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quinta-feira, 10 de março de 2022

Prefixo 0303 para ligações de telemarketing passa a valer hoje

O objetivo é fazer com que as pessoas identifiquem facilmente esse tipo de chamada 

As empresas de telemarketing serão obrigadas a ligar para os clientes usando o prefixo “0303” nesta quinta-feira, 10. A nova regra para as ligações foi determinada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em dezembro de 2021.

O objetivo é fazer com que as pessoas identifiquem esse tipo de ligação e possam optar por atender, bloquear ou ignorar o número. Além disso, as operadoras terão de realizar o bloqueio preventivo de chamadas a pedido do consumidor. Dessa forma, as pessoas não vão receber as chamadas, se não quiserem. A plataforma Não me Perturbe, que permite o bloqueio de chamadas de telemarketing e de bancos, encerrou 2021 com 9,5 milhões de números de telefone.

Criado pelas operadoras, o serviço faz parte das medidas de autorregulação do setor para melhorar a relação com os consumidores. A determinação da Anatel ocorre depois de uma consulta pública realizada entre agosto e setembro de 2021.

Na ocasião, foram recebidas quase cem contribuições de consumidores, empresas e associações de defesa do consumidor e do setor de telecomunicações.

Chamadas indesejadas de telemarketing
O telemarketing ativo é caracterizado por aquelas chamadas recebidas com a publicidade de serviços ou produtos, gravadas previamente ou não. “Ao longo dos últimos anos, as chamadas de telemarketing têm se tornado cada vez mais abusivas, têm caído em descrédito ou desconfiança pelo consumidor. São chamadas de números diversos que não sabemos a procedência”, declarou o superintendente de Outorgas da Anatel, Vinícius Caram, em 2021.
 [sugerimos à Anatel que implante para valer, valer mesmo, a obrigatoriedade de todo e qualquer telefone celular só ser habilitado, ativado, mediante o fornecimento pelo usuário do número do IMEI .
Mas tem que exigir mesmo, em qualquer circunstância. É essencial que o sistema seja protegido contra fraudes em desbloqueio - sabemos de alguns casos em que os celulares foram tomados de assalto, os proprietários bloquearam junto as prestadoras, ficou garantido que aquele celular estava bloqueado. Dias depois foi constatado que por R$ 20, certos 'técnicos' reativavam o celular.
Insistimos na necessidade de um bloqueio eficiente - que só possa ser desfeito mediante comprovação de que o desbloqueio está sendo solicitado pelo legitimo proprietário. O bloqueio é o modo mais eficiente, prático e seguro para impedir furtos e roubos de celulares - nenhum receptador compra um celular irremediavelmente perdido.
 
Aqui mesmo em Brasília o índice de roubos e furtos de celulares é elevadíssimo -  levando algumas pessoas a portarem dois celulares: um de qualidade inferior, o celular do ladrão e o melhor escondido. Ser assaltado, o bandido exigir o celular e a vítima dizer que não tem é meio caminho para ser executado pelo assaltante.]
 
Revista Oeste
 

sexta-feira, 30 de julho de 2021

O telemarketing que inferniza a vida dos usuários de telefone - Sérgio Alves de Oliveira

A falta de respeito com as pessoas passou de todos os limites com o verdadeiro ~massacre~ permanente que sofrem com o recebimento de ligações telefônicas comerciais indesejadas,inoportunas,ou inconvenientes,na busca de mais uma “vítima” de qualquer produto ou serviço  que ofereçam. O  demagógico  e tão festejado “código do consumidor” (lei Nº 8.078/90) cuida das pulgas e deixa os elefantes soltos pisando em cima de todo o mundo. Deixa à margem os grandes vícios atinentes à qualidade dos produtos,e dá um pretenso “direito” aos consumidores de reclamarem e serem ressarcidos ou compensados,tudo calculado como se fosse  um sobrepreço sobre o produto,ou seja,uma espécie de “seguro”.                                                          

É um código “faz-de-conta”. Só sabe enganar. Como ferramenta  do “mecanismo”,do “establishment”,do “sistema”, faz com que os consumidores  fiquem permanentemente reféns das coisas  produzidas e comercializadas,jamais dedicando a mínima atenção  para a baixa qualidade dos produtos que poderiam ter vida útil muito mais longa,durar bem  mais,sem qualquer acréscimo no custo de produção, em face da “ganância ” de reposição do produto no menor tempo possível. Não são poucas as denúncias,principalmente em relação aos grandes cartéis,que os seus dirigentes  chegam a planejar,propositalmente,a redução da durabilidade dos produtos que fabricam e vendem,com o único objetivo de mais rápida reposição.

“Antigamente” havia muito mais respeito com os consumidores. E nem é preciso ir muito longe  para que se constate essa realidade.  Basta comparar,colocando uns ao lado dos outros, os produtos de ontem e de hoje. O exemplo mais visível reside  nos eletrodomésticos e na indústria automobilística. A antiga “frigidaire”,por exemplo, durava três ou quatro vezes mais que os refrigeradores modernos. Os carros ,igualmente. Gradativamente foram perdendo qualidade e segurança,embora a exacerbada preocupação com a potência,o conforto, a estética, e a aparência.

Mas o “laissez-faire” ilimitado,em prejuízo dos consumidores,tomou contornos dramáticos depois que inventaram o “telemarketing”,na esteira da invenção de Graham Bell, assumindo proporções gigantecas de agressão ao sossego,à tranqulidade, e à paz  das pessoas. O  código do “consumidor” não dedica uma só linha a esse “transtorno”.

Com o advento da telefonia celular, nos anos 90, o mercado de consumo se abriu enormemente para a perturbação do sossego das pessoas,que a todo  momento estão sujeitas ao inconveniente assédio de fornecedores e das próprias  operadoras de telefonia, oferecendo alguma “novidade”. E por incrível que possa parecer tudo leva a crer que são exatamente as operadoras de telefonia celular as que mais praticam esse assédio contra os consumidores,quando deveriam dar o exempl o exatamente em sentido contrário,de respeito aos consumidores dos seus produtos. Quero  ver no que  vai dar a implantação do “5-G”.

Teoricamente,o consumidor de serviço telefônico,fixo ou móvel, está sujeito a ficar à disposição das ofertas indesejadas e inconvenientes de TODOS  os fornecedores do “mundo”, durante as 24 horas do dia. E a simples “chamada” jamais  identifica o “inconveniente” que se esconde no ponto de partida da ligação.Com isso,e como o consumidor de serviço telefônico não consegue identificar se a dita ligação seria,ou não,do seu interesse,ele acaba  atendendo a ligação, desviando a sua atenção de  tudo que possa lhe interessar, ou seja, perturbando-lhe  o  sossego e a  vida privada.

Mas não é somente a Lei Nª 8.078/90 que não passa de um “faz-de-conta” com os “direitos”do  consumidor. De direitos do consumidor para “inglês ver”. A própria constituição tem um impactante título que à primeira vista  estaria protegendo os direitos do consumidor,e de todas as pessoas,no que tange à  INTIMIDADE e à VIDA PRIVADA  de cada um. FUNDAMENTAIS”, onde no artigo 5º, X, fica estabelecido  que “são invioláveis a intimidade e a vida privada” das pessoas.

Ora,esse assédio “comercial” ilimitado  do telemarketing sobre os consumidores não estaria ferindo mortalmente os seus  direitos à intimidade e à vida privada? 
Ou seja, entrando na intimidade  e na vida  privada de todos os consumidores, “gratuitamente”, sem antes terem sido “convidados”,ou pedido licença?

Modernamente, o uso do telefone, para chamar ou receber chamadas, tornou-se quase uma extensão do domicílio das pessoas,merecendo,por isso, a mesma proteção legal que todos têm de não verem invadidos os seus domicílios sem justo motivo.

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo

 

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Tu? Que tu é esse?




Não quero ser chata, nem purista, mas vocês sabem: a linguagem permeia e constrói a cultura de um povo; é preciso estar sempre atento para os registros de mudança de comportamento que advém de alguns de seus usos. E o tu está invadindo o mercado, de uma forma invasão bárbara, sem vir de gaúchos, os únicos que tinham autorização expressa para usá-lo fora de suas fronteiras.

Tu estás percebendo? Não é de hoje, mas está piorando e se tornando muito frequente, frequente até demais, ouvir o tu aqui fora, fora da telinha, fora dos programas de tevê, fora das entrevistas de MJs, DCs, MCs, KYs e novelas, fora dos pampas. Tu para lá e tu para cá, somados sempre agora a novas gírias, que acabam fazendo com que todo mundo pareça mesmo pertencente até a alguma facção criminosa. Tá pegando mal.

Antes, lembro que para parecer mais descolado, os bacanas tentavam um sotaque carioca, gingado, caído para o R, alongado no S, o que era maneiro para as praias, as ondas, o surfe, uma época nas quais se desbundava. Do tempo que as pessoas eram serelepes, e não apareciam na sua casa - pintavam. Ganhavam tutu e eram pra frente.

Pois vou botar para quebrar e trazer à baila essa coisa que anda me irritando: o tu. Andam abusando do coitado, pondo para quebrar, gastando seu simples uso como segunda pessoa do singular, onde vivia tranquilo, sendo usado menos, por poucos, para conjugar os verbos, dar-lhes um impulso até que encontrasse com seu plural, vós, esse pronome que enobrece as frases com uma espécie de realeza quando aparece, majestático. Imperativo.

Aí deslocaram o tu. Esqueceram que - sim, ele pode ser usado; embora tu e você se refiram à segunda pessoa do discurso, cada uma é uma - o que exige as formas verbais e os pronomes respectivos. Não é só tirar o você e colocar o tu, entendeste?

O negócio, meu chapa, está todo aí meio junto e meio misturado e pode dar bode se a coisa se espalha, igual aconteceu com o gerúndio, tipo dengue, catapora. Deixaram que traduções do inglês fossem feitas de qualquer jeito e ele, furtivo, se instalou, principalmente nos serviços de telemarketing e especialmente quando estamos muito bravos reclamando de algo. O gerúndio alonga o cumprimento das promessas das empresas, dá mais tempo. Elas não farão o que você pede, elas vão estar fazendo. Olha que o tu também pode ser perigoso, podes crer.

Depois de saber que os argentinos estão vindo para cá igual a avalanche de lama em Mariana, penso que o tu pode estar se infiltrando junto, entrando no país pelas fronteiras descobertas. Preocupa-me até se não é uma situação embutida, bolivariana maléfica igual na política. Tradução livre do castelhano, do espanhol. Como agora questões sociais são "colocadas", politicamente corretas, e o tu tem vindo na linguagem das favelas lindas, maravilhosas, turísticas, aprazíveis que as cenografias montam, há de se prevenir. Repararam que os ricos de tevê andam adorando largar suas casas, até mansões, para viver nas favelas, tão legais são?

O você está em risco, alardeio. Vou mostrar para tu, eles estão dizendo, tu percebeste? Você percebeu? A gente já devia ter desconfiado desse problema - que ficaria mais sério - quando apareceu aquela mensagem do deputado Vacarezza para o então governador do Rio, Sergio Cabral: "você é nosso e nós somosteu (sic)".

O tu é nosso, ninguém tasca, existe, está aí, mas anda tentando se aproximar demais, abraçar singularmente, como um pronome pessoal reto que é, curto, contundente, sonoro como tiro, e até engraçadinho quando se confunde o som e se passa a noite procurando por ele, como na música de arrasta-pé. "Morena diga onde é que tu tava, Onde é que tu tava, onde é que tava. Passei a noite procurando tu, Procurando tu, Procurando tu"...

Tu é a segunda pessoa; você, a terceira pessoa; eu, a primeira. Tu é credencial de gaúcho, objeto identificador. Tu é chique, aristocrático, tem de vir com seus salamaleques. Estranho ele estar querendo se popularizar assim. Deve estar assistindo a muita novela.

Ou acha que se não tem tu, vai tu mesmo.
São Paulo, 2016.
Marli Gonçalves é jornalista - Tu sabes lá o que é isso?

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