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terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Duro na queda: Entenda por que iPhone que caiu de avião da Alaska Airlines não foi danificado

 O Estado de S. Paulo

Aparelho foi “sugado” do avião da Alaska Airlines após ficar sem porta em pleno voo

O iPhone é conhecido por muitas coisas - sobreviver a uma queda de 16 mil pés (quase 5 quilômetros) de um avião não é uma delas. 
Mas, no último sábado, um usuário de rede social chamado Sean Bates encontrou um iPhone enquanto caminhava pela Barnes Road, perto da Highway 217 em Portland, Oregon. O celular estava caído no chão, no modo avião, com a bateria pela metade. A tela, totalmente intacta, mostrava um recibo de US$ 70 para duas malas despachadas no voo 1282 da Alaska Airlines.

“Sobrevivi a uma queda de 16.000 pés”, Bates tuitou. Quando ligou para o National Transportation Safety Board (NTSB), a agência federal que investiga o incidente, para informar sobre o telefone, ficou sabendo que “era o segundo telefone a ser encontrado”, escreveu ele.

Quando um plugue da porta de um avião da Alaska Airlines explodiu minutos após a decolagem na noite de sexta-feira, 6, deixou um buraco em forma de porta no Boeing 737 Max 9. Vários objetos foram sugados para fora do avião que estava a 16.000 pés no céu. O iPhone encontrado por Bates era provavelmente um deles, disse o NTSB aos meios de comunicação. A aeronave fez um pouso de emergência e, embora tenha havido danos extensos no interior do avião, todos a bordo sobreviveram.

Embora as telas (e demais componentes) dos smartphones tenham se tornado muito mais resistentes ao longo dos anos, a sobrevivência desse telefone provavelmente se deve à física. “A resposta básica é a resistência do ar”, disse Duncan Watts, pesquisador de pós-doutorado do Instituto de Astrofísica Teórica da Universidade de Oslo. “Acho que o que é contraintuitivo aqui é que um iPhone caindo do céu não acaba se movendo tão rapidamente por causa da resistência do ar.”

Qualquer objeto que esteja caindo em direção à Terra chegará a um ponto, conhecido como sua velocidade terminal, em que a força da gravidade não poderá mais acelerá-lo devido à resistência do ar na atmosfera.“Se o telefone estiver caindo com a tela voltada para o chão, haverá bastante arrasto, mas se o telefone estiver caindo em linha reta, haverá um pouco menos”, disse Watts. “Na realidade, o telefone estaria caindo dando pequenas cambalhotas e receberia bastante vento, o que essencialmente daria uma força para levá-lo cima.”

A velocidade terminal de um iPhone com tela virada para baixo, de acordo com Watts, seria de cerca de 48,2 km/h. “Quanto maior o iPhone, menor a velocidade terminal”, disse ele. “O máximo é cerca de 160,9 km/h, mas isso só aconteceria se a tela do telefone estivesse perpendicular ao chão.”

Watts disse que, quando deixamos cair um telefone da altura da cintura, ele atinge o solo a cerca de 16 km/h, enquanto um telefone jogado do topo de um avião provavelmente atinge apenas 80,4 km/h. Watts ressaltou que o telefone certamente teria sido danificado se tivesse caído em pedra ou pavimento, mas a grama ou folhagem sobre a qual parece ter caído amorteceu a queda. “Se o iPhone tiver caído na grama, ele definitivamente pode ter sobrevivido à queda”, disse Watts. “Se o telefone estivesse virado para baixo, ele teria passado de cerca de 48,2 km/h para 0 km/h em uma superfície relativamente confortável, com um pouco menos de força do que se eu decidisse pisar nele.”

De acordo com a Apple, a empresa que criou o iPhone, o aparelho pode ser danificado se cair. O guia do usuário da Apple não especifica a que altura de queda o iPhone pode sobreviver. "Manuseie o iPhone com cuidado. Ele é feito de metal, vidro e plástico e possui componentes eletrônicos sensíveis em seu interior”, diz o guia. “O iPhone ou sua bateria podem ser danificados se caírem, forem queimados, perfurados ou esmagados, ou se entrarem em contato com líquidos.”

Em um vídeo do TikTok carregado no domingo por Bates, que não respondeu a um pedido de comentário na segunda-feira, 8, ele disse que encontrou o telefone sob um arbusto enquanto fazia uma caminhada para procurar coisas que poderiam ter caído do avião. A princípio, ele estava “um pouco cético” quanto ao fato de o celular pertencer a um passageiro da Alaska Airlines.

Depois de abri-lo, ele encontrou a confirmação de viagem para o voo da Alaska Airlines e foi quando ligou para o NTSB, disse ele. “Ela ainda estava bem limpa”, disse ele. “Não tinha arranhões.”

Aparentemente, essa não é a primeira vez que um iPhone sobrevive a uma queda do céu. Em junho de 2023, um usuário do TikTok chamado Hatton Smith publicou um vídeo em que dizia que seu iPhone sobreviveu depois de ter voado de seu bolso enquanto saltava de paraquedas a 14 mil pés.

O telefone aterrissou em uma área gramada e lamacenta, como pode ser visto na entrada do vídeo em seu TikTok. Em ambos os casos, se o iPhone tivesse caído no concreto, provavelmente não teria sobrevivido.“Se ele caísse em um solo úmido, eu o veria com cerca de 2,5 cm de amortecimento”, disse Watts. “Talvez seja essa uma sensação próxima a de cair de uma cadeira.”

Este conteúdo foi produzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

 
Gadgets - O Estado de S. Paulo

quarta-feira, 29 de março de 2023

Oeste é isso - Ana Paula Henkel

 Revista Oeste

A coragem para remar contra o aplauso fácil, para dizer o que é significativo e verdadeiro — e não o que é confortável e conveniente —, para defender políticas, e não políticos

Ilustração: Jorm Sangsorn/Shutterstock

Ilustração: Jorm Sangsorn/Shutterstock  

Há 11 anos, meu telefone tocava às 5h23 da manhã. Era minha irmã, chorando do outro lado, quase sem conseguir falar… “O papai morreu… Ana, minha irmã, o papai morreu…” 

Meu coração parou. 

Fiquei sem ar e entrei em um estado catatônico, como se eu estivesse dentro de uma nuvem, em um sonho estranho e sem poder respirar. Levantei da cama, caminhei dois passos e perdi toda a força em minhas pernas… Tudo ficou escuro na eternidade daqueles cinco ou seis segundos no chão. Aquilo não poderia estar acontecendo. Não poderia ser verdade. “Calma, Ana. Você vai acordar. Você vai acordar…”, eu pensava. Os eternos minutos que se seguiram impunham a realidade diante de um aperto no peito que jamais imaginei sentir.  

Meu pai, meu melhor amigo, meu parceiro, meu mestre, havia, de fato, nos deixado. Não era apenas o meu corpo sem forças que estava no chão. Meu mundo havia desabado diante de um abismo e eu me sentia em um pesadelo. 

Para quem acompanha o meu trabalho há mais tempo, também em outras plataformas, artigos e entrevistas, não é difícil perceber quanto minha vida era estabelecida na relação com o meu pai, quão ele era profundamente importante para mim. Além de um provedor e um exemplo, meu pai era um verdadeiro cristão que seguia o que está escrito em Mateus 6:3 “Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita”. Ajudou dezenas e dezenas de pessoas sem contar nada para ninguém, histórias que só ficamos sabendo depois de sua morte. 

Curiosamente, em mais uma demonstração de cuidado com um filho precioso, Deus decidiu levar o meu pai em um 19 de março, Dia de São José — protetor da família e dos pais. O mais incrível é que, mesmo depois de sua partida, ele continua tocando muitas vidas de várias maneiras. Seus exemplos e palavras continuam ecoando e auxiliando decisões na vida de muitas pessoas. Quem sabe um dia eu escreva um livro sobre o meu pai, seu legado e como, na magnitude de seus defeitos, ele viveu para servir. E serviu em silêncio. Serviu indivíduos e famílias que nem conhecíamos. A vontade é de começar a escrever esse livro hoje, tamanha saudade que não cabe no peito. 

Detalhe de estátua com Menino Jesus pegando a mão de São José, 
Montepaone, Calábria, Itália | Foto: Shutterstock
Foi com o meu pai que ouvi sobre política pela primeira vez. Foi através do meu pai que me interessei por questões econômicas e com ele me apaixonei por história. 
Foi com o meu pai que ouvi nomes como Reagan, João Paulo II e Margaret Thatcher. 
Foi com o meu pai que aprendi o que era comunismo e por que uma guerra tinha o nome de “Guerra Fria”. 
Foi ao lado do meu pai que vi na TV a queda do Muro de Berlim. 
Foi com o meu pai que ouvi quem era Tancredo Neves. 
Com o meu pai acompanhei os cruzeiros, cruzados, os cortes de zeros e, ao vivo em sua companhia, as incontáveis remarcações de preços nos supermercados. 
Por causa do meu pai, tirei meu título de eleitor aos 16 anos, para poder fazer parte da vida política do Brasil de alguma maneira. 
 
Clique aqui, para continuar lendo
 

Leia também “O desfecho da trilogia sobre o império do mal”

 

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste


terça-feira, 14 de março de 2023

Eu quero lembrar teu rosto - Roberto Schwartz

 

 " Eu quero lembrar do seu rosto para que quando eu te encontrar no céu, eu possa te reconhecer e te agradecer mais uma vez. "

Quando o bilionário nigeriano Femi Otedeola, em uma entrevista por telefone, foi perguntado pelo apresentador de rádio: "Senhor, o que você se lembra que fez de você o homem mais feliz da vida?"

Femi disse:

"Passei por quatro estágios de felicidade na vida e finalmente entendi o significado da verdadeira felicidade.

A primeira etapa era acumular riqueza e meios. Mas nesta fase eu não consegui a felicidade que eu queria.

Então veio a segunda etapa de coleta de objetos de valor e itens. Mas percebi que o efeito dessa coisa também é temporário e o brilho das coisas valiosas não dura muito.

Então veio a terceira etapa de conseguir grandes projetos. 
Foi quando eu detinha 95% do suprimento de diesel na Nigéria e na África. Eu também era o maior proprietário de navios na África e na Ásia. 
Mas mesmo aqui não consegui a felicidade que imaginava.

A quarta etapa foi quando um amigo meu me pediu para comprar cadeiras de rodas para algumas crianças deficientes. Apenas cerca de 200 crianças.

A pedido do amigo, comprei imediatamente as cadeiras de rodas.

Mas o amigo insistiu que eu fosse com ele e entregasse as cadeiras de rodas para as crianças. Eu me preparei e fui com ele.

Lá eu dei essas cadeiras de rodas para essas crianças com minhas próprias mãos. Eu vi o estranho brilho de felicidade nos rostos dessas crianças. Eu os vi todos sentados nas cadeiras de rodas, se movimentando e se divertindo.

Foi como se eles tivessem chegado a um local de piquenique onde estão compartilhando um prêmio acumulado.

Senti uma alegria REAL dentro de mim. Quando decidi sair, uma das crianças agarrou minhas pernas. Tentei soltar minhas pernas suavemente, mas a criança olhou para meu rosto e segurou minhas pernas com força.

Abaixei-me e perguntei à criança: Precisa de mais alguma coisa?

A resposta que essa criança me deu não apenas me deixou feliz, mas também mudou completamente minha atitude em relação à vida. Esta criança disse:

"Quero lembrar do seu rosto, para que, quando eu o encontrar no céu, possa reconhecê-lo e agradecê-lo mais uma vez."

Pergunto:

Pelo que você será lembrado depois de deixar essa vida?

Alguém desejará ver seu rosto novamente onde tudo importa?

Esta é uma peça de leitura obrigatória e por isso estou compartilhando com meus amigos.

Faça o mesmo!

Tente tocar vidas!

 Outros autores - Site Percival Puggina


quinta-feira, 10 de março de 2022

Prefixo 0303 para ligações de telemarketing passa a valer hoje

O objetivo é fazer com que as pessoas identifiquem facilmente esse tipo de chamada 

As empresas de telemarketing serão obrigadas a ligar para os clientes usando o prefixo “0303” nesta quinta-feira, 10. A nova regra para as ligações foi determinada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em dezembro de 2021.

O objetivo é fazer com que as pessoas identifiquem esse tipo de ligação e possam optar por atender, bloquear ou ignorar o número. Além disso, as operadoras terão de realizar o bloqueio preventivo de chamadas a pedido do consumidor. Dessa forma, as pessoas não vão receber as chamadas, se não quiserem. A plataforma Não me Perturbe, que permite o bloqueio de chamadas de telemarketing e de bancos, encerrou 2021 com 9,5 milhões de números de telefone.

Criado pelas operadoras, o serviço faz parte das medidas de autorregulação do setor para melhorar a relação com os consumidores. A determinação da Anatel ocorre depois de uma consulta pública realizada entre agosto e setembro de 2021.

Na ocasião, foram recebidas quase cem contribuições de consumidores, empresas e associações de defesa do consumidor e do setor de telecomunicações.

Chamadas indesejadas de telemarketing
O telemarketing ativo é caracterizado por aquelas chamadas recebidas com a publicidade de serviços ou produtos, gravadas previamente ou não. “Ao longo dos últimos anos, as chamadas de telemarketing têm se tornado cada vez mais abusivas, têm caído em descrédito ou desconfiança pelo consumidor. São chamadas de números diversos que não sabemos a procedência”, declarou o superintendente de Outorgas da Anatel, Vinícius Caram, em 2021.
 [sugerimos à Anatel que implante para valer, valer mesmo, a obrigatoriedade de todo e qualquer telefone celular só ser habilitado, ativado, mediante o fornecimento pelo usuário do número do IMEI .
Mas tem que exigir mesmo, em qualquer circunstância. É essencial que o sistema seja protegido contra fraudes em desbloqueio - sabemos de alguns casos em que os celulares foram tomados de assalto, os proprietários bloquearam junto as prestadoras, ficou garantido que aquele celular estava bloqueado. Dias depois foi constatado que por R$ 20, certos 'técnicos' reativavam o celular.
Insistimos na necessidade de um bloqueio eficiente - que só possa ser desfeito mediante comprovação de que o desbloqueio está sendo solicitado pelo legitimo proprietário. O bloqueio é o modo mais eficiente, prático e seguro para impedir furtos e roubos de celulares - nenhum receptador compra um celular irremediavelmente perdido.
 
Aqui mesmo em Brasília o índice de roubos e furtos de celulares é elevadíssimo -  levando algumas pessoas a portarem dois celulares: um de qualidade inferior, o celular do ladrão e o melhor escondido. Ser assaltado, o bandido exigir o celular e a vítima dizer que não tem é meio caminho para ser executado pelo assaltante.]
 
Revista Oeste
 

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

(TSE segue a China) - Quais são as chances de o Telegram ser banido no Brasil? - Vida e Cidadania

Gazeta do Povo

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cogita pedir que a rede social Telegram, muito usada por conservadores do mundo inteiro, seja banida do Brasil.                                                     O argumento é a falta de escritório ativo no país.

No último mês de dezembro, o presidente da instituição, o ministro Luís Roberto Barroso, enviou um ofício solicitando uma reunião com a empresa, cujo aplicativo está instalado em 53% dos smartphones ativos do Brasil.

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Alegando que o TSE tem por função organizar e conduzir todos os processos que envolvem as eleições no país, Barroso propunha uma parceria para combater a desinformação durante as campanhas dos candidatos. “Através do Telegram, teorias da conspiração e falsas informações sobre o sistema eleitoral vêm sendo disseminados no Brasil”, escreveu, em inglês, no documento enviado ao fundador da empresa, o empreendedor russo Pavel Durov.

O órgão já mantém acordos semelhantes com o Facebook, o Instagram e o WhatsApp. Em novembro de 2020, por exemplo, o WhatsApp baniu mais de mil contas no país após denúncias recebidas em uma plataforma de denúncias mantida em plataforma conjunta com o TSE.  Diante da falta de resposta do Telegram, começam a circular na imprensa informações a respeito da disposição dos ministros do TSE de barrar o acesso à rede social.

Procurado pela reportagem via assessoria de imprensa, o tribunal enviou os seguintes esclarecimentos: “O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, entende que nenhum ator relevante no processo eleitoral de 2022 pode operar no Brasil sem representação jurídica adequada, responsável pelo cumprimento da legislação nacional e das decisões judiciais”.

Na volta do recesso, o presidente irá discutir internamente com os ministros as providências possíveis, prossegue a nota. “O TSE já celebrou parcerias com quase todas as principais plataformas tecnológicas e não é desejável que haja exceções.  O ministro Barroso e seus sucessores, ministros Luiz Edson Fachin e Alexandre de Moraes, estão empenhados em promover eleições livres, limpas e seguras, e este deve ser um compromisso de todos os que participam do processo democrático brasileiro”.[o ministro Barroso, caso não seja contido por seus pares, em decisão colegiada, tem disposição para tentar transformar o Brasil em uma China, uma Coreia do Norte.
Não foi devido somente à falta do advérbio 'apenas' em um parágrafo da 'constituição cidadã' que permitiu a presença no Brasil da figura do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O ministro Barroso que defendia o casamento entre pessoas do mesmo sexo, muito influiu quando favorável ao tema, assim se manifestou:  “O que se pede aqui, em primeiro lugar, que este tribunal declare na tarde de hoje, é que qualquer forma de amar vale a pena”. 
Com tal entendimento é de se esperar que ele considere normal a tipificação como crime hediondo - e, se necessário assim decretar,em decisão monocrática, usurpando função do Poder Legislativo, - qualquer ação que, em seu supremo arbítrio,  considere atentatória ao bom conceito das "suas" urnas eletrônicas, sem exclusão de  outros atos que entenda passiveis de irrecorrível criminalização.]
 
Medida questionável
Mas o TSE pode impedir uma rede social de atuar no país? Thiago Sorrentino, professor de Direito do Ibmec-DF, responde que não. “Em regra, os residentes no Brasil têm liberdade para contratar bens e serviços de empresas estrangeiras, sem a necessidade de que elas estejam instaladas no Brasil”, ele informa.


Existem áreas específicas da economia para as quais a legislação exige que a empresa tenha sede ou representante no Brasil, ou que seu capital tenha um limite de participação estrangeira, explica o docente. “Por enquanto, não é o caso dos aplicativos de troca de mensagens que operam sobre o protocolo do que chamamos de internet”.

O especialista, que atuou por dez anos como assessor de Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), avalia que o fato de uma tecnologia poder ser utilizada para atividades ilegais não é suficiente para justificar uma proibição geral ao aceso. “A analogia que faço é com o velho telefone: a circunstância de uma quadrilha utilizar celulares para combinar um sequestro justificaria sua proibição ampla, geral e irrestrita? Também justificaria uma quebra arbitrária do sigilo das comunicações de todos os seus usuários? Evidentemente que não. Apenas governos totalitários banem linearmente o acesso a meios de comunicação”.

Em outras palavras, “uma rede social somente poderia ser proibida de operar em territórios nacional se seu propósito único e exclusivo fosse a prática de crimes, como ocorreu nos Estados Unidos, em que um indivíduo montou um marketplace dedicado apenas à venda de drogas”.

Por outro lado, avalia o professor, caso o banimento seja estabelecido, os usuários que conseguissem driblar a medida poderiam sofrer punições no âmbito jurídico. “Não há dúvida de que, se o TSE banir o uso de um aplicativo específico por qualquer pessoal em território nacional, também haverá a possibilidade de punição criminal dessa pessoa. Tudo vai depender da quantidade de recursos que o Estado vai querer empreender nessa ação policial e contra quem ele direcionará seus esforços”.

Alexandre de Moraes estica a corda e ameaça estabilidade entre Poderes - a partir 8'09"
 
Exemplo da China
A sugestão de perseguir redes sociais lembra a postura de países ditatoriais. A China, em especial, é conhecida por barrar o acesso a canais de comunicação utilizados no mundo inteiro. A postura de Pequim, de censurar os produtores de conteúdo que não sejam controláveis pelo governo local, criou uma geração inteira que não conhece sites que fazem parte da rotina de boa parte do planeta.

A lista de sites e redes sociais que os chineses comuns não conhecem há quase duas décadas inclui YouTube, Facebook, Twitter, Google, Twitter, Instagram, Dropbox, Vimeo e SoundCloud, além de canais de notícias respeitados internacionalmente, como o jornal The New York Times e a rede de notícias BBC.
 
Vida e Cidadania - Gazeta do Povo

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Temos que instituir a obrigação de camisinha ou teste de HIV - Bruna Frascolla

 VOZES - Gazeta do Povo
 
Segundo aqueles dados confiabilíssimos de que tanto gostam Randolfe Rodrigues e Renan Calheiros, morreram de covid no Brasil seiscentas mil pessoas. Por isso o Brasil e o mundo têm de se empenhar em acabar com o SARS-COV-2. Vamos achatar a curva até ela se tornar um plano no zero. Todo mundo tem que ser obrigado a tomar vacina em desenvolvimento sem reclamar quando morre alguém. Além disso, temos que usar máscaras; e, se tivermos conseguido escapar da vacina em desenvolvimento, temos de fazer exames para provar que não estamos infectados.

A Ciência sabe que a camisinha é uma medida extremamente eficaz no combate à AIDS. Por isso devemos criar leis que obriguem o sexo a ser feito só com camisinha.| Foto: Pixabay
 
Como a sociedade tem aprendido que devemos aceitar de bom grado a perda de liberdades para acabar com um vírus que está solto na natureza, venho humildemente propor o fim do HIV
Se podemos acabar com algo tão transmissível quanto a covid, por que não acabarmos com a aids, que é tão mais letal e tão menos transmissível? 
A aids deve ter matado muito mais pelo mundo do que a covid. 
Além disso, é um vírus estruturalmente racista, já que mata muito na África. 
A covid, por outro lado, causa estragos em países ricos e emissores de carbono, sendo portanto um vírus anti-imperialista ecológico.

Vamos acabar com o HIV no mundo!

Sexo, só com camisinha
A Ciência sabe que a camisinha é uma medida extremamente eficaz no combate à AIDS. Por isso devemos criar leis que obriguem o sexo a ser feito só com camisinha.
Algumas objeções serão levantadas.
Por isso, deixo aqui já uma seção FAQ, que é a sigla de “perguntas frequentes” em inglês.

1. Os casados devem ser obrigados a usar camisinha?
Sim.
Nesta sociedade heteropatriarcal cisnormativa, os homens cis se dedicam diuturnamente a oprimir as mulheres. Por isso os homens casados fazem sexo com prostitutas – ou até prostitutos – e passam o HIV às suas esposas. 
Negacionistas dirão que, do total de esposas do mundo, apenas uma pequena porcentagem pega AIDS do marido, de modo que essa diminuta exceção não justifica tamanha invasão na vida privada. Ora, isso é um desprezo pela vida humana. Nenhuma mulher deve ficar para trás!

2. Que devem fazer os casais que desejam ter filhos?

Não é recomendável aumentar a emissão de carbono, coisa que ocorre tão logo venha ao mundo uma criança que não seja abandonada para morrer. Assim, a medida de exigir camisinha compulsoriamente nas relações sexuais contribui para salvar o planeta. Por outro lado, é claro que pessoas boas e instruídas, como Bill Gates, podem presentear o mundo com sua prole. Há controvérsias quanto à higiene dos métodos primitivos e anticientíficos de procriação humana, já que são produzidos indivíduos com maus genes. Contudo, como a Ciência ainda não decidiu se a procriação humana por meios primitivos deve ser extinta, nem tem a capacidade de garantir para todos os portadores de bons genes a reprodução assistida (estamos contatando com Tabata Amaral e o pessoal do Livres para resolver isso), então o sexo com finalidade reprodutiva será dispensado da exigência de camisinha, desde que se apresente um exame de HIV negativo.

3. As lésbicas também estarão sujeitas a escrutínio?
Ninguém se lembra da existência de camisinha feminina; e, com a questão trans no centro dos holofotes, as lésbicas estão ainda mais esquecidas que as camisinhas femininas. Podemos dizer então que, em virtude da opressão estrutural sistemática imposta pelo patriarcado às mulheres, as lésbicas serão isentas de fiscalização. Como não somos transfóbicos, as mulheres trans não serão discriminadas. Se vir uma lésbica se rechaçando os avanços de uma mulher trans, pegue o telefone e ligue imediatamente para a polícia. A transfobia não pode ficar impune!
 
Como pôr em vigor essa lei?
A Ciência já determinou que a camisinha salva vidas
. Só genocidas seriam contrários ao uso obrigatório de camisinha. Como existem pessoas ignorantes e más no mundo, é preciso coagi-las em nome do bem maior que é a vida. A inviolabilidade do lar é um direito anterior à AIDS. É dever do Estado assegurar que haja funcionários públicos capacitados para a averiguação da atividade sexual dos brasileiros.[caso não haja, é só um partideco ingressar no STF exigindo que tais fiscais sejas disponibilizados e um dos ministros do Supremo estabelecerá prazo - de dias ou horas - para que um número suficiente de fiscais seja contratado.]

Será criada a Polícia da Higiene Sexual, com um corpo de servidores capacitados para o exame e inspeção atentos do membro viril. O concurso público contará com uma reserva de vagas de 50% para pessoas LGBTQUIABO, como uma singela forma de reparação histórica.

A Polícia será servida de uma base de dados a ser implementada. O SUS contará com um cadastro de homens sexualmente ativos.  
Quando um mancebo for iniciar suas atividades sexuais, estará obrigado por lei a notificar a Polícia da Higiene Sexual e a entregar sua chave de casa. A não-notificação será punida com multa. A entrega das chaves servirá para que o servidor entre na casa das pessoas sem aviso, em horários suspeitos de cópula. Isso deixará o cidadão muito bem educado para estar sempre com a camisinha.

No entanto, se as cópulas reduzirem, o trabalho da fiscalização fica mais fácil. Como uma forma de reparação histórica, as mulheres terão ao seu lado a Primazia da Palavra da Vítima (isto é, da mulher), um princípio jurídico bem estabelecido de atual, contrário à noção retrógrada e obscurantista de “presunção de inocência”. Toda mulher poderá pegar o telefone e delatar o homem que não usa camisinha, e nossos policiais irão imediatamente tomar metade dos bens dele e dar para ela.

Estudos apontam que a violência camisinhal (quando o homem deixa de usar a camisinha) acomete bilhões de mulheres no Brasil. A nossa lei fará com que as mulheres finalmente se sintam à vontade para denunciar essa forma de violência.

A questão dos homossexuais passivos é controversa. Uma ala quer dissociar a AIDS da homossexualidade para reparar injustiças históricas, já que a AIDS, sem nenhum amparo na realidade era associada a esse segmento social nos anos 80. Por isso, seria preciso fazer uma propaganda contrária contra a heterossexulidade. Outra ala, porém, quer criar o Cadastro dos Homossexuais Passivos e, após criterioso exame do órgão excretor, dar o mesmo direito da Primazia da Palavra da Vítima (isto é, o passivo). As feministas não gostaram. Mas, pensando bem, desestimula-se a prática do sexo também entre os gays, o que faz com que precisemos de um efetivo menor de concursados. Assim há menos gastos públicos e é, portanto, obrigatório os verdadeiros liberais defenderem a medida.

Quanto aos infectados com HIV, mandá-lo-emos (se não cortarem a minha mesóclise) para acomodações confortáveis em que terminarão seus dias com a certeza de não infectar os sadios.

O mundo está mesmo cheio de boas intenções.

Bruna Frascolla, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

quinta-feira, 24 de junho de 2021

Crachá de cobaia - Revista Oeste

Edição de arte Oeste | Ilustrações: Shutterstock
E aí, já vacinou?

– Vacinei quem?

– Você?

– Ah, tá perguntando se eu ME vacinei.

– Isso.

– Não, porque você perguntou “já vacinou”, achei que fosse pra saber se eu estava vacinando alguém.

– Só se você fosse enfermeiro.

– Pois é, não sou.

– Então: já vacinou?

– Não vacinei ninguém.

– Não tô perguntando isso.

– Vou te ajudar: já SE vacinou?

– Já! Quer ver a foto?

– Não, obrigado.

– Mas vou te mostrar. Olha aqui: nem chorei.

– Parabéns.

– A enfermeira disse que eu suportei bem. Ela era bonitinha, acho que pintou até um clima.

– Acha?

– É, não tenho certeza. Mas vou voltar lá.

– Pra pedir o telefone dela?

– Não, pra tomar a outra vacina. Aquela de Primeiro Mundo.

– Vai tomar outra?!

– É, acho melhor. Porque depois de vacinar acabei pegando covid. Então quero tomar logo essa poderosa aí pra não me preocupar mais.

– Sei.

– Chato é esse negócio da miocardite.

– Que negócio?

– Nos Estados Unidos e em Israel eles estão estudando inflamação cardíaca em vacinados. Não sabem ainda o porcentual.

– Aí complica.

– Não acho. Você não ouviu todo mundo dizer que as vacinas são boas e seguras?

– É, tenho ouvido.

– Então? Quando todo mundo diz é porque é.

– Todo mundo é muita gente.

– Muita. Aí ficam esses negacionistas falando em coágulo. Que mané coágulo?!

– Pois é, de fato descobriram que vacina contra covid pode provocar coagulação e trombose. Mas não tem estatística.

– Eu sou a favor da ciência. Quem fica duvidando de vacina é contra a ciência.

– É tudo muito confuso.

– Não tem nada confuso. Confuso é ficar fazendo pergunta no meio de uma pandemia. Eu sou iluminista. Vacina e fim de papo. O resto é coisa de seita.

– Tá parecendo seita mesmo esse negócio de não deixar ninguém falar.

– Não tem que deixar mesmo não. Pra falar contra a ciência é melhor calar a boca.

– Você sabe quantos…

– Cala a boca.

– Por quê? Só ia perguntar se você sabe quantos dias faltam pra Olimpíada do Japão.

Não sei e não quero saber. Bando de negacionista.

– Os japoneses?

– Completamente irresponsáveis. E não querem se vacinar! É um dos países menos vacinados do mundo.

– E ainda assim parece que o número de óbitos lá é bem baixo.

– Se tivessem vacinado direito seria zero!


– Será?

– Cala a boca.

– Por quê?

– Porque eu quero.

– Posso falar só mais uma coisa?

– Se for contra a ciência, não.

– Não é contra a ciência.

– Tá bom. Fala.

– Esse passaporte da vacina…

– Que que tem?

– Pra poder ter acesso aos lugares, circular livremente…

– Eu sei o que é, porra. Fala logo.

– Não, só ia te perguntar se você não acha que obrigar as pessoas a tomarem vacinas que ainda estão sendo estudadas pode dar cadeia pra quem obriga.

– Vou fingir que não ouvi esse absurdo. Senão o preso seria você.

– Obrigado por não me ouvir.

Leia também “A tirania dos passaportes de vacina”

Guilherme Fiuza, colunista - Revista Época


segunda-feira, 1 de março de 2021

Brasil não precisa da Petrobras, e é mentira que a estatal seja ‘estratégica’ para o país - JR Guzzo

A mera existência da empresa e das outras estatais comprova que o Brasil Velho está cada vez mais forte

De duas uma: ou o presidente da Petrobras, que acaba de ser posto no olho da rua, era bom ou era ruim.  
Se era bom, por que foi demitido? Se era ruim, o que estava fazendo lá até agora?  
Todos os que têm posições definitivas sobre este assunto, e que amaldiçoam qualquer ponto de vista diferente do seu, ficam convidados a oferecer alguma outra alternativa; estarão perdendo o seu tempo, pois não existe uma outra alternativa. Esse último desastre, mais um na longa folha corrida da maior empresa estatal brasileira, é apenas a comprovação mais recente de que nosso símbolo augusto da pátria e ente sagrado da “soberania nacional”, além de outras bobagens da mesma família, está organizado de forma a viver perpetuamente numa situação de jogo dos sete erros. Tudo ali só pode dar errado, mais cedo ou mais tarde, porque a natureza da Petrobras torna impossível que alguma coisa dê certo.

A empresa, ao lado de todas as suas irmãs estatais, é um dos alicerces mais delirantes do Brasil Velho — e esse é um Brasil que está condenado a fracassar. É o Brasil do “Estado”, que não muda nunca e prejudica a todos, salvo as minorias: impede a liberdade econômica, bloqueia a real criação e distribuição de riqueza e mantém a população brasileira no seu estado permanente de servidão aos que são donos da máquina do Estado

O salseiro da vez, como uma criança de dez anos de idade seria capaz de entender, aconteceu porque o preço da gasolina, e sobretudo do óleo diesel, vem subindo, os caminhoneiros estão agitados e ninguém no governo sabe ao certo o que fazer a respeito — ou, se alguém sabe, não está dizendo para ninguém. 
Diminuir os impostos de 45% que o cidadão paga a cada litro que compra na bomba? Nem pensar. Governos têm horror a mexer naqueles impostos dos quais as pessoas não podem fugir, como gasolina, luz e telefone — a não ser, é claro, se a mexida for para cima. 
De outro jeito, como é que se vai pagar a lagosta dos ministros do Supremo, a aposentadoria dos almirantes de esquadra e o auxílio-creche dos procuradores de Justiça? Então: se a coisa fica ruim, e quem está nos galhos de cima precisa dar a impressão de que está fazendo “alguma coisa”, a saída é jogar a culpa na Petrobras e demitir o presidente da empresa — sem tocar nem de leve, é claro, no monopólio funesto que ela tem no universo dos combustíveis.
No caso, e como sempre acontece, arrumaram em cinco minutos uma variada lista de crimes cometidos pelo presidente da vez. 
De uma hora para outra, descobriram que o homem ganhava R$ 50 mil por semana; foi o próprio presidente da República, escandalizado, quem revelou essa aberração ao público pagante. Por que raios, então, o governo ficou dois anos inteiros pagando estes salários de paxá — só agora começaram a achar caro? O demitido, segundo se soube na mesma ocasião, estava há 11 meses sem comparecer ao local de trabalho, escondido da Covid. De novo: por que não foi mandado embora antes? Não é possível um sujeito ficar trancado em casa fazendo home office e levarem 11 meses para saber disso. Revelou-se, também, que há uma “caixa preta” na Petrobras, e que a empresa está forrada de desocupados que ganharam seus empregos durante o reinado de Lula-Dilma. É mesmo? Não digam — quem poderia imaginar uma coisa dessas, não é?

O governo, afinal, está aí há mais de dois anos; por que deixaram as coisas assim durante esse tempo todo? O presidente da República disse que só soube do desastre há “algumas semanas”. Se não soube antes é porque não quis saber — como é que um cidadão ocupa a presidência da maior empresa estatal do Brasil sem que o responsável por sua nomeação saiba quanto ele ganha, ou se vai todo dia ao serviço? Se este é o grau de informação que o presidente Jair Bolsonaro tem sobre o seu próprio governo, a troca na Petrobras não vai adiantar nada; é possível, pelo ritmo dessa balada, que daqui a dois anos o público seja presenteado com a informação de que tudo continua errado. A propósito: o general que foi para o lugar do presidente demitido vai ganhar menos do que ele estava ganhando?

O problema, na verdade, não é o presidente da Petrobras — o problema é a Petrobras. É possível que no passado tenha havido razões válidas para criar a empresa; é uma questão para os historiadores. O certo é que há muito tempo ela não deveria mais existir na sua forma atual de monopólio controlado pelo governo. “O perigo não é privatizar a Petrobras”, diz o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, um dos raríssimos políticos brasileiros de primeira linha que não vive de quatro diante da empresa. “O perigo é a Petrobras continuar sendo estatal”. De fato, muito pouca coisa que se diz em favor da companhia faz algum sentido lógico. A empresa não pertence “ao povo brasileiro”, como se diz há quase 70 anos; o povo brasileiro não passa nem pela catraca de entrada do saguão. Ela é propriedade exclusiva dos seus altos diretores, tanto mais exclusiva quanto mais altos eles são — e, ao mesmo tempo, dos funcionários e da politicalha que contamina a Petrobras desde o dia da sua fundação.

Dinheiro, então, podem esquecer. O cidadão brasileiro de carne e osso jamais viu um único centavo dos lucros da Petrobras desde 1953 até hoje — salvo, naturalmente, aqueles que puseram a mão no próprio bolso para comprar ações da companhia. Todo o dinheiro ganho pela Petrobras (R$ 7 bilhões em 2020, um dos piores da sua história) vai direto para o Tesouro Nacional, onde desaparece como se tivesse entrado no Triângulo das Bermudas — se o Estado vive dizendo que não tem dinheiro para comprar nem um pano de prato, para que servem, então, os tais “lucros”? Pior: com o seu monopólio de fato sobre o setor, os donos da Petrobras impedem a descoberta de mais petróleo dentro do Brasil, travam a criação de novos empregos, limitam a arrecadação de impostos e, no fim das contas, agem ativamente contra o progresso, a multiplicação de oportunidades e uma maior igualdade social. O governo que faça o serviço direito: ponha a gasolina a R$ 1 o litro logo de uma vez

É mentira — a sua mentira mais velha e mais repetida — que a Petrobras seja “estratégica” para o Brasil e que sua existência atenda ao “interesse nacional”; o país não precisa da Petrobras, ou de qualquer outra empresa estatal com atuação no mercado, para rigorosamente nada. Tudo o que elas fazem pode ser feito perfeitamente pelo capital privado — e sem ônus algum para o público. A Petrobras é estratégica, isso sim, para militantes de esquerda, generais do Exército e ministros do Supremo; é extremamente estratégica, com certeza, para os diretorzões que metem no bolso R$ 50 mil reais por semana, pagos integralmente pela população deste país. Como dito no início, a empresa dá errado em tudo, mas dá certíssimo para os que mandam nela.

No Brasil já houve, embora pouca gente ainda se lembre, monopólio de empresas estatais sobre a telefonia. Telefone? Era algo absolutamente estratégico para os interesses do Brasil; não podia ficar entregue a essa gente que só pensa em lucro. O único resultado prático é que ninguém tinha telefone. Hoje, depois da privatização, só de smartphones há mais de 230 milhões de aparelhos ativos; some-se a isso 180 milhões de computadores pessoais. A Petrobras é responsável pelo mesmo tipo de atraso — seu monopólio explícito, que proíbe as empresas privadas de explorarem qualquer área promissora, é um atraso de vida em estado puro. 
Qual empresa, nacional ou estrangeira, vai querer procurar petróleo em lugares onde não há petróleo? 
A Petrobras não tem dinheiro para fazer tudo sozinha nas áreas de exploração que oferecem melhores perspectivas de sucesso. E sem capital privado para investir, como o país poderia desenvolver novos campos e aumentar a produção nacional?
O monopólio estatal, além disso, falsifica os custos e os preços ao consumidor dos combustíveis. Isso também é considerado “estratégico”, pois os amigos da Petrobras, inocentes ou não, acham que o litro de gasolina é importante demais para ficar “por conta do mercado” — como ocorre com todas as demais mercadorias, da saca de cimento ao quilo de arroz. 
(Por alguma razão não divulgada, a religião estatista parece considerar que comida não é estratégico.) 
O governo do momento quer ter na mão a caneta que controla o preço do tanque de combustível? 
Quer salvar o povo? 
Então que faça o serviço direito: ponha a gasolina a R$ 1 o litro logo de uma vez e deixe que a Petrobras se exploda. Para isso, basta comprar as ações que estão com o público e arrumar um “fundo emergencial” para manter viva a empresa e os R$ 50 mil por semana dos gatos gordos, não é mesmo?
Quem diz Petrobras diz empresa estatal: todas as demais, sem nenhuma exceção, são igualmente inúteis e 100% nocivas à saúde do cidadão. 
O tão celebrado Banco do Brasil, por exemplo: num momento em que os bancos de todo o sistema solar, por uma questão essencial de sobrevivência, estão fechando agências e migrando para a prestação eletrônica dos seus serviços, o presidente da empresa pensou que o BB, também ele, deveria fazer alguma coisa. 
Pobre homem: o presidente da República já roncou o seu desagrado, tipo Petrobras, e se ele não quiser ir pelo mesmo caminho do colega, já pode ir mudando de ideia. Esperar o que, num país em que o governo, por meio do seu ministro de Transportes, se recusa a fechar a estatal do “Trem Bala”? 
O ministro diz que a empresa é “estratégica”um caso único no mundo, possivelmente, em que uma coisa que não existe, nem vai existir nunca, é considerada estratégica. [um comentário: no Brasil é possível - o Ministério da Saúde, tem sido compelido,  com frequência,  por decisão judicial, a apresentar um Plano de Vacinação,com cronograma e tudo o mais, sem conhecer com segurança, certeza a data da disponibilidade da vacina - que não depende do governo fixar datas;
- nos parece que o governador do Amazonas, ou foi o do Acre, recebeu determinação judicial para  dias adquirir em prazo exíguo,dias vacina contra a covid-19, para imunizar  os habitantes do estado. 
Esqueceram que a vacina não é fabricada pelo Brasil - a 'montada' no Brasil depende do IFA chinês - e as entregas dependem exclusivamente de empresas e governos estrangeiros = em sua maior parte da China, cujo governo ignorará, olimpicamente, qualquer mandado judicial, mesmo que emitido pelo STF,  para cumprir algum prazo.]

Eis aí o Brasil Velho, cada vez mais velho — e cada vez mais forte.

J.R. Guzzo, jornalista - Jovem Pan - Opinião


quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Uma sombra sobre a internet – O Estado de S. Paulo

Opinião

Na pandemia o uso da rede se expandiu, mas as liberdades se deterioram.

A internet, como apoteose de um processo iniciado com o telégrafo e o telefone, materializou a utopia de um mundo sem distâncias onde cada ser humano o “animal que fala”, na definição de Aristóteles – pode, em tese, se comunicar instantaneamente com todos os outros ao toque de um botão. Mas na prática, segundo o monitoramento Freedom on the Net, do instituto Freedom House, a liberdade global na rede se deteriorou pelo 10.º ano consecutivo.

Na pandemia as atividades humanas – comércio, educação, saúde, política, socialização – se expandiram digitalmente. Mas agentes autoritários (governamentais ou não) também aproveitaram a oportunidade para manipular narrativas, censurar críticas e ampliar tecnologias de controle social, despertando os temores mais sombrios de um futuro distópico.

A pandemia serviu amplamente de pretexto para limitar o acesso à informação. “As autoridades frequentemente bloquearam sites independentes de notícias e aprisionaram indivíduos sob acusações espúrias de disseminar fake news”, aponta o estudo. “Em muitos lugares, os próprios agentes do governo e seus zelotas disseminaram informações falsas e enganosas.” Alguns Estados desligaram a conectividade para grupos marginalizados, alargando e aprofundando divisões digitais.

Sob o mesmo pretexto, muitas autoridades também capilarizaram seus aparatos de patrulha. Por meio da Inteligência Artificial, vigilância biométrica e ferramentas de big data, agências de segurança, mas também empresas e mesmo criminosos digitais ampliaram seu acesso a informações sensíveis, como históricos médicos, padrões faciais e vocais e até códigos genéticos.

A crise ainda acelerou a fragmentação da internet, com cada governo impondo suas próprias regulamentações de modo a restringir o fluxo de informações entre as fronteiras. Muitos manobraram mais ou menos incisivamente na direção de sua própria “internet nacional”, outrora uma ambição restrita a autocracias como Irã, Rússia e China.

A China figurou pelo 6.º ano consecutivo como o ambiente digital menos livre do mundo. Com a pandemia e a crise em Hong Kong, o Partido Comunista intensificou sua parafernália de controle, como censura automatizada, vigilância high-tech e detenções em massa. “Os agentes e a mídia governamental, apoiados por robôs e trolls, promoveram a desinformação domesticamente e em campanhas ao redor do mundo.”

A Índia está entre os cinco países que mais retrocederam em 2020. A maior democracia do mundo é líder em desativações da rede. No ano passado, pela primeira vez, o governo derrubou a conexão em grandes cidades, em retaliação aos protestos de minorias muçulmanas contra uma lei discriminatória. As autoridades aumentaram as pressões sobre as mídias sociais pela remoção de conteúdos críticos ao regime nacionalista hindu, e as evidências indicam um aumento da espionagem contra ativistas, jornalistas e advogados de grupos marginalizados.

Os EUA são o sétimo ambiente mais livre, mas regrediram pelo quarto ano consecutivo, seja por respostas desproporcionais a riscos genuínos apresentados por aplicativos nacionais e estrangeiros, seja pela sua evasão, quando não sabotagem, da cooperação internacional. “Como a covid-19 demonstrou, enfrentar os desafios de um mundo interconectado exige uma coordenação efetiva entre a esfera política e a sociedade civil”, alerta a Freedom House. Dada a natureza global da internet, “para questões relacionadas à competição, tributação e fluxo de informações transfonteiriço, a coordenação intergovernamental é plausivelmente mais eficaz do que a regulação ad hoc pelos Estados”.

A internet é um ativo inestimável para a democracia. Mas para que possa servir com todo o seu potencial à liberdade de expressão, ao engajamento comunitário e ao desenvolvimento econômico, Estados, corporações e sociedades civis precisam robustecer sua agenda para prover informação confiável e diversificada, proteger os direitos humanos da vigilância intrusiva e garantir o livre fluxo de informações contra a escalada do nacionalismo digital. 

Opinião - O Estado de S. Paulo


quarta-feira, 3 de junho de 2020

‘Traidores da Pátria’ – Editorial - O Estado de S. Paulo

Deveria ser desnecessário enfatizar essa obrigação, mas, nestes tempos estranhos, nunca é demais lembrar que descumprir ordem emanada do STF equivale a desrespeitar a Constituição

[o ex-deputado Ulysses Guimarães, apesar do grande destaque obtido em sua carreira política - conseguiu ser tetra-presidente - sempre exagerou na avaliação da constituição cidadã.
O que não torna surpreendente, o fato de haver considerado  à Carta Magna de 1988 igual a própria Pátria para a qual foi concebida.]
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello rejeitou, a pedido da Procuradoria-Geral da República, um requerimento de partidos de oposição para que o celular do presidente Jair Bolsonaro fosse apreendido na investigação sobre sua suposta tentativa de interferir politicamente na Polícia Federal. Ao fazê-lo, o decano do STF apenas seguiu o que está na lei, que limita ao Ministério Público a prerrogativa de requerer diligências desse tipo em investigação penal, assim como havia meramente seguido a praxe ao encaminhar tal requerimento para análise do Ministério Público.

Como se sabe, esse foi um dos casos que serviram de pretexto para que o presidente da República ameaçasse descumprir ordens judiciais que considerasse “absurdas”. Quando o pedido de apreensão do celular de Bolsonaro foi encaminhado pelo ministro Celso de Mello à Procuradoria-Geral, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, emitiu uma “nota à Nação” para dizer que “o pedido de apreensão do celular do presidente da República é inconcebível e, até certo ponto, inacreditável” – como se Celso de Mello tivesse aceitado o requerimento – e para declarar que a atitude do ministro do Supremo poderia resultar em “consequências imprevisíveis” – uma explícita ameaça de ruptura institucional. Para não haver dúvidas sobre a disposição hostil do bolsonarismo, o próprio presidente avisou: “Me desculpe, senhor ministro Celso de Mello. Retire o seu pedido, que meu telefone não será entregue. Ninguém vai pegar o meu telefone”. [o ministro Chefe do GSI, provavelmente foi motivado por despacho anterior do mesmo ministro, o decano do STF, determinando a condução, caso necessário, de três ministros de Estado, entre eles o signatário da 'nota à Nação', debaixo de vara para prestar depoimento.]


Diante desse comportamento irresponsável, de afronta explícita às instituições, o ministro Celso de Mello aproveitou seu despacho sobre o pedido de apreensão do celular de Bolsonaro para lembrar ao presidente sobre o dever primário de todos e de cada um dos brasileiros de cumprir as ordens da Justiça. De singelo indeferimento de uma solicitação, o despacho de Celso de Mello tornou-se poderoso manifesto em defesa da Constituição contra seus ruidosos inimigos que hoje, por infelicidade eleitoral, ocupam os mais altos postos no Executivo.

Primeiro, o ministro Celso de Mello declarou que o Supremo “não transigirá nem renunciará ao desempenho isento e impessoal da jurisdição, fazendo sempre prevalecer os valores fundantes da ordem democrática e prestando incondicional reverência ao primado da Constituição, ao império das leis e à superioridade político-jurídica das ideias que informam e animam o espírito da República”. Em outras palavras, o STF não se intimidará diante dos arreganhos dos camisas pardas do bolsonarismo.

Cabe ao Judiciário, escreveu Celso de Mello, entre outras coisas, “repelir condutas governamentais abusivas” e “impedir a captura do Estado e de suas instituições por agentes que desconhecem o significado da supremacia da Constituição e das leis da República”. O ministro salientou que “o ato de insubordinação ao cumprimento de uma decisão judicial”, como ameaçou fazer o presidente Bolsonaro, “traduz gesto de frontal transgressão à autoridade da própria Constituição da República”. Para Celso de Mello, “é tão grave a inexecução de decisão judicial por qualquer dos Poderes da República” que, “tratando-se do chefe de Estado, essa conduta presidencial configura crime de responsabilidade”.

Por fim, o ministro Celso de Mello recordou que “a condição da guarda da Constituição da República foi outorgada a esta Corte Suprema pela própria Assembleia Nacional Constituinte, que lhe conferiu a gravíssima responsabilidade de exercer, em tema de interpretação de nossa Carta Política, o monopólio da última palavra”. Assim, as decisões do Supremo, goste ou não o presidente da República, devem ser cumpridas, mesmo que se discorde delas.

Deveria ser desnecessário enfatizar essa obrigação, que é de todos os cidadãos, a começar pelo chefe de Estado. Mas, nestes tempos estranhos, nunca é demais lembrar que descumprir uma ordem emanada do Supremo equivale a desrespeitar a Constituição. Mais do que isso: Celso de Mello, lembrando as palavras do deputado Ulysses Guimarães por ocasião do encerramento da Assembleia Constituinte, advertiu que descumprir ou afrontar a Constituição é ato de traição – e “traidor da Constituição”, disse Ulysses, “é traidor da Pátria”.

 Editorial -  O Estado de S. Paulo


terça-feira, 26 de maio de 2020

Globo repudia campanha de intimidação a William Bonner - G 1

Jornalista recebeu mensagem de telefone de Brasília com dados fiscais sigilosos dele e da família

[imagine se o ora relatado acontece com um filho ou parente próximo do presidente Bolsonaro - de imediato, surgiriam vídeos, entrevistas, tediosas reportagens  e outras coisas mais buscando associar o presidente ao ato ilegal.
O veredito imediato seria BOLSONARO = CULPADO = impeachment já.]
A Globo divulgou nesta terça-feira (26) uma nota de repúdio a uma campanha de intimidação ao jornalista William Bonner, registrada nos últimos dias. A nota cita o uso indevido do CPF do filho do jornalista por um fraudador que inscreveu o jovem no programa de auxílio emergencial do governo a pessoas vulneráveis que perderam renda na pandemia. O próprio Bonner denunciou o fato publicamente na semana passada, em sua conta no Twitter, e seus advogados alertaram a Caixa para a fraude e apresentaram notícia crime ao Ministério Público Federal.

Falhas no sistema de checagem do benefício tornam possível a ação de estelionatários. No caso do filho de Bonner, sua renda familiar nem permitiria a concessão do benefício. Mas o site da Dataprev informava que o pedido fraudulento havia sido aprovado. Alertada pelos advogados de Bonner, a Caixa suspendeu o processo de pagamento, que se daria numa conta virtual criada para o estelionatário. A nota divulgada hoje pela Globo informa que o jornalista e uma de suas filhas também receberam mensagens de WhatsApp, originadas de número telefônico com o prefixo 61, de Brasília, com dados fiscais sigilosos dele e da família. E declara apoio da empresa ao jornalista na busca e na punição dos responsáveis pelo desrespeito ao sigilo previsto na Constituição.

Leia a íntegra da nota da Globo:
A Globo repudia a campanha de intimidação que vem sofrendo o jornalista William Bonner e se solidariza com ele de forma irrestrita. Há dias, um fraudador usou de forma indevida o CPF do filho do jornalista para inscrever o jovem no programa de ajuda emergencial do governo para os mais vulneráveis da pandemia, para isso se aproveitando de falhas no sistema, que não checa na Receita Federal se pessoas sem renda são dependentes de alguém com renda, fato denunciado publicamente pelo próprio jornalista que apresentou notícia crime junto ao Ministério Público Federal no Rio de Janeiro.

Agora, tanto o jornalista quando a sua filha receberam por WhatsApp em seus telefones pessoais mensagem vinda de um número de Brasília com uma lista de endereços relacionados a ele e os números de CPFs dele, de sua mulher, seus filhos, pai, mãe e irmãos, o que abre a porta para toda sorte de fraudes.

A Globo o apoiará para que os autores dessa divulgação de seus dados fiscais, protegidos pela Constituição, sejam encontrados e punidos. William Bonner é um dos mais respeitados jornalistas brasileiros e nenhuma campanha de intimidação o impedirá de continuar a fazer o seu trabalho correto e isento. Ele conta com o apoio integral da Globo e de seus colegas e está amparado pela Constituição e leis desse país.

G1 - Globo