[Dilma faça um favor ao Brasil e mais a você mesma: Renuncie - a renúncia e sua saída imediata do Brasil poderá evitar que você seja a Clara Petacci do século XXI.
Aliás é ver qualquer foto tua ao lado do teu 'criador' e lembrar imediatamente do Duce e da amante.]
Dilma passou por cima do presidente do partido e decidiu estabelecer negociação direta com Leonardo Picciani
Engana-se
quem pensa que a reforma ministerial terá o misterioso condão de levar o
Congresso Nacional à aprovação da CPMF ou a evitar o processo de
impeachment. Seria nada mais do que a ilusão da aparência. O processo de
impeachment pode ser eventualmente um pouco postergado, tudo dependendo
de fatores que escapam completamente do controle da presidência. Em
todo caso, a jogada da presidente foi de alto risco, pois terminou
criando problemas no PMDB, sob a suposição de que estaria contentando
suas diferentes alas.
Em todos esses anos petistas, o PMDB,
apesar de seus problemas, tem sido um poderoso fator de estabilidade
institucional e de moderação política, impedindo excessos
político-sociais e advogando pela unidade do país. E se adotou esse
rumo, isto em muito se deve à atuação de seu presidente, Michel Temer,
também vice-presidente da República. Note-se que, sob a sua liderança, o
partido conseguiu conciliar suas desavenças internas, mantendo-as sob
controle. Publicamente, o partido sempre tem aparecido unido, procurando
resolver seus problemas internamente. Foi, neste sentido,
particularmente bem-sucedido, ganhando credibilidade e legitimidade.
Ora,
o que fez a presidente da República? Resolveu implodir essa união, como
se ela devesse dar agora as cartas. Passou literalmente por cima do
presidente do partido e decidiu estabelecer uma negociação direta com o
deputado Leonardo Picciani, representante do baixo clero, em particular
carioca. O recado dado foi o de que o deputado não mais deveria passar
pelo seu presidente partidário e vice-presidente da República, passando a
falar diretamente com ela. A presidente decidiu por seu vice de lado,
apesar de declarações públicas de apreço. Alienou um aliado decisivo!
Ficou,
agora, refém desta ala particularmente fisiológica do PMDB, não tendo
mais nenhum escudo. Será obrigada a fazer a política miúda, aquela que
diz desprezar. [diz desprezar mas ela é tão miúda que a chamada política miúda e sua atitude foi mais baixa e traiçoeira do que a habitual no chamado baixo clero.] E o fará sem nenhum anteparo. De imediato, teve de
engolir suas indicações para o Ministério, entre elas a da Saúde.
Observe-se que o partido teria nomes qualificados para essa pasta, como
os dos deputados Osmar Terra e Tarcísio Perondi, ambos médicos, entre
outros. Evidentemente que a escolha não poderia, dadas as condições
existentes, recair sobre eles.
De imediato, fruto desta desunião
provocada pela presidente, 22 deputados de uma bancada de 66 do PMDB
lançaram um manifesto contra essas “negociações” e se colocaram na
oposição. Um terço da bancada já se afastou desta nova configuração
partidária, sem falar dos que não se expressaram publicamente e,
contudo, apenas aguardam o melhor momento para saltarem de um barco que
está afundando.
As denúncias de que o deputado Eduardo Cunha
possui contas na Suíça só tendem a piorar a situação da presidente da
República. E isto por que o deputado está convencido de que se trata de
uma grande orquestração organizada pela presidente e pelo PT.
Independentemente de sua culpa ou não, a seu favor joga a celeridade do
processo contra ele, que não ganha a mesma velocidade quando se trata de
outros políticos petistas importantes envolvidos na Lava-Jato. Ferido
desta maneira, ele tende a centrar fogo na presidente e em seu partido,
pondo ainda mais combustão a um processo de impeachment. Se cair, fará
tudo para levar a presidente e o seu partido consigo. O ambiente, neste
sentido, piora não apenas para ele, mas também para os seus adversários.
No cronograma da crise, será votado muito provavelmente entre os
dias 7 e 9 o parecer do ministro Nardes relativo às contas da
presidente. Tudo indica que a decisão do TCU será pela sua rejeição. Os
dados técnicos seriam maciços, inquestionáveis. As mais de mil páginas
da AGU, em defesa do governo, não teriam produzido nenhum argumento
convincente. Uma vez votado, será encaminhado ao Congresso, que pode
acatá-lo ou não. Se acatar, estará aberto um processo de crime por
responsabilidade administrativa. Contudo, do ponto de vista político, a
não aprovação das contas pelo TCU já é da maior relevância. O cenário
estaria armado para o início do processo de impeachment.
Outro
fator da maior importância, em conexão com a decisão do TCU, reside no
pedido de impeachment apresentado por Hélio Bicudo e Miguel Reale
Junior, que estaria muito bem embasado. O presidente da Câmara, Eduardo
Cunha, se não mudar de opinião até lá, indeferirá o pedido. Um recurso
seria interposto por deputados. Uma vez aceito, bastaria, para o início
do processo de impeachment, que ele fosse aprovado pela maioria simples
dos deputados presentes no plenário, algo que não seria difícil de ser
conseguido. Não é necessária uma maioria simples absoluta em cujo
cômputo entraria o total dos deputados da Câmara.
O fator
decisivo aqui seria o comparecimento dos cidadãos deste país às ruas. Se
grandes manifestações forem realizadas, a pressão popular seria enorme,
podendo, mesmo, tornar-se insuportável para a presidente e o seu
partido. Atos parlamentares seriam acompanhados por manifestações de
rua, criando uma consonância e sintonia entre o Congresso e a sociedade.
Um cenário completamente diferente então se desenharia, com novos
protagonistas entrando na cena pública. Alianças de bastidores como a
tecida pela presidente desmoronariam imediatamente. [esse Leonardo Picciani só é maior que a Dilma, por ser impossível alguém ser mais anão político que ela.] Cada deputado
estaria preocupado somente com a sua própria sobrevivência. Entre os
seus eleitores e uma frágil aliança, a decisão já estaria tomada de
antemão.
Talvez aqui possa ocorrer um cenário que obrigue a
presidente a renunciar. Collor também disse que não renunciaria, porém
se viu forçado a isto, uma vez que a lógica política ganhou corpo
próprio, fugindo de seu controle. E isto apesar de uma reforma
ministerial que era, em muito, superior a esta que está sendo feita pela
presidente. Até o presidente Lula encontraria o seu limite,
preocupando-se exclusivamente com sua própria sobrevivência e criando
condições para candidatar-se em 2018. A presidente pode tornar-se um
estorvo para os seus planos.
Por: Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - O Globo