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domingo, 23 de julho de 2023

Perseguição a bolsonaristas - Retórica genocida - Flávio Gordon

Vozes - Gazeta do Povo

Uma temporada revolucionária – como a que estamos vivendo no Brasil, que passa por uma mudança de regime – costuma ser marcada pela incomum velocidade dos acontecimentos. 
Mudanças que, em condições normais, talvez jamais acontecessem, ou acontecessem de modo gradativo, levando nisso anos ou décadas, passam a ocorrer de um dia para o outro. De uma semana a outra, a sensação é de que se passaram séculos, tornando difícil ao cidadão comum acompanhar a intensa produção de fatos (e factoides).
 
Dias atrás, por exemplo, tínhamos notícia da confissão de um golpe de Estado por parte de Luís Roberto Barroso, ministro do STF que se assumiu integrante do grupo político que derrotou Jair Bolsonaro. “Derrotamos o bolsonarismo” – foi a fala do militante profissional (e juiz eventual) em evento da UNE, sintomaticamente discursando ao lado de Flávio Dino, o comunista que dirige a pasta da Justiça e da Segurança Pública, e do qual o magistrado – que já acelera a sua chegada à presidência da corte – parece ser um companheiro de governo.
Quando mal a oposição, enfraquecida e de mãos atadas (como sói acontecer em regimes não democráticos), ensaiava alguma reação e parte da sociedade clamava por uma investigação sobre o que exatamente teria feito Barroso para, na condição de presidente do tribunal eleitoral, “derrotar o bolsonarismo”, eis que o consórcio formado por governo, STF e imprensa amestrada lança uma espessa cortina de fumaça sobre o assunto.
 
A oportunidade foi a notícia da hostilização sofrida por Alexandre de Moraes no salão de embarque do aeroporto internacional de Roma, para onde o magistrado viajara. 
Antes que qualquer imagem do ocorrido tivesse sido disponibilizada, e antes que os acusados pudessem apresentar a sua versão, o assim chamado “jornalismo profissional” cravou a narrativa: o ministro havia sido agredido por “bolsonaristas”, que também chegaram a agredir fisicamente o filho de Moraes com um tapa no rosto. 
Na ausência de imagens que pudessem mostrar o que de fato ocorreu, o jornal O Globo – hoje praticamente indistinguível de um panfleto oficial do regime, a exemplo do Pravda soviético ou do Granma cubano providenciou uma ilustração dramatizada do episódio, chegando a retratar o filho do ministro, um adulto de 27 anos, com feições de criança.[VERDADE VERDADEIRA: o suposto agressor do filho do ministro - um adulto de 27 anos - é um idoso de 75 anos.] 
 A ilustração baseou-se única e exclusivamente no relato de Moraes.


    Diante da fala do mandatário brasileiro sobre “extirpar” determinado segmento político, lembrei-me imediatamente de frases como as de Adolf Hitler sobre os judeus

O episódio foi a senha para uma nova campanha de criminalização da oposição ao regime lulopetista e, em particular, ao assim chamado “bolsonarismo” – aquele que Barroso dissera ter derrotado. 

Na Globo News, a voz do consórcio ecoou de maneira paradigmática no comentário da jornalista Natuza Nery. Segundo ela, o ocorrido era a prova mais contundente que o extremismo (de direita, por óbvio, já que não há extremismo de esquerda) não havia acabado com a eleição.  
“O que pode garantir que situações assim cessem? Punição exemplar (...) e educação política” – declarou Natuza, sem dar maiores detalhes do que entende por “educação política”.
 
Seguiu-se um frenesi de histrionismo estratégico por parte do consórcio, de acordo com um procedimento que já se tornou padrão. Um caso que deveria ser, no máximo, enquadrado em crime contra a honra, a ser resolvido entre as partes em juízo de primeira instância, é transformado num ato gravíssimo, equiparado ao terrorismo e à tentativa de abolição violenta do Estado de Direito. 
 Reproduzindo esse teatro, e municiada com a demonização do bolsonarismo propiciada pelo episódio, a presidente do STF, Rosa Weber – que, imitando a vice-presidente americana Kamala Harris em relação ao 6 de janeiro, já havia comparado os atos de 8 de janeiro ao ataque japonês à base naval de Pearl Harbor –, autorizou uma inusitada operação de busca e apreensão, de teor claramente vingativo e intimidatório, na residência dos acusados da suposta (é sempre bom ressaltar, pois até agora só temos uma versão parcial do caso) agressão a Moraes. 
 
No mesmo diapasão, a Procuradoria-Geral da República solicitou a Moraes que exija das redes sociais em funcionamento no Brasil o fornecimento de uma lista com a identificação de todos os seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro.  
Em suma, de uma hora para outra, o Estado passa a reivindicar acesso aos dados privados de milhões de cidadãos brasileiros, suspeitos do “crime” de esposar uma determinada orientação político-ideológica, contrária aos mandatários do atual regime, um procedimento característico de regimes totalitários como a Venezuela ou a Coreia do Norte.

Mas o mais grave ainda estava por vir. Discursando em Bruxelas na manhã de hoje, dia 19, ninguém menos que o presidente da República, o descondenado-em-chefe Luiz Inácio Lula da Silva, aproveitou o episódio da suposta agressão ao companheiro Alexandre de Moraes para proferir as seguintes palavras: “Um cidadão desse é um animal selvagem, não é um ser humano (...) Essa gente que renasceu no neofascismo colocado em prática no Brasil tem de ser extirpada”.

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    Estado Excepcionalíssimo de Direito

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    Um dia viveremos sem medo? Registros da presente ditadura no Brasil

Note-se que o presidente da República não se restringiu a comentar individualmente sobre o suposto agressor de Moraes, o que já seria alarmante, sobretudo porque nada ainda permite extrair uma conclusão inequívoca sobre o episódio. O mandatário, amigo e aliado de narcoditadores e criminosos contra a humanidade como Maduro e Ortega, referiu-se a “essa gente”. É “essa gente”, comparada a um animal selvagem, que o presidente da República diz querer extirpar. São esses, segundo os dicionários, os sentidos possíveis do verbo extirpar: “Arrancar pela raiz, extrair (como, em medicina, um cisto, um dente, um tumor etc.). Destruir por completo”.

“Essa gente”, “um animal selvagem”, “extirpada”. Em períodos recentes, é difícil lembrar de algum líder de qualquer pretensa democracia no Ocidente utilizando abertamente, em público, esse tipo de retórica, a qual, a meu ver, pode perfeitamente ser qualificada como genocida. Com efeito, diante da fala do mandatário brasileiro sobre “extirpar” determinado segmento político, lembrei-me imediatamente de frases como as de Adolf Hitler sobre os judeus: “Já não são seres humanos. São animais. Nossa tarefa não é, portanto, humanitária, mas cirúrgica. Caso contrário, a Europa perecerá sob a doença judia”. Ou a de Lazar Kaganovich, braço-direito de Stalin, sobre os inimigos do Estado soviético: “Pensem na humanidade como um grande e único corpo, mas que, periodicamente, requer algum tipo de cirurgia. Ora, eu não preciso lembrá-los de que não se faz uma cirurgia sem cortar membros, destruir tecidos e derramar sangue”. É a essa cultura política que a frase do petista nos remete.


    Hoje, os assim estigmatizados como “bolsonaristas” foram efetivamente reduzidos à condição de párias e inimigos do Estado, indignos, portanto, de todas as garantias constitucionais dadas aos demais cidadãos

Há coisa de um ano, antes ainda da eleição presidencial que levou o lulopetismo de volta ao controle do Executivo, publiquei uma coluna com o título “O estigma do bolsonarismo”. Nela, destacava a virulência da linguagem que a imprensa e o meio jurídico começavam a empregar sistematicamente, e sem qualquer pudor, ao se referir a Bolsonaro, seus eleitores e admiradores. Depois de mencionar casos extremos nos quais uma retórica desumanizadora conduziu ao genocídio, observei: “No Brasil, não existe obviamente algo similar a esses casos extremos de violência política. No entanto, na esfera da linguagem, já se observa há algum tempo um mecanismo cada vez mais virulento de estigmatização, processo que tem como alvos o presidente Jair Bolsonaro, seus apoiadores e qualquer um que, apenas por não aderir irrestritamente à agenda da oposição, venha a ser marcado com o estigma do bolsonarismo. São recorrentes os exemplos de linguagem estigmatizadora e desumanizadora, utilizada com cada vez menos cerimônia (...) Fulano é bolsonarista, logo, contra ele tudo é permitido – eis, enfim, o silogismo consagrado nas redações, nos estúdios, nos palcos e nos tribunais do Brasil de nossos dias.”

Impressiona constatar como avançamos na direção da violência política. 
Hoje, os assim estigmatizados como “bolsonaristas” foram efetivamente reduzidos à condição de párias e inimigos do Estado, indignos, portanto, de todas as garantias constitucionais dadas aos demais cidadãos. 
Basta ver o tratamento desumano a que estão submetidos os presos políticos do 8 de janeiro, dentre eles idosos e doentes (até mesmo um autista, só recentemente liberado), cujo encarceramento prolongado, que já dura mais de seis meses, não se justifica sob nenhum aspecto legal. 
 
 Mas assusta presenciar o próprio presidente da República empregando essa verborragia desumanizadora, uma verborragia que, ao longo da história, invariavelmente antecedeu e preparou perseguições políticas e assassinatos em massa.  
E assusta, sobretudo, constatar que, hoje, já não há qualquer instituição, quer estatal, quer civil, disposta a lhe fazer um contundente contraponto. Seguiremos daí na coluna da semana que vem.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Flávio Gordon, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Médico diz que não volta para Cuba: 'Fico no Brasil nem que tenha que recolher lixo'

Adrian Brea Sánchez trabalhou até ontem num posto de saúde em Pirapetinga (MG) e está com viagem marcada para Cuba para o próximo dia 5


Na tarde desta quinta-feira, o médico cubano Adrian Brea Sánchez, de 30 anos, recebeu em sua caixa de email a mensagem que tanto temia. O governo cubano marcou para o próximo dia 5 o voo de retorno dele para Cuba. Segundo o comunicado, a passagem aérea será enviada na véspera da viagem e ele terá que se apresentar no aeroporto de Brasília.

Sánchez está a mais de mil quilômetros de distância da capital federal. Desde que chegou ao Brasil em março de 2017, vindo de Santiago de Cuba para trabalhar no programa Mais Médicos , ele vive em Pirapetinga, um município de cerca de 10 mil habitantes em Minas Gerais. Até ontem, o cubano diz que era o único médico de família da cidade, quando foi avisado pela secretaria de saúde municipal que seria desligado do programa por ordem da Organização Pan Americana de Saúde (Opas). Ele já decidiu que não atenderá à convocação do governo de seu país.

Indignado, Sánchez rompeu o silêncio e deu uma entrevista ao GLOBO nesta tarde. Ela fez duras críticas a Opas e ao governo cubano e diz que ficará no Brasil nem que tenha que "trabalhar recolhendo lixo ou varrendo rua". Ele afirma não acreditar mais no governo cubano e, diferentemente da maioria dos médicos da ilha que estão no Brasil, diz não temer represálias. - Eu vou ser considerado desertor. Estarei proibido de voltar a Cuba por oito anos, amiga. O que eles vão fazer? Vão me matar? Quem garante que se eu voltasse para lá eles não iam aplicar uma medida disciplinar ou invalidar meu diploma? Todo dia acontece algo novo - desabafou. 

Sánchez vive com uma médica cubana, também desligada do Mais Médicos.  
Em junho deste ano, ela teve que passar por uma cirurgia no Brasil e, durante a recuperação do procedimento, foi avisada de que seria mandada de volta para Cuba. Não voltou, apesar dos três filhos deixados na ilha com a mãe. Hoje o casal, que se conheceu no Brasil, deposita todas as suas esperanças em uma nova convocação para
 trabalhar no programa Mais Médicos. Eles fazem planos de serem aprovados no Revalida, exame exigido de médicos estrangeiros para trabalhar no Brasil, e construir a vida juntos no país.

Como você foi avisado de que seria desligado do Mais Médicos?
Eu recebi uma ligação da secretária municipal de Saúde daqui (Pirapetinga) dizendo que eu tenho que viajar no dia 5 de dezembro. Então liguei para o assessor da Opas responsável pela minha área. A comunicação entre nós e a Opas é por meio desses assessores. São cubanos encarregados de monitorar a nossa atividade no Brasil, olhando se estamos trabalhando, se está tudo bem. Eu gosto do meu país, mas não volto pelo que está acontecendo com a Opas. A Opas está sendo manipulada por esse pessoal cubano. Ninguém dá informação nenhuma para nós. É uma vergonha. Eu falei para ele que eu não tenho como ir embora agora. Tenho um veículo que preciso vender para sair daqui, empréstimos que fiz e não tenho como pagar de uma vez para ir embora. Mas eles não entendem. Ele disse que, se eu não for embora, posso até perder a minha nacionalidade cubana e ficar privado de voltar a Cuba por oito anos. Isso está no contrato.

Quando foi seu último dia de trabalho?
Ontem.

Outros médicos cubanos trabalhavam com você?
Não. Eu sou o único médico cubano na cidade. Eu trabalhava sozinho no posto de saúde. É uma cidade pequena e não tem nenhum médico brasileiro. Tinha um, mas ele saiu meses atrás. Não era do Mais Médicos.

Se era o único médico, hoje chegou algum substituto para fazer o atendimento?
Pelo que sei, hoje não teve atendimento em Pirapetinga. Eu atendia no posto de segunda a quinta-feira, e, às quartas-feiras, fazia visita domiciliar com os assistentes de saúde. A cidade faz divisa com o Rio de Janeiro e nós atendíamos não só a população da cidade como de bairros da divisa com o Rio.

Não tem medo de ficar no Brasil e você ou sua família sofrer represálias?
Eles (representantes do governo cubano) já procuraram meus pais em Santiago de Cuba, onde eu morava, para falar o que está acontecendo aqui no Brasil. Desde que o Bolsonaro foi eleito, começou a briga e uma campanha política para que nossos familiares falem com a gente para evitar que fiquemos no Brasil. Meus familiares me mandaram um email contando a situação.

Não ficou com medo? Muitos médicos estão com medo de dar entrevistas.
Não. Eu vou ser considerado desertor. Estarei proibido de voltar a Cuba por oito anos, amiga. O que eles vão fazer? Vão me matar? Quem garante que quando você chegar lá eles não vão te aplicar uma medida disciplinar ou invalidar meu diploma? Todo dia acontece algo novo. Agora mesmo há muita desinformação e conversa fiada. Não sei se é verdade, mas estão dizendo que mandaram bloquear as contas de todos os médicos cubanos no Banco do Brasil. Eu estou pensando em passar no banco para sacar o meu dinheiro, o pouco que eu tenho guardado. Eles podem fazer qualquer coisa, manipulam até a Opas e tudo. Mas se isso acontecer, é roubo, crime.

(...)

Você veio para o Brasil pensando em ficar aqui?
Eu vim para trabalhar três anos. Só que o contrato foi rasgado. Eu recebi R$ 2.976 por mês e não R$ 4 mil como dizem. Esse foi o meu salário todo esse tempo. O restante ninguém sabe para onde vai. O que um assessor da Opas dizia quando a gente perguntava era que o 75% que ia para lá para ajudar o governo cubano a melhorar a situação dos hospitais.

Você está decidido a ficar no Brasil?
Sim, fico aqui nem que tenha que trabalhar recolhendo lixo ou varrendo rua. Eu varro mesmo. Mas para meu país eu não volto não porque me sinto enganado. Me disseram que eu ia ficar três anos, ganhar R$ 4 mil. Mas eu estou aqui trabalhando e todo mundo pegando o meu dinheiro. Eu me sinto uma vaca leiteira que a toda hora chega um pessoal e tira seu leite. Isso é legal? Não, é sacanagem.

Vai tentar se inscrever no Mais Médicos?
Com certeza. Nós cubanos somos formados em Cuba como médicos especialistas de família e posso garantir que temos mais de três anos de experiência. Só que ela só é reconhecida em Cuba em nenhum outro país. Vou tentar fazer também o Revalida.

O que você vai fazer se não entrar no Mais Médico de novo?
Essa é uma boa pergunta. Vou estudar para o Revalida. É a minha chance. Hoje estamos sozinhos aqui. Somos só nós e vocês. A única coisa que a Opas vai fazer por nós é mandar o bilhete da passagem.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

O tal “liberal-conservador” e três típicas acusações contra Jair Bolsonaro

Você que é conservador — entusiasta do modelo da civilização ocidental (moral cristã, filosofia grega e direito romano) e de um mercado regido por esses itens — não precisa mais pagar pedágio para liberal dizendo que é um ‘liberal-conservador’, do tipo que é ‘liberal na economia e conservador nos costumes’ (SIC), independente de que seja cristão, budista, ateu, etc., só por medo de parecer um esquisitão controlador, intervencionista, que flerta com o socialismo, ou um saudosista da ditadura militar…

Por que digo isso? Porque os conservadores sempre foram a favor de uma economia descentralizada/livre em detrimento de uma economia centralizada/planificada. Até mesmo os católicos mais familiarizados com a Doutrina Social da Igreja e que possuem sanidade mental preferem um modelo econômico mais parecido com o modelo americano do que com o cubano; preferem o modelo econômico do Vaticano ao modelo da Venezuela — eles sabem que o grau de influência do Estado em questões como a assistência aos mais pobres vai variar de acordo com o tipo de governo instalado no país em que vivem, mas também sabem que o ato da caridade também é um dever moral de todos os indivíduos que vivem nesta sociedade.

Nas palavras de Edmund Burke, os conservadores conservam aquilo que resistiu aos testes do tempo. E o modelo econômico que sobreviveu aos testes do tempo é o modelo econômico que privilegia as trocas voluntárias regidas por uma cultura moralmente elevada. Resistiu em detrimento de um modelo econômico em que o Estado proíbe totalmente o comércio (comunismo) e um modelo econômico de trocas imorais, dissociadas de um arcabouço culturalmente elevado (liberalismo/libertarianismo. Este último nunca existiu de tão utópico que é).

A Escola de Salamanca, nas figuras de Francisco de Vitoria, Domingo de Soto, Francisco Suárez e Tomás de Mercado, já alertava sobre a importância do mercado estar atrelado a valores morais desde o século XVI, antes mesmo de Adam Smith sonhar em nascer. O que liberais e libertários fizeram a seguir foi remover essa necessidade intrínseca entre mercado e moralidade e a coisa foi piorando com o passar do tempo. A Igreja, então, desenvolveu a sua Doutrina Social, que não pode ser chamada de terceira via, mas que traz certa luz ao problema, embora muitos religiosos, economistas e filósofos (como o professor Olavo) ainda se envolvam em discussões sobre o status quæstionis do tema.

A Escola de Salamanca, composta por monges católicos jesuítas, já sabia da eficácia do mercado décadas antes do surgimento dos liberais e de sua cria: os libertários. Por óbvia questão cronológica, a Escola de Salamanca é anterior à Escola Austríaca, à Escola de Chicago e aos Libertários adeptos dos delírios de Rothbard. Um católico que adere à ideologia liberal incorre em heresia.

Os monges jesuítas da Escola de Salamanca fizeram observações acertadas sobre a questão da Teoria do Valor já em 1.555 d.C.:
“O valor de uma coisa não depende da sua natureza objetiva, mas antes da estimação subjetiva dos homens, mesmo que tal estimação seja insensata” – Bispo Diego de Covarrubias, (Veterum collatio numismatum, 1555).

Não caiam em chantagem emocional e nem em pressão de grupos liberais em que vocês precisem se assumir liberais na economia a todo momento, porque um sujeito que é liberal na economia é um sujeito que também é um liberal social e cultural, a favor do comércio de drogas, de armas químicas, de explosivos, de órgãos humanos, de pessoas e até mesmo de bebês — em casos extremos de insanidade mental do liberal. Não preciso dizer que um conservador sabe que esse tipo de comércio prejudica a sociedade e que um conservador é cético e prudente quanto a isso, ?

Vejam o governo de Donald Trump. Ele fez o maior corte de impostos da história dos EUA e continua sendo um presidente conservador, defendendo os valores morais da cultura Ocidental, sem precisar se definir como ‘conservador nos costumes e liberal na economia’.  Dito isso, se a pessoa insistir nessa pataquada, saiba que está diante de um canalha do tipo isentão, que gosta de jogar nos dois lados e ser amigo de todo mundo, que é só mais um covarde que não assume uma posição.

Respondendo a algumas acusações contra Jair Bolsonaro

“Ainn, Bolsonaro é inculto”
Quando alguém chama Bolsonaro de inculto, geralmente é um libertário que acha que cultura é só Rothbard, Block e Hoppe; ou um liberal que acha que cultura é só Mises, Hayek e Friedman; ou um conservador estilo Alex Catharino que acha que cultura é só Kirk, Oakeshott e Burke (e que Jair tem que beber vinho importado).

As coisas são assim porque essas pessoas acreditam que cultura se resume ao material produzido exclusivamente pelos autores de suas ideologias preferidas, e só aquilo que confirma o pensamento deles constitui a verdade e a realidade. Até agora não vi leitores de Virgílio, Dante e Dostoievski cobrando cultura do Bolsonaro.

Interessante, não?
Jair Bolsonaro cursou a Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx). Em 1977, concluiu o curso de formação de oficiais da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), e o curso de paraquedismo militar na Brigada Paraquedista do Rio de Janeiro. Em 1983, formou-se em educação física na Escola de Educação Física do Exército, e tornou-se mestre em saltos pela Brigada Paraquedista do Rio de Janeiro. Em 1987, cursou a Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO).
Ele pode não ser culto, mas não dá para comparar esse currículo com o de Dilma e Lula.
A prova dos Agulhas Negras é mais concorrida e difícil que o vestibular da USP.
É melhor “Jair” se acostumando.
* * *
“Ainn, Bolsonaro é o Lula com sinal trocado…”
Verdade… se olharmos pela perspectiva correta.
Lula: corrupto, de esquerda, progressista, filhos investigados por enriquecimento ilícito, cachaceiro.
Bolsonaro: ficha limpa, de direita, defende valores conservadores, filhos formados, com patrimônio compatível e que foram eleitos democraticamente, bebe Dolly Guaraná.

Até ontem os liberais estavam querendo vender o Dória como anti-Lula. Capa da Istoé, quem lembra? Que seria o anti-Lula senão o inverso dele, o seu oposto?

Eu até comentei com amigos que era bobagem o Bolsonaro querer reivindicar o papel do anti-Lula, porque o passo seguinte seria descartarem o Dória, chamar o Bolsonaro de ‘outro lado da mesma moeda’ (SIC), de extrema-direita, empurrando o Jair para a ponta do espectro político. Daí depois os liberais acusariam o perigo dos extremismos e diriam que Lula era a TESE, Bolsonaro a ANTÍTESE e o Alckmin seria a SÍNTESE redentora e salvadora. É a tal Janela de Overton.
Dito e feito.
* * *
“Ainn, Bossonaru é populixxxta”
Sim, com certeza…
Um sujeito que é contra COTAS, que é contra o programa MAIS MÉDICOS, que critica o BOLSA FAMÍLIA, que critica o MINHA CASA, MINHA VIDA, que critica o FIES, que critica o ENEM, que é inimigo número um da MÍDIA, que nunca foi elogiado na REDE GLOBO, que é odiado pela CLASSE ARTÍSTICA e que critica os empréstimos do BNDES é um baita de um populista, ?

É o populista do Bolsonaro que passou a fazer propostas irrealizáveis nos 45 minutos do segundo tempo, que é amado pelos colegas parlamentares, que tem vários amigos no Senado, na Câmara, no STF, e que promete realizar um paraíso na Terra só para ganhar voto e militância, ?

Engraçado, eu pensava que ser popular era apenas escutar as demandas do povo, fazer propostas realistas dentro do campo da possibilidade, e dizer que irá tentar realizá-las se eleito, mas parece que o significado mudou e fazer essas coisas agora é populismo.

Popular mesmo é o Lula, o Amoedo, o Alckmin, o Meirelles, que são recebidos por milhares de pessoas em aeroportos e eventos por todo o Brasil, que as pessoas mandam fazer camisas com os seus rostos estampados, que as pessoas adesivam o carros com seus rostos, que as pessoas tiram dinheiro do próprio bolso para espalhar outdoors pelo Brasil, ?
(Se você não sabe a diferença entre popularidade e populismo, seu direito de opinar é zero.)


terça-feira, 29 de novembro de 2016

Fortuna de Fidel Castro pode ter alcançado 900 milhões de dólares

Em 2006, a revista americana 'Forbes' colocou Fidel em sétimo lugar na lista de governantes mais ricos do mundo

Apesar de não demonstrar sua afeição pelo luxo, o ex-ditador cubano Fidel Castro, que morreu na última sexta-feira (madrugada de sábado em Brasília), teve sua fortuna estimada em 900 milhões de dólares. O valor foi avaliado em 2006 pela revista americana Forbes, que o colocou em uma lista de governantes mais ricos do mundo.

Há dez anos, a publicação financeira considerava que Fidel era o sétimo governante na lista de presidentes, ditadores e monarcas mais endinheirados. Segundo a Forbes, a fortuna do ditador cresceu abruptamente em pouco tempo, uma vez que a estimativa de sua fortuna em 2003 era de 110 milhões de dólares. O dinheiro teria relação com seu poder em uma série de empresas que eram de propriedade do Estado cubano.

Na época da publicação, o caso foi respondido com raiva pelo governo da ilha e por Fidel, que afirmou se tratar de uma “mentira absoluta” e disse que tomaria ações legais contra a revista. “Se eles provarem que eu tenho uma conta no exterior de 900 milhões dólares ou de apenas um dólar, eu renuncio agora a todas as funções que desempenho”, afirmou Castro, em 2006. “É ridículo me atribuir uma fortuna de 900 milhões de dólares. Uma fortuna sem herdeiros”.

Forbes relembrou o episódio após a morte do ditador, que faleceu aos 90 anos, e comentou que Fidel gostava de “acomodações luxuosas”, mas precisava se mudar constantemente por causa de tentativas de assassinato. Depois de sua morte, Cuba entrou em nove dias de luto oficial e prepara homenagens pelo país, com uma procissão das cinzas de Fidel pela ilha.

Fonte: Blog do Augusto Nunes