Os parlamentares que estiveram com Dilma nesta terça-feira
— governistas da Câmara e do Senado— comportaram-se como se tentassem
impedir uma amiga de se matar.
[seja suicídio político ou físico o importante é que Dilma não protele mais tempo e leve o Lula junto.]
Avisaram que são pequenas, muito
pequenas, diminutas as chances de o Congresso aprovar a volta da CPMF.
Mas a presidente não esboçou a menor intenção de recuar. Topa no máximo
reduzir o prazo de vigência do tributo de quatro para dois anos. Ficou
demonstrado que o suicídio é mesmo algo íntimo, talvez a coisa mais
íntima que alguém pode fazer. Portanto, não é da conta de mais ninguém.
Num
pacote de R$ 66,2 bilhões, a CPMF representa quase a metade do ajuste
que Dilma se propõe a fazer: R$ 32 bilhões. Sem ela, a pretensão do
governo de produzir um superávit primário de 0,7% do PIB em 2016 vira
pó. A emenda que ressuscita o tributo correrá no Legislativo em raia
paralela à do pedido de impeachment de Dilma. Quem for a favor do
afastamento dela tende a rejeitar a volta da mordida. Quer dizer: o
enterro da CPMF pode significar o suicídio político de Dilma.
A
presidente vem adotando um comportamento de alto risco, com tendência à
autodesmoralização. Alertada pelo vice-presidente Michel Temer sobre a
“derrota fragorosa” que sofreria, ela parecia ter desistido da CPMF.
Bastou Temer voar para a Rússia para a ideia ressurgir. Os alertas dos
aliados podem ter agravado a situação. Quanto mais ciente dos riscos,
mais fortes são os impulsos autodestrutivos de Dilma. A volta da CPMF
agora é vista por ela como questão de honra.
Dilma parece
perseguir uma marca peculiar de eficiência. Ela mesma desmantela a
economia, ela mesma faz o diagnóstico e ela mesmo determina os
sacrifícios que o brasileiro terá de fazer para consertar o estrago.
Falta credibilidade à presidente para impor suplícios a uma plateia que
lhe atribui índices recordes de rejeição. Mas não se deve dizer isso em
voz alta. Aí mesmo é que Dilma atearia fogo à própria gestão, num
inusitado processo de autocombustão.
Fonte: Blog do Josias
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