Análise Política
Proteger
não significa necessariamente garantir 100% de proteção. E aí abre-se a
brecha para as polêmicas. O Brasil faz campanhas de vacinação desde
sempre, e nunca, como agora, ficamos por aqui discutindo se tal vacina
tinha tantos porcento de eficácia. Íamos vacinar e ponto final. Será uma
conquista se essa cultura for algum dia retomada. Não devemos perder a
esperança de reconquistar a racionalidade que um dia tivemos para
assuntos da saúde pública.
Sobre a vacinação
contra a Covid-19, está evidente (já estava) que a velocidade é
fundamental. Ela depende de 1) ter vacina, 2) ter uma estrutura veloz de
vacinação e 3) as pessoas quererem vacinar-se. O terceiro ponto está
progredindo de modo importante, dizem todas as pesquisas. Conforme a
doença avança e há vacinas disponíveis, o ceticismo dá lugar ao
pragmatismo em boa parte dos que lá atrás diziam não estar dispostos a
vacinar-se.
O segundo ponto tem estado
prontinho, e funcionando. O fator limitante continua sendo o primeiro, o
número de vacinas. O Brasil até que vai bem, ainda mais considerado o
fato de não ser produtor primário de imunizantes. Mas poderia estar
melhor. Se tivesse aprovado rapidamente todas as vacinas que poderia
aprovar. O caso mais conhecido é a Sputnik V. Mas não só. Na guerra
comercial e geopolítica em torno das vacinas, a primeira vítima são as
vítimas da Covid-19.
A Comissão Parlamentar de
Inquérito no Senado teve foco lá atrás em pressionar a favor de acelerar
a vacinação. Agora está mais concentrada em apurar eventual corrupção.
Sempre algo importante. Mas será uma pena se abandonar aquele ímpeto
inicial a favor da vacinação, e portanto da vida.
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político
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