Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador anos-luz. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador anos-luz. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Universo próprio - James Webb e Alexandre de Moraes: está proibido o discurso de óbvio - Gazeta do Povo

Vozes - Polzonoff

Queria falar da foto do telescópio espacial James Webb.  
Queria elaborar algo que rascunhei num comentário ao belo texto do Marcio Campos: o argumento de que, a despeito de todas as tentativas de ciência de provar o contrário, ainda somos especiais. E continuaremos sendo. Queria, por fim, dizer que vejo nas reações à fotografia uma contradição intrigante: em se tratando de espaço, nos sentimos insignificantes; agora, em se tratando do tempo, toda geração se acha a última bolacha do pacote universal. Queria falar tudo isso. Mas Alexandre de Moraes não deixa.

Alexandre de Moraes: quem tem coragem de pôr um espelho honesto diante dessa poeira-cósmica-com-autoestima-hipertrofiada?

Se bem que, pensando bem, até deixa. Porque, admirando o Universo que a razão não compreende, dá para dizer, até com um punhado de poesia, que Alexandre de Moraes personifica a existência circunstancial que infla para além da racionalidade sua importância nessa semirreta melancólica a que damos o nome de “tempo”. 
Em outras palavras, isto é, sem poesia, Alexandre de Moraes é o nada tão autocentrado que se considera capaz de deixar uma marca mais longeva do que o Sol neste mundão de meu Deus
Em outras palavras ainda mais simples, Alexandre de Moraes se acha o tal. E talvez até o Tao.
VEJA TAMBÉM:

Alexandre de Moraes que não aparece na fotografia de 4,6 bilhões de anos-luz (dizem) do telescópio, mas que tem um ego com gravidade própria, a ponto de deformar conceitos que os ingênuos achavam que eram estáveis e perenes, como os de liberdade e democracia. Alexandre de Moraes que ontem mesmo baixou o AI-13 (Alexandrismo Institucional Número 13), de acordo com o qual pessoas que se identificam como “bolsonaristas”, entre elas o filho do presidente Jair Bolsonaro, estão impedidas de divulgarem a notícia de que a facção PT e a facção PCC mantêm uma relação de, digamos, amizade com benefícios. E de que no angu de Celso Daniel ainda tem muito caroço.

Não pode. Está proibido. Tem até multa. Claro que a proibição é incapaz de apagar o conhecimento que já circula pelo éter há boas duas décadas. A ineficiência da decisão, portanto, é reflexo da bolha intelectualoide-positivista habitada pelos ministros do Supremo, que se consideram poderosos o bastante para, com uma caneta certeira, moldar o que se pensa, apagando o que é conveniente e exaltando o que é útil a seu projeto político. Sim, projeto político.

As notícias, que têm por base – veja só! a delação premiada do mensaleiro Marcos Valério, delação essa homologada pelo – surpresa! – STF, foram consideradas sabidamente inverídicas por não me diga! – Alexandre de Moraes.  
Mas, se perguntarem, ele jamais reconhecerá que está agindo em prol de um candidato (e que fique bem claro: este candidato é Lula).  
E virá com meia dúzia de platitudes sobre a democracia estar ameaçada pelas fake news & outros contos que só encontrarão aplausos entre os que estão cegos pela aversão ao outro candidato (e que fique bem claro: este candidato é Jair Bolsonaro).

(Ah, me cutucam aqui para avisar que não se pode falar em "candidato" ainda porque a campanha eleitoral não começou. O certo é "pré-candidato". Como se, a partir do dia 16 de agosto, quando os pré-candidatos perderem o prefixo do cinismo, alguma mágica fosse acontecer. No inalcançável universo próprio do TSE, há planetas onde chovem privilégios e que são habitados por alienígenas de desenho animado, regidos por uma lógica melancolicamente incompreensível).

Voltemos, porém, à foto que causou fascínio nos que acreditam e confirmou a descrença nos ateus. Mais do que as galáxias dispersas pelo caos, a imagem que me devolve à insignificância, tanto no espaço quanto no tempo, é a dos 11 sujeitos e sujeitas que governam uma porção (ridícula, mas ruidosa) da minha vida. Entre eles, Alexandre de Moraes. Que, se um dia se deparar com o tamanho real da sua pequenez, talvez seja capaz de vislumbrar o mal que causa. 
Mas quem ousa colocar diante dele um espelho honestíssimo?! 
Esse fel que nos irmana num estado permanente de indignação é culpa da dissimulação togada. É culpa do ministro. É de sua responsabilidade, poeira-cósmica-com-autoestima-hipertrofiada.
 
Que, no afã de "salvar a democracia" e "proteger as instituições", transformou o Supremo Tribunal Federal e adjacências nisso que a prudência e a pudícia me impedem de dizer o que é. 
Mas que digo mesmo assim: um partido de oposição a um governo democraticamente eleito, uma agremiação de semideuses que decerto não conhecem a história de Ícaro, um antro que vendeu a alma na esperança ridícula de se ver reconhecido pelo Universo – este mesmo que não está nem aí para gestos grandiloquentemente estúpidos.
 
Paulo Polzonoff Jr., Colunista - Gazeta do Povo - VOZES

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Nunca mais? - Alon Feuerwerker

E os últimos dias assistiram ao enterro da 17ª ação judicial contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Advogados e apoiadores dele festejaram mais uma pá de terra sobre a Lava Jato. Se nenhum obstáculo jurídico aparecer até outubro de 2022, e se o acaso não pregar nenhuma peça, o petista caminhará elegível para as urnas eletrônicas, [a "engarrafadora de vento", a escarrada ex-presidente, também caminhou elegível para as urnas eletrônicas, só que faltaram os votos] hoje alvo preferencial do até agora principal adversário dele, o presidente Jair Messias Bolsonaro.

O incumbente, aliás, enfrenta especulações algo semelhantes às ameaças que acabaram removendo Lula de 2018. Um cerco judicial que ronda tirá-lo da eleição. Como, ainda não se sabe muito bem. [para o êxito dos inimigos do Brasil na sinistra e antipatriótica empreitada de retirar o presidente Bolsonaro da eleição, FALTAM apenas os crimes - apesar de acusado, caluniado, etc, o presidente Bolsonaro não cometeu, nem cometerá, nenhum crime.
Já o petista foi retirado em 2018 por várias acusações e também condenações =  lembrando que até agora ele não foi inocentado de nenhuma. Ocorreu anulação de uma condenação pelo STF e esta exigiu que algumas acusações fossem renovadas, seja nas varas certas ou na forma.]

Um problema, para certos personagens que sonham com 2022 sem Bolsonaro, é a possibilidade de parte dos votos dele acabarem migrando para Lula e assim ajudarem a liquidar a fatura logo de cara. Sobre esse pessoal, e essa possibilidade, Talleyrand repetiria que não aprenderam nada e não esqueceram nada.

Diante do risco, uma solução especulada nos círculos do “lavajatismo pós-Lava Jato” é simplesmente tirar os dois. Por enquanto, nenhum gênio das alquimias de Brasília descobriu o caminho, mas acham que não custa sonhar. E, segundo a sabedoria empresarial, sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho. Enquanto a turma sonha, a crise já vem contratada, pois estamos a anos-luz de algum consenso nas regras do jogo.

O único ponto de contato no discurso dos atores políticos neste momento é afirmarem estar preocupados apenas e somente com a preservação da liberdade e da democracia. Qual é o problema? Para quase todos eles, Bolsonaro incluído, a “verdadeira democracia” supõe certos adversários não poderem assumir o governo, em nenhuma hipótese, pois representariam um risco à própria democracia.

A transição de 1984-85 impôs o “nunca mais” aos que apoiaram o regime militar. Depois de 2002, reinou o “nunca mais PSDB”. Aí a era petista terminou e abriu-se o ciclo do “nunca mais PT”. Que deu em Bolsonaro, que carrega a tocha do antipetismo. Mas o capitão agora enfrenta um “nunca mais” todinho só dele. [só que este nunca mais não é, nem será, suficiente para tirar o capitão da vitória e um novo mandato. O tal nunca mais é maximizado pela mídia militante, contra Bolsonaro = contra o Brasil, e a vitória do capitão em 2022 comprovará o aqui afirmado. Em tempo: a expectativa contra Bolsonaro é sustentada por pesquisas via telefone, com 1.000 pesquisados, e cujos resultados viram narrativa maximizada pela imprensa.
As possibilidades de Bolsonaro vencer são tão sólidas que alguns jornalistas torcem pela morte do capitão e um outro até pelo seu suicídio.]

A tara pelo "nunca mais" é um sintoma. A atual instabilidade decorre em última instância de ter colapsado o acordo fundamental que fez nascer a hoje agonizante Nova República. Que acordo?  
As diversas forças políticas conviverem num ambiente de democracia constitucional, e as diferenças serem resolvidas nas urnas. 
E entre duas eleições os conflitos serem dirimidos no Legislativo. É sabido que as circunstâncias históricas levaram a um desgaste desse pacto, afinal sepultado em algum ponto da viagem entre 2013 e 2018.

E cá estamos nós de novo à beira de uma grave crise institucional. Fenômeno que os otimistas, ou ingênuos, achavam ser coisa do passado. É inevitável? Ainda não, mas o trem está em marcha. E se acontecer, de quem será a culpa, a responsabilidade histórica? Periga tornar-se mais um assunto de debate e disputa entre políticos, historiadores, jornalistas, profissionais e amadores, para todo o sempre.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político


 

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Até o boteco da esquina melhora seu sistema. Só o TSE não - VOZES

Urna eletrônica

A grande guerra do “voto impresso” que o público está vendo acontecer na sua frente é um desses clássicos da comédia — todos os personagens estão errados. Para começar, o público pagante, cujos interesses deveriam ser os únicos a serem levados em conta nessa conversa toda, está a anos-luz de distância do debate; até agora ninguém parou cinco minutos para pensar no que seria melhor para ele.

Depois, o “voto impresso” não é impresso — embora uma das facções se oponha furiosamente à impressão dos votos, a outra diz que jamais pensou em imprimir voto nenhum. Mais: é uma questão essencial para as eleições de 2022, mas os políticos acabam de adiar ainda uma vez a sua discussão, jogando tudo para “depois do recesso”. O lado “A” acha que o lado “B” quer roubar na apuração. O lado “B” acha que o lado “A” quer criar uma ditadura no Brasil.

Com a desonestidade fundamental que marca toda a discussão política no Brasil de hoje, transformaram uma questão puramente técnica, comandada pela mecânica e pela eletrônica, numa divisão ideológica irremediável.  A “esquerda”, encarnada no caso pelo ministro Luís Roberto Barroso e seus colegas do STF, diz que o sistema atual de urnas eletrônicas não pode ser tocado em absolutamente nada; não seria mais passível de nenhum tipo de aperfeiçoamento, por ter atingido a perfeição, segundo seus defensores, e qualquer tentativa de mexer nisso é um crime contra a democracia. A “direita”, encarnada pelo presidente Jair Bolsonaro, diz que esse mesmo sistema torna impossível uma eleição limpa — e que se as eleições de 2022 não forem limpas, não haverá eleição nenhuma.

Entre os dois fogos, ficam perdidos e no mais completo prejuízo o eleitor, que deveria ser o centro dos debates, e os que querem simplesmente um sistema de voto e de apuração melhores, mais modernos e mais seguros que o atual. O STF veta a discussão do assunto; diz que qualquer tentativa de melhorar o processo atual, em vigor há 25 anos, é “virar a mesa” para falsificar os resultados e impor uma “ditadura” ao país. Não foi capaz, até agora, de dar uma única resposta séria a uma pergunta simples: 
- por que seria errado tentar aprimorar o atual sistema? 
- Qual o crime em querer melhorar um conjunto de máquinas?
Os bancos, por exemplo, melhoram todos os dias a segurança, a eficácia e a inteligência de seus processos eletrônicos gastam bilhões de reais nesse trabalho. A Receita Federal faz a mesma coisa; não passa na cabeça de ninguém, ali, trabalhar hoje com os métodos de 1996. A indústria e o comércio criam a cada ano, ou menos, novos ambientes eletrônicos para o exercício de suas atividades. 
O Uber melhora o seu sistema. 
O delivery de pizza melhora o seu sistema. 
O boteco da esquina melhora o seu sistema.

Só os burocratas do Tribunal Superior Eleitoral, sob o comando do STF, têm a certeza absoluta de que não há nada a melhorar nos mecanismos de votação e apuração das eleições brasileiras.

Mas os nossos políticos acham que nada disso é realmente importante, tanto que jogaram tudo para depois — na esperança de que a coisa acabe morrendo de morte natural. Como sempre acontece, mais uma vez fica claro que no Brasil há muita democracia, muita instituição, muito Estado de direito, muita ciência política só não há povo. Esse não chega nem perto da conversa do ministro Barroso, dos mandarins da Câmara e do Senado, e de toda essa gente que aparece no jornal do horário nobre.

J. R. Guzzo,colunista -  Gazeta do Povo - VOZES