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quinta-feira, 23 de março de 2023

‘Temos o melhor Banco Central do mundo’ - Revista Oeste

Bruno Meyer

Danillo Branco, CEO da Finansystech, faz um balanço das inovações na era Roberto Campos Neto 

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock  

Antes mesmo da ruína do Silicon Valley Bank, na sexta-feira 10, 2023 já estava marcado com um início de ano fraco de aportes para as empresas iniciantes — as startups. Fraco, mas não parado. Em fevereiro, a startup brasileira Finansystech foi comprada pela fintech brasileira Celcoin, o que a transformou numa empresa com valor de mercado de R$ 85 milhões. “As startups que têm dado certo aliam duas coisas”, diz Danillo Branco, CEO e fundador da Finansystech. “O acesso ao capital e a boa gestão desse capital para conduzir os negócios, como qualquer multinacional. O mercado passa agora por uma correção, com dinheiro mais escasso, mas não está ruim.”

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central| 
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Agenda BC#
A existência dessa transação e a criação da Finansystech só foram possíveis pelas ações de Roberto Campos Neto à frente do Banco Central. “É o melhor Banco Central do mundo”, avalia Branco. 
É assim que o mercado financeiro e quem lida diretamente com o sistema bancário enxergam o trabalho de Campos Neto. Branco reforça que o ponto mais importante de Neto foi a criação do Agenda BC#, uma diretriz de inovação do Banco Central brasileiro, com cinco pilares: transparência, concorrência, inovação tecnológica, diversidade e inclusão financeira.
Danillo Branco, da Finansystech: 
“O Brasil é hoje um dos países, senão o país com mais tecnologia 
no mercado financeiro do mundo” | Foto: Divulgação

O avanço do Open Finance…
A Finansystech, em tese, só foi criada depois das tomadas de decisões de Campos Neto à frente do BC. Com a obsessão na inovação tecnológica, o Pix foi lançado e virou sucesso nacional para todas as classes sociais e foi copiado mundo afora. Sem custo algum, o brasileiro poderia, a partir da criação, transferir dinheiro entre contas, sem despesa, diferente de como era antes, com o TED. O próximo passo das inovações foi o Open Finance, um avanço do open banking, quando ocorre o compartilhamento das informações de variados produtos entre as instituições. “No fim, é democratizar os dados bancários das pessoas. Fizemos melhor do que o Reino Unido, onde tudo começou, porque hoje a gente tem todos os produtos lá dentro, e agora vai entrar a parte de investimento.”
Ilustração: Araya Wattanasetthanun/Shutterstock

…e a agenda do Banco Central
A participação de todos os bancos só ocorreu por imposição do Banco Central. “Ele obrigou as grandes instituições a entrarem, e isso criou um ambiente de concorrência, o que foi importante para o nosso sistema bancário”, diz Branco. “Essa agenda do BC tem desafiado alguns grandes bancos. É contraproducente dizer que o BC trabalha para os grandes bancos. Essa gestão de agora está muito mais alinhada com os interesses da sociedade do que com os interesses de banco, porque ela está justamente abrindo novas oportunidades.”
 
A maior tecnologia financeira do mundo

Com as inovações na mesa, surgem negócios. O business da Finansystech nada mais é do que entregar produtos através de uma plataforma para os bancos, de todos os tamanhos, para as instituições passarem a participar do Open Finance, o que mexe diretamente com o cliente final. Os grandes bancos, por exemplo, fazem a recepção de dados de outras contas de clientes, para dar limites maiores ou cartão de crédito diferenciado. Os pequenos bancos têm a diferença de ter acesso a dados que não teriam se não fosse o Open Finance. “O Brasil é hoje um dos países, senão o país com mais tecnologia no mercado financeiro do mundo”, diz Branco.

No esforço de projetar uma marca já amplamente conhecida nacionalmente, o Mercado Livre absorveu as cores do Mercado Pago nos últimos dias. Campanhas de comunicação, e o próprio site chegou a trocar o amarelo por uma versão azulada, em alusão ao banco digital. A ação entra em linha com as diretrizes do vice-presidente sênior do Mercado Livre no Brasil, Fernando Yunes. De acordo com ele, em 2023, a receita do Mercado Pago deve superar a do Mercado Livre, e o potencial de crescimento dessa área é enorme. 

Mercado Livre Brasil
Mercado Livre | Foto: Divulgação

bruno@revistaoeste.com 

Leia também “A Tesla brasileira” 

 

MATÉRIA COMPLETA - Revista Oeste

 

Bruno Meyer, colunista - Revista Oeste


sábado, 15 de dezembro de 2018

‘O Nubank é uma ameaça’, diz presidente do Bradesco

Luiz Carlos Trabuco, presidente do conselho do banco, defende que futuro governo aprove a reforma possível caso a necessária não siga adiante

[se o Nubank é uma ameaça para o Bradesco, podemos considerar que é seguro e vantajoso para seus clientes.]

O presidente do Bradesco, Octávio de Lazari, afirmou que o Nubank é uma ameaça para a estratégia digital do banco, mas que a fintech [saiba mais] e outras novas empresas financeiras precisam ser respeitadas.  “Eu gostaria de ter os cinco milhões de clientes do Nubank. O Nubank é uma ameaça, mas vem fazendo um bom trabalho e precisa ser respeitado”, destacou ele, em almoço com a imprensa, nesta tarde de sexta-feira, 14.

O presidente do Bradesco ressaltou a necessidade de se levar em conta os serviços prestados e também as tarifas dos novos bancos. Nesta semana, a fintech brasileira lançou um cartão de débito  que pode ser usado para pagamentos e também para saque de recursos nos caixas eletrônicos da rede do Banco24horas, mas com cobrança de uma taxa para cada retirada.

De acordo com o presidente do Bradesco, o braço digital da instituição, batizado de Next, superou as expectativas e deve encerrar o ano com 500 mil clientes. “Nossa meta era abrir entre 2.000 e 2.500 contas por dia. Já estamos abrindo 5.000. O Next é uma aposta vencedora e acreditamos que vai se fortalecer como um canal de distribuição do banco”, avaliou ele.
Já o cartão de crédito do Bradesco para concorrer com o Nubank, o digio, conforme o vice-presidente do banco, Marcelo Noronha, deve bater a casa do 1 milhão de clientes.

Ano difícil
Lazari classificou 2018 como um ano difícil, reflexo do cenário político polarizado e da greve dos caminhoneiros. Mas, apesar disso, o Bradesco vai chegar ao fim do ano entregando o que propôs em termos de balanço.
Sobre a rentabilidade (ROE, na sigla em inglês) do banco, ele disse que espera que o ano de 2019 seja um ponto de partida para melhora do indicador e não de chegada. Acrescentou ainda que os modelos de crédito sinalizam a melhora da inadimplência no próximo exercício.

Reforma da Previdência
O presidente do Conselho do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, afirmou que se não for possível o governo de Jair Bolsonaro aprovar a reforma da Previdência necessária, que consiga aprovar a possível.
“Mais que otimistas, estamos esperançosos com 2019”, disse Trabuco, ressaltando que espera avanço também na reforma do Estado. O executivo destacou que o regime de Previdência por repartição está em crise em alguns países do mundo, por isso a necessidade de reforma.

O otimismo vem também de investimentos que podem chegar ao Brasil. O banco estima que o país pode receber 50 bilhões de dólares de fundos dedicados a emergentes em 2019, caso a agenda de reformas avance.
Além dos recursos para o mercado financeiro, o banco estima que 200 bilhões de dólares podem vir nos próximos cinco anos, auxiliados, por exemplo, pela agenda de privatizações, concessões e investimentos em infraestrutura.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

A falsa dicotomia

O mercado, como bem sabem os estudiosos do tema, não tem o alcance de reduzir desigualdades

Entre acadêmicos e não acadêmicos, economistas e não economistas, jornalistas e não jornalistas, esquerda e direita, prevalece a ideia de que Estado e mercado são entidades separáveis, por vezes opostas. A ideia de separação tão entranhada está que há quem diga que tudo o que não é Estado é mercado, como se houvesse uma linha concreta a partir da qual ambos fossem claramente definíveis. Na América Latina, região que sempre oscilou entre a mão pesada do Estado e as tentativas de reduzir sua influência na economia, a dicotomia parece fato incontestável.

No Brasil, onde alguns resolveram enxergar uma “revolução das ideias” com a ascensão de Bolsonaro e da ortodoxia de Paulo Guedes, a divisão entre Estado e mercado é muitas vezes tida como uma certeza. Dicotomias são muitas vezes simplificações da realidade, e simplificações da realidade costumam gerar muita confusão mental, sobretudo nas inexatas ciências sociais.  Como tantas outras coisas, o segredo para se pensar o papel do Estado está no reconhecimento de que é preciso haver um equilíbrio na relação Estado-mercado. Se o Estado é capaz de sufocar, o mercado é capaz de destruir.  Pensem na crise financeira de 2008 cujas ramificações ainda não desapareceram por completo. Há muitas explicações para as causas da crise, mas poucos especialistas discordam de que a política de laissez-faire em relação aos mercados financeiros defendida por Alan Greenspan, presidente do banco central norte-americano, o Fed, entre 1987 e 2006, tenha sido fator propulsor fundamental.

A crença pueril de que os mercados seriam capazes de se autorregular na busca por “prosperidade”, controlando seus próprios devaneios e ímpetos, provou-se profundamente equivocada. Às vésperas da quebra do banco Lehman Brothers, o mercado estava em situação de extrema fragilidade – e a descrença e desconhecimento dos investidores e dos gestores de política econômica acerca dessa situação era brutal. Não fosse a atuação do Estado na absorção das perdas e redistribuição dos recursos por meio da política econômica, talvez tivéssemos testemunhado o absoluto colapso dos mercados de crédito e da economia mundial que deles depende.

Ou seja, Estados falham quando se deixam tomar pela corrupção, quando permitem que seus pilares sejam cupinizados, como ocorre hoje na Venezuela, na Nicarágua, só para citar exemplos latino americanos. Mas, se Estados falham, mercados também falham. E, muitas vezes mercados falham por falta da presença do Estado – por falta de regulação adequada – assim como Estados podem falhar, ou falir, após terem engolido os pesos e contrapesos do mercado. Como disse o poeta francês Paul Valéry, “se o Estado for forte, seremos esmagados; mas se for fraco, padeceremos”.  Estado e mercado não são, portanto, separáveis, mas simbióticos. Encontrar a relação perfeita em que ambos se beneficiem ainda que em proporções desiguais é o desafio dos economistas e dos bons gestores da política econômica. Essa relação não é estática, mas dinâmica e evolutiva. O equilíbrio entre o mercado e o Estado se altera de acordo com a ecologia do mercado e as necessidades da economia. A ascensão das empresas de fintech nos países emergentes, por exemplo, necessita de modificações nas estruturas regulatórias, como pôs em prática recentemente o México.

Desigualdades profundas capazes de causar graves abalos políticos e institucionais precisam ser atenuadas por um Estado que redistribua adequadamente sem causar grandes distorções que prejudiquem o crescimento econômico. O mercado, como bem sabem os estudiosos do tema, não tem o alcance, tampouco o objetivo, de reduzir desigualdades. Assim como também não têm o propósito, necessariamente, de avaliar o impacto, no longo prazo, de algumas de suas decisões. Dia desses lia artigo de Mario Sergio Conti em que o autor falava de entrevista nos anos 70 com o madeireiro que derrubou boa parte da floresta do Espírito Santo. Perguntado pelo jornalista se ele pensava na consequência do que fazia, respondeu o madeireiro: “A consequência é o lucro”.

No Brasil de hoje, na América Latina de hoje, temos grandes igrejas, grandes negócios que estão se apoderando do Estado por meio da participação crescente nos poderes legislativo e executivo – esse é o tema de pesquisa com coautores aqui na Universidade de Johns Hopkins. Qual tipo de relação entre Estado e mercado disso resultará é ainda grande dúvida. Entre dúvidas e falsas dicotomias, é possível apenas afirmar uma coisa: o Estado tem letra maiúscula pois é soberano. O mercado, não.

Monica de Bolle é diretora de estudos latino-americanos e mercados emergentes da Johns Hopkins University e pesquisadora sênior do Peterson Institute for International Economics

 

terça-feira, 1 de maio de 2018

Primeira fintech a abrir capital na B3, Banco Inter levanta R$ 722 milhões

Em mais uma estreia da onda de aberturas de capital em 2018, o Banco Inter, da família Menin, dona da construtora mineira MRV, começou nessa segunda-feira, 30, a negociar seus papéis na B3. Ao levantar R$ 721,9 milhões na sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a empresa foi considerada a primeira fintech a abrir o capital na bolsa brasileira.

“Isso vai ajudar o setor bancário brasileiro e deverá, de quebra, atrair outras startups do setor financeiro a abrirem capital”, afirmou, em cerimônia na B3, João Vitor Menin, presidente do Banco Inter e filho caçula de Rubens Menin, fundador da MRV.

O banco – que tem como lema a gratuidade de abertura de contas, no pedido de cartão e nas transferências – estreou na bolsa valendo R$ 1,9 bilhão. A ação foi precificada em R$ 18,50, um pouco acima do piso do intervalo previsto (de R$ 18 a R$ 23), e a demanda ficou em 1,5 vez o total de papéis ofertados. Investidores brasileiros ficaram com 57% das ações.

Da oferta primária, que somou R$ 541,463 milhões, os recursos serão utilizados para investimentos para “incrementar operações de crédito”, investimentos em tecnologia, em marketing e expansão dos negócios por meio de aquisições estratégicas. Outros R$ 180,487 milhões referem-se à oferta secundária. No primeiro dia de negociação, o papel da companhia, que chegou a registrar alta de 16%, fechou estável.

(...) 

Financeira
Fundada há 24 anos sob o nome de Intermedium, a empresa começou como uma financeira especializada em financiamentos imobiliários. Em 2015, já sem ser controlada pela construtora, a instituição passou por um profundo processo de digitalização, comandado por João Vitor Menin, que marcou a mudança de nome da companhia.
No fim de janeiro, o banco mineiro somava 435 mil correntistas, após fechar o ano passado com patrimônio líquido de R$ 390,6 milhões e uma carteira de empréstimos e adiantamentos a clientes de R$ 2,6 bilhões.  A abertura de capital do Inter vem em um momento de otimismo na bolsa. As duas operadoras de saúde que abriram capital na semana passada, a cearense Hapvida e a NotreDame Intermédica, controlada pelo fundo Bain Capital, tiveram valorização de mais de 20% nos primeiros dias de pregão.  Com um apetite dos investidores que superou em sete vezes a oferta de papéis, a Hapvida levantou R$ 3,4 bilhões. Já o IPO da NotreDame Intermédica movimentou R$ 2,7 bilhões. 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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saiba mais sobre FINTECH, clicando: o que são Fintechs


quinta-feira, 19 de outubro de 2017

O que são Fintechs?

Quando você precisa transferir dinheiro ou pagar contas, provavelmente recorre a bancos e instituições semelhantes, correto? Mas um tipo de empresa que une tecnologia com serviços financeiros está mudando esse cenário: as fintechs. O Brasil é muito bem representado nesse segmento com startups como Nubank, Controly e GuiaBolso.

Mas o que é exatamente uma fintech? Como serviços do ramo funcionam? Por que esse tipo de empresa pode mudar a forma como as pessoas administram o dinheiro? É o que você descobrirá nos próximos parágrafos.

O que são fintechs?
O termo 'fintech' surgiu da combinação das palavras em inglês financial (finanças) e technology (tecnologia). Esse nome, por si só, resume bem a ideia: fintech é toda empresa que oferece serviços financeiros que se diferenciam pelas facilidades proporcionadas pela tecnologia e, com efeito, pela internet.

Sob esse ponto de vista, talvez você não veja muita diferença em relação aos serviços oferecidos pelos bancos. Instituições bancárias trabalham com tecnologias bastante sofisticadas para atribuir acesso e segurança às transações financeiras. Isso vale para gerenciamento de contas correntes, empréstimos, serviços de cartão de crédito, investimentos, entre outros.  Mas, em uma fintech, a tecnologia é utilizada essencialmente para trazer conveniência por meio da inovação: as empresas do ramo utilizam recursos tecnológicos amplamente disseminados para criar metodologias, processos e ferramentas que facilitam o acesso a serviços financeiros. O resultado desses esforços aparece para o usuário na forma de praticidade, burocracia reduzida, custos baixos, maior controle sobre operações financeiras e por aí vai.

Quais serviços as fintechs oferecem?
As fintechs podem oferecer uma ampla variedade de serviços, tanto para usuários domésticos (pessoas físicas) quanto para empresas e demais instituições (pessoas jurídicas).  Alguns desses serviços não diferem muito do que encontramos em bancos e afins: fornecimento de cartão de crédito (inclusive pré-pago), meios de pagamentos, financiamentos, transferência de recursos, entre outros.  Outros serviços diferem bastante, como os que oferecem plataformas para que o cliente possa gerenciar as suas finanças com mais clareza ou que permitem que outros usuários — e não bancos — ofereceram pequenos empréstimos (nos países em que esse tipo de atividade é permitido).
Em todos os casos, o principal diferencial está no foco que é dado à experiência do usuário: como já dito, os recursos tecnológicos devem trazer praticidade, facilidade de uso, redução de burocracia, etc.

Como as fintechs funcionam?
Cada fintech tem um modelo próprio de negócio e, portanto, não dá para esmiuçar cada um deles. Mas, via de regra, as empresas do setor direcionam seus esforços no desenvolvimento de soluções que cobrem "deficiências" ou limitações de serviços financeiros tradicionais.

Em outras palavras, as fintechs utilizam tecnologia — sobretudo no âmbito da internet para dar aos usuários recursos que bancos e afins não disponibilizam ou que até são oferecidos por essas instituições, mas de modo muito conservador.  Esse diferencial todo é possível porque, na maioria dos casos, as fintechs são formadas por startups. Esse é o nome dado a um tipo de empresa, geralmente com pouco tempo de existência, que cria e explora ideias criativas para oferecer serviços e produtos inovadores.

Uma startup tecnológica, basicamente, identifica uma oportunidade — um produto ou serviço que supre uma demanda não atendida ou que pode fazer algo melhor do que aquilo que já é oferecido pelo mercado —  e utiliza a tecnologia para criar meios para explorá-la. É o que acontece com as fintechs. Note, porém, que é importante que a startup adote desde o início medidas para aperfeiçoar com agilidade serviços e produtos oferecidos, suportar aumentos expressivos da demanda e transmitir ao usuário percepção de valor. O melhor jeito de fazer isso é focando em qualidade, não em quantidade: convém disponibilizar poucos, mas excelentes serviços ou produtos do que oferecer vários deles, mas correr o risco de perder o controle sobre eles por conta da diluição do foco.

Nas fintechs esse princípio é levado bem a sério: boa parte das empresas do segmento oferece serviços ou produtos bem específicos. Na maioria dos casos não há, como nos bancos, uma ampla cesta de serviços ou qualquer coisa parecida. Isso é positivo porque a empresa consegue ficar focada em melhorar os seus processos. Desse modo, os clientes em potencial compreendem rapidamente o que cada uma delas oferece.

Um estudo de caso: a Nubank
Até aqui, a abordagem acerca do universo das fintechs tem sido teórica. Para facilitar a compreensão, é melhor estudarmos um caso real de sucesso. Utilizaremos para esse fim a proposta da Nubank, empresa que provavelmente ocupa o posto de fintech mais popular do Brasil.

A Nubank Brasil surgiu em 2013, mas começou a operar em 2014 disponibilizando apenas um produto: um cartão de crédito internacional com bandeira MasterCard. Até aí, nada demais. Tudo o que é banco oferece cartão de crédito. Assim, o que há de inovador aí? A forma como a Nubank oferece esse produto.  Para começar, o cartão não tem anuidade, tampouco cobra outras tarifas. Sim, há bancos e operadoras que também não cobram anuidade do cartão, mas na maioria das vezes há condições associadas: o cliente deve realizar pelo menos um gasto por mês com o cartão ou ter um longo tempo de relacionamento com a empresa, por exemplo. Com a Nubank não há nada disso: nenhum cliente paga anuidade e outras tarifas, não importa o seu perfil de renda ou se o cartão é pouco usado.

Mas a parte mais interessante — a que torna a empresa inovadora fica no smartphone do usuário: é necessário instalar um aplicativo do Nubank em um dispositivo móvel (Android, iOS ou Windows). Essa ferramenta permite ao usuário ter absoluto controle sobre o seu cartão.  Toda vez que o cliente usar o cartão, o aplicativo mostrará, tão logo a transação for confirmada, o nome da empresa que recebeu o pagamento, assim como a localização desta em um mapa. As informações sobre todas as transações ficam disponíveis em uma linha do tempo. Dessa forma, o usuário sempre consegue saber quando e onde realizou cada gasto.

Tem mais: o aplicativo também mostra qual o limite do usuário e quanto deste já foi gasto. Esse é um detalhe importantíssimo. A maioria dos bancos oferece, no máximo, uma notificação por SMS toda vez que uma transação é realizada. O usuário não tem, porém, um jeito fácil de saber o quanto já gastou no mês. Muitas vezes é possível ter essa informação no site ou no aplicativo móvel do banco, mas pode demorar dias para que uma transação realizada com o cartão apareça ali.

Isso é perigoso. Como as informações sobre gastos são pouco claras, muitos usuários acabam não percebendo que gastaram demais e não conseguem pagar a fatura na íntegra no final do mês. A consequência, muitas vezes, é o endividamento, pois os juros cobrados nos cartões emitidos no Brasil são absurdamente elevados.

Com o Nubank as chances de endividamento são menores porque o usuário tem uma visão geral sempre atualizada de seus gastos e, se não conseguir pagar a fatura na íntegra no final do mês, encontrará juros mais baixos (embora não muito) do que os cobrados por instituições convencionais.  Usando o aplicativo, o usuário também consegue solicitar aumento de limite, deixar esse limite abaixo do disponível, bloquear o cartão temporariamente e contatar o suporte da Nubank via chat — canal que atende muito bem, por sinal.

Fintechs versus bancos
Há uma pergunta que é frequente no universo das fintechs: essas empresas podem rivalizar diretamente com os bancos? A resposta curta é ‘sim, mas não é sempre’.
O modelo de negócio da Nubank é, novamente, um exemplo a ser citado: a empresa trabalha com um produto que existe em praticamente qualquer banco, mas aposta na experiência para concorrer com essas instituições.

Porém, veja que o objetivo aqui não é exatamente fazer frente aos bancos, mas oferecer alternativas para problemas que os clientes frequentemente encontram nessas instituições. Entre esses problemas estão usuários que não conseguem aproveitar bem os serviços bancários por não terem como comprovar renda ou porque moram em regiões desprovidas de agências ou caixas eletrônicos.

Também é o caso das fintechs que trabalham com cartão de crédito pré-pago. Se o usuário tiver dívidas ou não puder comprovar renda não terá o serviço negado, pois o cartão só permitirá que ele gaste o valor que tiver sido carregado como crédito. Logo, não há risco de ele ficar devendo para a instituição. Bancos tradicionais não gostam muito dessa modalidade de serviço.

Outro exemplo vem das empresas que disponibilizam plataformas para que o usuário faça controle financeiro. Essas ferramentas permitem que a pessoa administre melhor suas despesas e contas bancárias, outro tipo de recurso que normalmente não é oferecido pelos bancos.  O fato de as operações das fintechs serem quase que exclusivamente on-line também é um diferencial importante. Os serviços dessas empresas se integram com a "rotina digital" do usuário: o alvo são clientes que já estão acostumados a utilizar smartphones ou serviços on-line a partir do PC. Não por menos, a principal clientela das fintechs é o público na faixa etária dos 18 aos 34 anos, os mais familiarizados com a tecnologia.

Bancos, ainda que estejam cada vez mais focados em atendimento eletrônico, dependem muito de processos burocráticos que muitas vezes acabam sendo inconvenientes para o cliente (ele precisa ir a uma agência para resolver certos problemas, por exemplo). Quando há serviços que sobrepõem o que é ofertado pelas instituições bancárias, predomina aí o senso de concorrência: alguns bancos já vêm se inspirando nos modelos de negócio das fintechs para oferecer recursos semelhantes, como aplicativos para controle do cartão de crédito.

Não é que esses recursos já não tenham sido estudados ou ao menos cogitados antes do fenômeno das fintechs: é que os bancos, pela estrutura consolidada e tradicional da qual dispõem, normalmente têm outras prioridades. Logo, aplicativos ou plataformas na web sempre estiveram mais para recursos adicionais do que para diferenciais.

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