Gabriel Monteiro foi quase expulso da corporação, é integrante do MBL, youtuber e soma mais de um milhão de seguidores nas redes sociais
Enquanto centenas de pessoas seguiam em comitiva em direção ao cemitério onde a menina Ágatha Vitória Sales Felix, de oito anos, foi enterrada, em Inhaúma, na Zona Norte do Rio de Janeiro, um policial militar agredia Felipe Gomes, organizador do Marcha das Favelas. O integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Monteiro desferiu um soco contra o jovem durante uma discussão neste domingo, 22.Monteiro afirmou, pelas redes sociais, que usou a “legítima defesa” contra “um elemento que me xingava e agredia”. Ainda, ele cita que tentava fugir de um “aglomerado de pessoas”. Um vídeo do momento da agressão foi publicado pelo próprio policial e mostra os dois discutindo sobre a violência no Rio de Janeiro. Quando Monteiro compara o número de mortes no estado neste ano com apreensões de fuzis, o jovem se altera e levanta a voz para o PM — em resposta, ele desfere um soco contra a face de Felipe, entra em um carro e foge.
REAGI, TIVE QUE USAR A LEGÍTIMA DEFESA
O líder
da Marcha das Favelas não conseguiu consumar a armadilha que fez contra mim.
Convidou-me para conversar, chamou uma multidão de pessoas e tentou me impedir
de fugir, me xingando e agredindo. Meu carro foi apedrejado. Tive que me
defender
Gabriel Monteiro, de 24 anos, além de policial militar e integrante do
MBL, também é youtuber e soma mais de um milhão de seguidores na
internet. Nas redes sociais, o ativista compartilha fotos de operações
policiais, portando armas, e mostra o seu dia-a-dia. Entre as
publicações, estão imagens de Monteiro “prendendo os nóias”, como ele
indica, e também fotos com fãs e crianças segurando armas.
Em agosto deste ano, Monteiro foi quase expulso da Polícia Militar
por “desobediência hierárquica”. Ele foi denunciado por um coronel da
corporação e afastado das ruas. O youtuber chegou até a perder o seu
porte de armas. O secretário da PM do Rio de Janeiro general Rogério
Figueiredo anulou a condenação. Hoje, Monteiro atua à disposição do
deputado estadual Filippe Poubel (DEM).O policial se coloca a favor da política armamentista vigente na gestão do governador Wilson Witzel (PSC). “Antes vagabundos mortos do que nossos heróis feridos”, afirma Monteiro, referindo-se a morte de um jovem de 15 anos no Jacarezinho. O youtuber faz críticas às universidade federais, a parlamentares de esquerda e cita “Deus” em diversas publicações.
Para Monteiro, a morte da Ágatha é de responsabilidade do Comando Vermelho, traficantes, usuários de drogas, defensores de bandidos, policiais corruptos e da mídia. A criança foi atingida quando estava com o avô em uma kombi na favela Fazendinha, no Complexo do Alemão, onde a família mora. Segundo testemunhas, ela estava sentada no veículo quando policiais militares atiraram em uma moto e atingiram o veículo, baleando a criança. Ela chegou a ser levada para a UPA do Alemão e transferida para hospital Getúlio Vargas, mas não resistiu aos ferimentos.
Giovanna Romano - Publicado em Veja
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