Ana Paula Henkel
O conglomerado oposição política histérica/STF/TSE/velha imprensa segue armando as guilhotinas necessárias para a imposição do silêncio geral
Os missionários do bom ladrão
A acusação contra o YouTube é que a plataforma estaria empurrando propositalmente conteúdo que possa beneficiar o presidente Jair Bolsonaro.
No programa Os Pingos nos Is, do qual faço parte com imensa honra, gratidão e orgulho, não há feitiçaria política, promessas fajutas, nem tapinhas na cara — há apenas a verdade. Verdades que eram proibidas de serem ditas: STF aparelhado e ativista, exposição de perseguições pessoais por parte de ministros do Supremo e suas abjetas inconstitucionalidades, mentiras propagadas pelos togados como “o brasileiro quer a volta da cédula de papel nas eleições”, questionamentos pertinentes sobre integridade eleitoral, vacinas, tratamentos, números da economia, e todas as mentiras e mais mentiras de um ex-presidiário que quase destruiu o Brasil nuas e cruas.
Mas o ódio que os falsos democratas têm — ódio mesmo, bem intenso “a là Marilena Chaui” — é que, além de nunca termos normalizado uma candidatura fake de um corrupto de estimação, também não fazemos parte da imprensa de necrotério e noticiamos as boas ações do atual governo. Já tecemos críticas e pontos que podem ser melhorados no futuro, mas nunca com o intuito de afundar o barco em que todos nós estamos. Não somos pica-paus.
Uma trágica heroína shakespeariana
O que tentaram fazer com a Jovem Pan nesta semana, trouxe a lembrança de um episódio famoso no esporte olímpico. Em 6 de janeiro de 1994, a poucos meses da Olimpíada de Inverno da Noruega, o mundo acompanhou pela TV o que se tornaria um dos maiores escândalos esportivos da história. O incidente envolveu as duas maiores patinadoras dos EUA da época: Nancy Kerrigan e Tonya Harding. Kerrigan foi atacada com um bastão de madeira — como um taco de beisebol — após um treino em Detroit, Michigan, e quase ficou de fora do Jogos Olímpicos daquele ano.
Em 1991, três anos antes dos Jogos, Tonya Harding havia vencido Nancy Kerrigan no Campeonato de Patinação Artística Americano. No mesmo ano, ela triunfou novamente, ganhando a prata no Campeonato Mundial na Alemanha. Apesar de Tonya parecer mais forte naquele momento, as duas patinadoras eram conhecidas rivais técnicas e tinham looks, estilos e personalidades diferentes. Enquanto Nancy era elegante no gelo, Tonya era durona. Enquanto Nancy conquistava o público e patrocinadores com seu carisma, boa educação e boa atuação no gelo, Tonya não recebia da audiência o mesmo carinho e atenção, apesar da capacidade atlética. Kerrigan tinha elegância. Harding tinha agressividade. A rivalidade das duas patinadoras também foi lançada por muitos na época como a já exaurida batalha de classes marxista: “a riqueza de Kerrigan” contra a “pobreza de Harding”.
(...)No programa Os Pingos nos Is não há feitiçaria política, promessas fajutas, nem tapinhas na cara — há apenas a verdade
Em 1º de fevereiro de 1994, Jeff concordou em testemunhar contra Tonya em troca de um acordo com a Justiça enquanto a patinadora se juntava à sua rival nos Jogos Olímpicos de Inverno de Lillehammer, na Noruega, onde ambas competiram. O frenesi da mídia em torno do casal se intensificou, mas Tonya continuava a negar qualquer envolvimento no incidente, afirmando que não tinha conhecimento de nenhum detalhe sobre o plano para atacar Nancy.
(...)
Com uma pilha de provas contra Tonya, ela se declarou oficialmente culpada de participação no ataque, recebeu a pena de três anos em liberdade condicional e foi multada em US$160 mil dólares. Alguns meses depois, seu título de campeã nacional de 1994 foi revogado e ela foi banida da Federação Americana de Patinação para sempre. Com exceção de Harding, todos os outros envolvidos no ataque de Kerrigan, seu marido e os homens que executaram o ataque e a fuga, cumpriram pena de prisão.
(...)
Inveja, nuncaOlavo de Carvalho costumava dizer que a gente confessa ódio, humilhação, medo, tristeza, cobiça. Mas não inveja. “Inveja, nunca”, ele dizia. “A inveja admitida se anularia no ato, transmutando-se em competição franca ou em desistência resignada. A inveja é o único sentimento que se alimenta de sua própria ocultação”, disse o professor.
Para as Tonyas, Veras e Mônicas espalhadas por aí, a meritocracia, a justiça e a democracia só são perfeitas sem a presença do outro, que, irritantemente, insiste em incomodar com trabalho duro, comprometimento com a verdade e com a realidade que nossos olhos veem.
Há uma frase de Winston Churchill muito boa para a ocasião: “Você tem algum inimigo? Bom. Isso significa que você já lutou por algo em algum momento de sua vida”. Na Jovem Pan e aqui, em nossa querida Revista Oeste, seguimos juntos de vocês e com a certeza de que estamos com soldados que dividem as mesmas trincheiras, que defendem os mesmos princípios e com a mesma assembleia de vozes, como Churchill. Talvez se Churchill fosse mineiro, ele diria que juntos somos como massa de bolo; quanto mais batem, mais crescemos.
Então depois de cuscuz, vamos de bolo. Servidos?
Leia também “A receita de Ku Klux Klan”
Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste