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domingo, 5 de junho de 2022
Homem "quase perde" o pênis após bater carro enquanto recebia sexo oral
quarta-feira, 23 de junho de 2021
Justiça Militar absolve PMs por estupro em viatura e diz que vítima ‘não resistiu ao sexo’
A Justiça Militar de São Paulo entendeu que não houve estupro no caso relatado por uma jovem de 19 anos que ocorreu em uma viatura da Polícia Militar, em Praia Grande, no litoral de São Paulo, em 2019. As informações são do G1. A vítima disse que foi obrigada a fazer sexo vaginal e oral em um dos policiais durante o deslocamento da viatura em que eles estavam, com o giroflex (sirene visual) ligado.
De acordo com a jovem, o caso aconteceu após ela ter desembarcado de um ônibus por volta das 23h40 e ter se dirigido aos PMs que estavam em frente a um shopping da cidade. Ela disse ter perdido o ponto de ônibus onde deveria ter desembarcado e pediu orientações a eles. Os PMs teriam oferecido carona à jovem até o terminal rodoviário e ela teria aceitado. No carro, segundo o relato da vítima, eles teriam desviado o caminho e um deles, que se sentou no banco de trás do veículo com ela, teria agido “sob emprego de força física” e a constrangido “à conjunção carnal”, introduzindo o pênis em sua vagina.
Ele também a teria obrigado a fazer sexo oral, segundo o relato da vítima, que disse ter se sentido ameaçada, pois ambos estavam armados. Segundo ela, o policial ainda a obrigou a engolir seu sêmen. Após o ato, ela teria sido “liberada”. Uma perícia na vítima confirmou a prática do sexo, encontrou sêmen na roupa do PM e o celular da jovem também foi encontrado na viatura onde o fato aconteceu.
Na decisão à qual o G1 teve acesso e que está em segredo de Justiça, o juiz militar Ronaldo Roth, da 1ª Auditoria Militar, entendeu que houve no caso sexo consensual e absolveu um dos PMs, que estava na direção do veículo. Segundo ele, a vítima “nada fez para se ver livre da situação” e que “não reagiu”. “Não houve nenhuma violência ou ameaça. A vítima poderia sim resistir à prática do fato libidinoso, mas não o fez”, disse o magistrado.
O outro policial, que se sentou ao lado da vítima no banco de trás da viatura, foi condenado pelo crime de libidinagem e pederastia em ambiente militar, previsto no artigo 235 do Código Penal Militar. No entanto, ele não será preso, pois a pena é de 7 meses de detenção, no regime aberto, e o juiz suspendeu o cumprimento da pena. Ainda de acordo com o G1, a decisão é de 8 de junho, está em segredo de Justiça e foi lida para os réus somente na semana passada. Ainda cabe recurso.
MSN - IstoÉ - Revista
terça-feira, 28 de abril de 2015
"História bem contada transforma traficante em mocinho vitimizado".
De uns tempos para cá o protagonismo que é contar a história de vida de vítimas, com fotos e cartinhas, deu uma dilatada em seus vastos domínios. Hoje membros da chamada nova classe média, vitimizados, já podem ter suas histórias de vida relatadas na grande mídia. Afinal viraram consumidores e, portanto, converteram-se em gente, sentenciam os editores. Há 13 anos um meu aluno foi chacinado no Morumbi. Era perto de uma biqueira numa favela não pacificada, como se diz. Ganhou páginas e páginas nos então quatro maiores jornais do país. Levantei os dados: naquele dia 9, rapazes, que regulavam com a idade do universitário, tinham sido chacinados na mesma noite: mas só ele mereceu história de vida.
Há arcanos sobre isso no o prefácio de um livro de Leão Serva, chamado Jornalismo e Desinformação, escrito pelo Fernando Morais. Ele relata levantamento feito nos anos 60 pelo jornalista Argemiro Ferreira, sobre a Guerra do Vietnã. As contas são brutais: era necessário que morressem 35 vietcongs para que estes ganhassem o mesmo espaço (abre de página) que ganhava um oficial dos EUA morto (ou oito oficiais franceses e italianos).
Só nos toca o que é igual à gente: ou é vendido como se fosse igual a nós. Não? O segundo fuzilamento na Indonésia nos toca mais o coração porque é literariamente relatado por aí. Capricham no texto, e nosso coração fala mais alto. Aquele monstro a quem os EUA pintaram nos anos 90, o Slobodan Milosevic, teve uma sacada genial quando Bill Clinton (para tirar dos jornais o escândalo Mônica Lewinsky/sexo oral) convenceu as Nações Unidas a invadirem o Kosovo, em abril de 1999. Slobodan contratou "n" fotógrafos que mandavam retratos de crianças filhas de suas tropas, loiras e de olhos azuis, para a mídia dos EUA. Era o típico lance da alteridade: vejam, eles são alourados como vocês! São gente também, portanto.
Sobre homicídios
Não vi na mídia nenhum alvoroço semelhante ao do fuzilamento segundo brasileiro quando, em dezembro de 2014, foram divulgados os dados que se seguem. Eis o que a mídia estampou:
"O Brasil é o país com o maior número de homicídios no mundo, segundo um relatório divulgado nesta quarta-feira (10 de dezembro) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em Genebra. De cada 100 assassinatos no mundo, 13 são no Brasil.
Segundo o documento, o total de homicídios no mundo chegou a 475 mil. Os dados são de 2012.
O Brasil é o líder no ranking. O governo brasileiro informou 47 mil homicídios em 2012, mas a OMS estima que o número real tenha sido muito superior: mais de 64 mil homicídios. Depois do Brasil aparecem Índia, México, Colômbia, Rússia, África do Sul, Venezuela e Estados Unidos.
A OMS calcula que no Brasil a cada 100 mil pessoas, 32 sejam assassinadas.
Na outra ponta da tabela, com os menores índices de homicídio por habitante, em 1º lugar vem Luxemburgo, depois Japão e em seguida Suíça, empatada com Cingapura, Noruega e Islândia.
Esses números são referentes a homicídios, mas a OMS chama atenção para diferentes tipos de violência mais recorrentes no nosso dia a dia do que se possa imaginar.
De acordo com o levantamento, uma em cada quatro crianças sofre agressões, uma em cada cinco meninas é abusada sexualmente e uma em cada três mulheres já foi violentada pelo próprio parceiro".
Por que tais números não ribombaram, escandalosa e demencialmente? Números não tocam corações.
Sobre narcotráfico
Do que o segundo brasileiro no paredón da Indonésia é ponta de iceberg?
Vejamos: o Relatório Mundial sobre Drogas de 2014, confeccionado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), destaca que o uso de drogas no mundo permanece estável. Cerca de 243 milhões de pessoas, ou 5% da população global entre 15 e 64 anos de idade, usaram drogas ilícitas em 2012. Usuários de drogas problemáticos, somaram por volta de 27 milhões, cerca de 0,6% da população adulta mundial, ou 1 em cada 200 pessoas. O consumo de cocaína dobrou no Brasil no prazo de seis anos, enquanto em outras partes do mundo o uso dessa substância está caindo, diz o Unodoc.
O consumo de cocaína no Brasil aumentou "substancialmente" e atingiu 1,75% da população com idade entre 15 e 64 anos em 2011 - ante 0,7% da população em 2005. Na América do Sul o uso de cocaína atinge 1,3% da população. A dependência de calmantes e sedativos lidera todas as modalidades, com 227,5 milhões de consumidores, ou quase 4% da população mundial.
Em seguida, vem a maconha. Tem 141 milhões de adeptos, totalizando mais de 3% da população mundial. A cocaína tem 14 milhões de usuários. Cerca de 8 milhões de almas são adeptas contumazes da heroína e 30 milhões, ou 0,8% da população mundial, recentemente mergulharam no consumo desenfreado das chamadas drogas sintéticas, como ATS e meta- anfetamina.
Estima-se que sejam apreendidos em todo o mundo, pelas polícias locais, apenas de 5% a 10% de toda a droga ilegalmente produzida. Para abastecer o lote que vai pular logo mais para 400 milhões de junkies planetários, há mecanismos econômicos que lucram até US$ 400 bilhões por ano - uma soma igual à gerada pela produção mundial de artefatos têxteis.
Em todo o planeta a produção de maconha cresceu 10 vezes em 25 anos. Nos EUA, a erva agora é o cultivo mais lucrativo, com o valor de sua colheita excedendo o do milho, soja e ferro (de resto as três atividades extrativas mais lucrativas daquele país). Em solo norte-americano 500 gramas de maconha podem custar entre US$ 400 e US$ 2.000. A mesma quantidade de maconha da melhor qualidade, conhecida como "sinsemilla" (as sem-sementes, chamadas também de "juicy and seedless", suculentas e sem-semente) é vendida por taxas entre US$ 900 e US$ 6.000 cada 500 gramas. O lucro dos narcotraficantes, no ato da revenda, é de pelo menos 20 vezes. Esse numerário esmaece a olhos vistos porque a história de vida dos brasileiros traficantes, quando bem contada, fala mais alto que a matemática.