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quinta-feira, 17 de novembro de 2022

A elite “moderada” que apoiou Lula já se arrepende, mas é o povo quem vai pagar - Gazeta do Povo

J. R. Guzzo

Este tem sido, até agora, o governo da desesperança – e do medo, da suspeita, da desconfiança e de tudo aquilo que pode haver de pior na expectativa do futuro próximo para o país.
Ainda falta um mês e meio para Lula assumir a presidência da República, mas desde que foi declarado vencedor das eleições de 2022 sua atuação pública só produziu notícia ruim.  
A cada vez que ele abre a boca, as coisas pioram: a bolsa de valores derrete, o dólar dispara, os juros para operações futuras sobem. É o contrário, exatamente, do que vinha acontecendo até sua eleição [nunca é demais lembrar: Bolsonaro governando.] quando cada mês registrava melhoras em todos os índices econômicos essenciais, da inflação ao desemprego, das exportações à arrecadação federal, do gasto público ao lucro das estatais.  
De 3 de novembro para cá, a casa começou a cair - e ninguém está pondo mais força na demolição do que o novo presidente.

O governo que Lula vai começar sempre foi um desastre anunciado e garantido em contrato. Nada, desta vez, de busca de consenso, moderação, “Carta aos Brasileiros”, como foi na sua primeira chegada ao governo. Em vez disso, agora, Lula se inclinou o tempo todo para o extremismo, o rancor e o discurso da esquerda radical. 
A elite empresarial e o seu entorno fizeram de conta que estava tudo bem; Lula é assim mesmo, fica falando essas coisas, mas tudo é só conversa de campanha, pois ele é um sujeito responsável e não vai jogar o país numa aventura etc. etc. etc. Na hora de governar ele vai ser sério etc. etc. etc. Foi mais um raciocínio idiota. O Lula-2022 é diferente do Lula-2002 - e é esse o Lula que está valendo hoje. 
Ele está convencido que a eleição o autorizou a fazer tudo o que quer, e já no dia seguinte à eleição estava exigindo que o Brasil lhe dê licença para gastar como bem entender o dinheiro do Estado. É a sua ideia fixa do momento: abolir o teto de gastos, a âncora que há anos vem segurando a inflação, o valor do real e a estabilidade financeira. Dane-se o equilíbrio entre receita e despesa – segundo ele, isso impede a “justiça social” e, portanto, precisa ser derrubado.

Ainda falta um mês e meio para Lula assumir a presidência da República, mas desde que foi declarado vencedor das eleições de 2022 sua atuação pública só produziu notícia ruim

O primeiro ato do homem que veio para “salvar a democracia”, segundo o STF, a esquerda e a maior parte da mídia, é, como se vê, uma agressão direta à lei vigente; Lula não aceita a regra do jogo, e exige uma mudança na Constituição para fazer o tipo de governo que tem na cabeça. Programas sociais, obviamente, só fazem sentido se forem acompanhados o tempo todo de responsabilidade fiscal; se não for assim, produzem inflação e desemprego diretos na veia, e isso só piora a vida daqueles a quem se pretende ajudar. 
Mas Lula está cego para isso: só pensa em eliminar o teto de gastos e governar o Brasil como sua propriedade privada. 
É materialmente impossível, assim, evitar que a economia reaja mal – a economia, não o “mercado”. A Bolsa de Valores despenca e o dólar dispara porque a população em geral perdeu a confiança na seriedade do governo que se aproxima; não tem nada a ver com meia dúzia de operadores de bolsa e outras frações da elite, como Lula quer fazer crer. É apenas mais uma de suas falsificações: ele reclama que “o mercado” está muito “sensível”, trata com desprezo a queda da Bolsa e a subida do dólar – “paciência”, diz – e leva adiante a mentira de que só uma elitezinha está incomodada com a sua guerra ao teto de gastos e o começo desastroso do seu governo. 
Os fatos mostram o contrário disso: quem vai pagar integralmente pela desordem fiscal não é o sujeito que anda de Porsche, e sim o que está na fila do ônibus. Alguma dúvida?

Os liberais-equilibrados-centristas que apoiaram Lula estão assustados com ele; os que quiseram exercer uma influência “moderadora” em seu governo constatam que viveram uma miragem. Tudo isso estava escrito desde que Lula ganhou a sua candidatura do STF. Fingiram que não, para “salvar a democracia”

Podem, agora, voltar a seus vinhos de safra e retornar às conversas em que se fala mal de Lula. Quem vai entrar no pau, com inflação, desemprego e outras realizações do governo petista é a população – os “manés” do ministro Barroso.

Conteúdo editado por:Jônatas Dias Lima
 
J. R.Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

sábado, 30 de julho de 2022

'Carta aos Brasileiros' omite mal que corrupção faz à democracia - Carlos Alberto Sardenberg

Apontar o dedo para essa prática danosa não é embaraçoso apenas para o PT. Atinge um amplo espectro de lideranças

Num de seus últimos votos antes de se aposentar do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello escreveu:— O fato inquestionável é que a corrupção deforma o sentido republicano da prática política, afeta a integridade dos valores que informam e dão significado à própria ideia de República, frustra a consolidação das instituições, compromete a execução de políticas públicas em áreas sensíveis como as da saúde, da educação, da segurança pública e do próprio desenvolvimento do país, além de vulnerar o princípio democrático.

Entretanto não há uma palavra sequer sobre corrupção na nova “Carta aos Brasileiros”, a ser lida no dia 11 de agosto na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo. Celso de Mello, que se formou naquela escola, deverá ser o porta-voz do documento.Se ele está certo no seu voto, como acreditamos que está, há aí uma contradição. A corrupção não é “apenas” uma questão moral, mas política, social e econômica. Sua prática destrói fundamentos da democracia. Logo, a condenação à roubalheira do dinheiro público deveria constar num manifesto em defesa do Estado Democrático de Direito. [importante lembrar o interesse maior de grande parte - não a totalidade devido alguns terem assinado por impulso, por teres sido  - é trazer o maior corrupto do Brasil, em todos os tempos, de volta a cena do crime (a frase é de autoria do candidato a vice do maior corrupto, assim deve saber o que fala) = ele foi descondenado, NÃO FOI inocentado.]

Há, entretanto, argumentos para que esse tema não apareça. O principal: a defesa da democracia e do sistema eleitoral é universal e, portanto, não partidária. Logo, um documento centrado nesse princípio pode receber o apoio das diversas correntes políticas, como está ocorrendo.

Na prática, porém, a Carta é contra o presidente Bolsonaro. Óbvio. É ele que vem ameaçando a democracia, no geral, e o sistema eleitoral brasileiro, em particular. Por isso, mesmo que o nome de Bolsonaro não tenha sido citado na Carta, parece claro que nenhum bolsonarista vai assiná-la. O autoritarismo, o pleito pró-ditadura está na essência do bolsonarismo.[no Brasil é fácil acusar o presidente Bolsonaro e seu milhões e milhões de apoiadores (e eleitores) de atos antidemocráticos = qualquer comentário que não se enquadre no maldito politicamente correto do establishment, especialmente quando proferido por um bolsonarista,  é ato antidemocrático. 
A propósito,  o Brasil além das jabuticabas,  das justiças eleitoral e trabalhista, da prisão preventiva com características de perpétua, possui também uma democracia ímpar, que para ser  preservada precisa ser destruída, pois no processo de preservação, principios democráticos são violados.]

Vai daí que o documento favorece Lula — tanto que já foi assinado por partidários do ex-presidente. [inclusive o Alckmin, candidato a vice do Lula,  que proferiu a já famosa frase em relação aos que votarem em Lula: querem trazer o criminoso de volta à cena do crime.] E que não o fariam se ali constassem menções, ainda que indiretas, sobre os dois maiores episódios de corrupção que abalaram a democracia: o mensalão e o petrolão.

De novo, faz sentido argumentar que a questão do momento é defesa da eleição e das urnas. Está certo, e é importante essa ampla movimentação da sociedade civil. Então, por que estamos colocando o tema da corrupção? Não é para estragar a festa, mas para tentar deixar em evidência uma questão que parece banalizada.

A última pesquisa Datafolha registra que 73% dos entrevistados acham que há corrupção no governo Bolsonaro. [vamos aguardar pesquisas amplas e o inicio para valer da campanha.  
Não esqueçamos que antes mesmo de tomar posse no cargo máximo do Brasil, que tentam - sem sucesso - impor a pecha de corrupto, de ladrão em Bolsonaro, seus familiares e até auxiliares.  
Alguém em sã consciência acredita que se houvesse provas de corrupção praticada por Bolsonaro, seus familiares e auxiliares diretos, Bolsonaro já teria sido impedido, derrubado, preso e seus auxiliares estariam encarcerados.] apontar o dedo para essa prática danosa não é embaraçoso apenas para o PT. Atinge um amplo espectro de lideranças políticas — a maioria absoluta das quais tem escapado da cadeia com incrível facilidade.[o que além de embaraçar os petistas tem impedido o descondenado de ir as ruas, por estar sendo obrigado a evitar o povo - exceto em plateia selecionadas e formadas por convertidos.É ele quem mais embaraça o 'perda total'.].

O problema está aí. Na mesma pesquisa Datafolha, a corrupção aparece, digamos, como um problema menor, atrás de saúde, economia, desemprego, fome, inflação. De novo, faz sentido: estão aí os problemas que afligem o dia a dia da população.

Outras pesquisas mostram que os brasileiros, na maioria, sabem da Operação Lava-Jato, sabem que Lula foi preso e que suas condenações foram anuladas. No mínimo, há dúvidas quanto a sua inocência.

Mas isso não parece ser argumento para tirar votos do ex-presidente. Como os bolsonaristas não se afastam de seu líder quando percebem a corrupção no atual governo.

Banalizou. Se todo mundo rouba, qual é o problema? Nesse ponto, os lulistas dizem mesmo que seu líder foi especialmente perseguido. Por que só ele foi em cana?
Lembram-se de um personagem de Jô Soares que era sempre apanhado pela Receita?
Tentava se defender com os argumentos mais ridículos, e engraçados, mas sempre terminando com o mesmo mote: “Só eu? E os outros?”.
Assim caímos no “rouba, mas faz”, da velha política.

Trata-se de enorme equívoco. Como mostram estudos coordenados pela professora Maria Cristina Pinotti, a corrupção reduz a eficiência da economia, tolhe o crescimento, aumenta a desigualdade e bloqueia as boas políticas sociais. [a volta do descondenado à cena do crime trará de volta todas as mazelas destacadas e outras não citadas.] Acrescente aí o voto de Celso de Mello, e temos a conclusão completa: a corrupção mata a economia e derruba a democracia.

É essencial compreender isso, se queremos um país desenvolvido.

 Carlos Alberto Sardenberg, jornalista

Coluna publicada em O Globo -
30 de julho de 2022

 


quarta-feira, 11 de julho de 2018

Lula, o grande eleitor



O Judiciário está derretendo e, na confusão, a cadeia de Curitiba tornou-se um lugar seguro para ‘Nosso Guia’ 



Olhando-se para o Judiciário a partir do balcão da lanchonete da rodoviária, as coisas estão assim: Marcelo Bretas prende, e Gilmar Mendes solta; Rogério Favreto solta, e Gebran Neto prende. Isso numa época em que juízes ganham um auxílio-moradia de R$ 4,3 mil mensais. A discussão do mimo chegou ao Supremo Tribunal, o ministro Luiz Fux matou no peito e reteve a decisão.


Faltam menos de três meses para a eleição presidencial, e a barafunda do Judiciário deu a Lula um impulso inesperado. Tudo indica que sua candidatura será impugnada, mas ele poderá ungir o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad ou o ex-governador da Bahia Jaques Wagner, como ungiu Dilma Rousseff.  “Nosso Guia” (expressão criada pelo embaixador Celso Amorim) tem ao mesmo tempo um alto número de pessoas dispostas a votar nele, mas também é alto o nível de sua rejeição. O circo de domingo transformou a cadeia de Curitiba numa câmara de proteção para Lula. 


Enquanto ele estiver preso, os outros terão a liberdade de fazer besteiras, da greve dos caminhoneiros ao prende-solta dos magistrados. Guardadas as proporções e ressalvados os aspectos legais, a carceragem da Polícia Federal está para Lula assim como a solidão de São Borja esteve para Getúlio Vargas em 1950.  O ex-presidente firmou-se no papel de vítima, e esse é o que melhor desempenha. Ficam duas perguntas: qual a sua capacidade transferir simpatias? E o que poderá fazer para reduzir as antipatias?


Dado o desempenho do governo de Michel Temer, a transferência de simpatias será considerável. A redução da antipatia será tarefa mais complicada, sobretudo porque Lula, o PT, Fernando Haddad e Jaques Wagner nunca fizeram um milímetro de autocrítica diante das malfeitorias praticadas nos seus dez anos de poder.  Tudo bem, mas autocrítica não é uma mercadoria abundante no plantel dos candidatos. Bolsonaro marcha garbosamente com o DOI na mochila. Ciro Gomes apresenta-se como o novo a partir de práticas capazes de fazer corar os velhos coronéis nordestinos. Geraldo Alckmin tem sobre a cabeça a nuvem dos cartéis de empreiteiros cevados nas gestões tucanas de São Paulo. Henrique Meirelles é ex-presidente do conselho da J&F, dos irmãos Batista. Finalmente, Marina Silva honra a plateia com sua austeridade e sonoros silêncios. 

Nenhum desses candidatos traz consigo o risco do aparelhamento da máquina do Estado por quadros semelhantes aos do comissariado petista. Em troca, Ciro Gomes aproxima-se do DEM, Bolsonaro flerta com o PR de Valdemar Costa Neto e Meirelles está no PMDB, presidido pelo senador Romero Jucá. Salva-se Marina, sem os pés no aparelho tradicional.  Em 2002, Lula driblou seus adversários com a “Carta aos Brasileiros”. Foi uma guinada em relação ao que dissera em questões econômicas. Uma “Carta aos Brasileiros 2.0” tentará enxaguar a roupa suja petista, convertendo em neutralidade a antipatia pelo comissariado e somando-a à simpatia que Lula amealhou pelo que fez e pelo que lhe fazem. (Antonio Palocci, o autor da Carta 1.0, está na cadeia.)


Em 1950, como prometera, o ditador voltou ao poder como “líder de massas”. Em 2018, um ex-presidente preso por corrupção poderá vir a ser o grande eleitor num pleito em que o eleitorado coloca o combate às roubalheiras como uma das prioridades nacionais.