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sábado, 20 de fevereiro de 2016

Dilma foi cúmplice, no mínimo por omissão, na venda de Medidas Provisórias - mesma conduta que adotou na compra da refinaria de Pasadena

Dilma ignorou alerta sobre aparelhamento do Ministério do Planejamento 

Mesmo alto funcionário chamou atenção da então ministra da Casa Civil para a tramitação irregular de MPs no gabinete presidencial de Lula

O empresário João Batista Motta exercia o mandato de senador pelo Espírito Santo quando entrou na sala do então líder do PMDB, Ney Suassuna, com um aviso e uma exigência: "Estou em obstrução. Só voto qualquer matéria quando a dona Armênia voltar para a folha de pagamento da Casa". Motta integrava o baixo clero, identificação coletiva dos parlamentares mais facilmente manobráveis e de pouco prestígio político. Ele barganhava um favor pessoal sem o menor constrangimento. Os tempos lhe eram favoráveis naqueles meados de 2005. O Congresso investigava o mensalão e a compra de apoio parlamentar com dinheiro roubado dos cofres públicos, pelo governo Lula. O PT, o PMDB e o PP embolsavam propinas milionárias ao facilitar o fechamento de contratos superfaturados entre as empreiteiras e a Petrobras. Dona Armênia, portanto, era um troco no cenário de tenebrosas transações.

O lobby pela sua volta "à folha de pagamento" ilustra o nível de aparelhamento do Estado, a prática de tirar de um cargo alguém que conquistou a posição por mérito e entregar o posto ao apadrinhado de um parlamentar cujo voto interessa ao governo. Como fizeram com outros vícios resistentes do mundo oficial, os governos do PT transformaram o aparelhamento num mecanismo de manutenção do poder a qualquer custo.

Foram esses casos escandalosos de troca de favores que chamaram a atenção de Luiz Alberto dos Santos, funcionário de carreira que ocupava, naquele tempo, uma das subchefias da Casa Civil. A cada golpe desse tipo de que tomava conhecimento, Santos disparava mensagens de alerta para seus superiores - a então ministra Dilma Rousseff e seu braço-direito, a secretária executiva Erenice Guerra. Invariavelmente a resposta era um ensurdecedor silêncio. Em 24 de agosto de 2007, Santos detectou o começo do processo de destruição do corpo técnico do Ministério do Planejamento com a substituição de técnicos por "companheiros" do PT ou indicados por eles.

Luiz Alberto dos Santos advertiu enfaticamente em um e-mail endereçado a Erenice Guerra: "Está, literalmente, havendo um aparelhamento lá, e num órgão em que competência técnica e conhecimento da máquina são mais do que necessários. Não sei o que vai sobrar, e não quero nem ver. Se antes já estava difícil, daqui pra frente vai ser um espanto". Silêncio total do outro lado.

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