Embaixada do Brasil em Lisboa recebeu e-mail com promessas de ataques com bombas às suas instalações e massacres de negros e brasileiros em áreas públicas, alegando que "Portugal é país de brancos para brancos"
Segundo documentos obtidos pelo Correio, a embaixada recebeu um e-mail com uma série de ameaças, inclusive com ataques em áreas públicas, contra brasileiros. A mensagem diz que “Portugal é uma terra de brancos e para brancos”.
Acrescenta, ainda, não há lugar, no país europeu, para “seres sub-humanos como indianos, nepaleses, marroquinos, muçulmanos, judeus, ciganos, negros, os malditos brasileiros e os LGBTQIAP+”. O autor da mensagem prometeu “purificar” o país e ameaçou “com uma série de atentados terroristas” se, dentro de 60 dias, o governo português não “expulsar todos os homossexuais, estrangeiros e não brancos”. A ameaça é de um “massacre numa zona frequentada por negros e zucas (como os portugueses se referem aos brasileiros)”.Em resposta ao embaixador brasileiro, o sub-diretor-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Queirós, disse que “todas as autoridades nacionais competentes foram devidamente alertadas para o conteúdo da mensagem, de modo a serem tomadas as medidas adequadas”.
Isso implica dizer maior segurança em regiões onde se concentram mais estrangeiros, em especial, brasileiros, que forma a maior comunidade de imigrantes em Portugal. Dados oficiais apontam que já são quase 350 mil os brasileiros vivendo legalmente em território luso. O Itamaraty calcula 400 mil cidadãos.A preocupação de Carreiro com as mensagens nazistas e xenofóbicas aumentou diante dos frequentes ataques sofridos por brasileiros em Portugal. Recentemente, um casal, Luís Almeida e Jefferson Tenório, foram violentamente espancados em uma boate em Lisboa. Jefferson teve o rosto desfigurado pelos seguranças do Titanic, que ainda tentaram o afogar no Rio Tejo, que passa atrás do estabelecimento.
Em Braga, o pernambucano Saulo Jucá foi agredido por um
homem, que dizia não se conformar com a presença de brasileiros no
“país dele”. Em julho do ano passado, o brasileiro Jefferson Terra Pinto
foi espancado até a morte na saída de uma boate no Parque das Nações,
uma das áreas mais nobres de Lisboa.
As maiores vítimas de xenofobia, no entanto, são as mulheres brasileiras. Durante a recente visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Portugal, um grupo de ativistas se reuniu com a primeira-dama, Janja da Silva, e com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, para fazer um relato das condições à que elas são submetidas. Em documento entregue por elas, há acusações, inclusive, de xenofobia, racismo e misoginia por parte de agentes de segurança de Portugal.
A discriminação também está presente no sistema Judicial, que, frequentemente, têm retirado a guarda de filhos de mães brasileiras, mesmo nos casos em que elas denunciam ter sido vítimas de violência doméstica.
Mundo - Correio Braziliense
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