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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Até o PT quer impor modificações no ministério Dilma



Ministros agem para esfriar os ânimos do PT
Isolados na Câmara, deputados do partido procuraram titulares de pastas na Esplanada para pedir troca na Fazenda 

Na semana passada, deputados do PT fizeram uma verdadeira romaria pelos gabinetes de ministros da articulação política do Planalto para defender uma mudança radical nos rumos do governo. Entre os pleitos, estava a saída de Joaquim Levy da Fazenda, um velho sonho dos petistas. 

 Receberam um balde d'água fria nos gabinetes da Esplanada. Ministros do partido atuaram para esfriar os ânimos dos correligionários e argumentaram que a substituição de Levy neste momento só aprofundaria a crise econômica. 

Fonte: Revista Época


"PT, A MARCA DA CORRUPÇÃO"



O que resta ao PT dizer hoje em dia sobre a avalanche de provas, testemunhas e evidências que expõem o partido como artífice do mais escabroso esquema de corrupção da história da República? Sua imagem e a de seus principais líderes – arrastando, por tabela, a de seus três seguidos governos- estão indissoluvelmente ligadas à roubalheira sem limites que tomou conta do Estado. A legenda saqueou os cofres públicos de maneira sistemática e disseminada ao longo dos últimos 12 anos. Isso já está mais do que bem documentado e dito abertamente pelas autoridades que investigam o caso. 

Deveria ser o suficiente para que sua cúpula optasse por uma retirada estratégica de cena, um ensaio de adeus com um mínimo de dignidade - se ainda resta - da sigla, buscando talvez depois, quem sabe, uma refundação em novas bases programáticas e com outros protagonistas. Mas o PT faz de conta que não é com ele. Atribui as denúncias a um complô­ das elites. 
Desdenha de relatos que falam de pagamentos de propina, como os R$ 10,5 milhões entregues em espécie diretamente na sede paulista da agremiação. Uma vergonhosa sequência de pilhagens vem sendo revelada, uma atrás da outra, num roteiro sem fim. Cegos e indiferentes às acusações que transbordam por todos os lados, os cabeças da agremiação tentam com promessas vazias dissimular os erros. Tanta desfaçatez e petulância foram, mais uma vez, transmitidas em cadeia de rádio e TV, na semana passada, durante programa eleitoral. Alheios a panelaços e buzinaços que tomaram conta de inúmeras cidades, do Oiapoque ao Chuí, Lula, Dilma & Cia. voltaram a falar em “problemas passageiros” e em “pessoas tentando se aproveitar disso para criar uma crise política”. Qualquer brasileiro minimamente informado sabe que a crise que está aí foi criada por atos e decisões do próprio PT. Nada além disso! A caravana petista não desce do pedestal. Não pede desculpas – talvez por achar mesmo que não tem nada do que se arrepender. 
E tamanha empáfia provoca ainda mais repulsa na sociedade. De uma maneira ou de outra, mesmo que os mais aguerridos filiados não enxerguem assim, o prestígio do PT virou pó. Não restou sequer fiapo. Num breve lampejo de clarividência e autocrítica, Lula, como mentor e comandante-mor da nau, avaliou que “nem a melhora da economia salva o PT”. Outro cacique da esquadra petista, o gaúcho Tarso Genro, disse que “o PT chegou ao fim de um ciclo”. A prisão de um dos seus ícones, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, tido e havido como herói pelos militantes – aclamado como “guerreiro do povo” – talvez seja o sinal mais eloquente dessa desmoralização da legenda

O efeito dela é devastador e joga por terra, em definitivo, a “desculpa” de que o esquema urdido nos gabinetes do Planalto tinha por objetivo essencial dar base de sustentação financeira ao projeto do partido. Dirceu, um larápio contumaz, que se transformou de líder estudantil em líder de quadrilha, encheu os próprios bolsos e de vários correligionários, servidores públicos e políticos da corriola com o dinheiro de práticas criminosas. 
Certamente não agiu sozinho, por conta própria, e nem arquitetou e executou tamanha lambança em órgãos oficiais sem conhecimento superior. Dirceu se reportava diretamente à presidência e deixava transparecer que atuava com o aval do Governo. Em uma de suas célebres declarações disse: “nunca fiz nada que o Lula não soubesse”. Uma confissão, em tom acusatório, com todas as letras. Condenado em última instância no Mensalão e agora reincidente com o Petrolão, ele é o elo original entre as duas cadeias já conhecidas de operações fraudulentas que se abateram sobre o aparato estatal. Não há dúvida: outras tantas picaretagens da gestão petista, de igual ou maior monta, estão ainda por ser desvendadas pela polícia
Da hierarquia petista, como Dirceu, foram parar atrás das grades dois ex-tesoureiros de campanha (Vaccari e Delúbio), o ex-presidente do partido (José Genoíno), além do deputado André Vargas. Quantos quadros mais deverão seguir para a cadeia? A lista parece interminável. E mesmo Lula sabe que não pode se considerar totalmente livre desse risco. Ao contrário. Como bem lembrou um dos procuradores da Lava-Jato, ninguém, absolutamente ninguém, está isento de investigação e condenação. Olhando pelo prisma da trajetória histórica, é difícil aceitar a ideia de um partido que nasceu no berço dos trabalhadores e que depois, em seu nome, se apoderou descaradamente do dinheiro dos brasileiros para se perpetuar no poder e locupletar a patota de aliados e apaniguados. Fizeram a festa enquanto deixavam o País à míngua. Que as instituições solidamente plantadas em nossa democracia punam exemplarmente o mau exemplo e que ele não se repita jamais!
Fonte: Editorial Revista IstoÉ - Carlos José Marques, diretor editorial

No governo Dilma quatro mandam – ela é a que manda menos



 Novo fiador do governo, Renan se encontrará com presidente do TCU
Senador agendou reunião para semana que vem com Cedraz, à frente de Corte responsável por analisar contas de Dilma 

Renan Calheiros parece realmente ter jogado uma boia para o governo Dilma Rousseff. Na semana que vem, ele se encontra com o presidente do TCU, Aroldo Cedraz. Oficialmente, o presidente do Senado vai discutir com Cedraz alguns dos pontos da chamada "Agenda Brasil", conjunto de propostas elaboradas pelo PMDB do Senado para tentar reativar a economia.

Mas aliados de Renan afirmam que ele deve aproveitar a conversa para reforçar a defesa das contas de Dilma do ano passado, que correm o risco de ser reprovadas pela Corte.

[Quatro mandam no Planalto:
- Renan manda muito, tanto que enfiou goela abaixo da Dilma a Agenda Brasil – calhamaço de ideias inúteis para não serem postas em prática. Dilma teve que aceitar ou Renan complicava as pedaladas no TCU.
- Temer cuida da coordenação dinâmica e já mandou Dilma entregar o governo para alguém que uma.
- Cunha – mesmo inimigo do Planalto – manda de forma indireta, em face de que tudo que Dilma envia ao Congresso é analisado e ajustado de acordo com a posição do presidente da Câmara.
- a Dilma ainda decide o cardápio, a velocidade da bicicleta e demais afazeres afetos a uma dona de casa.] 

Fonte: Época OnLine

A artilharia de Eduardo Cunha



No jogo das pautas-bomba há a oposição a Dilma, mas um pedaço da contrariedade vem do trabalho da Lava-Jato
A Câmara deverá votar em segundo turno a emenda constitucional que vinculou proporcionalmente os salários do quadro da Advocacia-Geral da União e dos procuradores estaduais e municipais ao dos vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (R$ 33,7 mil mensais). Segundo o Ministério do Planejamento, as diversas pautas-bomba que tramitam no Congresso custarão aos contribuintes R$ 9,9 bilhões, dinheiro equivalente a um mês da arrecadação federal.

Iniciativas desse tipo num momento em que a economia do país está aos pandarecos destinam-se a inviabilizar o governo. São bombas porque servem apenas para destruir. 
Os grão-tucanos Aécio Neves e Geraldo Alckmin dizem, com razão, que não lhes cabe apontar saídas para a crise. Todavia, com o apoio tácito dos dois e com votos do PSDB, Eduardo Cunha tem jogado gasolina na fogueira.

No tempo em que os militares falavam, um hierarca disse ao marechal Castello Branco que seus adversários estavam unidos contra o inimigo comum.
— E quem é o inimigo comum? — perguntou Castello.
— É o senhor.
— Eu, não. É o Erário.

O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, provavelmente será denunciado ao Supremo Tribunal pela Procuradoria-Geral da República. Ele acredita que há nisso o dedo do Planalto. Difícil, pois pode-se dizer tudo da doutora Dilma, menos que tenha interferido nos trabalhos do Ministério Público. Para quem não gosta do PT, de Lula e muito menos de Dilma, Eduardo Cunha dá a impressão que lhes faz oposição, mas suas iniciativas agravam a crise econômica e radicalizam a crise política. É verdade que a doutora enfrenta a própria ruína exercitando uma megalomania do fracasso, mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.

Tudo bem: Fora Dilma. Para botar Michel Temer no lugar, “alguém que tenha a capacidade de reunificar a todos”? Olhando-se para a oposição, nem a alma de Dom Eugenio Sales seria capaz disso. Um pedaço do PSDB quer Temer. Outro quer anular o pleito que o elegeu. Um terceiro quer novas eleições. Isso deixando-se de lado a facção interessada em tirar o parlamentarismo da tumba em que foi colocado por dois plebiscitos.

Há dois fenômenos em curso. O primeiro, visível, é a rejeição a Dilma Rousseff e ao PT. O segundo, encapuzado, é uma tentativa de botar fogo num circo onde o Ministério Público e o Judiciário estão na jugular da oligarquia política e empresarial do país. Donos das grandes empreiteiras financiadoras dos grandes partidos foram para a cadeia, a Lava-Jato prendeu 112 pessoas e 23 delinquentes colaboram com as investigações. Nem todas as roubalheiras nasciam e desaguavam no PT. João Augusto Henriques, por exemplo, era um operador do PMDB e indicou Jorge Zelada para uma diretoria da Petrobras. O juiz Sérgio Moro aceitou a denúncia oferecida contra ele pelo Ministério Público. Henriques estava no radar da investigação há pelo menos sete meses.

Bater panela ou ir para a rua pedindo que Dilma vá embora pode fazer bem à alma, até porque o instrumento do impeachment está previsto na Constituição. Ele precisa de dois terços dos votos da Câmara e do Senado. Para se chegar a esse número será preciso identificar o inimigo comum. Para milhões de pessoas, é Dilma. Umas poucas incomodam-se com a lógica do marechal Castello Branco.

Fonte: Elio Gaspari – jornalista – O Globo