Bruno Boghossian
Petista se distancia de líderes de esquerda que criticaram o ditador venezuelano
Lula soltou um "peraí" quando lhe perguntaram se Nicolás Maduro era um
democrata. Numa entrevista há duas semanas, o petista se negou a
comentar os atos de repressão registrados no país vizinho. Disse apenas
que o venezuelano foi eleito democraticamente e que agiu de modo
democrático por não ter prendido seu principal opositor.
[É arriscado esquecer uma serpente - uma serpente, uma cobra venenosa, um réptil asqueroso e traiçoeiro é o que Lula é, segundo suas próprias palavras, uma jararaca - esquecemos o multicondenado petista.
Hoje lembramos do petista, devido uma matéria que faz referência a Ali Babá, e por respeito a nossos dois leitores decidimos publicar este post, dedicado a um marginal, porém oportuno.]
A hesitação indica que o ex-presidente continua amarrado às velhas
alianças ideológicas da região. Lula não chama Maduro de democrata, mas
se recusa a condenar os abusos do regime e a encarar o autoritarismo com
o devido repúdio. Nove anos após deixar o poder, o petista se distancia de líderes de
esquerda que fizeram críticas categóricas ao governo venezuelano. O
uruguaio José Mujica já declarou que ali opera uma ditadura. A chilena
Michelle Bachelet liderou a produção de relatórios da ONU sobre a
violação de direitos humanos na Venezuela.
Lula se esquivou de fazer algo semelhante ao menos duas vezes na
entrevista publicada pelo UOL. Quando os repórteres quiseram saber se
ele considerava Maduro um democrata, o petista afirmou que o venezuelano
vencera eleições, mas deixou de apontar que o regime limita a atuação
de opositores no país. Numa solidariedade cega ao chavismo, o ex-presidente fugiu pela tangente
outra vez com uma crítica ao embargo comercial à Venezuela liderado
pelos EUA. "Não dá para a gente fazer crítica ao Maduro e não fazer
crítica ao bloqueio", disse. Ele poderia ter atacado ambos, mas preferiu
ficar só com o segundo item.
A titubeação diante de uma ditadura de esquerda cobre o petista de um
mofo antidemocrático. O comportamento deteriora o debate público num
momento em que a oposição denuncia os avanços autoritários de Jair
Bolsonaro no Brasil. Quando ocupava o Planalto e viajava para se reunir com ditadores, Lula
dizia que não se podia ter preconceito com líderes de outros países. Na
Venezuela, o tempo dos prejulgamentos já passou, mas o petista ainda
prefere ignorar os fatos.
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