J. R. Guzzo
A calúnia de Lula
Insulto após insulto, decisão após decisão, o presidente Lula
tem conseguido se mostrar, em menos de 90 dias no governo, o chefe de
Estado mais irresponsável que o Brasil já teve desde a volta dos civis
ao governo deste país.
Já se mostrou, também, inepto – não consegue,
simplesmente, governar o Brasil com um mínimo de competência.
Gastou
todo o seu tempo até agora no ataque a inimigos imaginários e na
produção de fumaça demagógica; não tem a mais remota ideia a respeito de
como começar a resolver qualquer dos problemas que crescem todos os
dias bem na sua frente, mesmo porque não entende a natureza mais
elementar desses problemas.
Lula, agora, também deixou de fazer nexo no
que diz.
A impressão é a de que temos na Presidência da República um
homem que está em processo de perda acelerada do equilíbrio mental.
Seu
último surto, e o pior de todos os que já teve, foi a declaração
demente de que a operação policial que descobriu, num prazo recorde de
45 dias, um plano do PCC para assassinar o senador Sérgio Moro, o promotor Lincoln Gakiya e diversas outras autoridades era uma “armação” do próprio Moro.
“É visível que isso é armação do Moro”, disse ele. Lula fez o seguinte:
afirmou que o trabalho de 120 policiais da Polícia Federal, mais as
autoridades do Ministério Público de São Paulo e de órgãos de combate ao
crime organizado, é uma invenção de Sérgio Moro.
O trabalho policial
identificou imóveis alugados pelos criminosos nas vizinhanças da
residência do senador em Curitiba. Gravou conversas entre os criminosos.
Obteve vídeos feitos pelos bandidos para registrar a movimentação
física de Moro e seus familiares.
Descobriu um investimento de R$ 5
milhões no plano. Prendeu, por ordem judicial, uma dezena de pessoas.
Lula diz que tudo isso é “armação” de Moro – não um sucesso brilhante da
polícia que faz parte do seu próprio governo. Praticou calúnia em
público: acusou a Polícia Federal e o senador de um crime que não
cometeram.
Depois de dizer o que disse, como sempre acontece com ele,
quis se proteger – afirmou que não “queria acusar ninguém sem provas”.
Por que diabo acusou, então? Não faz sentido.
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O ataque a Moro, à PF e ao MP fica particularmente pior porque, momentos antes, Lula tinha cometido outra agressão alucinada contra Moro – disse que não iria sossegar enquanto não arruinasse a vida do ex-juiz, e que só tinha desejos de vingança contra ele.
Revelou que pensou essas
coisas na cadeia, mas e daí?
Por que fez questão de falar sobre elas
justo agora?
Lula, visivelmente, não está interessado em governar o
Brasil neste momento.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
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