Esse
Brasil sério e raro, que faz seu trabalho direito, é agora caçado como peru em
véspera de Natal
O
juiz Sergio Moro derrubou a manobra da Odebrecht que tentava desqualificar os
documentos bancários enviados por procuradores suíços à Lava Jato. Após uma retificação de
procedimento, eles continuarão valendo
como prova. É uma dor de cabeça tentar sabotar quem conhece as leis. Por
isso, a maior operação anticorrupção da história do país está completando dois
anos de vida. Até
o STF já tentou pulverizá-la. É inútil.
O Brasil continua afogado no
conto de fadas do oprimido – e, agora que Lula está no centro das
investigações, a temperatura vai subir. Do já famoso
e vexaminoso “manifesto de
juristas” montado pelos advogados da Odebrecht, que
comparava Moro aos trogloditas da ditadura, ao choro de
petistas e seus artistas de aluguel contra a “criminalização” do filho do Brasil, assiste-se
a uma rajada de tiros n’água. O estoque de clichês populistas não acaba – o que
pode acabar é a proverbial paciência da opinião pública para engoli-los.
Um dos ministros fisiológicos da
coleção de Dilma Rousseff declarou, numa das faxinas fantasiosas da presidente, que só
deixaria o cargo debaixo de tiro. Acabou
saindo por bem – ou melhor, por muito bem: colaborou
com o show da faxineira e negociou com ela um substituto de sua gangue, para
continuar a sucção que ele iniciara. Assim é o teatro dos pobres milionários. Na vida real, quem só sairá de seu caminho
debaixo de tiro é Sergio Moro.
A
Lava Jato já tinha revelado ao Brasil o desenho do petrolão antes da reeleição
de Dilma. Até os maiores críticos do PT apostavam que, se a
presidente ganhasse a eleição, a operação esfriaria. É o país acostumado às CPIs
flácidas e às investigações que só sobrevivem enquanto o escândalo está nas
manchetes. Aí vieram Sergio Moro e a equipe de
procuradores e agentes federais da Lava Jato desmentir a teoria da vida mansa
para quem tem costas quentes. Desta vez não foi a bravura da imprensa,
nem uma mulher traída ou um sócio roubado quem
empurrou a depuração em frente: foi a virtude de um grupo de pessoas que
trabalham de verdade. O Brasil está se olhando no espelho e não está se
reconhecendo.
Pois é esse pedaço de Brasil
sério e raro, que não está fazendo nada além de trabalhar direito, sem partidarizações ou jogos de
influências ocultas, que agora está sendo caçado a céu aberto como peru em
véspera de Natal. Claro que os caçadores são todos bonzinhos, sofridos e
vítimas do peru ao qual tentam degolar. É a especialidade da casa.
Você ainda
vai ver muitas “reportagens” plantadas por essa elite cultural parasitária acusando a Lava
Jato e Sergio Moro de arbitrariedades, condutas abusivas e caça às bruxas. O
choro é livre. Como já foi dito aqui,
Moro e sua devassa só são paráveis à bala. Espera-se que a coalizão da
vadiagem progressista ainda não tenha incorporado o bangue-bangue a seu ideário
sublime.
Mas há um único e grave equívoco
associado à Operação Lava Jato. E é este equívoco que custa mais caro ao país no
momento: o bando que engendrou o monumental sistema de
roubo do Estado em favor de um partido continua
mandando no Brasil. E mandando turbinado pelo dinheiro roubado. Nunca se viu nada igual, em lugar
nenhum do mundo. Uma devassa com a proporção de um tsunami varrendo uma república
inteira, sem desalojar do topo dela o grupo responsável pela bandalheira
revelada.
A correção desse equívoco é
urgente e óbvia, embora
o país do Carnaval pareça não se dar conta: falta um pedido de impeachment de Dilma Rousseff baseado na
Lava Jato. O gigante não sabe
se samba ou se dorme – sua única certeza é cair em
todos os truques do Supremo Tribunal
companheiro para proteger a presidente em estado vegetativo.
A ideia é esperar a paralisia e a recessão
chegarem ao nível do pré-sal? É muito sofrimento ficar carregando o TCU
como um vaso de porcelana para que a acusação das pedaladas fiscais não se
esfarele no caminho. Ou torcendo para
que Eduardo Cunha desembarace as malandragens do companheiro Barroso.
Dilma é a representante
oficial do grande projeto – de Lula, de Dirceu, de Vaccari e de toda a teia
montada com as marionetes petistas na diretoria da Petrobras. Alguém duvida disso? Os dois anos de literatura da Lava Jato são mais
do que suficientes para embasar esse pedido. Acorda, Brasil.
Fonte: Guilherme Fiúza – ÉPOCA
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