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quarta-feira, 18 de novembro de 2020

"O Brasil continua conservador. O Psol não afeta essa percepção" - Alexandre Garcia

 Correio Braziliense

 ''A narrativa da polarização e radicalismo não resiste à demonstração das urnas. O país continua conservador. O extrema-esquerda Psol, no páreo em São Paulo e Belém, não afeta essa percepção''

Atrasou um pouquinho, mas, no dia seguinte, já tínhamos os resultados da nossa eleição. Alguns se impacientaram, ficaram desconfiados, porém, em apuração, ganhamos dos americanos, que, duas semanas depois, ainda não têm resultado definitivo. Aqui, no entanto, também tivemos uma denúncia gravíssima, feita por um presidente, o do TSE. O supercomputador do TSE foi atacado, e ele suspeita de uma conspiração contra o nosso voto, com vistas a uma ditadura. Seríssimo. E, mesmo com o fique em casa, apenas 23% de abstenções — um pouco acima dos 17,58% da última eleição municipal. Foi uma demonstração de civismo por parte do eleitor, a quem as autoridades ainda devem explicações sobre a segurança do processo e esse possível atentado.
 
 Na cidade da fundação do PT, São Paulo, e no berço do lulismo, São Bernardo do Campo, a eleição confirmou a queda do partido como representante da esquerda. Em São Paulo, Psol no segundo turno mostra que partidos de extrema-esquerda e ideológicos estão substituindo a esquerda fisiológica em que se transformou o PT, como demonstrou a Lava-Jato. Na anterior eleição municipal, o PT só ganhou uma prefeitura de capital, Rio Branco. Naquela eleição, foi reduzido a 254 prefeituras; agora baixou para 189. Hoje, depende do segundo turno em Vitória e no Recife. E o PP acabou levando a maior parte das prefeituras do Nordeste, grande reduto petista. 
 
Resistentes, o MDB continua com o maior número de prefeituras e o DEM teve excelente desempenho em Salvador, Curitiba, Florianópolis e no Rio de Janeiro. Bons prefeitos foram reeleitos. O de Porto Feliz, Dr.Cassio Prado, com 92% dos votos, provou que o tratamento precoce contra a covid também dá resultado nas urnas. O presidente Bolsonaro, prevendo alianças futuras com partidos em disputa na campanha, como o PP e o PSD, evitou se envolver, mas seu candidato Crivella, no Rio, vai ter de enfrentar o favoritismo de Eduardo Paes. E, em São Paulo, seu preferido Russomano, de bom desempenho em obras sociais, foi apático na campanha e se diluiu.
 
A narrativa da polarização e radicalismo não resiste à demonstração das urnas. O país continua conservador. O extrema-esquerda Psol, no páreo em São Paulo e Belém, não afeta essa percepção. A pesquisa CNT/MDA, em 25 estados, divulgada em fins de outubro, antecipa as urnas do dia 15. Os que se declaram direita são 27,7%; esquerda, 11%. Somando os que se declaram centro (17%) aos centro-esquerda (2,7%) e centro-direita (4,3%), temos 24% balançando no centro e 32,25% que se definem conforme as circunstâncias. Não dá para chamar isso de polarização. As urnas mostraram, sim, diversidade na política.
 
Alexandre Garcia, jornalista - Correio Braziliense
 
 

 

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