. Toda crítica
contra Israel é antissemita? Não. Mas todo o antissemitismo atual
transformou-se no preconceito contra e na demonização do Estado judeu.
Um vestido novo para um ódio antigo”.
Fúria e ressentimentos são continuamente atiçados e se espalham pelo mundo. A solução só virá quando se abrir uma brecha no império do rancor
DO LADO DE CÁ - Violência: soldado de Israel usa a força para reprimir manifestante palestino na Cisjordânia (Jaafar Ashtiyeh/AFP)
As guerras são a mais extrema expressão da barbárie e desgraçadamente não faltam exemplos de horrores e mortandade ao longo da história.
Mas poucas vezes a violência sem limites escalou de maneira tão vertiginosa quanto a que se observa no duelo atual entre a força militar de Israel e os militantes do Hamas, que acaba de completar um mês.
A trágica contabilidade de mortos partiu do altíssimo patamar de 1 400 pessoas massacradas no dia 7 de outubro, quando o grupo palestino cruzou os limites da Faixa de Gaza em um devastador ataque-surpresa.
A resposta israelense foi deslanchar uma ofensiva para aniquilar o inimigo que, na conta do Ministério da Saúde da superpovoada Gaza, já matou mais de 10 000 pessoas, quase metade delas crianças.
Os sangrentos trinta dias de confronto desembocaram em uma agressividade de proporção inédita no campo de batalha da opinião pública, com o disparo maciço nas redes sociais de cenas de execuções, bombardeios de escolas, colapso de hospitais e bebês sem vida.
O mundo se repartiu entre contra e a favor, sufocando o meio-termo e abrindo espaço para o mais virulento preconceito. “A mente está cheia até a borda com nossa própria dor e não sobra espaço nem para reconhecer a dor dos outros”, escreveu o historiador e filósofo israelense Yuval Harari. Pairando sobre tudo, o ódio, sentimento que cega e escraviza, vai cumprindo seu papel de aprofundar as históricas desavenças entre árabes e judeus, fazendo delas uma questão pessoal, de indivíduo contra indivíduo, com ecos em toda parte e sem solução à vista.
Nos últimos dias, tanques e tropas cercaram a cidade de Gaza, a maior do enclave, e iniciaram a incursão pela rede de túneis controlada pelo Hamas. “Estamos em uma nova etapa da guerra”, declarou o porta-voz do Exército Daniel Hagari, ao mesmo tempo em que o secretário-geral da ONU, António Guterres, subia o tom, afirmando que Gaza está se tornando “um cemitério de crianças”. Discute-se a implantação de “pequenas pausas humanitárias” nos combates — as forças israelenses deram quatro horas para moradores da Cidade de Gaza deixarem o local —, e as listas para a saída de estrangeiros e feridos graves pelo Egito são divulgadas a conta-gotas (34 brasileiros estão na fila).
Não se sabe o que será de Gaza após a ofensiva militar. Negociações estão em curso para que a mais moderada Autoridade Palestina, que administra a Cisjordânia, assuma o território, mas ela terá que conviver com a presença israelense— o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu antecipou que o país “será responsável pela segurança por um período indefinido”.A marcha da insensatez se acelerou com a declaração de Amihai Eliyahu, ministro do Patrimônio — cargo criado para acomodar a extrema direita religiosa que faz parte do governo —, de que o uso de bombas nucleares em Gaza “seria uma opção”. Foi afastado e desautorizado, mas o estrago estava feito.
Nada do que se discute agora sinaliza um caminho para a paz — pelo contrário, são ações que, como já aconteceu outras vezes, cristalizam raiva e ressentimentos que se espalham pelo planeta.
Os casos de antissemitismo e de islamofobia mais do que triplicaram na Europa e nos Estados Unidos no último mês. No estado de Illinois, o menino de origem palestina Wadea Al Fayun, 6 anos, foi esfaqueado pelo dono do apartamento onde ele morava com a família, um septuagenário que, segundo sua mulher, “escuta talk shows conservadores no rádio” e andava obcecado pelo conflito no Oriente Médio.
Em Lyon, na França, uma mulher judia foi ferida a facadas por um homem que bateu à sua porta e, para não deixar dúvida quanto à motivação do crime, pichou uma suástica na entrada da casa.
Estrelas de Davi apareceram pintadas na fachada de prédios habitados por judeus em Paris.
No longínquo Daguestão, país muçulmano às margens do Mar Cáspio, uma turba invadiu o saguão de um aeroporto pretendendo linchar passageiros que desembarcavam de Tel Aviv. “No mundo conectado em que vivemos, quem já têm inclinação para a violência reforça sua visão. As pessoas estão buscando motivos para confirmar seus preconceitos”, diz Wendy Via, cofundadora do Global Project Against Hate and Extremism.
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As expressões de ódio despertadas pelo conflito entre árabes e judeus derramaram-se, com força nunca vista, pelas universidades americanas, um terreno minado pela polarização política e pelo racha talhado pela cultura woke, que leva às últimas consequências o conceito do politicamente correto. Em Harvard, trinta organizações estudantis não só condenaram Israel como abraçaram o execrável slogan “Do rio ao mar, a Palestina será livre” — à primeira vista inocente, mas que embute a sumária destruição total do Estado judeu (por repetir o desatino, Rashida Tlaib, única deputada de origem palestina dos Estados Unidos, recebeu um raríssimo voto de censura da Câmara).
Em Cornell, outra instituição de elite, um aluno disparou nas redes sociais ameaças de morte a estudantes judeus. Tulane, em Nova Orleans, foi palco de agressões generalizadas entre apoiadores dos dois lados quando um manifestante tentou incendiar uma bandeira de Israel. Em Stanford, na Califórnia, a polícia investiga como crime de ódio a morte de um judeu nas proximidades de um ato pró-Palestina. “O discurso, no meio universitário, repisa que os dois povos não podem viver naquela região porque um lado representa o domínio imperialista e o outro rejeita a civilização ocidental. É a islamofobia batendo boca com o antissemitismo”, resume Michel Gherman, professor de história da UFRJ nascido em Israel e tachado de antissemita em um debate na PUC carioca.
O antissemitismo observado nos dias de hoje é uma chaga que teve origem no fim do século XIX, concentrado principalmente na Europa.
As aceleradas mudanças políticas e econômicas da época, um processo repleto de conflitos que iriam descambar em duas guerras mundiais, desagradaram a nacionalistas que, em busca de um bode expiatório, atribuíram os problemas surgidos à minoria religiosa que controlava parte das instituições financeiras — início de uma perseguição movida pela intolerância que culminou no Holocausto e nos 6 milhões de mortos pelas atrocidades nazistas.
A fogueira da islamofobia se acenderia meio século depois,quando árabes começaram a migrar para países europeus em busca de vida melhor. Ela explodiria neste século, em que as imensas levas de imigrantes ilegais, associadas à violência latente nas periferias pobres das grandes cidades, desencadearam um turbilhão antimuçulmano. “O antissemitismo e a islamofobia têm a mesma raiz ideológica e é justamente isso que impede que as duas vítimas se reconheçam em pé de igualdade e possam dialogar”, ressalta Arlene Clemesha, professora de história árabe da USP.
O clima de animosidade entre árabes e judeus se fez presente já na origem dos dois povos: como era comum na convivência das tribos naquela época, as escrituras relatam choques entre os descendentes dos dois filhos de Abraão — Ismael, que viria a formar a nação árabe, e Isaac, tronco do judaísmo.“Os dois povos semitas entraram em conflito por terras já em XVII a.C.”, relata o teólogo Jacir de Freitas, autor de A História de Israel e as Pesquisas Mais Recentes. Apesar dessas diferenças, árabes e judeus repartiram o que é hoje a Palestina com relativa civilidade durante milênios.
O conflito do qual a guerra atual é a mais recente e mais mortífera consequênciatem como ponto de partida as movimentações que resultaram na proposta, apresentada pela ONU em 1947, de divisão da Palestina para a formação do Estado de Israel.
Nacionalistas palestinos e sionistas se mobilizaram contra e a favor da partilha, a Liga Árabe tomou partido e os tiros começaram a ser disparados.
Três guerras entre israelenses e alianças militares árabes, inúmeros e horripilantes atentados terroristas e seguidas revoltas sufocadas a bala e bombas depois, judeus e palestinos vivem no mesmo espaço, mas separados por uma montanha de fúria e desconfiança. “O ódio não é a causa dos acontecimentos históricos, mas sim seu subproduto. Frequentemente políticos e ideólogos incitam esse sentimento para ganhar poder e influência”, ensina Norman Naimark, professor de história da Universidade de Stanford.
Sentimento inerente à condição humana, o ódio se situa entre a raiva e o nojo, duas das seis emoções básicas universais descritas pelo psicólogo americano Paul Ekman. Ambas têm lá sua justificativa: enquanto a raiva pressupõe ação diante de algo percebido como errado ou injusto, o nojo serve para evitar contato com perigos e ameaças — na evolução, manteve humanos longe de comidas venenosas ou estragadas. “Mas a combinação é destrutiva”, explica Robert Sternberg, professor de psicologia da Universidade Cornell. “Seu estímulo provém de narrativas falsas, que convencem as pessoas de que o outro está roubando seus recursos e seu destino.” O psicólogo social Aharon Levy completa: “Em uma situação de ódio entre grupos, cada lado acredita que está moralmente correto, ao passo que o inimigo é imoral e não pode mudar”.
A dinâmica do ódio já serviu de base para episódios estarrecedores de massacres de populações. Em 1995, 8 000 muçulmanos foram brutalmente assassinados por forças sérvias em Srebrenica, na Bósnia e Herzegovina. Um ano antes, os hútus executaram 800 000 tútsis, só por serem tútsis, em Ruanda.
No mais impactante ato de terrorismo jamais visto, dois aviões lotados derrubaram as torres gêmeas do World Trade Center, em plena Nova York, matando cerca de 3 000 pessoas, todas civis.
Individualmente, o escritor indo-britânico Salman Rushdie passou anos escondido, com a cabeça posta a prêmio por citar o profeta Maomé no romance Os Versos Satânicos.
Voltou a circular e em 2022, mais de três décadas depois, um fanático o esfaqueou.
Sobreviveu, mas perdeu a visão de um olho e teve o fígado perfurado.
Por outro lado, conflitos que pareciam impossíveis de ser contornados deixaram de existir: franceses se reconciliaram com ingleses após séculos de enfrentamentos, japoneses fizeram as pazes com americanos, depois da II Guerra, alemães assumiram a responsabilidade e se penitenciaram pelos crimes nazistas. No sofrido Oriente Médio, resta torcer para que uma brecha se abra e a voz da razão possa um dia ser ouvida.
Publicado em VEJA, edição nº 2867, de 10 de novembro de 2023
Guerra entre Israel e Hamas é usada para legitimar ódio aos judeus, crime hoje praticado como virtude ‘progressista’
Casa de residentes judeus pichada com uma Estrela de Davi - Foto Geoffrey van Hassel/AFP
Uma loja na maior cidade da Turquia coloca o seguinte cartaz em sua fachada:“É proibida a entrada de judeus” –como se dizia “é proibida a entrada de negros” na África do Sul nos tempos do apartheid, ou nos Estados Unidos na época da segregação racial.
Na capital da Inglaterra,
onde nasceram as ideias centrais da democracia moderna, uma jovem
levanta um cartaz que afirma: “Mantenha o mundo limpo” – e mostra um
cesto de lixo com a Estrela de Davi dentro.
Em Paris a polícia anota
mais de 700 ataques contra judeus e seus símbolos nos primeiros vinte
dias da guerra de Israel contra os terroristas do Hamas e outros grupos da mesma natureza.
Na Alemanha, justo na Alemanha
onde o nazismo produziu o Holocausto, a estrela de seis pontas é
pichada nas paredes de residências e outros imóveis pertencentes a
cidadãos de origem judaica, como aviso: “Aqui tem judeu. Pode quebrar”. O
nome correto disso tudo é antissemitismo. Costumava,
até certo tempo atrás, ser uma das formas mais pervertidas de crime
contra a humanidade. Hoje é praticado como virtude “progressista” e sob o
disfarce de apoio à “causa palestina”.
Leia também: Ditadura dos grupos terroristas em Gaza só sobrevive por causa da guerra
Tão
tóxico quanto esses atos declarados de ódio aos judeus é o
antissemitismo hipócrita que se esconde nas declarações indignadas
contra a reação militar de Israel após as chacinas que sofreu no começo
de outubro.
Sentimentos humanitários são descobertos de repente,
exigindo cessar-fogo por parte do país que foi atacado e cuja única
escolha é atacar de volta para manter-se vivo.
Como na treva nazista,
falsifica-se os fatos, as palavras e os pensamentos para inventar razões
de ordem política e moral que pretendem transformar a selvageria
antissemita numa causa legítima.
Acusam Israel de genocídio, quando quem
prega o genocídio são os inimigos que se propõem abertamente, em seu
programa oficial, a eliminar o Estado de Israel e a jogar 9 milhões de
israelenses “no mar”.
Condenam, também, a reação “desproporcional”
contra os terroristas.
Mas isso só poderia ocorrer se os ataques de
Israel estivessem indo além do seu alvo militar e estratégico – a
destruição do Hamas, que anuncia publicamente o propósito de continuar
atacando o território israelense, até a “eliminação total” do Estado
judeu. O que Israel está fazendo é lutar por seu objetivo legal: a
sobrevivência.
Lamenta-se o veto dos Estados Unidos a uma resolução da ONU que
não admitia o direito de Israel agir em sua própria defesa.
Querem o
quê? Se não fosse o direito de veto, a ONU já teria aprovado uma dúzia
de vezes a extinção de Israel; na verdade, ela própria já não existiria
mais. Não é racional. Mas o antissemitismo também não é.
Manifestante em frente à embaixada de Israel, em Madri, no dia 18 de outubro de 2023 (imagem ilustrativa)| Foto: EFE
O mundo está vivendo a sua pior onda de antissemitismo desde a perseguição aos judeus no regime nazista da Alemanha de Hitler.
Desta vez, vem disfarçado de apoio à “causa palestina”. Mentira: é antissemitismo puro, direto na veia, e não um tipo de ação política legítima. Esse surto de ódio vem sendo armado, peça por peça, há muito tempo – desde que as pessoas começaram a descobrir que podiam se comportar como nazistas sem correr nenhum risco. Ao contrário: o preconceito racial foi se tornando a atitude politicamente mais correta.
A desculpa era perfeita. O sujeito podia ser antissemita dizendo que era “antissionista”, ou anti-Israel, ou anti-imperialismo dos Estados Unidos – e a favor da “libertação da Palestina”, do Terceiro Mundo e do “campo progressista”. Depois do último ataque terrorista contra Israel, no qual 1.400 civis foram mortos, bebês assassinados e mulheres estupradas, o racismo antijudeu deu o seu maior salto desde o holocausto promovido na Alemanha nazista. Israel reagiu, exercendo o seu direito à autodefesa. Imediatamente deixou de ser vítima e passou a ser acusado de agressor. Junto com as condenações a Israel, as cobranças de “paz” e os apelos humanitários, vieram imediatamente as manifestações explícitas de ódio aos judeus.
Israel está combatendo um grupo terrorista, o Hamas, que cometeu os crimes em massa do começo de outubro e prega, oficialmente, o genocídio do povo israelense – diz que os judeus devem ser jogados coletivamente no mar, e que o seu Estado tem de ser “extinto”. Por ter reagido à agressão com bombardeios e a invasão de Gaza, a região controlada pelo Hamas, vem sendo denunciado por “genocídio”, por “crimes contra a humanidade”, por manter uma “prisão a céu aberto”, por massacrar civis e daí para baixo.
Não se diz, nunca, que não haveria nenhum palestino morto se os terroristas não tivessem feito a chacina que fizeram contra Israel.
Exige-se um “cessar fogo” por parte de quem foi agredido – algo como exigir dos Estados Unidos um cessar fogo em resposta ao ataque do Japão contra Pearl Harbour.
Cobram “proporcionalidade”, quando o direito internacional determina que só pode ser considerada desproporcional a reação que ultrapassa os limites do seu objetivo estratégico. O objetivo de Israel é destruir o Hamas, para não ser destruído por ele – e é isso, exatamente, o que está fazendo.
Foi a oportunidade para se abrir a comporta do antissemitismo. Junto com as condenações a Israel, as cobranças de “paz” e os apelos humanitários, vieram imediatamente as manifestações explícitas de ódio aos judeus. Gritos e cartazes de passeatas não ficam só no “antissionismo” – exigem com todas as letras que o mundo “se livre dos judeus”, estejam onde estiverem.
Estrelas de David são pintadas em residências e outros imóveis de cidadãos de origem israelita, como denúncia: “Aqui tem judeu”.
Atacam-se sinagogas. Passageiros de um voo internacional vindo de Israel sofrem tentativas de ataque físico.
O que qualquer coisa dessas tem a ver com a “defesa do território palestino”? É racismo, de novo, e em escala mundial – agora com a máscara de uma “causa justa”.
Psiu!
Vem cá... Aproveita que ninguém está olhando.
Quer botar para fora toda
essa raiva de judeu que você tem aí dentro e precisa segurar, porque é
feio mostrar para os outros quem você realmente é por dentro?
Quer ser
um antissemita cinco estrelas, tipo “platinum plus”, daqueles que
desenham suástica em parede de sinagoga?
Melhor ainda: quer fazer tudo
isso em perfeita segurança, sem que ninguém, em nenhum momento, diga que você é antissemita? Ao contrário: vai ganhar no ato um atestado de militante do “campo progressista”. Que tal?
É a coisa mais fácil do mundo. Basta esperar a próxima vez em que os terroristas que se
apresentam como representantes do “povo palestino” dispararem uma
bateria de mísseis contra homens, mulheres ou crianças em Israel – e
assine imediatamente um manifesto, ou vá protestar no meio da rua,
denunciando os “crimes cometidos pelos israelenses” quando reagem às
agressões que acabam de sofrer, atirando de volta contra quem atirou
neles.
[um único comentário: temos o maior apreço, consideração, respeito pela capacidade intelectual e jornalística do ilustre JOSÉ ROBERTO GUZZO. Também ousamos supor que temos o que chamamos de afinidade de idéias. De forma que, transcrevemos no Blog Prontidão Total, várias matérias do ilustre jornalista, praticamente sem comentários - se os apresentássemos seriam apenas de total concordância.
Mas desta vez nos sentimos (por consideração ao jornalista J.R. Guzzo, quando aos nossos dois leitores) no DEVER de apresentar alguns esclarecimentos sobre nossa postura de defender os civis palestinos, incluindo mulheres e crianças, das ações vingativas que Israel pratica contra eles, quando é atacado por organização pró terrorismo.
O que condenamos é que integrantes de grupos terroristas contrários ao Estado de Israel desfecham ataques de foguetes contra o território israelense, causam algumas baixas (em sua maior parte apenas de instalações, com pouca ou nenhuma perda de vida de israelenses -já que a capacidade defensiva do estado hebreu, o IRON DOME, impede que os foguetes atirados contra o território de Israel, alcancem seus alvos = são destruídos sem maiores danos.
Que faz Israel como retaliação contra os palestinos da Faixa de Gaza? -bombardeiam de forma implacável, com caças e misseis de última geração, matando centenas de civis palestinos desarmados, não só homens, mas também mulheres e crianças, destruindo edificações, deixando milhares ao desabrigo.
Procedimento inútil, já que os atacantes do território de Israel, que usam foguetes que são neutralizados na quase totalidade pela escudo protetor - Iron dome - não estão nem aí para os mortos palestinos. A eles interessa os mortos - visto que a situação na qual foram abatidos(Israel possui um dos mais poderosos exércitos do mundo) em uma batalha de estilingue x caças os beneficia politicamente.
A impressão que se tem é de um cidadão que possui uma casa muito bem protegida, praticamente inexpugnável e tem uma rixa com o vizinho.
Todas as vezes que tem oportunidade, ou lhe convém, o vizinho causa danos a propriedade do desafeto(danos de pouca monta, já que a casa do inimigo é super protegida).
O vizinho, proprietário da casa atacada retorna e ao constatar o ataque e alguns danos (mais para arranhões) acha mais confortável e seguro que em vez de desafiar o vizinho para um confronto mano a mano = igualdade de condições =escolha atacar uma pequena propriedade do inimigo, localizada em área com condições de vida sub-humana, e parte para lá, devidamente protegido por um aparato de segurança, joga bombas, destrói casebres e barracos ocupados por trabalhadores do desafeto, desarmados; não poupa mulheres, nem crianças. Derruba armazéns, pouco importando se estão ocupados ou não.
O cidadão que age assim está correto?
está sendo justo?
está promovendo uma retaliação corajosa?
Com todo o respeito ao Guzzo e aos nossos dois leitores nossa opinião é que as respostas, as classificações atribuídas às perguntas apresentadas nesse parágrafo, são as corretas se aplicadas em relação ao comportamento de Israel.
Para não prolongar o assunto - e, por nos faltar capacidade para tanto - deixamos de abordar sobre ao origens do conflito palestino x israelenses, da licitude de transformar áreas habitadas por palestinos em colônias agrícolas exploradas por judeus.
Além de nos faltar a capacidade que sobra ao ilustre jornalista, fizemos este comentário de uma forma apressada, buscando apenas expressar nosso entendimento e que nos leva a recomendar outros artigos:
Judeus não têm direito a defender sua integridade física
ou suas vidas; a única atitude decente que poderiam tomar quando são
agredidos é começar, imediatamente, “negociações” com os “palestinos”,
nas quais a primeira condição é aceitarem que seu país seja extinto. Não existe truque melhor, hoje em dia, para odiar os judeus sem ter de responder legalmente, ou moralmente, por isso.
Antissemitismo,
em outros tempos, era coisa da direita mais intratável – uma tara do
nazismo, especialmente, e, antes disso, de tiranias como a do czar e
coisa pior ainda. Não mais. Antissemitismo, hoje, é esquerda – no Brasil
e no mundo. O caçador de judeu em 2021, em sua representação mais fiel,
é quem fica “solidário” com o Hamas e outros aglomerados que dizem
lutar pela “libertação da Palestina”. É um disfarce perfeito. Rende uma
ladainha sem fim em favor da “justiça”, dos direitos dos “oprimidos”, e
até, para os mais antigos, da “autodeterminação dos povos”, tudo
embrulhado em papelório da ONU. Tire-se a fantasia e aparece na hora o
que realmente existe por trás do amor pela Palestina.
Nas
manifestações de rua – sempre na Europa, Estados Unidos e outros países
livres; não acontecem nunca na China – que se seguiram aos últimos
conflitos na área de Gaza, militantes do “campo progressista” colocaram,
lado a lado, uma bandeira nazista e uma bandeira de Israel, com a
pergunta: “Qual é a diferença?”
Eis aí, melhor talvez que em
qualquer grito de guerra pró-Palestina, a exibição real daquilo que é,
de fato, a alma do antissemitismo de esquerda dos nossos dias. O que
eles queriam, mesmo, não era fazer a comparação safada; era mostrar,
impunemente, a bandeira nazista. Era, ao mesmo tempo, revelar seu
ressentimento e frustração diante do fato de que os nazistas, no fim das
contas, não conseguiram extinguir o povo judeu.
É isso, mais do
que tudo, o que incomoda a esquerda que sai à rua em favor do Hamas,
Jihad Islâmica e coisas assim – por que os judeus continuam existindo?
Por que não permitem que o Hamas, Jihad etc. resolvam o problema que os
nazistas não resolveram? Eis aí, no fundo, o incômodo central de Israel
para os espíritos progressistas desse mundo: os israelenses de hoje não
se deixam matar. Por que reagem – com técnica, precisão e competência
militar muito superiores às do inimigo – quando o “povo palestino” joga
bombas em cima deles? Deveriam aceitar a própria morte e a destruição do
seu país, e submeter-se à “justiça da história”. Do jeito que se
comportam, estão sendo um claro inconveniente para a esquerda e os seus
associados.
É o sonho nazista enfim realizado: matar judeu passou a ser progressista.
Caso prevaleça
no plenário do STF, entendimento do relator de ação movida pelo PPS
valerá até que Congresso criminalize a homofobia por meio de lei
[Suprema Corte brasileira desperdiça hoje o seu quarto dia de trabalho para 'promulgar' entendimento com força de lei e com validade até que...;
passo inicial para aumentar a INSEGURANÇA JURÍDICA - com o entendimento-lei acima, prestes a ser promulgado, estão abertas as portas para que um outro entendimento decrete que 'esse entendimento-lei vale até que outro ministro promulgue outro entendimento-lei mudando o aqui entendido.
Parece que a PEC da Bengala e outras normas precisam realmente ser revistas.]
Ministro Celso de Mello durante a sessão plenária do STF - 20/02/2019 (Nelson Jr./SCO/STF)
Depois de se posicionar no sentido de que oCongresso foi omisso ao não votar um projeto de lei que prevê a criminalização da homofobia, em sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada, o ministro Celso de Mellodefendeu nesta quarta-feira, 20, que a homofobia deve ser equiparada ao
crime de racismo e enquadrada no mesmo artigo do Código Penal.[em outras palavras, o decano propõe que o Supremo vista a 'suprema toga' de legislador e decrete que o artigo tal, do Código Penal passa a vigorar a com redação acima;Estupra-se a Constituição Federal, o que o decano propõe é que o Poder Judiciário se torno Poder Legislativo, sempre que o Congresso Nacional não editar leis com a celeridade estabelecida pelos movimentos disso e daquilo;não agiu no prazo estabelecido e o Poder Legislativo é declaro omisso e a Constituição violada à pretexto de suprir a omissão.Tudo maravilhoso, o único inconveniente é o estupro ao texto constitucional - no Brasil, coisa boba.Outro detalhe irrelevante é que toda essa violência contra a separação e independência dos Poderes é para punir supostos crimes, supostamente causados devido a opção sexual da vítima e que em 2017, ultrapassaram 300 - isto em um país que no mesmo ano mais de 60.000 foram assassinados por outras causas.Pergunta boba: e quando o Supremo leva anos e anos para decidir um processo judicial - está sendo também omisso e dando margem a que um outro Poder assuma funções judicantes? Não deixa de ser um interpretação razoável.] Conforme
o voto de Mello, essa deve ser a interpretação judicial até que o
Legislativo aprove uma lei que criminalize a homofobia. Ao contrário do
que havia indicado, ele não estipulou um prazo para que o texto seja
analisado pelo Congresso.
A sessão foi suspensa após a conclusão do posicionamento de Celso de
Mello, que é relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão
(ADO) movida pelo PPS que pede ao STF a declaração de omissão do
Legislativo. O julgamento será retomado hoje, (21) a partir das 14h.
Em seu voto, o ministro alegou que ataques homossexuais e transexuais
se inserem no aspecto social do racismo, e não simplesmente na
aparência física e no que ele classifica como “construção artificial e
equivocada do conceito de raça”. [tudo é possível em um país que um individuo de cabelos loiros, olhos verdes, se declara negro e é aprovado em um concurso público, pelo sistema de cotas raciais - concurso Itamaraty.] “A identidade fundamental que evidencia a correlação entre homofobia e
a transfobia, de um lado, e o racismo, do outro, torna-se mais
acentuada se considerado que, tanto no plano internacional quanto na
ordem interna, os critérios que identificam a discriminação racial
resultam da conjugação de dois fatores presentes em ambas as situações: a
motivação orientada pelo preconceito e a finalidade de submeter a
vítima a situações de diferenciação quanto ao acesso e gozo de bens,
serviços e oportunidades”, afirmou Celso de Mello.
Ele cita diversas vezes uma decisão tomada pelo plenário do Supremo
em 2003, que definiu o conceito de racismo como “instrumento de controle
ideológico, dominação política, subjugação social, negação da
alteridade, da dignidade e da humanidade de minorias”.
“O conceito geral e abstrato de racismo reveste-se de caráter amplo,
sob cuja égide tornam-se enquadráveis as práticas de homofobia e de
transfobia (…) nesse conceito geral e abstrato de racismo, a homofobia e
a transfobia se enquadram que a mesma forma que a negrofobia, a
xenofobia, a etnofobia e o antissemitismo”, sustentou Celso de Mello.
Ainda conforme o voto do ministro, “o preconceito e a discriminação
resultantes da aversão aos homossexuais e aos demais integrantes do
grupo LGBT constituem a própria manifestação cruel, ofensiva e
intolerante do racismo por representarem a expressão de sua outra face, o
racismo social”. Se na sessão da semana passadaCelso de Mello afirmou que não cabe ao STF legislar
e criminalizar a homofobia no lugar do Congresso,nesta quarta-feira
ele pontuou que seu voto não está criando um tipo de crime. [pode até não estar criando um tipo de crime mas está estabelecendo espaço para que as decisões do STF passem a ter horas como tempo de vigência, é o suporte para que as decisões do Supremo passem a ter como vigência o limite temporal 'até que algum ministro modifique'.] “O que estou a propor limita-se à mera subsunção [inclusão] de
condutas homotransfóbicas aos diversos preceitos primários de
incriminação definidos em legislação penal já existente, na medida em
que atos de homofobia e transfobia constituem concretas manifestações de
racismo, compreendido este em sua dimensão social, o denominado racismo
social”, argumentou.
Depois de ter seu voto classificado na semana passada como “histórico”pelos colegas Luís Roberto Barroso e Rosa Weber, em função da forte
crítica à intolerância, Celso de Mello declarou hoje que “este
julgamento assume importância fundamental no processo de ampliação e
consolidação dos direitos fundamentais das pessoas”. “Os homossexuais, transgêneros e demais integrantes do grupo LGBT têm
a prerrogativa, como pessoas livres e iguais em dignidade e direitos,
de receber a proteção das leis e dos sistema político-jurídico
instituído pela Constituição, mostrando-se arbitrário e inaceitável
qualquer estatuto que, por ação ou por omissão, exclua, discrimine,
fomente a intolerância, que estimule o desrespeito e desiguale das
pessoas em razão de sua orientação sexual e sua identidade de gênero”,
disse ele, em crítica indireta à dita omissão do Congresso. Na sessão prevista para essa quinta-feira, 21, o ministro Edson
Fachin, relator do Mandado de Injunção movido em 2012 pela Associação
Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais
(ABGLT), que têm pedidos semelhantes à da ação do PPS, dará seu voto
nesta ação.
Em seguida, Celso de Mello votará em relação ao Mandado de Injunção e
Fachin lerá sua posição em relação à ADO movida pelo PPS. Os demais
ministros votarão a seguir nas duas ações. [óbvio que o assunto não se encerra nesta semana; na próxima semana, os ministros podem mudar de opinião e tudo começar de novo.]
Manipulando assim os medos e promovendo desinformação, candidatos
podem ter acesso estável ao poder, sem ter que liderar um processo de
melhoria expressiva e não excludente de seus países
Na semana passada, tivemos o primeiro debate entre candidatos à
Presidência na televisão, um embate que foi percebido pela imprensa e
por boa parte dos telespectadores como morno ou desprovido de propostas
concretas. O ponto alto, nos comentários das redes sociais, foi um tal de “Plano Ursal”, que, segundo um dos candidatos, estaria pondo em risco a nação
por propor o fim das fronteiras e uma pretensa união das repúblicas
socialistas da América Latina.
As postagens jocosas incluíam duas versões de um hino da Ursal, uma
delas recuperando uma música cantada pela Xuxa nos anos 1990 e memes, os
mais diversos. Independentemente da diversão proporcionada pelo infeliz candidato,
há muito o que se refletir a partir do que vem ocorrendo recentemente no
Brasil e sobre os riscos (estes reais) que estamos correndo. A História nem sempre se repete, mas pode ser boa conselheira. Ao
ouvir o debate, lembrei-me do Plano Cohen, de 1937, um documento forjado
pelo então capitão integralista Olímpio Mourão Filho(com um título que
diz muito sobre o antissemitismo dos anos 1930).
Este foi utilizado para justificar a decretação do estado de guerra
e, certamente, parte do clima de medo que precedeu o golpe do Estado
Novo. Mas não é esse, sem dúvida, o único candidato que, ao adotar uma
retórica voltada a instilar o temor no eleitorado, deixa de falar de
suas propostas de políticas públicas e de divulgar sua visão para o
futuro do país. Além disso, o Brasil não está sozinho, nestes tempos
sombrios, ao tentar ressuscitar práticas associadas ao período em que
floresceu o nazifascismo.
Madeleine Albright, em seu livro “Fascism, a Warning” (fascismo, um
alerta, em tradução livre), chama a atenção para os riscos do uso de
expedientes parecidos em países como a Hungria, a República Checa, a
Turquia ou a nossa vizinha Venezuela. Em cada um destes casos, candidatos ou governantes que querem se
perpetuar no poder usaram o medo como arma e o ódio em seus discursos. O perigo adviria da modernidade, com seus costumes “devassos” a
corromper as novas gerações, da insegurança advinda do aumento da
violência (atribuída a um menor rigor com o crime ou a “esse pessoal dos
direitos humanos”), do afluxo de imigrantes ou de uma conspiração em
curso, seja dos “comunistas”, seja dos americanos (de acordo com a
narrativa mais conveniente ao contexto de cada país).
Manipulando assim os medos e promovendo desinformação, candidatos
podem ter acesso estável ao poder, sem ter que liderar um processo de
melhoria expressiva e não excludente de seus países. Esse sim é o risco
real à democracia que precisa ser enfrentado!
Num retrato da intolerância europeia, a ‘Lei do
Holocausto’ pune com três anos de cadeia quem falar o que não deve
Na semana
passada, o Senado polonês aprovou uma lei “protetora da reputação” do país, que
pune com até três anos de prisão quem sustentar“publicamente, contrariando os
fatos”, que “a nação polonesa ou a República da Polônia é responsável ou
corresponsável pelos crimes cometidos pelo Terceiro Reich”. Simulando uma
defesa da liberdade de expressão, excluiu do alcance da lei “atividades
artísticas ou acadêmicas”.
A menos
que a pressão internacional cresça, o presidente Andrzej Duda sancionará o
texto. Ele já declarou que o povo polonês“como nação”jamais participou do
Holocausto. Isso não quer dizer nada. O que se vê é seu governo querendo calar
uma discussão incômoda. Poucas
coisas seriam piores para a reputação da Polônia do que essa “Lei do
Holocausto”.Até as pedras sabem que os campos de extermínio de Treblinka e
Auschwitz foram concebidos, construídos e administrados pelos alemães. O
problema está mais adiante: na atividade de poloneses que massacraram judeus e
saquearam suas propriedades.
Em 1941,
quando a Alemanha invadiu a parte do país ocupada pelos soviéticos desde 1939,
poloneses mataram judeus sem a participação da tropa do Reich. Na cidade de
Jedwabne, de 2.500 habitantes, seus 1.500 judeus foram massacrados nas ruas ou
queimados vivos num celeiro. Metade dos homens adultos de Jedwabne participou
do massacre e foi nominalmente identificada. (Em outra cidade, o pai de Yitzhak
Shamir, que veio a ser primeiro-ministro de Israel no século passado, foi morto
pelos vizinhos depois de fugir dos alemães.)
Atrás do
antissemitismo, em Jedwabne, Varsóvia, Viena e Berlim, estava o poderoso fator
da cobiça de seus bens. Poloneses que escondiam judeus pediam-lhes que não
revelassem suas identidades, por medo de serem saqueados ou mortos. Quem viu o
filme “Ida” aprendeu uma parte dessa história. Terminada
a guerra, as terras vizinhas ao campo de Treblinka viraram uma Serra Pelada,
com centenas de poloneses escavando-as em busca de corpos de judeus. Quando
alguém achava um crânio, levava-o escondido para casa e lá procurava por ouro
nas arcadas dentárias. O livro “Golden Harvest” (“Colheita dourada”), de Jan
Gross, está na rede, com sua capa estarrecedora.)
Em maio
de 1946, quando já havia sido instalado o Tribunal de Nuremberg para julgar a
cúpula do III Reich, 42 judeus foram mortos na cidade de Kielce. Entre julho e
setembro, 63 mil judeus fugiram da Polônia para a Alemanha ocupada. No primeiro
ano do pós-guerra, poloneses mataram perto de 1.200 judeus. O
antissemitismo de uma parte considerável da nação polonesa conviveu com o
regime comunista. Em 1969, a ditadura do proletariado forçou a saída de 20 mil
dos 30 mil judeus que ainda viviam no país.
A Polônia
não precisa ser marcada pela “Lei do Holocausto”. Sua história é maior que esse
espasmo radical da xenofobia e do racismo europeu redivivo neste início de
século. A resistência polonesa ao Reich foi maior, de longe, que a dos
franceses e a dos italianos, somados.A guerra custou ao país 20% de sua
população, um terço dos moradores de suas cidades desapareceram. Metade dos
advogados, 40% dos médicos e um terço dos professores universitários e padres
católicos morreram. E três milhões de judeus.