Análise Política
Nesta semana, o governo buscou retomar alguma iniciativa política, com a
convocação de governadores para a Comissão Parlamentar de Inquérito no
Senado da Covid-19 e a ação no Supremo Tribunal Federal para limitar a
possibilidade de autoridades locais decretarem medidas radicais de
isolamento social.
A bola então volta para o STF, que decidirá não
apenas sobre este segundo ponto, mas também se houver um recurso dos
governadores contra a possibilidade de CPI federal convocá-los.
O
governo Jair Bolsonaro está correndo atrás do prejuízo na CPI porque em
algum momento descuidou da correlação de forças no Senado.
Concentrou-se na Câmara dos Deputados, onde 'começam a tramitar' processos
de impeachment. [o 'começam a tramitar' se refere a mera análise - ainda que o presidente da Câmara decida aceitar algum (medida improvável) para que um pedido seja promovido a processo são necessários 342 VOTOS FAVORÁVEIS = oportuno ressaltar que com a presença de 341 deputados a sessão sequer é instalada.] Fazia sentido no momento. Mas havia um flanco que está
se revelando agora, quando é do Senado que brotam todos os dias, e mais
de uma vez por dia, fatos políticos a desgastar o presidente da
República por causa da condução das políticas na pandemia.
Isso
gera outro problema. Deputados são sensíveis à oscilação do humor
popular, mais ainda até que os senadores. Inclusive porque dois terços
do atual Senado têm mandato até 2026. Só um terço vai enfrentar as urnas
no próximo ano. Já os deputados têm encontro agendado com o eleitor em
outubro de 2022. Então, à medida que a eleição se aproxima o potencial
de nervosismo na Câmara vai aumentando relativamente à outra casa do
Congresso.
Os números da economia, tomados no
macro, são progressivamente otimistas, ou menos pessimistas. Mas sempre
leva um tempo para os efeitos serem sentidos na ponta. Há criação de
empregos, mas o desemprego continua muito alto, especialmente entre
jovens. E ainda não se sabe qual será a evolução da epidemia aqui no
Brasil. E se, ou quanto, eventuais novas medidas de isolamento social
vão impactar na retomada do ritmo econômico.
E tem a CPI. [que como todos sabem, vai dar em nada. O objetivo, apesar da camuflagem, era acertar o presidente Bolsonaro = faltou, ou faltaram, os crimes. FRACASSO TOTAL da CPI do FIM DO MUNDO.]
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político