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sexta-feira, 20 de novembro de 2020

O custo da pirraça – O Estado de S. Paulo

Opinião

Como sempre, Bolsonaro tentou transferir uma responsabilidade que é majoritariamente de seu governo. 

E ainda tratou países europeus como receptadores de produtos roubados.  

O presidente Jair Bolsonaro usou a mais recente cúpula do Brics para atacar os países europeus que criticam a política ambiental de seu governo. [Bolsonaro criticou os países europeus por comprarem produtos brasileiros provenientes de desmatamento 'ilegal' - desmatamento que criticam.
Os europeus são tão pretensiosos, para dizer o mínimo, que querem que o Brasil combata o desmatamento, impeça que produtos do desmatamento ilegal seja impedidos de embarcar para a Europa. 
A filosofia vesga deles é que se o Brasil não impediu o embarque, a mercadoria chegou, eles podem comprar e receber o produto sem restrições.
Esquecem aqueles senhores e as Ong's vendidas que os apoiam, bem como os especialistas em nada que malham o Brasil, que a melhor forma de combater um comércio ilícito (seja de madeira, de drogas, etc) é controlando a demanda.
Se os presidentes franceses, alemães, etc, apreendessem e confiscassem as cargas ilegais após ingressarem em suas águas territoriais, seria  perda total para o comprador e/ou vendedor que desistiriam de embarcar cargas para a Europa. E os navios empregados no transporte ilícito seriam apreendidos e obrigados ao pagamento de uma multa milionária.]
Não eram nem a hora nem o lugar apropriados para isso, mas Bolsonaro jamais se preocupou com esses detalhes protocolares que regem a relação civilizada entre os países, especialmente quando se trata de exercitar sua diplomacia da pirraça. No entanto, é difícil saber que interesses do Brasil foram defendidos por Bolsonaro quando este, em seu dialeto peculiar e claramente de improviso, decidiu denunciar “países que tenham importado madeira de forma ilegal da Amazônia”, ressaltando que “alguns desses países são os mais severos críticos ao meu governo tocante a essa Região Amazônica”.

A manifestação de Bolsonaro, em lugar de aplacar as críticas, prejudica ainda mais o Brasil. Expõe a precariedade da fiscalização e da aplicação da lei sobre a extração de madeira, acentuada durante o atual governo – que trata a preocupação ambiental como entrave ao “progresso”. Em primeiro lugar, a maior parte da madeira extraída da Amazônia, cerca de 90%, é vendida no próprio mercado brasileiro. Ou seja, o problema é majoritariamente local e demanda uma ação firme das autoridades daqui mesmo, e não de outros países, para combater os madeireiros ilegais. Em segundo lugar, foi o próprio governo de Bolsonaro que afrouxou a fiscalização e as exigências burocráticas sobre o comércio de madeira, o que facilitou sobremaneira a exportação irregular. [o presidente Bolsonaro e nenhum brasileiro devem explicações a governos estrangeiros sobre o que é feito dentro do Brasil com a madeira brasileira; quanto à madeira que vai para o exterior, impedir que ela ingresse em seus países é responsabilidade das autoridades do país em que ocorra o indesejado ingresso.

Se um determinado cidadão ou empresa, no Brasil ou em qualquer país do mundo, precisa de um determinado produto o natural é que se dirija a um fornecedor. No percurso constata que um fornecedor do produto desejado está sendo furtado e recebe de um dos ladrões a oferta para comprar o produto e aceita, ele comete um crime.

E não vai adiantar nada que ele argumente em sua defesa que o dono legítimo do produto foi furtado por não cuidar adequadamente de sua guarda e manuseio. Só que na ótica dos inimigos do Brasil - aos maus brasileiros de sempre se junte os presidentes dos países coniventes com os criminosos - se tratando de malhar o presidente Bolsonaro vale tudo.

Quanto ao parágrafo abaixo, perguntamos: será que o Brasil para adequar sua legislação interna tem que ouvir outros países? Eles que façam sua legislação de acordo as conveniências de seus cidadãos e os entendimentos que entendam pertinentes = não cuidaram de suas florestas e agora querem cuidar das do Brasil; querem que o Brasil controle a entrada em solo estrangeiro de mercadorias que eles reputam ilegais. ]

Os países importadores de madeira brasileira não têm como saber se o produto que estão comprando com papelada aparentemente em ordem é ilegal. Nenhuma tábua entra em navio sem documentação oficial do governo brasileiro, emitida pelos órgãos fiscais e ambientais competentes. Em março passado, o governo Bolsonaro eliminou a exigência de autorização específica para a exportação. Desse modo, ficou mais fácil “esquentar” madeira extraída de forma criminosa, sobretudo em reservas ambientais e indígenas. Estima-se que 90% da madeira exportada pelo Brasil possa ser, na prática, ilegal.

Essa é precisamente uma das principais razões pelas quais vários países europeus vêm pressionando o Brasil a melhorar seus controles sobre o desmatamento. Em quase todo o mundo, mas particularmente na Europa, os consumidores cobram de seus governos que só autorizem a compra de produtos de outros países se houver certeza de que sua produção envolveu as melhores práticas ambientais. [o que os consumidores estrangeiros pensam ou deixam de pensar não importa ao Brasil - caso boicotem produtos brasileiros, especialmente os não alimentícios, retaliaremos com restrições na venda de alimentos. Eles que deixem com o governo do Brasil - NAÇÃO SOBERANA - a criação de normas para exportação de produtos brasileiros e cuidem os estrangeiros de sua legislação para importação.No caso da madeira brasileira, em razão da leniência do governo em relação aos madeireiros, a desconfiança é crescente.

Assim, se o interesse de Bolsonaro fosse mesmo melhorar a imagem do Brasil e calar os críticos, o primeiro passo seria acionar a máquina do Estado, que ele comanda, para fazer valer a legislação ambiental brasileira, que é exemplar. Em lugar disso, preferiu, como sempre, transferir a terceiros uma responsabilidade que é majoritariamente de seu governo. E ainda tratou países europeus, importantes clientes da indústria e da agricultura brasileiras, como receptadores de produtos roubados.

Sugerir que países como Alemanha e França são cínicos ao criticar a política ambiental do Brasil enquanto compram madeira ilegal é tão imprudente quanto inútil, razão pela qual a única serventia do discurso improvisado de Bolsonaro no Brics só pode ter sido a de excitar os camisas pardas bolsonaristas nas redes sociais, tristonhos com a surra eleitoral que seu líder levou no domingo passado.

O resultado prático da bravata bolsonarista é que provavelmente as exigências europeias para autorizar a compra de madeira brasileira, que hoje já são bastante duras, ficarão muito mais rigorosas, reduzindo o mercado para os madeireiros que trabalham dentro da lei e que têm nas exportações seu principal ganho em valor agregado. Atabalhoado como sempre, o presidente colocou no mesmo patamar empresários corretos e desmatadores criminosos. Dessa confusão, Bolsonaro espera extrair dividendos políticos – e o faz, como sempre, à custa do País.[fechando: medidas duras geram medidas duras; o princípio de a cada ação corresponde uma reação não se limita a manter os aviões a jato no ar - tem outras utilidades, entre elas a de amolecer governos estrangeiros que se intrometem nos assuntos de outros países.]

Opinião - O Estado de S. Paulo

 

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