Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Há
um grave erro de percepção, em minha opinião, do Ocidente sobre a
Rússia. A civilização ocidental, que já foi calcada em valores
judaicos-cristãos que enalteciam virtudes como honra, sacrifício e fins
mais elevados,tornou-se cada vez mais hedonista e materialista com o
tempo - e a prosperidade. E seu grande pecado é a arrogância de
acreditar que todos desejam as mesmas coisas.
A
visão de que tudo se resume ao aspecto econômico está clara em todas as
narrativas e medidas ocidentais, em especial por parte da esquerda
"progressista". Suas lideranças acham que os problemas sociais são
derivados sempre da pobreza ou da desigualdade, que o estado de
bem-estar social cura tudo, e que a meta da humanidade toda é
simplesmente melhorar a condição de vida, nada mais.
É
por isso que vemos as sanções econômicas como reação automáticasempre
que um estado agressor joga fora das regras do jogo internacional. É por
isso que democratas acreditam que podem comprar a paz no Irã. É por
isso que esses ocidentais materialistas ficam perplexos quando enfrentam
fanáticos dispostos a morrer por uma causa. O Ocidente não compreende
mais a força de um propósito maior do que sobreviver e comer bem, não
apreende o poder da ideologia.
O PIB da Rússia é
similar ao do estado da Flórida, ou seja, do ponto de vista econômico,
os russos não são expressivos no âmbito global. Não obstante, eles já
fizeram parte de um império que ameaçava e assustava os Estados Unidos e
o mundo. Putin já declarou inúmeras vezes que seu objetivo é justamente
resgatar essa "grandeza da Mãe Rússia", retomar a influência do império
soviético.
Putin é um autocrata, não liga para
sensibilidades democráticas, não respeita ONGs de direitos humanos, não
dá a mínima para pautas climáticas - ao contrário, explora a histeria
ocidental nessa área para conquistar ainda mais influência e gerar
dependência na Europa de seu gás. Putin é um ex-espião da KGB
extremamente frio e focado, disposto a impor enormes sacrifícios
econômicos ao povo russo se isso significar avanços nos anseios
nacionalistas.
Nem todos funcionam sob a mesma lógica
econômica e materialista dos hedonistas ocidentais. O russo em geral
não quer apenas uma "dacha" maior, ou uma BMW nova. Muitos pensam dessa
forma, claro, mas longe de ser a imensa maioria. Por isso Putin tem
apoio popular em seu esforço de reconstruir o império soviético. É o
coletivismo nacionalista que fala mais alto, a ideologia que traz uma
sensação de propósito mais elevado aos seus adeptos.
Enquanto
os líderes ocidentais acharem que todos são como eles, que a Rússia só
quer mais prosperidade econômica, que a China só pensa em trocar de
iPhone todo ano, que o Irã pode ser comprado com malas de dinheiro,os
inimigos da civilização ocidental seguirão seu curso, enfraquecendo
ainda mais o Ocidente.
É preciso tentar pensar como o
adversário, não projetar nossos "valores" neles. Para um "progressista"
ocidental, talvez uma casa maior seja tudo na vida; para um russo que
apoia Putin, nada poderia ser menos relevante do que isso. Ele quer o
respeito, ainda que pelo medo, ao que ele faz parte:uma nação poderosa,
que intimide a maior potência mundial.
Em dezembro de 1991, a mais poderosa ditadura do mundo
começou a se desmanchar de vez. E caiu sem praticamente nenhum tiro
A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
(URSS) surgiu em outubro de 1917, a partir da implantação pioneira de
uma ideologia — o comunismo. Fundada por Vladimir Ilich Lenin no fim da
Primeira Guerra Mundial, cresceu até somar uma centena de nacionalidades
vivendo em 15 repúblicas. Ocupava as terras do Leste Europeu até o
Oceano Pacífico e do Círculo Polar Ártico até os desertos do sul da
Ásia, cobrindo 22,4 milhões de quilômetros quadrados — o equivalente a
2,6 vezes o tamanho do Brasil.
A União Soviética ocupava um sexto da superfície terrestre. Com o fim
da Segunda Guerra Mundial, o poder da URSS cresceu ainda mais. Sete
países da Europa Oriental foram transformados em seus satélites no bloco
comunista — Albânia, Hungria, Bulgária, Checoslováquia, Alemanha
Oriental, Polônia e Romênia (a Albânia se descolou do grupo em 1968).
Uma máquina poderosa de propaganda internacional transformou esse
bloco soviético no “paraíso do proletariado”. Lá, todos teriam os mesmos
direitos, garantidos pelo sistema socialista. Os êxitos da URSS eram
divulgados com orgulho por seus seguidores mundo afora — as conquistas
esportivas, a bomba nuclear mais devastadora de todos os tempos, o
primeiro satélite artificial, o primeiro astronauta em órbita, etc. Tudo
indicava que o domínio do resto do mundo pelo comunismo soviético era
apenas questão de tempo.
E, no entanto, o paraíso não era tão perfeito quanto os militantes da
causa declaravam. O primeiro-ministro Nikita Khrushchev (entre 1958 e
1964) foi quem denunciou os crimes cometidos por seu antecessor, Josef
Stalin, que deixou um rastro de 20 milhões de mortes.
O paraíso dos trabalhadores era na verdade um inferno de
incompetência e repressão. Quem reclamasse era mandado para os campos de
concentração da Sibéria, chamados gulags. A KGB, polícia de
Estado comandada pelo Partido Comunista, dominava cada detalhe da vida.
Os desfiles militares e as medalhas olímpicas escondiam a realidade de
um império paralisado pela própria inépcia. Pior: não havia esperança. A
população vivia num estado de penúria e medo permanentes. E os figurões
do PC tinham direito a uma vida de luxo e poderes absolutos.a
Glasnost & perestroika Khrushchev foi substituído por outros burocratas carrancudos. Mas nada funcionava, a não ser para os altos funcionários do PCUS. Nos anos 1980, a URSS estava paralisada. O modelo centralizador comunista não conseguia tirar o império do ponto morto. Para piorar as coisas, seu grande rival, os EUA, vivia um momento econômico especialmente exuberante. Desde 1981, era presidido por um republicano convicto, o ex-ator Ronald Reagan.
Reagan percebeu que a URSS estava desabando. E resolveu acelerar o
processo. Apostou numa série de avanços no campo do armamento nuclear e
num improvável projeto de mísseis no espaço que ficou conhecido como
Star Wars. A União Soviética não tinha fôlego para responder a mais esse
desafio estratégico.
A catástrofe da usina nuclear de Chernobyl, em 1986, havia mostrado
quanto o regime estava apodrecido em todos os detalhes. O próprio
Partido Comunista parecia ter reconhecido isso e permitiu que, em 1990, o
reformista Mikhail Gorbachev virasse o líder máximo do império.
Gorbachev, que sempre foi um comunista convicto, implantou no
esclerosado aparelho de Estado duas palavras russas que logo se
tornariam conhecidas no resto do mundo: glasnost e perestroika.
Glasnost quer dizer “abertura” e representava uma tentativa de dar um
fôlego de liberdade de expressão e informação ao regime. Perestroika
(“reestruturação”) ofereceu aos cidadãos alguma liberdade política, além
de traços de livre mercado. Eram mudanças ousadas, mas limitadas. Mesmo
assim foram boicotadas pelos burocratas do Partido Comunista, que
temiam perder seus privilégios estatais.
Mikhail Gorbachev - Foto: Reprodução/Facebook
A coragem de Gorbachev possibilitou que, em 1989, os países-satélites
da Europa Oriental derrubassem suas ditaduras comunistas, uma após a
outra. Sem sua visão de estadista, o Muro de Berlim não seria derrubado
em 9 de novembro de 1989. Em 1990, Gorbachev não só aceitou que as
Alemanhas Oriental e Ocidental se reunissem num só país como não se opôs
a que a Alemanha reunida fizesse parte da organização militar
antissoviética, a Otan. Propôs a extinção das armas nucleares até 2000 e
anunciou profundos cortes na máquina militar soviética. Seus atos foram
tão ousados que Gorbachev recebeu o Prêmio Nobel da Paz.
Dezembro de 1991 As repúblicas que formavam a URSS também começaram a se revoltar. A ordem rígida implantada por Lenin se diluía. E, quanto mais a realidade ficava exposta, mais os comunistas temiam perder o poder. Bateu o desespero.
Durante três dias de agosto de 1991, Gorbachev e sua família foram aprisionados por golpistas da linha dura do PC em sua “dacha” (casa de veraneio) na Crimeia. O império soviético havia se transformado numa república das bananas. O golpe, patético em sua execução, saiu pela culatra. Uma sensação surda de “basta” se espalhou pela maior nação do mundo. O comunismo estava sendo derrotado em seu berço.
A essa altura, o presidente da Rússia já era Boris Yeltsin (Gorbachev teoricamente tinha mais poder, pois era o presidente de toda a União Soviética). Yeltsin, rompido com o PC, era um político conhecido por: 1) não acreditar em nenhuma tentativa de ressuscitar o Partido Comunista; 2) ser corajoso o suficiente para criticar os privilégios da elite do partido; e 3) beber além da conta, mesmo para os padrões russos. Criou uma cena histórica ao enfrentar tanques nas ruas de Moscou e libertar Gorbachev.
Ao enfrentar os golpistas, Yeltsin ficou mais forte. Passou, na
prática, a dividir o poder com Gorbachev, que se aferrou em sua
concepção de que a URSS poderia viver para sempre, com alguns ajustes. A
derrubada de um sistema político encastelado no poder do maior país do
mundo havia sete décadas já seria difícil e perigosa. Mas havia um fator
complicador: 27 mil armas nucleares prontas para lançamento. E ninguém
sabia exatamente quem estava controlando o arsenal.
Esse xadrez se resolveu no mês em que o mundo virou de cabeça para
baixo. Em dezembro de 1991, a mais poderosa ditadura do mundo começou a
se desmanchar de vez. E caiu sem praticamente nenhum tiro. O mundo viveu
durante um mês a sensação de que tudo era possível — o desastre e o
sonho. Entre o caos e a possibilidade de uma convivência pacífica,
livre, construtiva entre as maiores potências do mundo na época. Assim
foi o mês mágico de dezembro de 1991, no distante mundo de 30 anos
atrás:
(...)
4 dezembro 1991
Mikhail Gorbachev alerta: com a partida da Ucrânia, “a pátria (URSS) está ameaçada e o maior perigo é a crise de Estado”. O que ele diz já não importa muito.
6 dezembro 1991
O Pentágono declara que as 27 mil ogivas nucleares soviéticas
aparentemente estão em mãos do governo central (chefiado por Mikhail
Gorbachev). Mas a situação não está tão clara na recém-independente
Ucrânia, que armazena 4 mil ogivas da URSS em seu território. O governo
americano teme que, com o aparente caos político, armas soviéticas
possam cair em mãos de “terroristas, ladrões ou países em guerra”.
9 dezembro 1991
Os governos da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia declaram o fim oficial da
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. E o nascimento de uma nova
“Comunidade de Estados Independentes”, mantendo ação coordenada em
assuntos de defesa, relações internacionais e economia. “A URSS, como
sujeito do direito internacional e da realidade geopolítica, está
deixando de existir”, declaram os três governos nacionais. Mikhail
Gorbachev afirma em entrevista a uma TV francesa que as consequências do
desmantelamento da União Soviética vão fazer a sangrenta guerra civil
na Iugoslávia parecer uma “piada”. “Neste fim de semana”, notou
Celestine Bohlen, comentarista do New York Times, “três das
repúblicas da União Soviética provaram que, ao contrário das repúblicas
da Iugoslávia, estão dispostas e podem se encontrar e negociar sobre o
futuro comum”.
(...)
18 dezembro 1991
Yeltsin declara ao jornal italiano Repubblica que espera a
renúncia de Gorbachev do cargo de presidente da URSS. O Parlamento
Soviético, já sem poder, se “reúne” com um único orador presente, um
comunista linha-dura chamado Viktor Alksnis. E existe uma única pessoa
ouvindo seu discurso: ele mesmo. Os comunistas passaram o dia bravos com
o fato de Gorbachev ter arrumado tempo para tirar fotos com a banda de
rock alemã Scorpions, e não para ressuscitar o comunismo.
19 dezembro 1991
Boris Yeltsin faz todos os gestos para evitar uma dualidade de poder na
nova Rússia. Toma o controle do Ministério das Relações Exteriores, do
Parlamento e até do escritório presidencial, ocupado por Mikhail
Gorbachev. Com um decreto, institui a MSB, nova sigla que substitui a
velha e temida KGB. E levanta a possibilidade impensável até então: que a
Federação Russa aderisse à Otan. Justamente a organização militar
criada para combater a União Soviética. Outros países, especialmente a
Hungria e a Checoslováquia, querem seguir o mesmo caminho.
25 dezembro 1991
No Kremlin, às 19h32, a bandeira vermelha com a foice e o martelo da
URSS é recolhida pela última vez. Mikhail Gorbachev renuncia a seu posto
de presidente da URSS. Entrega os códigos de disparo dos mísseis
nucleares a Boris Yeltsin.Gorbachev deixa o governo aos 60 anos, com
direito a uma aposentadoria de 48 mil rublos por ano. Ironicamente, por
causa do fracasso econômico de seu próprio governo, esse dinheiro
equivale a meros US$ 40 mensais. Recebe também um apartamento em Moscou,
uma dacha de férias, dois carros, 20 guarda-costas e acesso gratuito à
rede de saúde.
26 dezembro 1991
No Kremlin, é hasteada pela primeira vez a bandeira branca, azul e
vermelha da nova Federação Russa. Gorbachev sugere que vai descansar um
tempo e ressurgir para a vida pública por meio de uma ONG, a Green Cross, fundada dois anos depois.