Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador James Joyce. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador James Joyce. Mostrar todas as postagens

sábado, 19 de março de 2022

PCB: 100 anos de história e de muitos crimes - Félix Maier

 Neste ano de 2022, comemoram-se vários centenários. 

No dia 7 de setembro de 2022, comemora-se o bicentenário da Independência do Brasil. Há muitos anos, a data é contestada pelos partidos e movimentos de esquerda, que inventaram o “Dia dos Excluídos” para marcar posição contra o “poder burguês” e manter viva a chama da revolução socialista. Não será surpresa se nessa data a esquerda, com apoio maciço da “mídia antifa” (a que se diz antifascista, mas que é fascista por natureza), organize uma “anticomemoração”, como fizeram por ocasião dos 500 anos do Descobrimento do Brasil. 

Outro evento importante a ser comemorado durante o ano de 2022 é o centenário da Semana de Arte Moderna, ocorrida no Teatro Municipal de São Paulo, entre os dias 13 e 18 de fevereiro. Os objetivos e os principais atores desse movimento famoso, que pregava a ruptura de todos os movimentos anteriores, podem ser vistos em  https://www.brasilparalelo.com.br/entrevistas/semana-de-arte-moderna?gclid=CjwKCAiA4KaRBhBdEiwAZi1zzr5C97Z5LkqFmA50q2ovh
O livro “Pauliceia Desvairada”, de Mário de Andrade, também é de 1922, assim como o livro de Monteiro Lobato, “Fábulas”. A propósito, Lobato foi um dos mais ferozes críticos da Semana de Arte Moderna, em especial, de Anita Malfatti, cujas pinturas seriam como os “desenhos que ornam as paredes internas dos manicômios”. Críticos acharam o máximo, um “provocador”, quando o maestro Heitor Villa-Lobos subiu ao palco do Teatro Municipal de São Paulo para reger uma orquestra vestindo chinelos, enquanto a plateia promoveu imensa vaia. O maestro apenas estava sofrendo do mal da gota e, assim, tinha dificuldade para calçar um par de sapatos. 

O ano de 2022 marca também o centenário do lançamento do livro “Ulysses”, do irlandês James Joyce, que acarretou admiração e escândalo em todo o mundo. Utilizando neologismos quilométricos e escrevendo no livro 50 páginas sem pontuação, no processo literário conhecido como “fluxo de consciência”, Joyce exerceu grande influência sobre escritores brasileiros, como Guimarães Rosa e Clarice Lispector. Um pouco dessa “epopeia popular” de Mr. Leopold Bloom, uma espécie de “volta ao dia em 80 mundos”, pode ser visto em um texto de minha autoria - cfr. http://felixmaier1950.blogspot.com/2022/03/ulysses-de-james-joyce-volta-ao-dia-em.html. O dia 16 de junho foi instituído na Irlanda como sendo o Bloomsday, para homenagear o personagem Bloom. 

O ano de 2022 marca o centenário do medicamento Novalgina. Pode não ter resolvido nenhum problema humano sério, mas diminuiu a dor de cabeça de milhões, bilhões de pessoas nesses 100 anos. 

Personalidades que fariam 100 anos em 2022: José Saramago, Tônia Carrero, Leonel Brizola, Paulo Autran, Bibi Ferreira, Doris Day, Pier Paolo Pasolini, Jack Kerovac, Alan Resnais, Dias Gomes, Darcy Ribeiro, Otto Lara Resende. O filme “Nosferatu”, de F. W. Murnau, foi lançado em 1922, assim como o filme “Doutor Mabuse, o Jogador”, de Fritz Lang. 

Outro evento importante ocorrido em 1922, com a vitória dos bolcheviques na guerra civil que se seguiu à Revolução Russa de 1917, foi a formação da União Soviética, englobando a Rússia, a Ucrânia, a Bielorússia e a Transcaucásia

Nesse mesmo ano, ocorreu no Brasil a criação do Partido Comunista Brasileiro, no dia 25 de março. Fundado por nove comunistas, tinha a denominação de Partido Comunista-Seção Brasileira da Internacional Comunista (PC-SBIC). Colocado na ilegalidade no mesmo ano de fundação, o PC-SBIC voltou à legalidade em 1927. 

Como o próprio nome diz, não se tratava de um partido político brasileiro, mas de um partido estrangeiro, apátrida, subversivo, dirigido e orientado pelo Komintern (Internacional Comunista), que foi criado em 1919 e encerrado em 1943, também conhecido como Terceira Internacional, para propagação do comunismo em todo o mundo. 

O PC-SBIC tinha obrigação de seguir as “21 condições” para novos partidos comunistas ingressarem no Komintern, estabelecidas pelo II Congresso Mundial da Internacional Comunista, reunido em Moscou no período de 19 de julho a 7 de agosto de 1920: 

1. A propaganda e a agitação cotidianas devem ter um caráter efetivamente comunista e corresponder ao programa e às resoluções da 3.ª Internacional. Os órgãos de imprensa controlados pelo Partido devem ter a redação a cargo de comunistas fiéis, provadamente devotados à causa proletária. A ditadura do proletariado não deve ser abordada como um simples chavão de uso corrente, mas preconizada de modo que todo operário, operária, soldado e camponês comum deduzam sua necessidade dos fatos da vida real, mencionados diariamente em nossa imprensa.

As editoras partidárias e a imprensa, periódica ou não, devem estar inteiramente submetidas ao Comitê Central, seja o Partido como um todo atualmente legal ou não. É inadmissível que as editoras abusem de sua autonomia e sigam uma política que não corresponda à do Partido.

Nas páginas dos jornais, nos comícios populares, nos sindicatos, nas cooperativas e onde quer que os partidários da 3.ª Internacional encontrem livre acesso, é indispensável atacar de modo sistemático e implacável não somente a burguesia, mas também seus cúmplices, os reformistas de todos os matizes. 

2. As organizações que desejam filiar-se à Internacional Comunista devem afastar de modo planejado e sistemático os reformistas e os “centristas” dos postos minimamente importantes no movimento operário (organizações partidárias, redações, sindicatos, bancadas parlamentares, cooperativas, municipalidades etc.) e substituí-los por comunistas fiéis, sem abalar-se com o fato de às vezes ser necessário, de início, trocar militantes “experientes” por operários comuns. 

3. Em quase todos os países da Europa e da América, a luta de classes está entrando na fase da guerra civil. Em tais circunstâncias, os comunistas não podem confiar na legalidade burguesa e devem formar em toda parte um aparelho clandestino paralelo que possa, no momento decisivo, ajudar o Partido a cumprir seu dever perante a revolução. Nos países onde os comunistas, por conta do estado de sítio ou das leis de exceção, não possam atuar em total legalidade, é absolutamente indispensável combinar o trabalho legal e o clandestino. 

4. O dever de propagar as ideias comunistas inclui a necessidade especial da propaganda persistente e sistemática nos exércitos. Nos lugares onde as leis de exceção proíbem essa agitação, ela deve ser realizada clandestinamente. Renunciar a essa tarefa equivale a trair o dever revolucionário e desmerecer a filiação à 3.ª Internacional.  

5. É indispensável a agitação sistemática e planejada no campo. A classe operária não pode garantir sua vitória sem atrair ao menos uma parcela dos assalariados agrícolas e dos camponeses mais pobres e neutralizar com sua política uma parte dos setores rurais restantes. O trabalho comunista no campo está adquirindo atualmente a mais alta importância. Para realizá-lo, é especialmente indispensável o auxílio dos trabalhadores comunistas revolucionários da cidade e do campo ligados ao campesinato. Renunciar a essa tarefa ou delegá-la a semirreformistas duvidosos equivale a renunciar à própria revolução proletária. 

6. Os Partidos que desejam filiar-se à 3.ª Internacional devem denunciar não somente o social-patriotismo aberto como também a falsidade e a hipocrisia do social-pacifismo, demonstrando sistematicamente aos trabalhadores que, sem a derrubada revolucionária do capitalismo, nenhuma corte internacional de arbitragem, nenhum tratado de redução de armamentos e nenhuma reorganização “democrática” da Liga das Nações livrará a humanidade de novas guerras imperialistas. 

7. Os Partidos que desejam filiar-se à Internacional Comunista devem reconhecer a necessidade da ruptura completa e definitiva com o reformismo e o “centrismo” e preconizá-la entre o grosso da militância. Sem isso, torna-se impossível realizar uma política comunista consequente. 

A Internacional Comunista exige de modo incondicional e categórico que se realize essa ruptura o mais rápido possível. Não se pode admitir que oportunistas notórios como, por exemplo, Turati, Kautsky, Hilferding, Hillquit, Longuet, MacDonald, Modigliani e outros tenham o direito de considerarem-se membros da 3.ª Internacional, o que a levaria a equiparar-se fortemente à falida 2.ª Internacional. 

8. Na questão colonial e das nações oprimidas, é indispensável que tenham uma linha particularmente clara e precisa os Partidos dos países cuja burguesia possui colônias e oprime outros povos. Os Partidos que desejam filiar-se à 3.ª Internacional devem denunciar implacavelmente as artimanhas de “seus” imperialistas nas colônias; apoiar os movimentos de libertação nas colônias não somente em palavras, mas também em atos; exigir a expulsão de seus compatriotas imperialistas das colônias; cultivar nos corações dos operários de seus países um sentimento fraternal sincero para com a população trabalhadora das colônias e das nações oprimidas; e realizar entre as tropas da metrópole uma agitação sistemática contra todo tipo de opressão dos povos coloniais.

9. Os Partidos que desejam filiar-se à Internacional Comunista devem realizar uma atividade sistemática e persistente nos sindicatos, nos conselhos operários e industriais, nas cooperativas e em outras organizações de massas, onde é indispensável criar células que, após longo e persistente trabalho, ganhem-nas para a causa comunista. Inteiramente subordinadas ao conjunto do Partido, essas células devem, a cada passo de seu trabalho cotidiano, denunciar as traições dos sociais-patriotas e as hesitações dos “centristas”. 

10. Os Partidos filiados à Internacional Comunista devem insistentemente lutar contra a “Internacional” Sindical Amarela de Amsterdã e preconizar entre os operários sindicalizados a necessidade de romper com ela. Esses Partidos devem apoiar, por todos os meios, a nascente unificação internacional dos sindicatos vermelhos que apoiam a Internacional Comunista.

11. Os Partidos que desejam filiar-se à 3.ª Internacional devem rever a composição de suas bancadas parlamentares, removendo os elementos desconfiáveis, submetendo-as ao Comitê Central do Partido não somente em palavras, mas também na prática, e exigindo que cada parlamentar comunista sujeite sua atuação aos interesses da propaganda e da agitação realmente revolucionárias. 

12. Os partidos filiados à Internacional Comunista devem ser organizados segundo o princípio do “centralismo” democrático. No atual período de guerra civil encarniçada, um Partido Comunista só poderá cumprir seu dever se for organizado da maneira mais centralizada possível, se nele predominar uma disciplina férrea que beire a militar e se seu órgão central gozar de forte autoridade, de amplos poderes e da confiança unânime da militância. 

13. Os Partidos Comunistas que atuam legalmente devem realizar depurações periódicas (recadastramentos) entre os efetivos de suas organizações para remover sistematicamente os inevitáveis elementos pequeno-burgueses. 

14. Os Partidos que desejam filiar-se à Internacional Comunista devem apoiar incondicionalmente cada República Soviética em seu combate às forças contrarrevolucionárias. Os Partidos Comunistas devem buscar continuamente convencer os trabalhadores a não transportar material bélico aos inimigos dessas Repúblicas, devem realizar uma propaganda legal ou clandestina entre as tropas enviadas para sufocar as repúblicas operárias etc. 

15. Os Partidos que ainda mantêm seus velhos programas social-democratas devem revisá-los o mais rápido possível e elaborar um novo, afinado com as resoluções da Internacional Comunista e adaptado às particularidades nacionais. Como regra, os programas dos Partidos filiados devem ser aprovados pelo Congresso Mundial seguinte ou pelo Comitê Executivo da Internacional Comunista. Caso este não aprove determinado programa, o Partido tem o direito de recorrer ao Congresso Mundial. 

16. Todas as resoluções dos congressos da Internacional Comunista, bem como as de seu Comitê Executivo, são obrigatórias para os Partidos a ela filiados. Atuando em meio à mais encarniçada guerra civil, a Internacional Comunista deve ser organizada de forma muito mais centralizada do que a 2.ª Internacional. Além disso, o trabalho da Internacional Comunista e de seu Comitê Executivo deve evidentemente levar em conta as diferentes circunstâncias em que luta e atua cada Partido e só tomar decisões de obrigação geral nas questões em que isso seja realmente possível. 

17. Conforme tudo o que foi exposto acima, os Partidos que desejam filiar-se à Internacional Comunista devem mudar seu nome para Partido Comunista de tal país (Seção da 3.ª Internacional Comunista). A questão do nome não é meramente formal, mas possui grande importância. A Internacional Comunista declarou uma guerra decidida contra o mundo burguês e os partidos social-democratas amarelos. É indispensável deixar completamente clara a todo trabalhador comum a diferença entre os Partidos Comunistas e os velhos partidos “social-democratas” ou “socialistas” oficiais que traíram a bandeira da classe operária. 

18. Os órgãos dirigentes da imprensa partidária de todos os países devem publicar todos os documentos oficiais importantes do Comitê Executivo da Internacional Comunista. 

19. Os Partidos filiados à Internacional Comunista ou que solicitaram sua filiação devem convocar o mais rápido possível, mas até quatro meses após o 2.º Congresso Mundial, um congresso extraordinário para discutir internamente estas condições. Além disso, os Comitês Centrais devem cuidar para que todas as organizações de base conheçam as resoluções do 2.º Congresso da Internacional Comunista.  

20. Os Partidos que gostariam de filiar-se agora à 3.ª Internacional, mas ainda não mudaram radicalmente sua antiga tática, devem cuidar para que, até sua filiação, não menos de 2/3 de seu Comitê Central e de seus principais órgãos centrais sejam compostos por camaradas que, antes do 2.º Congresso da Internacional Comunista, já tenham se manifestado de forma aberta e inequívoca a favor do ingresso de seu Partido. O Comitê Executivo da 3.ª Internacional tem o direito de admitir exceções, inclusive no caso dos representantes “centristas” mencionados na condição 7. 

21. Devem ser expulsos do Partido os membros que rejeitarem por princípio as condições e teses apresentadas pela Internacional Comunista. O mesmo vale para os delegados do congresso extraordinário de cada Partido” (in “21 condições de admissão (Comintern)”, com tradução de Erick Fishuk - cfr. em http://www.fishuk.cc/2014/08/condicoes.html#volta30). 

Luiz Carlos Prestes foi o mais famoso “militante” do PCB, ocupando o cargo de Secretário-Geral por 37 anos. Passou a ser membro do PC-SBIC em 1931. 

Em 1934, o PC-SBIC passou a denominar-se Partido Comunista Brasileiro (PCB). 

Prestes, convertido ao comunismo após a dissolução da Coluna Miguel Costa-Prestes (que os gatunos comunistas conseguiram rebatizar como sendo a “Coluna Prestes”), realizou cursos em Moscou e, a soldo do Komintern, do PCB e da Aliança Nacional Libertadora (ANL), deflagrou a sangrenta Intentona Comunista, em 1935. Esse primeiro grande crime de lesa-pátria do PCB, ocorrido em Natal, Recife e Rio de Janeiro, ocasionou a morte de 34 militares (alguns friamente assassinados enquanto dormiam nos quartéis) e de mais de 1.000 civis. O jornal Inconfidência, no dia 27 de novembro de 2018, publicou uma edição históricadaIntentonaComunista-cfr.em http://www.grupoinconfidencia.org.br/sistema/images/pdf/jornaisanteriores/inconfidencia258.pdf

Em 1935, antes do levante comunista, um “Tribunal Vermelho” do PCB promoveu o “justiçamento” (assassinato) de Bernardino Pinto de Almeida, o ”Dino Padeiro”, por crime de traição. Em 2 de dezembro de 1935, o PCB fez “justiçamento” de Afonso José dos Santos, cujo crime só foi elucidado em 1941. 

Um dos crimes mais horrendos perpetrados pelo PCB foi o assassinato de Elvira Cupelo Colônio, a “Elza Fernandes” ou “Garota”, amante, desde os 16 anos, de Antônio Maciel Bonfim, o “Miranda”, na época secretário-geral do PCB. Presa junto com “Miranda” após a Intentona Comunista, no início de janeiro de 1936, a “Garota” foi solta e passou a ser considerada traidora junto à cúpula do PCB. Condenada à morte por Luís Carlos Prestes, escondido em sua casa no bairro do Méier, Rio de Janeiro, seus companheiros foram contra, levando reprimenda de Prestes, que assim se expressou em uma carta: 

“Fui dolorosamente surpreendido falta de resolução e vacilação de vocês. Assim, não se pode dirigir o Partido do Proletariado, da classe e revolucionária. (...) Por que modificar a decisão a respeito da ‘garota’? Que tem a ver uma coisa com a outra? Há ou não há traição por parte dela? É ou não é ela perigosíssima para o Partido? (...) Com plena consciência de minha responsabilidade, desde os primeiros instantes tenho dado a vocês minha opinião quanto ao que fazer com ela. Em minha carta de 16, sou categórico e nada mais tenho a acrescentar. (...) Uma tal linguagem não é digna dos chefes do nosso Partido, porque é a linguagem dos medrosos, incapazes de uma decisão, temerosos ante a responsabilidade. Ou bem que vocês concordam com as medidas extremas, e neste caso já as deviam ter resolutamente posto em prática, ou então discordam mas não defendem como devem tal opinião”. 

A “Garota” foi então estrangulada com uma corda em volta do pescoço e, como o corpo não coubesse em um saco, foi partido ao meio e enterrado nos fundos de uma casa, em Guadalupe, no Rio de Janeiro. Estava perpetrado um dos crimes mais hediondos cometidos pelo PCB. 

A história do Partidão e “Os crimes do PCB”, incluindo outros “justiçamentos”, podem ser conferidos no “ORVIL” 

Após esse levante militar, o PCB foi colocado na ilegalidade. Preso em 15 de março de 1936, Prestes foi anistiado pelo Presidente Getúlio Vargas, em 1945, ano em que o PCB retorna à legalidade e Prestes se elegeu senador pelo PCB, com 140 mil votos, até então a maior votação para o Senado. 

A bancada comunista, em 1945, foi de 17 deputados federais, entre eles Jorge Amado, Carlos Marighella e Gregório Bezerra. O PCB foi colocado novamente na ilegalidade em 1947 pelo Superior Tribunal Eleitoral, por ser um partido supranacional que defendia a ditadura do proletariado. Em 1948, os parlamentares do PCB foram cassados. 

Em 1962, ocorre a primeira grande dissidência dentro do PCB, com a criação do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Essa dissidência ocorreu após as denúncias dos crimes de Stálin apresentadas por Nikita Krutschev durante o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), em 1956. O PCdoB teria destaque, anos mais tarde, na Guerrilha do Araguaia (1967-1974). 

O PCB conheceu seu mais longo período de clandestinidade durante o governo dos generais-presidentes, de 1964 a 1985. Diferente do PCdoB, o PCB não se envolveu diretamente na luta armada durante o “regime militar”, empunhando armas pela “redemocratização” do Brasil, mas na luta gramscista de “ocupação de espaços” em todos os setores nacionais, onde “Herbert Marcuse dava o pretexto ideológico e Antonio Gramsci a modalidade de organização partidária”, no dizer de Olavo de Carvalho. 

Ainda na década de 1970, essa tomada de “ocupação de espaços” ocorreu especialmente nas redações de jornais e revistas, com destaque para a atuação de Frei Betto e frades dominicanos, que tinham contato com o Agrupamento Comunista de São Paulo (AC/SP), embrião da Ação Libertadora Nacional (ALN), fundado em 1968 por Carlos Marighella, por discordar do PCB quanto à luta armada após este participar da OLAS, em Cuba, em 1967. Marighella havia abandonado um curso de Engenharia para se filiar ao PCB em 1934. O AC/SP tinha assistência jurídica, composta de 3 advogados: Nina Carvalho, Modesto Souza Barros Carvalhosa e Raimundo Paschoal Barbosa. Quando procurado pela polícia, em São Paulo, Frei Beto, que havia ingressado no convento dos dominicanos, em São Paulo, em 1966, foi acobertado pelo Provincial da Ordem, Frei Domingos Maia Leite, e transferido para o seminário dominicano Christo Rei, em São Leopoldo, RS. Frei Beto foi preso no RS, onde atuava junto com a ALN para fuga de terroristas ao Uruguai. 

Frei Betto, quando atuava como repórter na Folha da Tarde, recrutou os jornalistas Jorge Miranda Jordão (Diretor), Luiz Roberto Clauset, Rose Nogueira e Carlos Guilherme de Mendonça Penafiel. A “ocupação de espaços” incluía também a TV Cultura (Vladimir Herzog), as universidades (método Paulo Freire), as editoras de livros (Civilização Brasileira, de Ênio Silveira), o meio intelectual (Caio Prado), os centros de cultura popular e até as igrejas, especialmente a Igreja Católica dos “progressistas” Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Hélder Câmara e Frei Leonardo Boff. 

Na Editora Abril, a base de apoio era de aproximadamente 20 pessoas, comandadas pelo jornalista Roger Karman, e composta por Karman, Raymond Cohen, Yara Forte, Paulo Viana, George Duque Estrada, Milton Severiano, Sérgio Capozzi e outros, que elaboraram um arquivo secreto sobre as organizações armadas (servia também como fonte de informações para organizações subversivas). O antigo membro do PCB, escritor e filósofo Olavo de Carvalho, em depoimento à “História Oral do Exército - 31 Março 1964”, descreve como ocorreu essa nova intentona comunista, cujas consequências permanecem até os dias atuais, com destaque para a predominância do ensino da ideologia comunista nas escolas e nas universidades (cfr. trechos da entrevista de Olavo em https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/12/olavo-de-carvalho-na-historia-oral-do.html). 

Assim, pode-se afirmar que tanto a ALN de Carlos Marighella, quanto a VPR de Carlos Lamarca, são filhos diletos do PCB. Durante o “regime militar”, mais de uma centena de “genéricos do PCB” foram criados no Brasil, para propagar o terrorismo e a subversão, com vistas a implantar uma ditadura comunista no País. Para isso, os terroristas fizeram cursos em Moscou, Pequim e em Cuba. Uma lista desses movimentos terroristas que infernizaram o Brasil nas décadas de 1960 e 1970 pode ser conferida no link https://felixmaier1950.blogspot.com/2021/12/organizacoes-subversivas-brasileiras.html

Com a Lei da Anistia, de 1979, muitos brasileiros voltaram do exílio e começaram a reorganizar partidos políticos, como Leonel Brizola. 

Em maio de 1980, Prestes foi substituído na presidência do Partidão pelo cabo Giocondo Dias, por muitos anos seu motorista e guarda-costas. 

Em 1985, com o fim do governo militar, tanto o PCB, quanto o PCdoB voltaram a funcionar como partidos políticos. 

O Senador Roberto Freire foi o último comunista brasileiro a receber dinheiro da antiga URSS, o tal “ouro de Moscou”, por ocasião de sua campanha eleitoral à Presidência do Brasil, em 1989. Quem fez esta declaração foi o ex-diplomata da União Soviética no Brasil, Vladimir Novikov, coronel da KGB, que serviu em Brasília sob a fachada de Adido Cultural junto à Embaixada Soviética, nos anos de 1980. 

O Ministro da Justiça do Presidente Fernando Henrique Cardoso, Aloysio Nunes Ferreira Filho, foi “militante” do PCB e da Aliança Libertadora Nacional (ALN), de Carlos Marighella, ocasião em que participou do assalto ao trem-pagador Santos-Jundiaí, em 1968. 

Nesses 100 anos de história e inúmeros crimes praticados, o PCB teve três candidatos a Presidente da República: Minervino de Oliveira (1930), Yedo Fiúza (1945) e Roberto Freire (1989). 

Em 1992, o PCB transformou-se em Partido Popular Socialista (PPS) após a dissolução da União Soviética, porém foi recriado em 1995 (bandeira com foice e martelo) por comunistas históricos, que não aceitaram a nova ordem mundial após o fim da URSS. 

Ultimamente, voltou à baila a ideia de criminalizar também os símbolos comunistas, como já é feito, acertadamente, com os símbolos nazistas, como estabelece a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989. Obviamente, essa Lei está incompleta, pois não pode um país democrata permitir que o símbolo da foice e do martelo seja tolerado. Assim, em 6 de junho de 2016, elaborei um abaixo-assinado, para que esse símbolo que promoveu a morte de mais de 100.000.000 de pessoas ao redor do mundo durante o século XX seja também criminalizado, e o PCB e o PCdoB proscritos definitivamente em nosso País - cfr. em https://felixmaier1950.blogspot.com/2021/07/pela-criminalizacao-dos-simbolos.html

No livro do pensador francês Jean-François Revel, “A Grande Parada”, há um capítulo com o sugestivo nome de “Cláusula do totalitarismo preferido”. Nesse capítulo, uma passagem chama a atenção para descrever a diabolização dos totalitarismos ditos de direita e a santificação dos totalitarismos comunistas:  

“Alguns diques se romperam, a linha fortificada da ideologia nem sempre conseguiu se manter intacta, mas o essencial, ou seja, o princípio da desigualdade de tratamento entre o totalitarismo dito de esquerda e o dito de direita permaneceu. A década de 1980-1990 foi marcada pelo reconhecido desmoronamento do socialismo democrático. A década de 1990-2000 foi marcada pelos esforços desenvolvidos, com grande sucesso, para obliterar os ensinamentos advindos dessas experiências históricas” (REVEL, 2001: 147). 

Com referência ao projeto de criminalizar também os símbolos comunistas, Roberto Freire reclamou, no Twitter, que não poderia aceitar tal absurdo, porque ele seria classificado como “criminoso”. O velho comunista, hoje presidente do Cidadania, perdeu o Partidão, mas não o cinismo comunista, que é próprio de todo defensor da Peste Vermelha. 

Roberto Freire retuitou várias mensagens da Fundação Astrogildo Pereira, referente ao “Seminário Internacional do PCB”, ocorrido no período de 8 a 10 de março de 2022, do qual foi um dos palestrantes do evento - cfr. em https://www.fundacaoastrojildo.org.br/seminario-internancional-destaca-os-100-anos-do-partido-comunista-brasileiro/. Como se pode comprovar, Roberto Freire pode não se apresentar mais como um comunista, mas sente uma grande nostalgia do PCB, a exemplo de um cara que teve no passado uma querida namorada ou esposa, e que a “desfruta” de vez em quando para matar a saudade. 

No Twitter da Fundação Astrojildo Pereira, consta: 

“Astrojildo Pereira @FAPAstrojildo 8 de mar

Confira a transmissão do primeiro dia do Seminário Internacional PCB 100 anos.

https://twitter.com/FAPAstrojildo/status/1501241346169917440?s=20&t=LUV3Z9n0a934qQlHPF1Zrw” 

Como se pode observar, a “cláusula do totalitarismo preferido”, enunciado por Revel, referente aos partidos e ideólogos comunistas, continua sendo defendido no Brasil por uma multidão, com unhas e dentes na jugular, a mesma que defende os “bandidos de estimação” existentes no Brasil, a começar pelo maior ladravaz da história nacional, Lula da Silva.

Felix Maier - matéria transcrita do site Percival Puggina - por Blog Prontidão Total 

 

domingo, 21 de abril de 2019

Censura: é verdade esse “bilete” do STF

A censura de vez em quando aparece, aqui e em outros lugares: os censores proibiram Gustav Flaubert, na França, na segunda metade do século XIX


Deonísio da Silva
Em agosto do ano passado, em Bocaina (SP), Gabriel Lucca, um menino de seis anos, aluno da professora Paula Renata Robardelli, não queria ir para a escola no dia seguinte e entregou à mãe um pedaço de papel rasgado onde estava escrito: Senhores Paes, amanhã não vai ter aula porque pode ser feriado. Assinado: Tia Paulinha. É verdade esse bilete”. 

O menino cometeu apenas dois erros de ortografia, mais do que perdoáveis. Ele estava nos primeiros passos de duas das quatro ações indispensáveis ao ensino de Português: ouvir, falar, ler e escrever. E deu indícios de vocação diplomática: “pode ser feriado”. Talvez não seja…  O guri (peixe pequenino para os tupis e, por isso, menino) ou o piá (extraído das minha entranhas, para os caingangues, no ponto de vista dos pais) escreveu paes, em vez de pais; e bilete, em vez de bilhete.  Esses tropeços devem ser creditados mais às notórias incoerências da grafia da norma culta da língua portuguesa do que a insuficiências do menino. Logo ele aprenderá que a língua falada e a língua escrita têm códigos diferentes.

Quanto ao “não vai ter aula” em vez de “não vai haver” ou “não haverá”, é mais perdoável ainda: faz tempo que no coloquial o verbo “ter” é usado como substitutivo de “haver”, de “existir” e outros verbos de domínio conexo. Tia Paulinha é o apelido carinhoso da professora, pois, se não era costume designar as professoras dos primeiros anos por “tias”, este tratamento – apenas carinhoso, para alguns; reprovável, para outros – vigora no ambiente escolar há algumas décadas.

Esse “bilete” talvez não entre para a História do Brasil. Outros, porém, mais curtos, como os do presidente Jânio Quadros – personagem vulcânico de nossa vida política e o primeiro professor de português a ter chegado à presidência da República — ou um pouco mais longos, como certos despachos de ministros, já entraram.
Eles compõem histórias do Brasil duplamente lendárias. E no capítulo da censura há “biletes” hilários, como o despacho que em 1965 mandou prender o autor da peça Electra, que estreava no Teatro Municipal de São Paulo (SP). O autor, o grego Sófocles, morrera no Século V a.C.  Lenda, do Latim medieval legenda, designa o que deve ser lido, conhecido, como as atuais legendas de fotos e filmes. Em nossa história, antiga ou recente, a censura está repleta de lendas e de coisas que devem ser lidas.

Entre outros “biletes” famosos, um deles completa 43 anos. Num ato impulsivo, o ministro da Justiça do Governo de Ernesto Geisel proibiu um livro que se tornou o caso-síntese da luta, por parte de quem escreve ou publica, contra a censura.
O autor era um dos diretores da Light, é verdade este “bilete”, e está documentado. No dia 14 de dezembro de 1976, a mulher de uma autoridade recebeu de presente de uma amiga o livro Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca, então comercializado num envelope de plástico lacrado junto com um cartão de Boas Festas. Ela leu trechos do conto-título ao marido e este ligou para Armando Falcão, então ministro da Justiça. É o que reza a lenda.

No dia seguinte, 15/12/1976, o Diário Oficial da União publicava o seguinte despacho do ministro:Nos termos do parágrafo 8º do artigo 153 da Constituição Federal e artigo 3º do Decreto-Lei nº 1.077, de 26 de janeiro de 1970, proíbo a publicação e circulação, em todo o território nacional, do livro intitulado Feliz Ano Novo, de autoria de Rubem Fonseca, publicado pela Editora Artenova S. A., Rio de Janeiro, bem como determino a apreensão de todos os seus exemplares expostos à venda, por exteriorizarem matéria contrária à moral e aos bons costumes. Comunique-se ao DPF”.

Na semana passada, os ministros Dias Toffoli e Alexandre de Moraes, do STF, acrescentaram novas páginas a proibições deste tipo, mostrando, mais uma vez, e certamente não foram os últimos a fazê-lo, que a censura no Brasil é um tiro pela culatra, um ato execrável, predatório e inútil, que contraria os objetivos aos quais se propõe: proibir, calar, vetar, impedir, prejudicar.  A dupla de ministros proibiu as publicações da revista Crusoé e do site Antagonista retirando-os do ar. De novidades na truculência, somente a tecnologia e os neologismos sites que os hospedam.

A censura de vez em quando aparece, aqui e em outros lugares: os censores proibiram Gustav Flaubert, na França, na segunda metade do século XIX, levando o autor aos tribunais, ocasião em que o grande escritor, apavorado, recuou covardemente e disse que o propósito de seu romance Madame Bovary era moralizar e educar as moças. Nos EUA, um juiz com mais modéstia do que os dois ministros citados, solicitou parecer literário e liberou Ulisses, de James Joyce, na segunda metade do século XX.

Os dois magistrados do STF não consultaram os colegas e nas horas seguintes já sofriam pressões de todos os lados, incluindo a própria trincheira onde atuam para defender a Constituição. Celebremos que recuaram, mas eles têm que recuar mais e respeitar os limites da Constituição em vigor para evitar o triste recorde do ministro da Justiça, Armando Falcão, que, em apenas quatro anos, proibiu mais livros do que a Inquisição nos temos monárquicos e do que o famoso Index Librorum Proihibitorum (Índice dos Livros Proibidos) a Igreja Católica.

Rubem Fonseca recorreu à Justiça. O processo demorou 13 longos anos e, no segundo semestre de 1989, Feliz Ano Novo foi enfim liberado, mas em apertado placar de 2 x 1, no então Tribunal Federal de Recursos (TFR) que virou TRF depois da Constituição de 1988. Numerosas edições piratas já tinham sido feitas por todo o Brasil, talvez até mesmo pelo próprio editor.  Infelizmente, é verdade esse bilete. E felizmente é também verdade que dos 11 ministros a maioria deles não pensa em censurar a palavra escrita nesses tempos em que ela já está proibida pelo seu principal inimigo, o analfabetismo, que leva o Brasil a ser uma nação de mais de 200 milhões de habitantes, que tem 143 milhões de eleitores, nem todos leitores, dos quais a maioria não entende o que ministros do STF escrevem, mas entende o que escrevem os jornalistas em publicações como a Crusoé e o Antagonista, cujos diretores, os jornalistas Mario Sabino e Rodrigo Rangel, emitiram nota pública na quinta-feira passada agradecendo aos leitores a solidariedade durante os poucos dias que a revista e o site foram mantidos sob censura.

*Deonísio da Silva
Diretor do Instituto da Palavra & Professor
Titular Visitante da Universidade Estácio de Sá
http://portal.estacio.br/instituto-da-palavra


Blog do Augusto Nunes - Veja



quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

O centenário da Rússia de 1917

Em 2017 o episódio a respeito do qual construíram-se tantas lendas heroicas merece um olhar mais equilibrado

Em outubro de 1917, os bolcheviques (maioria, em russo) lideraram uma revolução, invadiram o palácio do czar, subiram pelas escadarias  e derrubaram séculos de absolutismo, instalando um governo de operários e camponeses.
Tudo mentira. Os bolcheviques não eram maioria, o czar não morava no palácio de inverno (ele abdicara em março e estava preso a quilômetros de distância). Em outubro de 1917 não havia mais monarquia, e a Rússia era uma república mambembe. Os poucos revoltosos entraram no palácio por janelas laterais, e o prédio não estava guarnecido por tropa capaz de defendê-lo. A cena da tomada do palácio, com uma heroica multidão subindo sua escadaria foi um invenção do cineasta Sergei Eisenstein. Ele teve a ajuda de cinco mil figurantes, e a filmagem, em 1928, causou mais danos ao palácio que a sua tomada em 1917. (A grandiosidade de Eisenstein fez com que suas cenografias engolissem a realidade. O massacre da escadaria de Odessa, do “Encouraçado Potemkin”, também não aconteceu.) 

Multidão no palácio só houve no dia seguinte, quando saquearam, e beberam, a adega real.  O ano do centenário da Revolução de 1917 será boa oportunidade para que os acontecimentos daquele ano sejam revisitados, com menos influência da propaganda. As revoluções foram duas; a primeira deu-se em fevereiro, em Petrogrado (depois Leningrado, hoje São Petersburgo). Nela misturaram-se as ansiedades de uma guerra na qual 1,5 milhão de soldados já haviam desertado, um inverno brabo que afetou o abastecimento, mais uma onda de greves e protestos. Contra essa revolta, estava Nicolau II, um autocrata medíocre metido numa corte de intrigantes. (O monge Rasputin, guru e marqueteiro da família real, havia sido assassinado em dezembro.)

No dia de hoje, há cem anos, Petrogrado parecia em paz. Estava na Rússia o príncipe herdeiro Carol da Rumânia, e a czarina Alexandra aproveitara um jantar em sua homenagem para apresentar à nobreza sua filha de 17 anos, a grã-duquesa Maria. Lênin estava em Zurique e admitia que a revolução poderia ficar para a próxima geração. (Outro hóspede da cidade era o escritor James Joyce.) Trotski estava encantando socialistas em Nova York. Stalin estava exilado no Círculo Ártico. Ele só pensava na revolução, mas nos próximos meses teria um problema: nasceria o filho de sua namorada adolescente. (Alexandre morreu em 1987. Seu filho, a quem revelara a identidade do avô, comprovou-a com um teste de DNA.)

Quando Petrogrado estava com as ruas tomadas, a czarina Alexandra acreditava que, com alguns dias de frio, as pessoas voltariam para casa, e um dos líderes bolcheviques na cidade duvidava do futuro da revolta. Ele achava que a coisa se acalmaria se os trabalhadores recebessem algum pão.  Pode-se discutir até onde a revolução de Petrogrado foi um movimento operário ou derivou de um motim da soldadesca. Como a efeméride será lembrada até o fim do ano, seria injusto que tudo parecesse ter começado com o golpe de outubro de Lênin e dos comunistas. Em março nasceu a República Russa. Podia ter dado certo mas, tendo tudo para dar errado, durou oito meses. Em outubro nasceu o que parecia ser uma aventura, sem a menor possibilidade de dar certo. Durou 74 anos.

Fonte: O Globo - Elio Gaspari, jornalista