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quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Heleno diz que toma Lexotan para segurar Bolsonaro a não tomar atitude contra STF; e internautas reagem

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, disse, em um áudio divulgado pelo portal "Metrópoles", que toma "dois lexotan (remédio indicado para ansiedade) na veia por dia para não levá-lo a tomar uma atitude mais drástica em relação ao STF". "Eu, particularmente, que sou o responsável, entre aspas, por manter o presidente informado, eu tenho que tomar dois Lexotan na veia por dia para não levar o presidente a tomar uma atitude mais drástica em relação às atitudes que são tomadas por esse STF que está aí ", afirmou Augusto Heleno. [provavelmente, o general até use algum ansiolítico - mas, segundo informações de um médico, deve ser na apresentação "comprimidos", via oral; o uso diário do lexotan, ou qualquer ansiolítico em uso contínuo, na apresentação injetável,  não seria o adequado.]

As declarações foram feitas nesta terça-feira durante a formatura do Curso de Aperfeiçoamento e Inteligência, para agentes já em atividade na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).  “Há uma divergência entre os Poderes, vou evitar usar um termo mais forte”, afirmou o general. “Temos um dos Poderes que resolveu assumir uma hegemonia que não lhe pertence (...) e está tentando esticar a corda até ela arrebentar. Nós estamos assistindo a isso diariamente, principalmente da parte de dois ou três ministros do STF”.

A declaração do ministro gerou uma série de reações nas redes sociais entre aliados e oposicionistas. O termo "lexotan" chegou a ficar entre os assuntos mais comentados nas redes sociais nesta quarta-feira.

Sonar - O Globo - MATÉRIA COMPLETA



sábado, 6 de junho de 2020

A direita insana - IstoÉ

Cinco personagens expõem a miséria atual da vida política nacional e apontam para a conformação de uma nova extrema-direita com ideias sem pé nem cabeça e um desejo incontido de violência e lacração 

Seria ridículo se não fosse trágico. A manifestação noturna montada na frente do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo autodenominado grupo 300 do Brasil, liderado pela ativista bolsonarista Sara Winter, ficará marcada pelo esvaziamento [sic] e falta de importância. O protesto serviu para espernear contra o relator do inquérito das fakenews, o ministro Alexandre de Moraes, atual inimigo número 1 dos radicais, a quem Sara chamou de “arrombado”. Mas o que pretendia ser uma grande ameaça direitista parecia um teatro ordinário, cheio de jovens grã-finos carregando tochas ou usando máscaras do personagem Jason, num clima de falsa Ku Klux Klan. [O KKK apresentado como símbolo da Ku Klux Klan,nada mais é do que o indicador de gargalhada Ka Ka Ka......na internet.
Os antifas são tão desacreditados que tentam trazer para as ruas do Brasil - que atravessa uma pandemia, uma crise econômica e para completar não deixam o presidente República governar - uma crise racial que está ocorrendo nos Estados Unidos.
Os problemas do Brasil são imensos e não é bom para o Brasil e para os brasileiros,  trazer problemas de outros países para cá.] O que não surpreende porque essa nova extrema-direita brasileira é absurda e sem vergonha. Esses grupos radicais que ganham forma agora no Brasil misturam símbolos neonazistas, fascistas, supremacistas e autoritários de um modo geral, falam muito palavrão e querem se assentar no poder. O ídolo momentâneo é o ditador Benito Mussolini, citado por Bolsonaro numa postagem. É um pessoal que toma leite, precioso líquido dos extremistas, para ser afirmar ideologicamente. Apesar do leite, cultivam a aparência de malvados e o poder dissuasivo. Exibem armas e, obviamente, todos defendem um golpe militar.
[por favor, ao ler tenha em conta:
- só os temas importantes são muito falados = quanto mais falam maior é a importância do assunto;
- quanto mais eles criticam mais estão incomodados e tentam criar uma imagem falsa do que criticam;
- se falam muito e falam mal é que o assunto além de importante prejudica interesses não republicanos (tipo os da Turma Mecanismo).
Assim, leia, desconte as calúnias e aleivosias assacadas contra a direita = que atravessa um processo de crescimento incontido em todo o mundo = e conheça melhor  o que eles tanto temem.]
Sara Winter ou Sara Fernanda Giromini, 27.......... 
Convertida ao cristianismo, diz-se defensora da família tradicional brasileira, luta contra a discussão de gênero, as drogas, a doutrinação marxista, a jogatina e a prostituição.
Gosta de exibir armas e se mostrar agressiva e desbocada. Hoje é uma das apoiadoras mais ferrenhas do presidente Jair Bolsonaro, tem um cargo no governo e comanda os 300 do Brasil. Parte dos membros do grupo está alojada em Brasília num acampamento situado no núcleo rural Rajadinha, entre Paranoá e Planaltina. A propriedade foi escolhida por cumprir o objetivo de dificultar a aproximação de estranhos e evitar olhares curiosos. Sara foi um dos alvos da operação da Polícia Federal que investiga as fake news, sob ordens do ministro Alexandre de Moraes. Nas redes, Sara divulgou vários impropérios e palavrões contra o ministro e a PF e disse que se recusará a depor.



Em sua cruzada para promover torturadores e facínoras, Bolsonaro postou uma citação de Mussolini no Twitter em que convoca a população a morrer lutando pela liberdade

Tiros nos antifascistas
Outro expoente dessa onda extremista é o deputado estadual Daniel Silveira (PSL-RJ), que ao longo da semana disse, numa transmissão pelo YouTube, que estaria disposto a atirar em manifestantes antifascistas se houvesse um enfrentamento. Ex-policial, Silveira é conhecido por ter sido filmado quebrando uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL) nas eleições de 2018. Também é alvo da mesma operação da PF que atingiu Sara Winter. Nos últimos meses se tornou muito ativo no YouTube e depois dos protestos de domingo publicou vários vídeos que mostram muito bem o espírito da nova extrema direita. Em um deles chamou os participantes de um protesto antifascista que aconteceu, domingo 31, na Praia de Copacabana, de “vagabundos” e, em outro, ameaçou se dirigir ao grupo, declarando a um policial do isolamento que estava armado. “Eu vou lá. Vamos ver se eles são de verdade. O primeiro que vier eu “cato”. Aí fica a lição. Eu queria ir lá pegar um, po. Deixa eu pegar um, caralho”, disse Silveira. Mais tarde, o deputado afirmou que não estava ameaçando ninguém, mas que considerava uma “hipótese plausível, factível” a de que poderia usar uma arma para se defender de manifestantes.

A mulher do porrete [esse porrete tem incomodado bastante.]
Representante de destaque dessa nova turma da extrema-direita é Cristina Rocha Araujo, também apoiadora fervorosa de Bolsonaro. Ela ficou conhecida, no domingo 31, porque portava um taco de beisebol durante uma caminhada contra  a democracia na Avenida Paulista. Acabou retirada da manifestação pela Polícia Militar. “Senhora, por favor, vamos para lá”, disse o agente de segurança, enquanto encaminhava a bolsonarista para o grupo de simpatizantes do mandatário. “Eu não tenho medo, vim para a guerra”, responde ela. Além do porrete, no qual estava escrito Rivotril, um remédio ansiolítico, a manifestante levava no rosto uma máscara com a bandeira dos Estados Unidos, e se dizia com vontade de “enfiar o bastão nas pessoas que estavam criticando o presidente”. Ela se diz filha de um general e amiga do general Eduardo Villas-Boas, ex-comandante do Exército e um dos articuladores da campanha de Bolsonaro à Presidência. Ela trocou insultos e xingamentos com manifestantes a favor da democracia, que naquele dia estavam representados pelas torcidas organizadas dos principais times de futebol de São Paulo.


O amigo do filho 03
Também chama a atenção nessa nova extrema-direita o delegado da Polícia Civil de São Paulo, Paulo Bilynskyj, 33. Ele foi baleado em 20 de maio, por sua namorada, a modelo Priscila Delgado de Bairros, 27, após discussão e briga do casal, dentro do apartamento em que viviam juntos, em São Bernardo do Campo. O delegado ficou internado durante treze dias na UTI do Hospital Mário Covas, em Santo André. Bilynskyj, que era instrutor de tiro e dava aulas a Priscila, contou que a namorada teria ficado furiosa, enciumada, após ver uma troca de mensagens entre ele e uma ex-namorada. Na versão do delegado, a modelo teria disparado seis tiros contra ele e depois se matado com um tiro no peito. 
Porém, a investigação continua correndo e nenhuma possibilidade é descartada: feminicídio, homicídio e legitima defesa. Os dois se conheceram em 2019, e desde abril estavam morando juntos. 

A bandeira ucraniana
Uma misteriosa bandeira vermelha e preta apareceu na manifestação na Avenida Paulista, em meio aos grupos bolsonaristas, no domingo. Falou-se primeiro que se tratava de uma bandeira neonazista, mas logo se descobriu que era apenas de um grupo extremista e ultranacionalista ucraniano chamado Pravyi Sektor, organização paramilitar convertida em partido político. O reconhecimento da bandeira, inclusive, teria sido o estopim do entrevero entre bolsonaristas e torcidas organizadas que houve naquele dia. Quem portava a bandeira era o brasileiro Alex Silva, 46, instrutor de segurança que mora na Ucrânia desde 2014. Ele trabalha em uma academia de tiro e táticas militares em Kiev, capital do país, e, diante do clima propício às armas e ao conflito, veio abrir uma filial no Brasil. Ficou impedido de voltar para casa por causa da pandemia. Enquanto isso passa seu tempo em manifestações pró-Bolsonaro e contra a democracia. “A gente sempre vai de uma maneira ordeira, pacífica, sem quebra-quebra, sem vandalismo. O máximo que a gente faz é vaiar os caras que nos chamam de gado”, disse Silva.Eles são terroristas, não são pró-democracia coisa nenhuma”. Sua polêmica bandeira, porém, causou revolta e teve um efeito provocativo. Os novos extremistas dão a sensação de que podem manejar qualquer símbolo autoritário impunemente. Para eles, o importante é lacrar e se preparar para a briga, que pode eclodir a qualquer momento.

Em IstoÉ, MATÉRIA COMPLETA




quarta-feira, 1 de abril de 2020

Bolsonaro ponderado que recuou na TV pode ter chegado tarde à crise - Folha de S. Paulo

 Igor Gielow


Tutela militar sobre o pronunciamento do presidente é evidente até na escolha de frase de efeito

Nem parecia Jair Bolsonaro. O presidente que surgiu no pronunciamento em rede nacional na noite desta terça (31) adotou um tom mais tranquilo, ponderado e sem grandes malabarismos retóricos. 
Parece tudo sob medida para servir de vacina contra os murmúrios de crime de responsabilidade em torno de sua condução na crise do novo coronavírus, mas talvez o presidente tenha demorado demais.

Seja como for, depois de falar em "gripezinha" e de supor que seu "histórico de atleta" o tornaria quase imune aos efeitos da Covid-19, como disse no apoplético pronunciamento da terça-feira passada (24), Bolsonaro agora sacou o "maior desafio da nossa geração" para definir a pandemia instalada entre nós. O termo não saiu do nada. Ele foi tirado da fala do comandante do Exército, Edson Leal Pujol, que em mensagem gravada na semana passada falou em "maior missão de nossa geração", e trai a origem da inspiração do novo posicionamento do presidente.

Se os militares, sejam da ativa ou da ala abrigada no Palácio do Planalto e em outros prédios da Esplanada dos Ministérios, concordam de forma geral que há riscos de instabilidade social associados à crise econômica que quase certamente se agravará com a Covid-19, ninguém estava satisfeito com a posição de Bolsonaro até aqui. [importante que a parte da crise econômica com capacidade de trazer o CAOS e não apenas instabilidade social é a do ABASTECIMENTO = CAOS ABASTECIMENTO causado pela falta de infraestrutura para transportar produtos da fábrica e/ou produção para o consumidor =  sem indústrias para produzir peças e as máquinas agrícolas parando =  sem peças e sem apoio nas estradas (inclusive para alimentação) os caminhoneiros param e como os produtos chegarão nas cidades = chegará o momento em que o cidadão com centenas de reais tentará comer um pãozinho e não encontra = ainda ontem um caminhoneiro declarou que estava comendo uma vez por dia na estrada, MESMO TENDO DINHEIRO.
O CAOS SOCIAL = CONSEQUÊNCIA DIRETA DO DESABASTECIMENTO, causado pelo CAOS CAÓTICO DO ABASTECIMENTO = este sim ATEMORIZADOR, consequência direta de várias carências, entre elas a da FOME e, não esqueçamos, da SEDE.]

A gota d´água foi a visita do presidente a comerciantes em área popular do Distrito Federal no domingo (29), um dia depois de ouvir do ministro da Saúde, o engolidor de sapos Luiz Henrique Mandetta, que o isolamento parcial defendido por Bolsonaro "por princípio" não era exequível, nem recomendável. Naquele ponto, o presidente redobrava a aposta na irresponsabilidade sanitária que vinha marcando sua atuação desde o início da emergência do novo coronavírus no Brasil. [FATO: o presidente Bolsonaro continua saudável e a Ceilândia, apesar de sua elevada população e da carência dominante, tem, graças a DEUS, apenas três casos.

O mal-estar estava colocado e piorou quando ficou claro que os dois pilares do governo, Paulo Guedes (Economia) e Sergio Moro (Justiça), alinharam-se a Mandetta no questionamentos acerca da condução da crise pelo presidente.

Restou a Bolsonaro recuar para sair das cordas. A crítica ao isolamento social por meio de quarentenas foi mantida, mas com um verniz de preocupação com o indivíduo afetado. Se tivesse adotado tal posição e não buscado a polarização extrema, talvez o presidente não estivesse tão acuado agora.

Duas mentiras foram programadas para o discurso, para não perder o costume. Tentar associar a fala do diretor da Organização Mundial da Saúde a uma suposta crítica ao isolamento foi mantido, mas de forma bem menos assertiva depois que a organização negou isso —em resposta a um "test-drive" que o presidente havia feito sobre o tema pela manhã.

Já o congelamento do preço de medicamentos, algo que já é anunciado para abril em qualquer farmácia online de São Paulo, não foi combinado com a indústria. Dada a gravidade da crise da pandemia do Sars-CoV-2, que já matou 201 brasileiros até a tarde desta terça (31), esse é um ponto que não deverá ensejar muito debate. O pronunciamento até pediu uma "união nacional" entre Poderes, governadores e setores da sociedade. Um avanço, dada a crispação do embate de Bolsonaro com governadores ou o insuflamento feito pelo presidente de atos pedindo para fechar o Congresso, o Supremo e outras delicadezas. Naturalmente ninguém vai acreditar até que a realidade se interponha, mas parece um avanço. A estabilidade emocional do presidente vem sendo objeto de preocupação de auxiliares, conforme a Folha mostrou, e o pronunciamento em modo ansiolítico deixou aliviados alguns observadores do quadro.

A influência da ala militar do governo e também da ativa das Forças também ficou evidente na quantidade de referências a ações sob o comando do Ministério da Defesa. Guedes e suas medidas pontuais foram citados, mas sem tanta pompa.  Isso tudo indica uma nova etapa do manejo da crise? Talvez, mas, como dito, pode ser tarde. Bolsonaro já perdeu o Congresso e o Supremo, que nunca teve de verdade.

Já a aparente tutela operada pelos militares sobre o presidente, algo que já aconteceu antes e foi refutado depois, é algo muito frágil dado o arcabouço familiar da corte bolsonarista e o temperamento instável do ocupante do Planalto.  A responsabilidade imposta a todos os agentes pela Covid-19 poderá lhe dar tempo, mas as semanas de "gripezinhas" e de barata-voa no governo não deverão ser facilmente substituídas pelo "todo indivíduo importa" e o chamamento a "ações coordenadas".  As panelas em fúria em antigos redutos bolsonaristas de capitais são um eloquente sinal dessa dificuldade.

 Igor Gielow, jornalista - Folha de S. Paulo