Por Ricardo Noblat
Governo da morte
Se o presidente da República defende o acesso irrestrito à posse de
armas, se para ele bandido bom é bandido morto, e a tortura um método
legítimo de se obter informações, por que policiais militares não podem
gritar versos pedindo a decapitação de criminosos? Podem, sim, como fizeram na semana passada diante do governador do Pará
Helder Barbalho (PMDB), que a tudo ouviu calado. No caso do Rio,
estimulados pelo governador, podem até atirar do alto de helicópteros na
cabecinha de bandidos armados com fuzis.
Se o presidente da
República defende pelo bem do Brasil que empresas de mineração possam
explorar riquezas em áreas indígenas [áreas que estão 99,9% ociosas - sendo que os índios são os maiores latifundiários do Brasil.], por que garimpeiros não podem ser
os primeiros a chegarem por lá mesmo que à custa da morte dos que
oferecerem resistência às invasões? Há 10 dias, tombou um
cacique no interior do Amapá. A Polícia Federal foi investigar e não
encontrou marcas de que ele tenha sido morto por invasores de terras.
[a PF está acima de qualquer suspeita e não encontrou nenhum indício da existência de invasores, que alguns índios dizem ter visto.] Seu corpo foi exumado com base na informação de que ele levou um tiro e
teve os olhos furados. Uma barbaridade.
Se o presidente da
República acha que o meio ambiente não está a perigo e que essa história
de aquecimento global não passa de uma balela, por que ele haveria de
se preocupar com o desmatamento galopante da Amazônia medido em tempo
real por satélites? É tudo mentira! A
Amazônia vai bem, obrigado, e tanto que o capitão convidou o presidente
da França e a primeira-ministra da Alemanha para sobrevoá-la e conferir.
Só não se reuniu para discutir o assunto com o chanceler francês em
visita ao país porque tinha que cortar o cabelo. [o mesmo não se pode dizer das florestas destruídas por países industrializados e que agora se julgam, apoiados com ONGs que não merecem crédito, com moram para impor regras ao Brasil sobre Meio Ambiente.
Não cuidaram de suas florestas e agora querem obrigar o Brasil a seguir regras que eles desprezaram.
Aqui, você pode confirmar que nossa matriz energética é 85%, 86% de energia limpa e renovável, enquanto o resto do mundo tem apenas 25%.]
Por fim, e como o
presidente disse antes de se eleger e repete desde que tomou posse: se é
necessário destruir tudo que foi feito de errado para só depois se
começar a construir, não é exatamente o que faz o seu governo há mais de
sete meses? Seja franco! Temos um governo da
morte, como se vê, mas coerente, e que cumpre ao pé da letra o que
prometeu. Se não for capaz de em apenas quatro anos derrubar e levantar
um novo país, é natural que queira mais quatro. E – quem sabe? – depois
mais quatro.
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