O PSDB tem pretensões de liderar a Oposição de que que não precise agir como tal
[o pior para o Brasil é que enquanto PSDB e PMDB ciscam, a Dilma continua destruindo o Brasil - só esta semana ela conseguiu quebrar cinco recordes negativos.]
A cúpula do PSDB mandou um recado direto ao vice-presidente Michel Temer (PMDB) na semana passada, às vésperas de sua viagem à Rússia.
Disse que o impeachment da presidente Dilma Rousseff só ocorrerá se o
PMDB, principal beneficiário do afastamento precoce de Dilma, assumir a
liderança do processo. Segundo a Folha apurou, a mensagem foi repassada ao
vice-presidente por três líderes do PSDB: o senador Aécio Neves (MG), o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador José Serra (SP).
Aécio falou com Temer no último dia 11, antes de o vice viajar para o exterior. Procurados pela Folha,
tanto o senador mineiro como a assessoria de Temer disseram que os dois
falaram pelo telefone e que o assunto foi um projeto de lei que permite
trocas de partido antes das eleições municipais do próximo ano. No mesmo dia, à tarde, Temer recebeu Serra em sua residência, em São Paulo.
Segundo o senador, eles conversaram sobre a situação econômica e a crise
política apenas "genericamente". Serra e o vice-presidente são amigos. Aliados de Aécio, FHC e Serra dizem que os três concordam com a ideia de
que o PSDB não pode ser o condutor do processo de impeachment, e que o
partido só deve assumir posição de protagonismo se for chamado a debater
publicamente a situação política e os rumos do país.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, outra liderança influente do
partido, também prefere a cautela, segundo aliados. Ele teme que, se o
partido não calcular seus movimentos com cuidado, acabe dando à
presidente Dilma a chance de se apresentar como vítima diante da crise. Numa conversa recente com um aliado, Aécio disse que ele e Fernando
Henrique estão fechados com essa tese e emendou: "Se nos convidarem para
conversar às claras, à luz do dia, não há como negar. Mas não vou, na
calada da noite, fazer conversas sobre o desfecho da crise".
Segundo esse aliado, o senador avaliou que seu partido só terá
legitimidade para debater abertamente o suporte a um eventual governo
Temer depois que o peemedebista fizer um "pronunciamento firme de que a
nação precisa de uma nova fase". "Se ele fizer isso, eu e o Fernando Henrique seremos os primeiros a
sentar na mesa, porque não jogamos contra o país", afirmou Aécio,
segundo o aliado. Serra, o líder tucano mais próximo de Temer, teria
feito a mesma avaliação.
QUEM PISCA
Esse entendimento está orientando a atuação da chamada tropa de choque
da oposição, deputados mais jovens que participam mais ativamente do
grupo que trabalha para que a Câmara aceite discutir em breve um dos
vários pedidos de impeachment apresentados contra Dilma. Segundo esses deputados, Aécio os tem orientado a continuar ao lado dos
que defendem o afastamento de Dilma, "mas nunca na primeira fila", como
disse numa conversa recente com um deles.
Do lado do PMDB, os mais próximos do vice-presidente dizem que não se
deve esperar dele nenhum movimento incisivo. "Ele chegou onde chegou
sendo cauteloso e não vai mudar", diz um aliado. Sempre que é cobrado sobre o assunto, Temer diz que não quer a pecha de
conspirador ou golpista. Por isso, alguns dos principais nomes de seu
partido no Senado e na Câmara advogam que seja a oposição, em especial
Aécio, o principal vetor para deflagrar o afastamento de Dilma.
Aliados do tucano dizem que ele descarta a hipótese. Aécio não vai
baixar o tom das críticas ao governo, mas manterá o discurso de que o
impeachment, mesmo legal, exige cautela e base jurídica. Em tom irônico, um parlamentar do PSDB afirmou que "eles não podem
esperar que o Michel, sem voto, com o fantasma da Lava Jato rondando o
PMDB, ganhe a cadeira sem botar as caras". Integrantes de outros
partidos de oposição, como o DEM, têm a mesma posição.
Fonte: Folha de São Paulo
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