Gazeta do Povo - VOZES
O Rio de Janeiro
está em mais um momento do seu pesadelo permanente. Por uma combinação
perversa, já há muitos anos, de governos estaduais indiferentes ou
acumpliciados ao crime, de leis escritas por advogados dos criminosos e
uma cultura voltada para a veneração do tráfico de drogas
e das quadrilhas que controlam as “comunidades” cariocas, o sistema
legal em vigor no Brasil deixou de ser aplicado no Rio.
Em áreas
inteiras da cidade e de suas vizinhanças não existe mais a autoridade do
Estado – quem governa é o crime.
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A polícia, em vez de reprimir os criminosos, é reprimida pelo STF
e pelos níveis de cima do aparelho judiciário.
As quadrilhas se matam
entre si, tocam fogo em ônibus urbanos para mostrar força, corrompem
políticos e agridem os cidadãos.
Tudo isso é resultado direto de uma
postura suicida diante do crime.
Há mais de 40 anos, o poder público, as
classes intelectuais e os que têm dinheiro para comprar a sua própria
segurança, com escoltas armadas e carros a prova de bala, decidiram que o
Rio deveria conviver com o tráfico de drogas e com outras atividades
criminosas.
Seria uma nova espécie de “contrato social”: os bandidos
ganham liberdade para agir e, em troca, deixam a população em paz.
Achavam, até mesmo, que o crime era a solução, e não o problema – assim
como a favela era a solução para o problema da moradia.
Deu nisso que
está aí. As autoridades locais, o governo federal e o Congresso Nacional
traíram seus compromissos legais de garantir a segurança do cidadão.
Hoje quem manda é o crime.
As autoridades locais, o governo federal e o Congresso Nacional traíram seus compromissos legais de garantir a segurança do cidadão.
A destruição da paz no Rio, em boa
parte, tem sido gerada em Brasília.
O ministro Fachin, do STF, decidiu
que a polícia tem de dar aviso prévio antes de fazer batidas nas
favelas;
- também não pode chegar a menos de 100 metros das escolas, o que
obviamente as transformou no lugar mais seguro para os bandidos, nem
sobrevoar os morros de helicóptero.
O
STF, o STJ e o resto da Alta Justiça brasiliense mandam soltar os
piores traficantes; também mandam devolver os iates, os jatinhos e as
mansões que compraram com os lucros do tráfico.
O Congresso aprovou, por
pressão dos advogados criminalistas, a criação do “juiz de custódia”,
cuja função é soltar bandidos presos em flagrante – a menos que estejam
indiciados por atos “contra a democracia”. Inventaram um “juiz de
garantias”, para garantir que nenhum peixe graúdo do crime fique preso.
O
governo federal fala em “desencarceramento”; não querem só manter fora
da prisão os criminosos que estão soltos, mas também querem soltar os
que estão presos.
O ministro da Justiça é recebido com festa numa favela
carioca controlada pelo crime.
Seu grande projeto para combater a
criminalidade é perseguir os clubes de tiro ao alvo; ele acha essencial,
igualmente, censurar as redes sociais para evitar “o massacre das
nossas crianças”.
Os bandidos, realmente, podem dormir em paz no Rio de Janeiro.
Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
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