Em uma mudança de postura, os Estados Unidos se abstiveram e não usaram o poder de veto para barrar a resolução contra o seu aliado histórico
O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta sexta-feira uma
resolução que condena e pede o fim dos assentamentos israelenses em
território palestino. Aliado histórico de Israel, os Estados Unidos se
abstiveram e não usaram o seu poder de veto para barrar a medida.
A postura dos americanos, sempre favoráveis a Israel em
ações nas Nações Unidas, representa uma mudança e marca mais um (talvez o
último) capítulo nas tensas relações entre Barack Obama e o premiê
israelense Benjamin Netanyahu.
A resolução foi apresentada no conselho de 15 membros para
votação nesta sexta por Nova Zelândia, Malásia, Venezuela e Senegal, um
dia depois de o Egito a retirar, sob pressão de Israel e do presidente
eleito dos EUA, Donald Trump. Com a abstenção dos EUA, a medida passou,
sob aplausos, com 14 votos. [Donald Trump precisa levar em conta que Israel não tem direito divino sobre terras que não lhe pertencem e entender que apesar da irrelevância da ONU, a medida procura mitigar um erro cometido pela própria ONU quanto teve como presidente de uma Assembleia Geral um brasileiro - correção esta dentro de limites que respeitem os direitos dos palestinos e israelenses e impeçam o expansionismo de Israel.
Manter esta decisão - que só pode ser revogada por uma outra e qualquer projeto de revogação, mesmo que apoiado pelos Estados Unidos, pode ser vetado por um dos membros do Conselho de Segurança - seja a oportunidade da ONU recuperar um pouco do que ainda lhe resta de relevância.]
“O problema dos assentamentos cresceu tanto que está
ameaçando a solução de dois estados”, disse a embaixadora dos EUA na
ONU, Samantha Power, ao comentar a aprovação da resolução. A postura dos
americanos na votação irritou o governo israelense e um dos ministros
de Netanyahu afirmou que os EUA “abandonaram seu único amigo no Oriente
Médio”.
No Twitter, o presidente eleito dos EUA se limitou a afirmar que, a partir de sua posse, “as coisas vão ser diferentes” na ONU.
Resposta de Israel
O governo de Israel reagiu duramente à decisão do Conselho
de Segurança e assegurou que não vai cumprir a ordem. “Israel condena
essa resolução da ONU, vergonhosa e anti-israelense, e não irá cumprir
seus termos”, afirmou Netanyahu em um comunicado no qual ataca Obama
diretamente.
“Em um momento no qual o Conselho de Segurança não faz nada
para conter o massacre de meio milhão de pessoas na Síria, ataca vergonhosamente a única verdadeira democracia do Oriente Médio, Israel”,
afirma a nota divulgada por Netanyahu. “O governo Obama não só
fracassou era proteger Israel contra essa conspiração na ONU, mas
confabulou com ela em segredo. Desejamos trabalhar com o presidente
eleito (Donald) Trump e com todos nossos amigos no Congresso, tanto
republicanos como democratas, para anular os perniciosos efeitos dessa
absurda resolução”, completou.
Fonte: Reuters
Premier e presidente de Israel reagem à resolução da ONU contra assentamentos
Netanyahu chama decisão de 'tendenciosa e vergonhosa' e diz que cortará financiamento à entidade
[Em inescrupulosa chantagem, Israel tenta sufocar financeiramente a Organização das Nações Unidas.
As decisões da ONU tem que ser cumpridas pelos Estados membros e os que se recusarem a tanto podem até ser expulsos da Organização.]
Depois da decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra a
construção de assentamentos na Cisjordânia, o primeiro-ministro
israelense, Benjamin Netanyahu, reagiu energicamente contra a ONU e os
Estados Unidos — o principal aliado Histórico de Israel se absteve da
votação, e não utilizou o poder de veto, que favoreceria a continuação
da política de colonização de Tel Aviv. Netanyahu afirmou que a
resolução é “um golpe anti-israelense, desonesto e vergonhoso” do qual
há que se colocar a culpa “no governo (Barack) Obama”, explicou, em
referência ao presidente americano. E que vai cessar todos os
financiamentos que faz à ONU. — A decisão que foi tomada é tendenciosa e vergonhosa, mas
superaremos. Isso precisará de tempo, mas essa decisão será anulada —
afirmou Netanyahu numa cerimônia em celebração à festa judaica Hanukkah,
que foi transmitida pela TV israelense.
“Vergonhosa” foi a palavra mais repetida pelo premier durante seu discurso.
— A decisão não só não ajuda a fazer a paz, mas também impede a paz —
ressaltou Netanyahu em relação às negociações com palestinos.
A resolução, aprovada por 14 dos 15 membros com direito a voto do
Conselho de Segurança, pede que Israel “cesse imediatamente e
completamente todos as atividades de assentamentos nos territórios
ocupados palestinos, incluindo Jerusalém Oriental” e que os dois povos
voltem à mesa de negociações. Segundo o texto, o estabelecimento das
colônias “não tem valor legal e constitui uma flagrante violação sob a
lei internacional”. A decisão do Conselho de Segurança poderia fazer com
que a promotoria do Tribunal Penal Internacional avançasse num exame
preliminar para uma investigação sobre os assentamentos.
NEGOCIADOR PALESTINO COMEMORA
Netanyahu disse
que deu instruções ao Ministério das Relações Exteriores para que revise
em um mês “todos os compromissos de Israel com a ONU, incluindo o
financiamento por parte de Israel de organismos das Nações Unidas e a
presença em Israel de representantes da ONU”.
— Já determinei o bloqueio de 30 milhões de shequels (R$ 25,5
milhões) que eram destinados a cinco instituições da ONU, cinco
organismos particularmente hostis a Israel. E ainda farei mais — afirmou
o premier.
Já o presidente israelense, Reuven Rivlin, manifestou sua
contrariedade contra a votação da ONU pelo Twitter: “Essa decisão
vergonhosa não nos aproxima das negociações com os palestinos, mas torna
essa perspectiva ainda mais distante.” Em outro post, Rivlin
acrescentou: “Jerusalém é a capital eterna de Israel e assim
permanecerá. Não existe um organismo internacional com poderes para
revogar este estatuto.”
Jerusalém é considerada cidade sagrada tanto por judeus, quanto por
palestinos, que também reivindicam a parte oriental da cidade como
capital de um futuro estado palestino. O negociador chefe da Organização
pela Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat, celebrou a decisão da
ONU: — É uma vitória para o direito internacional, uma vitória para a
negociação civilizada e uma rejeição total às forças extremistas em
Israel.
Ao jornal “Jerusalém Post”, uma fonte diplomática israelense, sem se identificar, foi ácida na crítica aos EUA: — Este é o último golpe do presidente Obama, um ato que revelou o
verdadeiro rosto do governo Obama. Agora, o mundo pode ver o que
enfrentamos nos últimos oito anos. [sempre bom lembrar que quando Israel se sente prejudicado por qualquer decisão desfavorável aos seus interesses, encontra um pretexto para revidar bombardeando civis palestinos na Faixa de Gaza.
Fica a pergunta: quando Israel começará a bombardear a Faixa de Gaza, usando modernos aviões contra civis armadas com pedras?]
Fonte: O Globo
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