Desinformação e erros da Convenção Constitucional explicam derrota, e agora governo terá que negociar com a oposição como substituir Constituição herdada de Pinochet
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A aliança de governo deverá encarar uma provável reforma de Gabinete e uma inevitável negociação com a direita. Tudo isso, num contexto de desgaste da imagem presidencial. O panorama é preocupante para o Palácio de la Moneda, e alguns analistas em Santiago admitem que a violência poderia voltar às ruas do país.
Chilenos rejeitam por ampla margem nova Constituição com viés de esquerda
Como se chegou até aqui? Erros na comunicação, tanto do governo quanto da agora desativada Convenção Constitucional, desinformação, pouca autocrítica e demora em reconhecer os erros cometidos no processo. Os quatro fatores explicam, nas palavras da advogada Tammy Pustilnick, uma das independentes que integrou a Convenção, a crônica de uma derrota anunciada por todas as pesquisas que circularam nas últimas semanas. Ontem, senadores socialistas lembravam em redes sociais que “nós avisamos, e não nos ouviram”. Está claro que o até agora expressivo poder do poder do Partido Comunista, parte da coalizão de Boric, será questionado.
Numa fala sincera e angustiada, Tammy, mãe de dois filhos pequenos e uma das poucas integrantes da Convenção Constitucional que recebeu elogios da mídia e dos opositores do projeto, admitiu que está exausta e que os chilenos precisam, desesperadamente, de certezas. Ela lamentou que o conteúdo do projeto não tenha sido bem e detalhadamente explicado à sociedade. Até a véspera da votação, pessoas lhe perguntavam se a propriedade privada estava em risco e até mesmo se poderiam continuar indo à igreja. Houve ataques descontrolados e falhas graves.
A campanha de desinformação promovida pelos defensores da rejeição ao projeto foi feroz, na mídia e, principalmente, em redes sociais. Mas os erros dos defensores da aprovação também foram grandes. Isso fez, concluiu Tammy, que muitos chilenos tenham votado com medo e favorecido um resultado que está na contramão do que quase 80% dos que participaram no plebiscito a favor de uma nova Constituição demandaram. Uma consulta popular que foi possível graças à onda de manifestações que sacudiu o país em 2019.
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