Neste ano de 2022, comemoram-se vários centenários.
No dia 7 de
setembro de 2022, comemora-se o bicentenário da Independência do Brasil.
Há muitos anos, a data é contestada pelos partidos e movimentos de
esquerda, que inventaram o “Dia dos Excluídos” para marcar posição
contra o “poder burguês” e manter viva a chama da revolução socialista.
Não será surpresa se nessa data a esquerda, com apoio maciço da “mídia
antifa” (a que se diz antifascista, mas que é fascista por natureza),
organize uma “anticomemoração”, como fizeram por ocasião dos 500 anos do
Descobrimento do Brasil.
O livro “Pauliceia Desvairada”, de Mário de Andrade, também é de 1922,
assim como o livro de Monteiro Lobato, “Fábulas”. A propósito, Lobato
foi um dos mais ferozes críticos da Semana de Arte Moderna, em especial,
de Anita Malfatti, cujas pinturas seriam como os “desenhos que ornam as
paredes internas dos manicômios”. Críticos acharam o máximo, um
“provocador”, quando o maestro Heitor Villa-Lobos subiu ao palco do
Teatro Municipal de São Paulo para reger uma orquestra vestindo
chinelos, enquanto a plateia promoveu imensa vaia. O maestro apenas
estava sofrendo do mal da gota e, assim, tinha dificuldade para calçar
um par de sapatos.
O ano de 2022
marca também o centenário do lançamento do livro “Ulysses”, do irlandês
James Joyce, que acarretou admiração e escândalo em todo o mundo.
Utilizando neologismos quilométricos e escrevendo no livro 50 páginas
sem pontuação, no processo literário conhecido como “fluxo de
consciência”, Joyce exerceu grande influência sobre escritores
brasileiros, como Guimarães Rosa e Clarice Lispector. Um pouco dessa
“epopeia popular” de Mr. Leopold Bloom, uma espécie de “volta ao dia em
80 mundos”, pode ser visto em um texto de minha autoria - cfr. http://felixmaier1950.blogspot.com/2022/03/ulysses-de-james-joyce-volta-ao-dia-em.html. O dia 16 de junho foi instituído na Irlanda como sendo o Bloomsday, para homenagear o personagem Bloom.
O ano de 2022
marca o centenário do medicamento Novalgina. Pode não ter resolvido
nenhum problema humano sério, mas diminuiu a dor de cabeça de milhões,
bilhões de pessoas nesses 100 anos.
Personalidades
que fariam 100 anos em 2022: José Saramago, Tônia Carrero, Leonel
Brizola, Paulo Autran, Bibi Ferreira, Doris Day, Pier Paolo Pasolini,
Jack Kerovac, Alan Resnais, Dias Gomes, Darcy Ribeiro, Otto Lara
Resende. O filme “Nosferatu”, de F. W. Murnau, foi lançado em 1922,
assim como o filme “Doutor Mabuse, o Jogador”, de Fritz Lang.
Outro evento
importante ocorrido em 1922, com a vitória dos bolcheviques na guerra
civil que se seguiu à Revolução Russa de 1917, foi a formação da União
Soviética, englobando a Rússia, a Ucrânia, a Bielorússia e a
Transcaucásia.
Nesse mesmo ano, ocorreu no Brasil a criação do Partido
Comunista Brasileiro, no dia 25 de março. Fundado por nove comunistas,
tinha a denominação de Partido Comunista-Seção Brasileira da
Internacional Comunista (PC-SBIC). Colocado na ilegalidade no mesmo ano
de fundação, o PC-SBIC voltou à legalidade em 1927.
Como o
próprio nome diz, não se tratava de um partido político brasileiro, mas
de um partido estrangeiro, apátrida, subversivo, dirigido e orientado
pelo Komintern (Internacional Comunista), que foi criado em 1919 e
encerrado em 1943, também conhecido como Terceira Internacional, para
propagação do comunismo em todo o mundo.
O PC-SBIC
tinha obrigação de seguir as “21 condições” para novos partidos
comunistas ingressarem no Komintern, estabelecidas pelo II Congresso
Mundial da Internacional Comunista, reunido em Moscou no período de 19
de julho a 7 de agosto de 1920:
1. A
propaganda e a agitação cotidianas devem ter um caráter efetivamente
comunista e corresponder ao programa e às resoluções da 3.ª
Internacional. Os órgãos de imprensa controlados pelo Partido devem ter a
redação a cargo de comunistas fiéis, provadamente devotados à causa
proletária. A ditadura do proletariado não deve ser abordada como um
simples chavão de uso corrente, mas preconizada de modo que todo
operário, operária, soldado e camponês comum deduzam sua necessidade dos
fatos da vida real, mencionados diariamente em nossa imprensa.
As
editoras partidárias e a imprensa, periódica ou não, devem estar
inteiramente submetidas ao Comitê Central, seja o Partido como um todo
atualmente legal ou não. É inadmissível que as editoras abusem de sua
autonomia e sigam uma política que não corresponda à do Partido.
Nas
páginas dos jornais, nos comícios populares, nos sindicatos, nas
cooperativas e onde quer que os partidários da 3.ª Internacional
encontrem livre acesso, é indispensável atacar de modo sistemático e
implacável não somente a burguesia, mas também seus cúmplices, os
reformistas de todos os matizes.
2. As
organizações que desejam filiar-se à Internacional Comunista
devem afastar de modo planejado e sistemático os reformistas e os
“centristas” dos postos minimamente importantes no movimento operário
(organizações partidárias, redações, sindicatos, bancadas parlamentares,
cooperativas, municipalidades etc.) e substituí-los por comunistas
fiéis, sem abalar-se com o fato de às vezes ser necessário, de início,
trocar militantes “experientes” por operários comuns.
3. Em
quase todos os países da Europa e da América, a luta de classes está
entrando na fase da guerra civil. Em tais circunstâncias, os comunistas
não podem confiar na legalidade burguesa e devem formar em toda parte um
aparelho clandestino paralelo que possa, no momento decisivo, ajudar o
Partido a cumprir seu dever perante a revolução. Nos países onde os
comunistas, por conta do estado de sítio ou das leis de exceção, não
possam atuar em total legalidade, é absolutamente indispensável combinar
o trabalho legal e o clandestino.
4. O
dever de propagar as ideias comunistas inclui a necessidade especial da
propaganda persistente e sistemática nos exércitos. Nos lugares onde as
leis de exceção proíbem essa agitação, ela deve ser realizada
clandestinamente. Renunciar a essa tarefa equivale a trair o dever
revolucionário e desmerecer a filiação à 3.ª Internacional.
5. É
indispensável a agitação sistemática e planejada no campo. A classe
operária não pode garantir sua vitória sem atrair ao menos uma parcela
dos assalariados agrícolas e dos camponeses mais pobres e neutralizar
com sua política uma parte dos setores rurais restantes. O trabalho
comunista no campo está adquirindo atualmente a mais alta importância.
Para realizá-lo, é especialmente indispensável o auxílio
dos trabalhadores comunistas revolucionários da cidade e do
campo ligados ao campesinato. Renunciar a essa tarefa ou delegá-la a
semirreformistas duvidosos equivale a renunciar à própria revolução
proletária.
6. Os
Partidos que desejam filiar-se à 3.ª Internacional devem denunciar não
somente o social-patriotismo aberto como também a falsidade e a
hipocrisia do social-pacifismo, demonstrando sistematicamente aos
trabalhadores que, sem a derrubada revolucionária do capitalismo,
nenhuma corte internacional de arbitragem, nenhum tratado de redução de
armamentos e nenhuma reorganização “democrática” da Liga das Nações
livrará a humanidade de novas guerras imperialistas.
7. Os
Partidos que desejam filiar-se à Internacional Comunista devem
reconhecer a necessidade da ruptura completa e definitiva com o
reformismo e o “centrismo” e preconizá-la entre o grosso da militância.
Sem isso, torna-se impossível realizar uma política comunista
consequente.
A
Internacional Comunista exige de modo incondicional e categórico que se
realize essa ruptura o mais rápido possível. Não se pode admitir que
oportunistas notórios como, por exemplo, Turati, Kautsky, Hilferding,
Hillquit, Longuet, MacDonald, Modigliani e outros tenham o direito de
considerarem-se membros da 3.ª Internacional, o que a levaria a
equiparar-se fortemente à falida 2.ª Internacional.
8. Na
questão colonial e das nações oprimidas, é indispensável que tenham uma
linha particularmente clara e precisa os Partidos dos países cuja
burguesia possui colônias e oprime outros povos. Os Partidos que desejam
filiar-se à 3.ª Internacional devem denunciar implacavelmente as
artimanhas de “seus” imperialistas nas colônias; apoiar os movimentos de
libertação nas colônias não somente em palavras, mas também em atos;
exigir a expulsão de seus compatriotas imperialistas das colônias;
cultivar nos corações dos operários de seus países um sentimento
fraternal sincero para com a população trabalhadora das colônias e das
nações oprimidas; e realizar entre as tropas da metrópole uma agitação
sistemática contra todo tipo de opressão dos povos coloniais.
9. Os
Partidos que desejam filiar-se à Internacional Comunista devem realizar
uma atividade sistemática e persistente nos sindicatos, nos conselhos
operários e industriais, nas cooperativas e em outras organizações de
massas, onde é indispensável criar células que, após longo e persistente
trabalho, ganhem-nas para a causa comunista. Inteiramente subordinadas
ao conjunto do Partido, essas células devem, a cada passo de seu
trabalho cotidiano, denunciar as traições dos sociais-patriotas e as
hesitações dos “centristas”.
10. Os
Partidos filiados à Internacional Comunista devem insistentemente lutar
contra a “Internacional” Sindical Amarela de Amsterdã e preconizar entre
os operários sindicalizados a necessidade de romper com ela. Esses
Partidos devem apoiar, por todos os meios, a nascente unificação
internacional dos sindicatos vermelhos que apoiam a Internacional
Comunista.
11. Os
Partidos que desejam filiar-se à 3.ª Internacional devem rever a
composição de suas bancadas parlamentares, removendo os elementos
desconfiáveis, submetendo-as ao Comitê Central do Partido não somente em
palavras, mas também na prática, e exigindo que cada parlamentar
comunista sujeite sua atuação aos interesses da propaganda e da agitação
realmente revolucionárias.
12. Os
partidos filiados à Internacional Comunista devem ser organizados
segundo o princípio do “centralismo” democrático. No atual período de
guerra civil encarniçada, um Partido Comunista só poderá cumprir seu
dever se for organizado da maneira mais centralizada possível, se nele
predominar uma disciplina férrea que beire a militar e se seu órgão
central gozar de forte autoridade, de amplos poderes e da confiança
unânime da militância.
13. Os
Partidos Comunistas que atuam legalmente devem realizar depurações
periódicas (recadastramentos) entre os efetivos de suas organizações
para remover sistematicamente os inevitáveis elementos
pequeno-burgueses.
14. Os
Partidos que desejam filiar-se à Internacional Comunista devem apoiar
incondicionalmente cada República Soviética em seu combate às forças
contrarrevolucionárias. Os Partidos Comunistas devem buscar
continuamente convencer os trabalhadores a não transportar material
bélico aos inimigos dessas Repúblicas, devem realizar uma propaganda
legal ou clandestina entre as tropas enviadas para sufocar as repúblicas
operárias etc.
15. Os
Partidos que ainda mantêm seus velhos programas social-democratas devem
revisá-los o mais rápido possível e elaborar um novo, afinado com as
resoluções da Internacional Comunista e adaptado às particularidades
nacionais. Como regra, os programas dos Partidos filiados devem ser
aprovados pelo Congresso Mundial seguinte ou pelo Comitê Executivo da
Internacional Comunista. Caso este não aprove determinado programa, o
Partido tem o direito de recorrer ao Congresso Mundial.
16. Todas
as resoluções dos congressos da Internacional Comunista, bem como as de
seu Comitê Executivo, são obrigatórias para os Partidos a ela filiados.
Atuando em meio à mais encarniçada guerra civil, a Internacional
Comunista deve ser organizada de forma muito mais centralizada do que a
2.ª Internacional. Além disso, o trabalho da Internacional Comunista e
de seu Comitê Executivo deve evidentemente levar em conta as diferentes
circunstâncias em que luta e atua cada Partido e só tomar decisões de
obrigação geral nas questões em que isso seja realmente possível.
17. Conforme
tudo o que foi exposto acima, os Partidos que desejam filiar-se à
Internacional Comunista devem mudar seu nome para Partido Comunista
de tal país (Seção da 3.ª Internacional Comunista). A questão do nome
não é meramente formal, mas possui grande importância. A Internacional
Comunista declarou uma guerra decidida contra o mundo burguês e os
partidos social-democratas amarelos. É indispensável deixar
completamente clara a todo trabalhador comum a diferença entre os
Partidos Comunistas e os velhos partidos “social-democratas” ou
“socialistas” oficiais que traíram a bandeira da classe operária.
18. Os
órgãos dirigentes da imprensa partidária de todos os países devem
publicar todos os documentos oficiais importantes do Comitê Executivo da
Internacional Comunista.
19. Os
Partidos filiados à Internacional Comunista ou que solicitaram sua
filiação devem convocar o mais rápido possível, mas até quatro meses
após o 2.º Congresso Mundial, um congresso extraordinário para discutir
internamente estas condições. Além disso, os Comitês Centrais devem
cuidar para que todas as organizações de base conheçam as resoluções do
2.º Congresso da Internacional Comunista.
20. Os
Partidos que gostariam de filiar-se agora à 3.ª Internacional, mas ainda
não mudaram radicalmente sua antiga tática, devem cuidar para que, até
sua filiação, não menos de 2/3 de seu Comitê Central e de seus
principais órgãos centrais sejam compostos por camaradas que, antes do
2.º Congresso da Internacional Comunista, já tenham se manifestado de
forma aberta e inequívoca a favor do ingresso de seu Partido. O Comitê
Executivo da 3.ª Internacional tem o direito de admitir exceções,
inclusive no caso dos representantes “centristas” mencionados na
condição 7.
21. Devem
ser expulsos do Partido os membros que rejeitarem por princípio as
condições e teses apresentadas pela Internacional Comunista. O mesmo
vale para os delegados do congresso extraordinário de cada
Partido” (in “21 condições de admissão (Comintern)”, com tradução de
Erick Fishuk - cfr. em http://www.fishuk.cc/2014/08/condicoes.html#volta30).
Luiz Carlos
Prestes foi o mais famoso “militante” do PCB, ocupando o cargo de
Secretário-Geral por 37 anos. Passou a ser membro do PC-SBIC em 1931.
Em 1934, o PC-SBIC passou a denominar-se Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Prestes,
convertido ao comunismo após a dissolução da Coluna Miguel Costa-Prestes
(que os gatunos comunistas conseguiram rebatizar como sendo a “Coluna
Prestes”), realizou cursos em Moscou e, a soldo do Komintern, do PCB e
da Aliança Nacional Libertadora (ANL), deflagrou a sangrenta Intentona
Comunista, em 1935. Esse primeiro grande crime de lesa-pátria do PCB,
ocorrido em Natal, Recife e Rio de Janeiro, ocasionou a morte de 34
militares (alguns friamente assassinados enquanto dormiam nos quartéis) e
de mais de 1.000 civis. O jornal Inconfidência, no dia 27 de novembro
de 2018, publicou uma edição históricadaIntentonaComunista-cfr.em http://www.grupoinconfidencia.org.br/sistema/images/pdf/jornaisanteriores/inconfidencia258.pdf.
Em 1935,
antes do levante comunista, um “Tribunal Vermelho” do PCB promoveu o
“justiçamento” (assassinato) de Bernardino Pinto de Almeida, o ”Dino
Padeiro”, por crime de traição. Em 2 de dezembro de 1935, o PCB fez
“justiçamento” de Afonso José dos Santos, cujo crime só foi elucidado em
1941.
Um dos crimes
mais horrendos perpetrados pelo PCB foi o assassinato de Elvira Cupelo
Colônio, a “Elza Fernandes” ou “Garota”, amante, desde os 16 anos, de
Antônio Maciel Bonfim, o “Miranda”, na época secretário-geral do PCB.
Presa junto com “Miranda” após a Intentona Comunista, no início de
janeiro de 1936, a “Garota” foi solta e passou a ser considerada
traidora junto à cúpula do PCB. Condenada à morte por Luís Carlos
Prestes, escondido em sua casa no bairro do Méier, Rio de Janeiro, seus
companheiros foram contra, levando reprimenda de Prestes, que assim se
expressou em uma carta:
“Fui
dolorosamente surpreendido falta de resolução e vacilação de vocês.
Assim, não se pode dirigir o Partido do Proletariado, da classe e
revolucionária. (...) Por que modificar a decisão a respeito da
‘garota’? Que tem a ver uma coisa com a outra? Há ou não há traição por
parte dela? É ou não é ela perigosíssima para o Partido? (...) Com plena
consciência de minha responsabilidade, desde os primeiros instantes
tenho dado a vocês minha opinião quanto ao que fazer com ela. Em minha
carta de 16, sou categórico e nada mais tenho a acrescentar. (...) Uma
tal linguagem não é digna dos chefes do nosso Partido, porque é a
linguagem dos medrosos, incapazes de uma decisão, temerosos ante a
responsabilidade. Ou bem que vocês concordam com as medidas extremas, e
neste caso já as deviam ter resolutamente posto em prática, ou então
discordam mas não defendem como devem tal opinião”.
A “Garota”
foi então estrangulada com uma corda em volta do pescoço e, como o corpo
não coubesse em um saco, foi partido ao meio e enterrado nos fundos de
uma casa, em Guadalupe, no Rio de Janeiro. Estava perpetrado um dos
crimes mais hediondos cometidos pelo PCB.
A história do Partidão e “Os crimes do PCB”, incluindo outros “justiçamentos”, podem ser conferidos no “ORVIL”
Após esse
levante militar, o PCB foi colocado na ilegalidade. Preso em 15 de março
de 1936, Prestes foi anistiado pelo Presidente Getúlio Vargas, em 1945,
ano em que o PCB retorna à legalidade e Prestes se elegeu senador pelo
PCB, com 140 mil votos, até então a maior votação para o Senado.
A bancada comunista, em 1945, foi de 17 deputados federais, entre eles Jorge Amado, Carlos Marighella e Gregório Bezerra. O PCB foi
colocado novamente na ilegalidade em 1947 pelo Superior Tribunal
Eleitoral, por ser um partido supranacional que defendia a ditadura do
proletariado. Em 1948, os parlamentares do PCB foram cassados.
Em 1962,
ocorre a primeira grande dissidência dentro do PCB, com a criação do
Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Essa dissidência ocorreu após as
denúncias dos crimes de Stálin apresentadas por Nikita Krutschev durante
o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), em 1956.
O PCdoB teria destaque, anos mais tarde, na Guerrilha do Araguaia
(1967-1974).
O PCB
conheceu seu mais longo período de clandestinidade durante o governo dos
generais-presidentes, de 1964 a 1985. Diferente do PCdoB, o PCB não se
envolveu diretamente na luta armada durante o “regime militar”,
empunhando armas pela “redemocratização” do Brasil, mas na luta
gramscista de “ocupação de espaços” em todos os setores nacionais,
onde “Herbert Marcuse dava o pretexto ideológico e Antonio Gramsci a
modalidade de organização partidária”, no dizer de Olavo de Carvalho.
Ainda na
década de 1970, essa tomada de “ocupação de espaços” ocorreu
especialmente nas redações de jornais e revistas, com destaque para a
atuação de Frei Betto e frades dominicanos, que tinham contato com o
Agrupamento Comunista de São Paulo (AC/SP), embrião da Ação Libertadora
Nacional (ALN), fundado em 1968 por Carlos Marighella, por discordar do
PCB quanto à luta armada após este participar da OLAS, em Cuba, em 1967.
Marighella havia abandonado um curso de Engenharia para se filiar ao
PCB em 1934. O AC/SP tinha assistência jurídica, composta de 3
advogados: Nina Carvalho, Modesto Souza Barros Carvalhosa e Raimundo
Paschoal Barbosa. Quando procurado pela polícia, em São Paulo, Frei
Beto, que havia ingressado no convento dos dominicanos, em São Paulo, em
1966, foi acobertado pelo Provincial da Ordem, Frei Domingos Maia
Leite, e transferido para o seminário dominicano Christo Rei, em São
Leopoldo, RS. Frei Beto foi preso no RS, onde atuava junto com a ALN
para fuga de terroristas ao Uruguai.
Frei Betto,
quando atuava como repórter na Folha da Tarde, recrutou os jornalistas
Jorge Miranda Jordão (Diretor), Luiz Roberto Clauset, Rose Nogueira e
Carlos Guilherme de Mendonça Penafiel. A “ocupação de espaços” incluía
também a TV Cultura (Vladimir Herzog), as universidades (método Paulo
Freire), as editoras de livros (Civilização Brasileira, de Ênio
Silveira), o meio intelectual (Caio Prado), os centros de cultura
popular e até as igrejas, especialmente a Igreja Católica dos
“progressistas” Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Hélder Câmara e Frei
Leonardo Boff.
Na Editora
Abril, a base de apoio era de aproximadamente 20 pessoas, comandadas
pelo jornalista Roger Karman, e composta por Karman, Raymond Cohen, Yara
Forte, Paulo Viana, George Duque Estrada, Milton Severiano, Sérgio
Capozzi e outros, que elaboraram um arquivo secreto sobre as
organizações armadas (servia também como fonte de informações para
organizações subversivas). O antigo membro do PCB, escritor e filósofo
Olavo de Carvalho, em depoimento à “História Oral do Exército - 31 Março
1964”, descreve como ocorreu essa nova intentona comunista, cujas
consequências permanecem até os dias atuais, com destaque para a
predominância do ensino da ideologia comunista nas escolas e nas
universidades (cfr. trechos da entrevista de Olavo em https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/12/olavo-de-carvalho-na-historia-oral-do.html).
Assim,
pode-se afirmar que tanto a ALN de Carlos Marighella, quanto a VPR de
Carlos Lamarca, são filhos diletos do PCB. Durante o “regime militar”,
mais de uma centena de “genéricos do PCB” foram criados no Brasil, para
propagar o terrorismo e a subversão, com vistas a implantar uma ditadura
comunista no País. Para isso, os terroristas fizeram cursos em Moscou,
Pequim e em Cuba. Uma lista desses movimentos terroristas que
infernizaram o Brasil nas décadas de 1960 e 1970 pode ser conferida no
link https://felixmaier1950.blogspot.com/2021/12/organizacoes-subversivas-brasileiras.html.
Com a Lei da
Anistia, de 1979, muitos brasileiros voltaram do exílio e começaram a
reorganizar partidos políticos, como Leonel Brizola.
Em maio de
1980, Prestes foi substituído na presidência do Partidão pelo cabo
Giocondo Dias, por muitos anos seu motorista e guarda-costas.
Em 1985, com o fim do governo militar, tanto o PCB, quanto o PCdoB voltaram a funcionar como partidos políticos.
O Senador
Roberto Freire foi o último comunista brasileiro a receber dinheiro da
antiga URSS, o tal “ouro de Moscou”, por ocasião de sua campanha
eleitoral à Presidência do Brasil, em 1989. Quem fez esta declaração foi
o ex-diplomata da União Soviética no Brasil, Vladimir Novikov, coronel
da KGB, que serviu em Brasília sob a fachada de Adido Cultural junto à
Embaixada Soviética, nos anos de 1980.
O Ministro da
Justiça do Presidente Fernando Henrique Cardoso, Aloysio Nunes Ferreira
Filho, foi “militante” do PCB e da Aliança Libertadora Nacional (ALN),
de Carlos Marighella, ocasião em que participou do assalto ao
trem-pagador Santos-Jundiaí, em 1968.
Nesses 100
anos de história e inúmeros crimes praticados, o PCB teve três
candidatos a Presidente da República: Minervino de Oliveira (1930), Yedo
Fiúza (1945) e Roberto Freire (1989).
Em 1992, o
PCB transformou-se em Partido Popular Socialista (PPS) após a dissolução
da União Soviética, porém foi recriado em 1995 (bandeira com foice e
martelo) por comunistas históricos, que não aceitaram a nova ordem
mundial após o fim da URSS.
Ultimamente,
voltou à baila a ideia de criminalizar também os símbolos comunistas,
como já é feito, acertadamente, com os símbolos nazistas, como
estabelece a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989. Obviamente, essa Lei
está incompleta, pois não pode um país democrata permitir que o símbolo
da foice e do martelo seja tolerado. Assim, em 6 de junho de 2016,
elaborei um abaixo-assinado, para que esse símbolo que promoveu a morte
de mais de 100.000.000 de pessoas ao redor do mundo durante o século XX
seja também criminalizado, e o PCB e o PCdoB proscritos definitivamente
em nosso País - cfr. em https://felixmaier1950.blogspot.com/2021/07/pela-criminalizacao-dos-simbolos.html.
No livro do
pensador francês Jean-François Revel, “A Grande Parada”, há um capítulo
com o sugestivo nome de “Cláusula do totalitarismo preferido”. Nesse
capítulo, uma passagem chama a atenção para descrever a diabolização dos
totalitarismos ditos de direita e a santificação dos totalitarismos
comunistas:
“Alguns
diques se romperam, a linha fortificada da ideologia nem sempre
conseguiu se manter intacta, mas o essencial, ou seja, o princípio da
desigualdade de tratamento entre o totalitarismo dito de esquerda e o
dito de direita permaneceu. A década de 1980-1990 foi marcada pelo
reconhecido desmoronamento do socialismo democrático. A década de
1990-2000 foi marcada pelos esforços desenvolvidos, com grande sucesso,
para obliterar os ensinamentos advindos dessas experiências
históricas” (REVEL, 2001: 147).
Com
referência ao projeto de criminalizar também os símbolos comunistas,
Roberto Freire reclamou, no Twitter, que não poderia aceitar tal
absurdo, porque ele seria classificado como “criminoso”. O velho
comunista, hoje presidente do Cidadania, perdeu o Partidão, mas não o
cinismo comunista, que é próprio de todo defensor da Peste Vermelha.
Roberto
Freire retuitou várias mensagens da Fundação Astrogildo Pereira,
referente ao “Seminário Internacional do PCB”, ocorrido no período de 8 a
10 de março de 2022, do qual foi um dos palestrantes do evento - cfr.
em https://www.fundacaoastrojildo.org.br/seminario-internancional-destaca-os-100-anos-do-partido-comunista-brasileiro/.
Como se pode comprovar, Roberto Freire pode não se apresentar mais como
um comunista, mas sente uma grande nostalgia do PCB, a exemplo de um
cara que teve no passado uma querida namorada ou esposa, e que a
“desfruta” de vez em quando para matar a saudade.
No Twitter da Fundação Astrojildo Pereira, consta:
“Astrojildo Pereira @FAPAstrojildo 8 de mar
Confira a transmissão do primeiro dia do Seminário Internacional PCB 100 anos.
https://twitter.com/FAPAstrojildo/status/1501241346169917440?s=20&t=LUV3Z9n0a934qQlHPF1Zrw”
Como se pode
observar, a “cláusula do totalitarismo preferido”, enunciado por Revel,
referente aos partidos e ideólogos comunistas, continua sendo defendido
no Brasil por uma multidão, com unhas e dentes na jugular, a mesma que
defende os “bandidos de estimação” existentes no Brasil, a começar pelo
maior ladravaz da história nacional, Lula da Silva.
Felix Maier - matéria transcrita do site Percival Puggina - por Blog Prontidão Total