J. R. Guzzo
J. R. Guzzo
Pé-de-cabra para arrombar de novo o cofre da empresa é uma mudança nos estatutos da empresa, baseados na Lei das Estatais
A Petrobras não sossega. Não num governo Lula-PT:
depois de ter sido jogada por eles mesmos à beira da bancarrota, nos
treze anos e meio da sua primeira passagem por Brasília, a estatal
sagrada da esquerda brasileira está fazendo o possível, mais uma vez,
para voltar à zona do rebaixamento.
A Petrobras, naquele período, foi
possivelmente a empresa mais roubada da história econômica mundial – com
confissões assinadas de culpa, condenações em tribunais estrangeiros,
devolução física de dinheiro por parte dos corruptos.
Só se salvou da
falência porque Lula e Dilma Rousseff tiveram de sair do governo.
Com a interrupção na roubalheira nesses últimos sete anos – e com a nova Lei das Estatais,
que proíbe o presidente da República de entregar os cargos de direção
para os amigos – a Petrobras voltou a dar lucro e a pagar dividendos
para o Tesouro Nacional.
Poderiam deixar exatamente assim. É claro que
querem o contrário.
Estão exigindo de volta as oportunidades ilimitadas
de fazer fortuna que tiveram até 2016.
O
pé-de-cabra para arrombar de novo o cofre é a atual manobra do Conselho
de Administração da Petrobras, através da qual estão tentando mudar os estatutos da empresa, baseados na Lei das Estatais; querem ressuscitar as nomeações políticas na direção.
O PT
e Lula sempre foram contra essa lei, essencial para se combater a
corrupção nas empresas controladas pelo poder público.
Perderam no Congresso, mas agora não precisam dos votos de deputados e senadores – têm o STF.
Não há erro, ali. É pedir e levar.
No caso, o Supremo adotou o
procedimento-padrão utilizado hoje para se fazer o que o governo quer –
como há uma lei atrapalhando, os ministros declaram que a lei é
“inconstitucional”. Qual é o problema com isso?
Se o STF é capaz de
decidir que artigos da própria Constituição são “inconstitucionais”, por
que não faria a mesma coisa com a coitada de uma lei aprovada pela
Câmara e pelo Senado?
É
impossível achar qualquer espécie de argumento racional para justificar
a devolução da Petrobras aos políticos, amigos e amigos dos amigos que
levaram a empresa à ruína. A repercussão, é claro, foi um desastre. “No
auge do ‘Petrolão’, recursos de projetos superfaturados financiavam o
pagamento de propinas”, escreveu um editorial de O Globo. “A
própria empresa reconheceu desvios de R$ 6,2 bilhões em seu balanço.
Eles só ocorreram porque os diretores eram, com o beneplácito de
Brasília, apadrinhados pelos políticos de diferentes partidos que se
beneficiavam dessas propinas”.
É essa a Petrobras dos sonhos de Lula e
da esquerda nacional.
Desde a sua volta ao governo, em 1º. de janeiro, a
empresa está sendo dirigida por um ex-senador do PT – que, por sinal, é
sócio de empresas da área petroleira.
Estão querendo muito mais que
isso.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
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