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domingo, 10 de setembro de 2017

Fachin afirma que, em liberdade, delatores da JBS ‘encontrarão estímulos’ para ocultar provas

Ao mandar prender Joesley Batista e Ricardo Saud, da JBS, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, ressaltou que, em liberdade, ‘os colaboradores encontrarão os mesmos estímulos voltados a ocultar parte dos elementos probatórios’. O sigilo sobre a decisão foi derrubado neste domingo, 10.  O magistrado decretou prisão temporária dos empresários e negou o encarceramento do ex-procurador Marcelo Miller. Os benefícios dos dois colaboradores estão suspensos por até cinco dias, enquanto durar o encarceramento temporário.

O procurador-geral da República havia pedido a detenção dos delatores e do advogado em razão de áudio enviado pela defesa dos colaboradores em anexo complementar sobre o senador Ciro Nogueira (PP), que revela conversa entre Saud e Joesley na qual Miller é mencionado como um integrante do Ministério Público Federal que teria atuado em benefício da JBS.  “Percebe-se pelos elementos de convicção trazidos aos autos que a omissão por parte dos colaboradores quando da celebração do acordo, diz respeito ao, em princípio, ilegal aconselhamento que vinham recebendo do então Procurador da República Marcello Miller”, anotou Fachin.

O magistrado reforça que ‘atitude permite concluir que, em liberdade, os colaboradores encontrarão os mesmos estímulos voltados a ocultar parte dos elementos probatórios, os quais se comprometeram a entregar às autoridades em troca de sanções premiais, mas cuja entrega ocorreu, ao que tudo indica, de forma parcial e seletiva’.
“Dessa forma, como requerido pelo PGR, resta presente a indispensabilidade da prisão temporária pretendida, a qual não encontra em outras cautelares penais alternativas a mesma eficácia”, avalia.

“No caso, a análise do áudio e dos documentos juntados na mídia das fls. 15 revela indícios suficientes de que os colaboradores omitiram, no momento da formalização do acordo de colaboração premiada, informações a que estavam obrigados prestar sobre a participação do então Procurador da República Marcello Miller no aconselhamento destes quando das negociações dos termos da avença. Num juízo de cognição sumária, como é próprio desta fase, tal fato pode implicar justa causa à ulterior rescisão dos acordos celebrados, nos termos da Cláusula 25 (em relação a Ricardo Saud) e Cláusula 26 (em relação a Joesley Mendonça Batista)”, anotou Fachin.

Marcelo é o pivô da investigação que pode culminar com a rescisão da delação da JBS, embasada em áudio enviado pela defesa dos colaboradores em anexo complementar sobre o senador Ciro nogueira (PP). Ele integrou a força-tarefa da Operação Lava Jato e atuou nas delações do ex-senador Delcídio do Amaral e do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.  A respeito do procurador, Fachin pondera que ‘ainda que sejam consistentes os indícios de que pode ter praticado o delito de exploração de prestígio e até mesmo de obstrução às investigações, não há, por ora, elemento indiciário com a consistência necessária à decretação da prisão temporária, de que tenha, tal qual sustentado pelo Procurador-Geral da República, sido cooptado pela organização criminosa’.

Fonte: Isto É

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Suspeita sobre delação da JBS instala perplexidade no STF; Congresso separa arsenal para atacar Janot

Até aqui de mágoa A revelação de que delatores da JBS tentaram manipular o Judiciário mergulhou o Supremo em um clima de perplexidade e irritação. Informada sobre o conteúdo chulo das citações ao seu nome, a presidente da corte, Cármen Lúcia, pediu para ouvir os áudios e avisou que haveria reação enérgica. Outros integrantes do STF classificaram o caso como um “absurdo”. Relator da Lava Jato, Edson Fachin foi criticado. Pregou a “luz do sol” como o único remédio para a crise, embora amargo.[não pode ser esquecido que Fachin quando indicado para o Supremo teve Ricardo Saud - um dos delatores e que está nas gravações de agora - como seu cabo eleitoral e cicerone no Senado Federal.]
 
Lei do retorno A Procuradoria e o STF esperam reação raivosa do Congresso — e ela virá. A ideia é aproveitar a CPI que será usada para investigar a JBS para expor Rodrigo Janot e Marcello Miller.

Lei do retorno 2 A primeira medida será pedir a quebra dos sigilos de Miller. Há quem pregue que a mesma medida seja adotada em relação ao escritório Trench Rossi e Watanabe, que contratou o ex-procurador logo após ele deixar a PGR.

Antídoto A banca de advocacia já está conduzindo investigação interna.

Em série A CPI não será a única frente de tiroteio na PGR. Parlamentares articulam reativar o debate na Câmara sobre o projeto do abuso de autoridade que já foi aprovado pelo Senado.

Menos Aliados do procurador-geral expressaram solidariedade a ele nos grupos de debate do MPF. Pessoas próximas dizem agora que Miller não era braço direito de Janot.
Vai ter luta A homologação da delação de Lúcio Funaro em meio à polêmica da JBS foi vista no governo como uma espécie de “contra-ataque” de Janot e Fachin.


Chumbo trocado Se o procurador-geral de fato apresentar nova denúncia, os advogados do presidente Michel Temer vão solicitar a anulação da delação dos Batista.

Lembrete Até aliados de Temer admitem que a euforia com a reviravolta no caso da JBS foi contida pela foto dos mais de R$ 40 milhões atribuídos ao ex-ministro Geddel Vieira Lima.

Ricochete Embora a ação já estivesse no cronograma da PGR, o PT dirá que a denúncia da cúpula do partido por organização criminosa foi um gesto político, para contraditar a versão de que Janot persegue Michel Temer.

(...)

Devolva-me O vereador Gilberto Natalini (PV/SP) quer cassar o título de cidadão honorário que a Câmara Municipal concedeu a Marcelo Odebrecht, em 2011. Argumenta que o empresário, hoje preso, provou não ser uma “pessoa honrada”.

Do próprio bolso Em meio à discussão da reforma política, o deputado Heráclito Fortes (PSB-PI) apresentará projeto para proibir que os partidos usem o dinheiro do fundo partidário para pagar salários a dirigentes. Na justificativa, diz que os “salários extremamente elevados” e as regalias nas siglas são provas de abusos. 

TIROTEIO
Se mentiram e tiveram a ajuda do procurador, a delação se fragiliza e as provas se tornam frutos de uma árvore envenenada.
DE CARLOS VELLOSO, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, sobre os áudios de delatores da JBS que podem imputar o ex-procurador Marcelo Miller. 

(...)
 

Fonte: Painel/Folha




 

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Fachin retira sigilo das gravações de delatores da JBS

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin decidiu há pouco retirar o sigilo da gravação da JBS, que motivou a abertura do processo de revisão do acordo de colaboração de Joesley Batista, Ricardo Saud e Francisco e Assis e Silva, delatores ligados à JBS. A gravação tem cerca de quatro horas e deve ser divulgada ainda esta noite.

Nas gravações, é possível ouvir como Joesley e os diretores da JBS atuaram para obter o acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Nos diálogos, os delatores relatam suposta influência sobre o ex-procurador da República Marcelo Miller, que fez parte da equipe do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

A suspeita da PGR é que Miller atuou como “agente duplo” durante o processo de delação. Ele estava na procuradoria durante o período das negociações e deixou o cargo para atuar em um escritório de advocacia em favor da JBS.  Na segunda-feira (4), ao comunicar a abertura do processo de revisão das delações, Janot disse que mesmo se os benefícios dos delatores forem cancelados, as provas contra as pessoas citadas devem ser mantidas. No entanto, a decisão final cabe ao Supremo.

Fonte: Agência Brasil



'O povo vai imaginar que os 11 ministros do STF estão envolvidos', diz Marco Aurélio

Ele reclama que Janot não identifica quais ministros do STF estão sob suspeita

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, reclamou do fato do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não ter identificado quais ministros da Corte poderiam ser colocados sob suspeita com base no áudio omitido por delatores da JBS. Janot revelou nesta segunda-feira a abertura de um processo para rever a delação e que um áudio com conversa entre dois colaboradores faria citações a procuradores e 
 ministros do Supremo. 
 
(PEDIDO DE INVESTIGAÇÃO: Leia a íntegra da decisão de Janot)
 
O ruim é quando não se nomina esses possíveis mencionados, porque ficamos todos nós sob suspeita. O comum do povo vai imaginar que os 11 ministros estão envolvidos — afirmou Marco Aurélio ao GLOBO. 
 Ele afirmou que o momento é de esperar os próximos passos do caso. Ressaltou que a possibilidade de revisão da delação sempre esteve aberta e que a homologação feita pelo Supremo não significa que os benefícios estavam garantidos em casos como este.
— Quando ocorreu a homologação, ela ocorreu dentro de um contexto. Essa homologação visa a proteção do delator, dos familiares e claro que surgindo fatos novos isso pode ser revisto. Agora mesmo já há questionamento de delação do Delcídio (Amaral, ex-senador). Sempre é possível reabrir — disse o ministro.


Marco Aurélio lamentou o episódio afirmando que ele enfraquece o instituto da delação premiada.  — É algo que em coloca, até certo ponto, em xeque a delação, acaba fragilizando o próprio instituto, o que não é bom. É preciso ter cautela e que as instituições sigam trabalhando afirmou, sem esconder a surpresa:
— Quando imaginamos que já vimos tudo, surge algo novo.

Fonte: O Globo