Vozes - Paulo Polzonoff Jr.
"Ensina-me, Senhor, a ser ninguém./ Que minha pequenez nem seja minha". João Filho.
Fama infame
A vida de Pedrinho Matador vai virar documentário e série.| Foto: Reprodução/ Twitter
Segundo dia do exercício de concisão. Sou disciplinado, nas não muito. Sinto falta dos floreios. De passar o pé por cima da bola. Dos adjetivos em profusão. Mas agora chega de enrolar porque vou falar de Pedrinho Matador, mais um bandido brasileiro cuja vida desgraçada, uma vida que tanto sofrimento causou, será glorificada por meio de um documentário e uma série.
Assim que me sopraram a notícia de que havia um novo psicopata super star na área, me lembrei imediatamente da foto de uma vitrine de livraria (abaixo). Em destaque, três livros sobre criminosas. Sobre Elize Matsunaga, “a mulher que esquartejou o marido”; sobre Suzane [von Richtofen], “assassina e manipuladora”; e sobre Flordelis, “a pastora do diabo”. Se estavam ali em destaque é porque havia quem comprasse. E lesse.
Enquanto isso, heróis brasileiros como a professora Heley de Abreu, que salvou 25 crianças de um incêndio criminoso numa creche em 2017, ou como o morador de rua Francisco Erasmo Rodrigues de Lima, que salvou a vida de uma mulher feita refém na Praça da Sé, em São Paulo, permanecem convenientemente esquecidos pelos roteiristas e escritores.
Porque exaltar o bem dá trabalho. Exige humildade. Enquanto exaltar o mal qualquer tarantinozinho da vida faz.
Reprodução/ Twitter
Paulo Polzonoff Jr., colunista - Gazeta do Povo - VOZES
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