Pastor afirma ser contra união
homoafetiva e ataca uma das bandeiras da própria pasta
Em meio à crise financeira que
atinge o estado, o secretário
estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, pastor Ezequiel Teixeira, abre o verbo para atacar uma das principais
bandeiras da própria pasta. Em entrevista para explicar as razões do fechamento de quatro centros de assistência à
população LGBT e da suspensão do serviço de teleatendimento, ele discorre sobre sua posição contra o
casamento homoafetivo.
Afirma ainda acreditar na
cura gay — o pastor compara a
homossexualidade a doenças como Aids e câncer. E fala de suas posições como
se respondesse à surpresa que elas causam nas pessoas pelo fato de ele ocupar o
cargo de secretário da área. Considerado um sucesso desde que foi desenvolvido
a partir de 2007, o projeto Rio Sem
Homofobia, que está praticamente sem funcionar e já demitiu 78 pessoas desde
janeiro, é subordinado à sua pasta.
— Poxa, o senhor crê na cura? Eu creio,
plenamente. Eu não creio só na cura gay, não. Creio na cura do câncer, na cura
da Aids... Sabe por quê? Porque eu sou fruto de um milagre de Deus também —
compara o secretário, para, depois de ser questionado, rechaçar que considere a
homossexualidade uma doença. — Mas creio
que todo mundo pode receber uma transformação, uma mudança.
Apesar da forma contundente com que fala sobre o assunto, ele nega que o fato de ser um dos fundadores da igreja evangélica Projeto Nova Vida e que seus valores religiosos influenciem suas ações na pasta. Deputado federal filiado ao Partido da Mulher Brasileira (PMB), Ezequiel garante não ter a intenção de adotar na secretaria qualquer tipo de programa para a “cura gay”.
Afirma
que dará continuidade ao Rio Sem Homofobia e que tomará decisões de acordo com
as orientações do governo estadual. Para ele, não há
qualquer constrangimento pelo fato de ocupar a secretaria que tem, em seu
guarda-chuva, a principal
política LGBT do estado. Mas, ao responder a críticas feitas anteontem pelo
coordenador do Rio Sem Homofobia, Claudio Nascimento, sobe o tom. — Os incomodados que se mudem. Eu estou aqui
e bem. Quem é o secretário? Se está desconforme com o secretário, o que vou
fazer? Eu não o poderia ter exonerado? Eu exonerei várias pessoas... Estou
tentando caminhar — afirma, antes de destacar que, ao ser escolhido para o
cargo, suas posições pessoais já eram conhecidas. — Fui eleito com essas convicções. Fui convidado para estar aqui. E
todos que me chamaram sabiam das minhas convicções. Até porque eu tenho
convicção, mas respeito todos os outros que não têm a mesma que a minha.
O secretário diz também se sentir
vítima de intolerância, por ser identificado apenas por sua trajetória como pastor. Ele chega
a lembrar que “intolerância é crime no
Brasil”. Anteontem, diante do fechamento dos quatro centros de Cidadania
LGBT do estado e da interrupção do Disque Cidadania LGBT, Claudio Nascimento tinha apontado uma incompatibilidade
política e ideológica entre o secretário e os objetivos do Rio Sem Homofobia.
Ezequiel atribui a
interrupção dos serviços à crise no estado. Segundo ele, são cerca de 230 funcionários
terceirizados da secretaria com salários atrasados, 78 deles do Rio Sem
Homofobia, que ainda não receberam os pagamentos de setembro a dezembro, além
do 13º. De acordo com o pastor, a situação deve começar a se regularizar a
partir do fim deste mês.
Ainda não há prazo, porém, para a
renovação do contrato com a Uerj pelo qual era feito, até o fim do ano passado, o
pagamento dos técnicos do programa de combate à homofobia. O secretário afirma
que um parecer da Procuradoria Geral do Estado apontou erros no documento, que
foi reformulado e enviado para avaliação da reitoria da universidade.
Para 2016, Ezequiel prevê um
cenário de dificuldades na secretaria, com redução do orçamento (de R$ 625 milhões ano passado para R$ 466 milhões). O Rio Sem
Homofobia, porém, diz Ezequiel, terá mais recursos (de R$ 2,4 milhões para R$ 4,38 milhões). Ele ainda levanta
suspeitas de mau gerenciamento do dinheiro público no programa. E questiona, por exemplo, gastos de R$ 228
mil, ano passado, para a realização de uma cerimônia coletiva
de casamento homoafetivo. [este dinheiro gasto para
estimular a pouca vergonha da ‘bicharada’, faz falta para a SAÚDE PÚBLICA,
SEGURANÇA PÚBLICA e EDUCAÇÃO.
São quase cinco milhões para a
bicharada.
E a cura gay é eficiente. Vejamos: a
GAYZICE é o resultado da pouca vergonha com doença.
No tratamento físico os portadores do
homossexualismo levam alguns sopapos o que ajuda a reativar a vergonha e com
isso a doença some. ]
Declarações que provocaram a
reação de Nascimento. Segundo o coordenador, ele segue no programa por um
compromisso assumido com o governador Luiz Fernando Pezão. E diz que “os incomodados nem sempre devem se
mudar, porque é necessário ficar para que algo mude”. — A frase (do
secretário) só mostra a dificuldade dele
de lidar com as diferenças e contradições — afirma, rebatendo também a
acusação de má gestão. — A cortina caiu.
Isso só demonstra que, na verdade, ele estava esperando o momento para fazer
esse tipo de luta política com golpe abaixo da cintura. Ao fazer esse ataque, o
leão mostra os dentes.
Ao
justificar suas ressalvas a Ezequiel na secretaria, Nascimento diz que leva em
conta suas posições enquanto deputado. —
Ele se utilizou da atuação legislativa para impor valores religiosos.
Fonte: O Globo
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