Nada mudará o fato doloroso de que o choque do LaMia 2933 com a Cerro
Gordo, montanha nos arredores de Medellín, extingui 71 vidas.
Do barulho
de tantas mortes, porém, não irrompeu somente a dor que dilacera
aqueles que permanecem. O luto que se seguiu não foi silencioso,
solitário. Não se definiu pelo chorar consternado e perplexo de quem
perdeu, abrupta e violentamente, alguém. Não. Foi um luto
verdadeiramente coletivo – de um time, de um esporte, de uma cidade, de
uma nação. De duas nações. De todos nós.
Veja VÍDEO: Chapecó em luto
Ouviu-se esse luto solidário no
uníssono dos milhares de vozes que preencheram o Estádio Atanasio Girardot,
em Medellín, no dia seguinte ao desastre: “Ê, vamos, vamos, Chape, ê!”.
Repetidas vezes. Pulmões unidos por igual sentimento cantavam às
lágrimas na Arena Condá, em Chapecó.
Por alguns instantes, o mundo inteiro parecia um estádio que torcia
pelo mesmo time. E, num breve triunfo da vida sobre a morte, na mais
bonita das homenagens que a memória daquelas 71 almas poderia receber,
tudo o que pulsa de mais humano sustentava-se num cântico de futebol.
Vamos, vamos, Chape.
Fonte: Revista Época
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