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sábado, 28 de janeiro de 2017

Eike Batista, nem santo nem diabo



Eike hoje paga pela ostentação, pelos carrões, jatinhos, barcos e botox. O povo não perdoa ricos exibidos 

Eike Batista uma hora vai delatar. Não por maldade ou vingança. Não para crucificar a enorme lista de políticos que ele beneficiou, à vista de todos ou por baixo da mesa. Vai delatar porque nenhum empresário famoso consegue se manter “foragido da Interpol” por muito tempo, mesmo com passaporte alemão.  Vai delatar porque o ex-homem mais rico do Brasil, pai de Thor e Olin, ex-marido de Luma, se recusará a ser trancafiado em cela comum de presídio. Eike não concluiu o ensino superior de engenharia na Alemanha e, por isso, sem diploma, não tem direito a regalias. É o X do problema. Falência financeira, tudo bem, Eike já se reergueu com saídas mirabolantes. Falência moral é outra coisa para o filho do nonagenário Eliezer Batista.

Eike não se enxerga como chefe de quadrilha criminosa. Seus amigos e ex-funcionários tampouco o viam assim. Muitos ganharam e perderam dinheiro embarcando em seus delírios. Louco, visionário, audacioso, megalômano, empreendedor, místico e generoso – e até cafona e ingênuo – são adjetivos mais associados a Eike do que “bandido” ou “mau-caráter”, segundo quem o conhece bem. Era “mão-aberta”, não só em troca de incentivos fiscais. Não fazia segredo de sua carência maior: ser amado, especialmente no Rio.

Acusado de repassar e ajudar a esconder propina de US$ 16,5 milhões – um pingo no oceano que inundou as finanças do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral –, Eike é o alvo da hora da Operação Lava Jato. Mesmo antes de ter mandado de prisão preventiva contra ele, Eike já despertava misto de ódio e inveja. Era o 171 mais bajulado e contraditório do Brasil, recebido como Midas por banqueiros do mundo. Hoje paga pela ostentação, pelos carrões na sala de sua casa no bairro do Jardim Botânico, os jatinhos, os barcos de corrida, os implantes de cabelo e Botox. Paga pela insistência em prever, com seu riso estranho, que se tornaria o homem mais rico do mundo. O povo não perdoa ricos exibidos. 


O que me surpreende é que seus amigos não tenham coragem de vir a público defender seu outro lado. Uma vez testemunhei, no restaurante chinês Mr Lam, de sua propriedade, os efeitos de sua personalidade. O trabalho parecia ser sua maior diversão. Seus convidados, um bando de empresários orientais, só faltavam beijar seus pés. Ao longo de sua ascensão, vimos alguns admiradores ferrenhos de Eike.

“O Eike é nosso padrão, nossa expectativa e orgulho do Brasil”, afirmou a então presidente Dilma Rousseff na inauguração do Porto do Açu, em São João da Barra, Norte Fluminense. Para Dilma, Eike tinha “capacidade de trabalho”, buscava “as melhores práticas”, queria  “tecnologia de última geração”, percebia “os interesses do País” e merecia “o nosso respeito”.   Eike arrematou por R$ 500 mil o terno usado por Lula na primeira posse de janeiro de 2003. Era um leilão beneficente promovido pelo cabeleireiro da então primeira-dama, Dona Marisa, para arrecadar dinheiro para crianças do projeto Escola do Povo, na favela de Paraisópolis, em São Paulo.

Eike fez Madonna chorar,
num jantar íntimo no Rio em sua casa, ao dar R$ 12 milhões para a Fundação SFK (Success for Kids), que ajudaria crianças brasileiras e suas mães vítimas de violência. Eike deu para a Santa Casa da Misericórdia um aparelho de ressonância magnética que custou quase US$ 2 milhões. “Todo mundo pede socorro ao Eike. Daqui a pouco vão ter de fazer uma estátua dele de braços abertos no alto de um morro”, afirmou o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho.

Uma vez, caminhando no Morro do Borel com o ex-secretário de Segurança José Mariano Beltrame, perguntei sobre o acordo entre o governo do estado e sete grandes empresários que criaria um fundo para infraestrutura nas favelas ocupadas. “Só o Eike Batista honrou esse acordo”, disse Beltrame. “Ele contribui com R$ 20 milhões por ano.” A sede azul e branca da UPP exibia carros reluzentes. “Viu as camionetes?”, perguntou Beltrame. “Todas compradas com a ajuda do Eike. As motos para coleta de lixo também.”


O ator Rodrigo Santoro disse que o apoio financeiro de Eike foi “o fator decisivo” para que o filme Heleno de Freitas acontecesse. Eike ajudou Arnaldo Jabor a financiar A suprema felicidade, ajudou Cacá Diegues a realizar Cinco vezes favela. Nunca vimos antes no Brasil um pilantra com essas conexões.  Eike começou comprando ouro no Xingu aos 22 anos, magrelo, com botas e chapéu. Terminou vendendo ilusões e pasta de dentes – seu negócio mais recente. Dizia, no auge, que seu sonho era nadar “numa Lagoa Rodrigo de Freitas limpa” e por isso deu milhões para a despoluição-fantasma. Seu pesadelo agora é a cela comum de Bangu.

Fonte: Ruth de Aquino - Época

 

 

terça-feira, 28 de junho de 2016

Bandidos se divertem no Rio e secretário de segurança culpa população. Vá pastar, Beltrame!



1) No fim deste post, logo após um aviso para quem quiser evitar, há uma imagem forte de cadáver.

É o corpo do comerciante Manoel Marcelo Avelino, agachado e espremido entre duas geladeiras de sua loja na divisa entre as favelas de Manguinhos e Jacarezinho, ambas tidas como pacificadas pela secretaria de segurança pública do Rio de Janeiro. Acima dele, na fotografia obtida por este blog, aparecem as estantes com caixas de bala, pacotes de biscoito, embalagens de suco em pó e maços de cigarro. Avelino morreu na quinta-feira (23), vítima da mal chamada “bala perdida” durante ataque de traficantes a uma van da UPP de Manguinhos.
Homem armado com fuzil AK (similar à arma portada por Omar Mateen no massacre na boate gay de Orlando) chuta  bola em campo supostamente da Vila Aliança no Rio: diga, Beltrame, ele comprou no shopping?

Uma das “balas achadas” acertou na cabeça o sargento Ericson Gonçalves Rosário, de 34 anos, que, mesmo sendo levado para o Hospital Quinta D’Or, não resistiu. Ele se tornou o 37º policial militar assassinado dentro de uma das 38 regiões da cidade que contam com Unidades de Polícia Pacificadora.

2) VEJA informa:
“Os ataques a policiais em favelas com UPP tornaram-se rotineiros. Somente este ano, além dos oito PMs que morreram, 74 foram feridos à bala ou por granadas em confrontos com criminosos. Na soma, esses 84 agentes atingidos em 2016 fazem essa média de baleados atingir a marca de um policial a cada dois dias. As autoridades insistem no discurso de que esses episódios são uma tentativa do tráfico de tentar desestabilizar o projeto.”

Mentira. Esses episódios são a enésima prova de que o projeto comandado por José Mariano Beltrame, vitrine da propaganda do governo do Rio, é uma farsa, como este blog apontou desde a primeira ocupação.

(* Relembre também A farsa da pacificação no Rio de Janeiro“.)
Para se ter uma ideia do poder do tráfico, no domingo 19 a Divisão de Homicídios simplesmente não pôde ir ao Morro da Fazendinha, no também “pacificado” Complexo do Alemão, para fazer perícia no local onde Roseli dos Santos Jesus também morreu como vítima de “bala perdida” durante um tiroteio.

3) “Se não sair recurso mínimo para resolver o problema da segurança e da Saúde no Estado, é o caso de chegar a Brasília e entregar a chave”, disse ao Estadão o governador interino Francisco Dornelles, que decretou estado de calamidade pública para obter R$ 2,9 bilhões do governo federal. Os recursos federais garantem três meses de gastos com segurança – que custa aos cofres estaduais R$ 940 milhões mensais – e ainda ajudam Beltrame e governo a culpar a crise financeira pelo fracasso da política de segurança que é muito anterior a ela. Janeiro de 2014, por exemplo, foi um dos piores meses da história da segurança fluminense e não havia crise alguma para o governo do Rio.

Os governadores Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão deram bilhões de reais à pasta de Beltrame, mas a insistência do secretário em apontar culpados sem jamais assumir suas próprias culpas virou motivo de chacota em praticamente todos os grupos de whatsapp de policiais do estado. Uma das piadas a que este blog teve acesso é assim: “Beltrame diz que fica muito difícil gerir a segurança após a saída do Reino Unido da UE”.

4) Em entrevista ao El País – jornal que recebia verba federal durante o governo do PT, mas teve seu patrocínio cancelado pelo governo de Michel Temer junto com os blogs sujos petistas –, Beltrame chegou ao cúmulo de culpar a população carioca pelo seu próprio fracasso: “O cidadão que está lá [nas favelas] vê que o Estado não está dando bola para ele e a população carioca só quer a favela para arrumar babá, faxineira e cozinheira. Ela não está preocupada com a qualidade de vida daquelas pessoas”.

Quem não está dando bola para o cidadão da favela é o secretário que não o protege contra os bandidos enquanto recebe para fazer isto um salário pago pela própria população que ele ataca.  O discurso de Beltrame, além de estúpido, é duplamente preconceituoso: contra babás, faxineiras e cozinheiras, porque subentende que este tipo de trabalho não melhora a qualidade de vida daquelas pessoas; e contra a população empregadora, porque subentende que dar emprego a elas em suas próprias residências ou empresas é apenas uma forma indiferente de exploração.

Detalhe: como a população pode “querer a favela” se os próprios moradores estão morrendo atingidos por “bala perdida”? Beltrame quer que a população suba o morro para dar aula de português e balé, e acabe espremida entre duas geladeiras como Avelino? Ao apelar ao discurso esquerdista mais rasteiro contra as supostas elites, o “sociólogo” disfarçado de secretário só faz estimular o ressentimento dos pobres e, na prática, legitimar moralmente o banditismo entre eles.

5) Nada mais natural que alguém com esta mentalidade tenha sido tratado com tantas pompas pela imprensa.  Defensor do desarmamento e da liberação das drogas, o secretário que implementou a política de espalhar bandidos em vez de prendê-los (pergunte ao povo de Nova Iguaçu e São Gonçalo) recebeu o “Prêmio Faz Diferença” do jornal O Globo em 2010 e encontrou em Zuenir Ventura seu maior garoto-propaganda.

Em 2011, preocupado apenas com a possibilidade de Beltrame virar candidato, o colunista escrevia:  “Uma das razões de José Mariano Beltrame ser hoje uma das personalidades mais queridas e respeitadas do Estado do Rio, recebendo aplausos por onde passa, é evidentemente o unânime sucesso das UPPs, mas é também a sua recusa em se meter em política ou deixar que a política se metesse em seu trabalho de pacificação das favelas.”

A exaltação cega preenchia o artigo inteiro, mas vou poupar meus leitores do desgosto. Prefiro reproduzir trechos de um artigo do mesmo Zuenir – acredite – publicado na última quarta-feira 22 (com base na ação criminosa que também comentei aqui): E, se não bastasse, há a crise crônica da segurança pública, que na madrugada de domingo ganhou um capítulo cinematográfico, com o resgate no sexto andar do Hospital Souza Aguiar de um bandido ferido no rosto, com dificuldade de caminhar e pesando mais de cem quilos: o Fat Family. Foi uma operação de guerra, envolvendo cerca de 20 homens armados de pistolas, fuzis e granadas, numa demonstração espetacular de como nossos marginais estão preparados, e as forças da ordem, despreparadas.

Eles planejaram tudo — sabiam onde o comparsa se encontrava e até que seria preciso um alicate grande para romper as algemas que prendiam o perigoso paciente à cama. Depois do desaforado feito, comemoraram num vídeo na internet (‘o mano tá aqui com nois’), enquanto as autoridades policiais discutiam, tentando descobrir os responsáveis pelo trágico vexame, que custou a vida de um inocente que chegava em busca de socorro.
O PM que custodiava o preso disse que alertou seus superiores sobre o plano de resgate. Outro alegou que quis transferi-lo, mas os médicos não deixaram. A Secretaria de Saúde negou que tivesse havido o pedido. Enfim, um bate-boca que envolveu até o secretário de Segurança, que se queixou de ‘uma cidade sem limites’, difícil de ser policiada, ‘uma verdadeira esculhambação urbanística’.

Com a experiência de ter sido a primeira mulher a chefiar o sistema penitenciário no Rio, a socióloga Julita Lemgruber desabafou num e-mail para esta coluna na tarde em que uma senhora e um rapaz inocentes foram mortos em meio a um tiroteio no Morro do Alemão: ‘Esses irresponsáveis, responsáveis pela segurança pública do Rio, estão perdidos e, com a proximidade da Olimpíada, estão arrepiando nos morros de nossa cidade’.

Que passe logo esse inferno astral, onde só os bandidos sabem o que fazer. Que venha a tão esperada festa, a dos Jogos Olímpicos.”

O comerciante Manoel Marcelo Avelino, vítima de “bala perdida”

Pois é.  O título do artigo remetia ao último trecho que coloquei em negrito: “Que passe o inferno astral”. Como se os astros fossem os culpados pelas farsas que Zuenir aplaudiu.

Fonte: Blog Felipe Moura Brasil -  http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Sociedade não se indigna quando policiais são assassinados - quem não pode morrer é bandido

Beltrame sobre PM: "Acham que morrer faz parte do trabalho"

Secretário reclama da sociedade que não fica indignada com assassinato de policiais

O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, lamentou nesta quinta-feira o aumento da violência contra policiais e se disse perplexo com os requintes de crueldade utilizados durante os ataques. Ele citou a morte do soldado Neandro Santos Oliveira, que foi torturado e queimado por traficantes no Complexo do Chapadão, em Costa Barros, há quase duas semanas, e reclamou da sociedade por não se indignar com crimes contra policiais. — Infelizmente, no Brasil, a tortura e a morte de policiais não atingem corpo na sociedade para efeito de indignação. Acham que morrer faz parte do trabalho do policial. A morte desses policiais continua sendo vista com banalização pela sociedade, e é por isso que eu digo que a polícia luta sozinha  nesta cidade. Ela não tem apoio de outras esferas públicas nem da sociedade. É uma realidade que só me entristece — lamentou Beltrame. [Beltrame fala isso, mas quando um bandido morre em confronto com a polícia ele é o primeiro a ficar contra os policiais que não se deixaram matar.]
 
Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) do estado mostram que, de janeiro a setembro deste ano, já foram mortos 16 PMs em serviço. Durante todo o ano passado, foi registrado o mesmo número de óbitos. Em 2015, somente de 1° de setembro a 2 de outubro, nove PMs foram assassinados e 37 ficaram feridos.

CONFRONTO ARMADO CRITICADO
De acordo com Sílvia Ramos, cientista social e coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, o secretário tem razão quando diz que há pouca preocupação e solidariedade com a morte de policiais. No entanto, a especialista diz que a forma de combate ao crime utilizada pela Secretaria de Segurança colabora para esse cenário. — O estado acha normal partir para o confronto armado, deixando claro para a sociedade que a polícia declarou guerra contra o tráfico de drogas. E numa guerra é normal que as mortes sejam banalizadas. E não é somente a morte de policiais. O assassinato de jovens negros e pobres, inocentes ou não, decorrentes de incursões policiais, também é banalizado — disse Sílvia. [parece que a ilustre especialista culpa a polícia por ter declarado guerra ao tráfico de drogas. Absurdo a polícia tem que combater todos os crimes - incluindo o tráfico e/ou o consumo de drogas - usando da força necessária.
O maior número de mortos na classificação negros e pobres é fruto do maior envolvimento de jovens negros e pobres com a prática de crimes - também a polícia não pode ser responsabilizada.]

Na visão de Gláucio Soares, pesquisador e professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), alguns fatores pesam para essa banalização. O primeiro, segundo o sociólogo, é que “parte da inteligência brasileira” não esqueceu das atrocidades feitas pela polícia quando a mesma servia de braço armado para a ditadura militar. — Mesmo que os participantes daquela época não estejam mais na ativa, e mesmo que a nova geração de policiais tenha nascido depois, houve uma transmissão de valores contrários à polícia, que foi e é reforçada pela prática de policiais corruptos, aquela banda podre que sabemos que existe. Enquanto os criminosos são vistos como vítimas de forças econômicas e sociais, a polícia aparece como um braço armado de vingança, e não como implementador de justiça. É um descrédito que, infelizmente, atinge os policiais de bem.[O Governo Militar contou com o valoroso apoio das Forças Armadas e Forças Auxiliares, o que muito honra a Polícia Militar de todos os estados brasileiros, que ajudou a combater os porcos terroristas que tentavam fazer do Brasil uma nova Cuba.
VENCEMOS e VENCEREMOS de novo.]


De acordo com o fundador do movimento Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, a entidade já fez manifestações em prol de policiais, como colar fotos de vítimas em cruzes espalhadas na praia. Ele reconhece, no entanto, que outros movimentos sociais e organizações ligadas aos direitos humanos relutam em dar voz para a polícia por conhecerem o histórico da corporação: — Relutam pelo histórico de atrocidades que a polícia comete, quando tem voz de poder em algumas regiões.

CONCLUINDO: BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Beltrame diz que, se não tiver apoio de outros órgãos, PM vai descumprir determinação judicial



Secretário declarou ainda que a polícia é constrangida e que foi tolhida de exercer a sua função
O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, informou nesta segunda-feira que a Polícia Militar voltará a fazer revistas e apreensões em ônibus e pessoas em atividades suspeitas. Em entrevista coletiva no quartel-general da PM, no Centro, ele disse ainda que vai entrar em contato novamente com os órgãos que também são responsáveis por aferir a vulnerabilidade e situação de risco de adolescentes e que se não tiver o apoio deles, a PM vai descumprir a decisão judicial e retomar as operações de praia, nos moldes das realizadas em agosto do ano passado, quando, além de fazer a abordagem, a polícia recolheu das ruas grupos de jovens.  - O que nós vamos mais uma vez fazer é trazer os órgãos de fiscalização municipal para que dividam e façam a sua função a qual a polícia foi tolhida de fazer que é a percepção de jovens em situação de vulnerabilidade. Então, nós estamos fazendo mais uma vez a solicitação à Guarda Municipal, Secretaria da Ordem Pública e a Secretaria de Desenvolvimento Social para que eles atuem juntamente com a Polícia Civil. A polícia tem que agir, não pode deixar de agir, mas foi tolhida na sua missão de prevenção - comentou.

Beltrame afirmou que não pretende, pelo menos por enquanto, acionar os órgãos através de processo, mas alertou que já houve descumprimento da sentença por parte deles. Segundo o secretário, caso os órgãos de fiscalização não compareçam a operação neste próximo fim de semana, então o descumprimento da sentença será da PM.  - Nós vamos voltar a fazer as ações que nós entendemos que são preventivas e que hoje elas são mais do que preventivas. Se nós não fizermos, podemos estar suscitando um problema maior ali na frente - enfatizou.

O secretário informou ainda que teme que aconteçam linchamentos na cidade.  - Me preocupa muito porque nossa inteligência já começou a detectar desde ontem à noite pessoas se preparando no sentido de fazer justiça pelas próprias mãos e isto não vamos permitir - concluiu.

Mais cedo, em entrevista à Rádio Globo, Beltrame disse que a polícia atualmente é constrangida.  - A polícia hoje está enxugando gelo, porque se trabalha muito em cima de subjetivismos e fica para órgão A ou órgão B e a Polícia que está ali na ponta muitas vezes é uma polícia constrangida. Se ela atua é acusada de abuso de poder, se ela não atua, ela prevaricou. Então nós temos que fazer nosso trabalho de uma maneira de que o cidadão tenha a liberdade de ir e vir e vamos trazer para este problema outras instituições para que nós sejamos a única instituição a ser cobrada, a única onde as consequências recaem sobre todos nós. Qualquer pessoa no mundo pode ser revistada. Então nós vamos agir de novo com o plano que se tinha e vamos trazer órgãos que tem função nesse tema da menor idade - disse.

Segundo Beltrame, uma reunião está sendo realizada nesta segunda-feira para definir as estratégias da polícia. Segundo ele, a ideia é integrar Polícia Militar aos órgãos de assistência social, Conselho Tutelar, Defensoria Pública e prefeitura. Sobre o episódio deste domingo, em que moradores da Zona Sul estariam se organizando para agredir e coibir pessoas, que segundo eles, seriam suspeitas, Beltrame voltou a criticar a proposta de flexibilização do Estatuto do Desarmamento, que será votada no Congresso na próxima semana. De acordo com o secretário, a população veria um “banho de sangue” nas praias da Zona Sul, caso esses grupos tenham acesso à armas:  — Elas poderiam ir à praia armadas. Caso sofram algum tipo de ameaça de um grupo, eles poderão alegar que foram assaltados e, por isso, podem atirar numa área altamente populosa. Por isso, a PM precisa ter regras claras. A justiça com as próprias mãos é apenas uma falsa impressão de segurança.

Já o secretário executivo de Coordenação da prefeitura, Pedro Paulo Carvalho, disse que a prefeitura está à disposição do secretário de Segurança e do governador Pezão para apoiar medidas junto à Polícia Militar para evitar os arrastões. Segundo ele, o município não vai medir esforços com a Guarda Municipal e com a Secretaria de Ordem Pública para ajudar na questão da segurança. Na manhã desta segunda-feira, a defensora pública Eufrásia Souza das Virgens afirmou que a Polícia Militar não está impedida de fazer o seu papel na repressão ou na prevenção a crimes envolvendo pessoas que se deslocam para as praias da Zona Sul do Rio, especialmente nos fins de semana. 

Segundo ela, policiais militares não estão proibidos de conduzirem jovens, inclusive, os adolescentes para delegacias a fim de verificar a situação deles junto à Justiça.  — A abordagem não está sendo questionada. A polícia não está sendo impedida de fazer o seu trabalho. Se nas abordagens alguém apresentar suspeita, ele pode e deve ser conduzido à uma unidade da Polícia Civil para verificação. No caso de menores, eles podem ser levados sim para saber se contra eles há mandado de busca e apreensão. O que se pretende é que haja uma interação entre o trabalho da Polícia Militar com o da Polícia Civil para agilizar as verificações. Não se pode admitir um ônibus inteiro com jovens que vêm da Zona Norte ser levado indiscriminadamente para delegacias — comentou a defensora, que tem recebido mensagens com críticas duras sobre o habeas corpus concedido pela Justiça pedido pela Defensoria Pública impedindo a detenção aleatória. — Não chegam a ser ameaças, mas o tom das críticas é muito duro.

Segundo Eufrásia, toda esta questão será debatida, na próxima quarta-feira, na assembleia do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, que acontecerá a partir das 10h na sede da Secretaria estadual de Assistência Social, na Central do Brasil.  — São 20 órgãos membros do conselho. Dez da sociedade civil e dez do governo. A Secretaria de Segurança é um deles. O assinto estará em pauta. O Ministério Público e a Justiça entraram com Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) para que não integrassem o conselho. A Justiça, porque sua atividade requer imparcialidade. Por sua vez, o MP alega ser um órgão fiscalizador. Vamos conversar muito com os integrantes dos órgãos envolvidos - afirmou a defensora.

 A defensora pública Eufrásia Souza das Virgens - Emanuel Alencar / O Globo – o que essa defensora pública quer é aparecer; só que agora percebe que fez bobagem e começa a procurar deixar o feito pelo não feito

Em nota oficial divulgada nesta segunda-feira, a Defensoria Pública afirma que o habeas corpus não cria regras, mas assegura o cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente, que impede a apreensão sem flagrante ou ordem judicial. A nota afirma ainda que antes da decisão foram realizadas duas audiências com a presença dos comandantes de diversos batalhões.   “Ficou muito claro que a decisão nada mais faz do que determinar a observância da lei. Não há impedimento para qualquer ação preventiva, como de policiamento ostensivo, devendo ser lembrado que a segurança pública é um direito constitucional de todos os cidadãos do Rio de Janeiro e do País”, diz trecho do comunicado.

A nota afirma ainda que a Defensoria está tomando todas as medidas cabíveis para assegurar sua integridade e de seus familiares.  Também em nota, o Tribunal de Justiça informou que a Polícia Militar tem o dever de proceder a abordagem policial, apreendendo aqueles que estejam praticando atos ilícitos, encaminhando-os à Delegacia de Polícia para as providências cabíveis. Ainda no documento, o tribunal explica que o ato do juiz da 1ª Vara da Infância, Juventude e Idoso da Comarca da Capital não tem por objetivo impedir a atuação da PM e que a decisão diz respeito aos adolescentes não infratores, garantindo-lhes o direito de ir e vir.

Fonte: O Globo