Presidente, que foi pela primeira vez no cargo à sessão solene, propôs uma reforma da Previdência ‘exequível’ e conclamou
todos os níveis do governo a combater a proliferação do vírus zika. Fim
do discurso foi marcado por mais vaias.
Dilma conseguiu ser vaiada até por
parlamentares da base aliada
No Congresso, Dilma é vaiada ao defender CPMF
Presidente
também defendeu uma reforma da Previdência ‘exequível’
A presidente Dilma Rousseff foi vaiada na tarde
desta terça-feira ao defender no plenário do Congresso a recriação da CPMF. O barulho provocado por dezenas
de parlamentares levou o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), a
acionar a campainha para que Dilma pudesse continuar a falar.
Parlamentares da oposição seguravam cartazes de "Xô CPMF". — Não podemos prescindir de medidas
temporárias. As propostas são a prorrogação da CPMF e a Desvinculação de
Receitas (DRU). Debateremos o quanto for necessário com o Congresso e com a
sociedade. Mas peço quem levem em conta a excepcionalidade do momento, dados e
não opiniões. É a melhor opção disponível no momento. Em favor do Brasil. A
CPMF é a ponte necessária entre a urgência do curto prazo e a necessária
estabilidade fiscal do médio prazo — disse Dilma, sendo vaiada pela
oposição.
Dilma fez
questão de dizer que a CPMF terá caráter provisório. — A CPMF é provisória. Aqueles que são contrários à CPMF afirmam que
a tributação tem crescido — afirmou.
Um boneco inflável com a
caricatura do ex-presidente Lula com roupa de presidiário também foi apresentado por
parlamentares no plenário. Diante das reclamações, a presidente continuou
lendo, mas demonstrou certo nervosismo nas linhas seguintes.
Ao iniciar seu
discurso, Dilma Rousseff disse que é preciso ter uma "parceria com o Congresso" e prometeu
adotar um limite para os gastos públicos e ainda uma meta fiscal flexível.
Dilma ainda defendeu a reforma da Previdência. — Vamos apresentar uma proposta exequível para todos os brasileiros.
Não vamos e não queremos retirar qualquer direito dos brasileiros e das
brasileiras — disse Dilma.
E
destacou várias vezes o apoio do Congresso. - Conto sempre com a parceria do Congresso para
alcançar patamares mais altos. Queremos dar sequência à estabilização fiscal e
assegurar a retomada do crescimento. Esses não são contraditórios, controle
fiscal e equilíbrio Queremos construir com o Congresso, mais uma vez, uma
agenda — disse Dilma.
A
presidente disse que essa agenda servirá para uma “transição” do ajuste fiscal para uma
reforma fiscal, com o objetivo de dar sustentabilidade. — Vamos
propor reformas que altere a taxa de crescimento das nossas despesas primárias.
Um limite para o crescimento do gasto primário do governo, para dar mais previsibilidade fiscal e qualidade do gasto.
Ao
chegar, Dilma foi recebida pelos presidentes da Câmara e do Senado, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) e Renan Calheiros, e pelo presidente do Supremo Tribunal
Federal, Ricardo Lewandowski. Dilma foi cercada de políticos de diversos
partidos da base e até mesmo alguns da oposição no caminho entre a rampa do
Congresso e o plenário da Câmara. A presidente cumprimentou muitos
parlamentares com beijinhos e, já dentro do plenário da Câmara, ouviu-se um
reduzido grupo de deputados da oposição falarem :"Fora, PT", em baixo tom de voz. Alguns seguravam
cartazes com o dizer: "Xô,
CPMF".
No momento em que Dilma subia à
Mesa da Câmara, aplausos fracos se
misturaram a vaias discretas. Ao passar pelo Salão Verde, recebeu aplausos de
um grupo de servidores da Casa, mas também foi alvo de
uma pequena vaia e de gritos de "Fora, Dilma". Uma moça chamada
Kelly Cristina, de 29 anos, ficou escondida num corredor a poucos metros de
onde a presidente passava. Ao começar a gritar, os seguranças fecharam as
portas do corredor, o que abafou a manifestação.
A presidente foi vaiada
mais uma vez ao falar da proposta de utilizar recursos do FGTS para turbinar os
empréstimos consignados. Neste
momento, ela citou a proposta de utilização de parte do saldo e da multa como
garantias em empréstimos. Ela disse que
os bancos públicos e o FGTS têm liquidez para essas operações. Também citou o
aumento de 11,37% do salário mínimo, fixado em R$ 880.
Em
contrapartida, foi aplaudida ao pedir apoio do Congresso para o combate ao
vírus zika. — Não faltarão recursos para
que possamos reverter a epidemia do zika vírus. será uma das prioridades deste
ano para a qual conto com o Congresso — disse Dilma, afirmando que haverá
campanha de combate ao mosquito no dia 13 de fevereiro e com 220 mil de
militares das Forças Armadas.
Ela defendeu indiretamente a
questão de leniência. Ela afirmou
que as pessoas precisam ser punidas, as empresas, mas que é preciso preservar
empregos.
No
momento em que Dilma falava sobre o vírus da zika e a microcefalia decorrente
da picada do mosquito, a deputada Mara
Gabrilli (PSDB-SP) interrompeu o discurso
presidencial perguntando sobre o que o governo fará para ajudar as crianças que
estão nascendo e nascerão com deficiências decorrentes do zika. Mara é
cadeirante e defensora da Lei Brasileira de Inclusão.
A presidente parou uns
instantes seu discurso para ouvi-la e respondeu: — Você pode nos dar muito boas ideias — disse Dilma, olhando para a
deputada. [Dilma foi falsa na resposta. É
público e notório que as aborteiras assassinas – uma delas a ministra das
Mulheres, Eleonora Menicucci, conhecida como ‘vó do aborto’ e com experiência
em auto aborto – estão recebendo integral apoio da presidente para convencer as
mães que contraíram ZIKA durante a gravidez a realizar aborto.]
MINISTRO
CRITICA VAIAS
O
ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, lamentou ao chegar ao Congresso a
decisão da oposição de fazer manifestações. —
Fica feio para quem faz. Mas o jogo da democracia é esse e tem que ser jogado
sempre. Não vou reclamar. Mas a democracia tem regras que não precisam ser
rasgadas, quebradas — disse Jaques Wagner ao GLOBO.
Ele disse que ficou sabendo dos cartazes quando chegou ao
Congresso e que a presidente Dilma não teria sido informada antecipadamente.
Fonte: O Globo
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