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sábado, 3 de novembro de 2018

O novo xerife do Brasil -Moro vai ter superpoderes para continuar o combate à corrupção

O novo xerife do Brasil

Em quatro anos à frente da Lava Jato, o juiz Sergio Moro colocou mais de 140 pessoas na cadeia, entre elas o ex-presidente Lula, políticos e empreiteiros. Agora, o magistrado vai ter superpoderes para continuar o combate à corrupção

Depois de condenar e prender Lula por corrupção, cujo processo tirou o ex-presidente da sucessão presidencial deste ano, o juiz federal Sergio Moro aceitou nesta quinta-feira 1 o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro para transformar-se em superministro do novo governo. Moro não será apenas ministro da Justiça, mas terá sob seu comando a Segurança Pública, a Polícia Federal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o temido Coaf, que monitora toda a movimentação financeira suspeita. A Transparência e a Controladoria-Geral da União estão em negociação. Com esse poder todo, o juiz, de 46 anos, torna-se o xerife do Brasil, a quem estarão subordinados todoas os órgãos de combate à corrupção.

Moro já vinha sendo sondado por Bolsonaro ainda no segundo turno. Em meados de outubro, o economista Paulo Guedes, que também será superministro da Economia, foi a Curitiba e reuniu-se com o juiz. Moro gostou da idéia, embora tenha deixado claro que preferia ser indicado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). No início de 2020, o ministro Celso de Mello completará 75 anos e terá que se aposentar. Moro chegou a pensar em transmitir a Bolsonaro que a prioridade era o STF, mas depois de falar com amigos concluiu que uma coisa não descartava a outra. “O Ministério da Justiça poderá ser o caminho para chegar ao STF”, disse Moro à ISTOÉ. Guedes levou essa expectativa a Bolsonaro. Na segunda-feira 29, um dia após vencer a eleição, o novo presidente tornou público o convite, por meio de uma entrevista ao Jornal Nacional. Moro levou dois dias refletindo sobre a proposta e, na quarta à noite, resolveu aceitar. Na quinta-feira 1, o martelo foi batido.

 “Aceitei o convite porque, apesar de todos os esforços feitos pela Lava Jato, a corrupção ainda não acabou” Sergio Moro, juiz federal

(...)

Uma juiza durona
Com a decisão do juiz Sergio Moro de aceitar o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro para comandar o Ministério da Justiça, quem assumirá os processos da Operação Lava Jato, pelo menos interinamente, é a juíza substituta Gabriela Hardt. Não será a primeira vez que ela encara a empreitada. Em outras ocasiões, quando Moro saiu de férias ou viajou ao exterior, ela se mostrou tão rigorosa quanto ele. Em maio deste ano, quando o juiz estava ausente, ela mandou prender o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que posteriormente obteve um habeas corpus no STF.

 A SUBSTITUTA A juíza Gabriela Hardt assumirá os processos deixados por Moro (Crédito:Divulgação)

Gabriela nasceu em Curitiba e chegou a cursar dois anos de engenharia química, mesma profissão do pai, antes de optar pelo Direito. Prestou concurso para juíza em 2007 e foi transferida algumas vezes para cidades do interior do Paraná antes de retornar à Curitiba em 2014 para assumir a posição de juíza substituta na 13ª Vara Federal. Em 2015, ao substituir Sérgio Moro pela primeira vez, determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de José Dirceu. No ano seguinte, determinou que o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira indicasse um imóvel como garantia para a fiança estabelecida por Moro. Em suas redes sociais, Gabriela Hardt costuma compartilhar fotos das competições de natação das quais participa e mensagens de apoio à Lava Jato, a policiais federais e outros magistrados.




 


segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Bolsonaro promete ‘Nação grande, livre e próspera’. Mas como?

Mais do que as palavras, destacam-se os símbolos no primeiro pronunciamento do presidente eleito

O grande desafio a partir de agora é decifrar quem é, o que pretende e o que vai conseguir efetivamente fazer o novo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que quebra todos os paradigmas e foi eleito num dos maiores movimentos de renovação já vistos no País. Há uma esperança enorme, mas também muitos temores.

Após a vitória, Bolsonaro fez um apelo à pacificação de um País que sai profundamente dividido da eleição e se comprometeu com “a Constituição, a democracia e a liberdade”. Isso é importante não só para a Nação, mas para o próprio Bolsonaro, que chocava ao defender a ditadura e a tortura, mas deixa para trás a persona candidato e assume a de presidente eleito, contemporizador e pragmático como deve ser.

Mais do que as palavras, destacam-se no primeiro pronunciamento os símbolos. Ele desdenhou a TV e optou pelas redes sociais, tão fundamentais para a construção de sua candidatura e a vitória. E mais: a simplicidade dele e de sua mulher, a Bíblia e a Constituição sobre a mesa, o broche de deputado federal na lapela do paletó, sem gravata.  Além de símbolos, porém, Bolsonaro precisa finalmente mostrar a que veio, detalhar um programa econômico sólido, definir prioridades e metas. Nada disso ficou claro durante a campanha, mas acabou o tempo. Não há alternativa: é mostrar ou mostrar qual será o governo, e com quem.

Para começar, tem de deixar claro qual a autonomia do economista Paulo Guedes, a dimensão e a forma do ajuste fiscal e do enxugamento do Estado. E, afinal, onde se encaixa a fundamental preocupação social?  Bolsonaro não ganhou de goleada, mas saiu das urnas com enorme legitimidade e corre um risco: qualquer erro será amplificado proporcionalmente ao tamanho da expectativa gerada. Foram muitas as promessas, serão igualmente muitas as cobranças. E, além de encarnar o “novo”, os valores da família, da ordem e do progresso, muito pouco, praticamente nada, se sabe do capitão que chegou à Presidência da República.
Todos os candidatos, todos os cidadãos querem e sonham transformar o Brasil “numa grande, livre e próspera Nação”, como ele anunciou ontem. O problema não é querer, é saber como e em quanto tempo fazer.

Eliane Cantanhêde - O Estado de S. Paulo
 

sábado, 25 de agosto de 2018

Contradições entre Guedes e Bolsonaro persistem

Convicção de ideias liberais do economista Paulo Guedes vem da vida toda, já a do candidato Jair Bolsonaro, ainda não se sabe se existe


A grande dúvida econômica em relação à campanha de Jair Bolsonaro é se as ideias liberais de Paulo Guedes entraram na cabeça do candidato do PSL à Presidência. “Não sabemos o quanto disso vai se converter em ideias liberais”, admitiu Guedes. “O economista vai propor coisas duras, o presidente vai dar uma amaciada, o Congresso vai dar outra amaciada, e vai sair de lá um negócio que não é o que o economista quis, mas também não é o que a turma queria.”

Qualquer processo de negociação altera o teor dos projetos, mas neste caso a dúvida é maior. Não há qualquer ponto de contato entre o liberal e o capitão. Ao longo da vida pública, o deputado Jair Bolsonaro votou contra todas as propostas de privatização, quebra de monopólio, previdência e até o Plano Real. [Bolsonaro não nasceu sabendo tudo e a experiência de vida, especialmente o trato com a política, serviu de ótimo exemplo.
Hoje todos vemos que a privatização é necessária e apesar de algumas falhas, no saldo geral privatizar foi, é e continuará sendo o melhor para o Brasil.
Quanto a Bolsonaro ter começado sua carreira política defendendo soldo de militares e policiais, é público e notório que apesar da proibição de sindicalização, os militares precisavam e precisam de quem defensa seus interesses.
Vamos admitir que Bolsonaro começou sua carreira política  como líder sindical - de forma um pouco diferente, já que agia como líder sindical de uma categoria que não pode ser sindicalizada - mas, não se corrompeu quanto a quase totalidade dos outros líderes.] Votou a favor de privilégios de parlamentares e entrou na carreira política em defesa do soldo de militares e policiais. Nada que nem remotamente lembre a pregação liberal de Paulo Guedes em toda a sua carreira de economista e empreendedor.

E o que está no programa, ou tem sido defendido por Paulo Guedes, é radical. Na entrevista que concedeu à Central das Eleições da Globonews, ele confirmou que calcula em R$ 2 trilhões o valor da venda de todas as participações do governo em estatais e de 700 mil imóveis da União. Na lista dos bens a serem privatizados está a Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa. Tudo. A Eletrobras, também. “Vamos fazer o que o Temer está fazendo, só que mais rápido do que ele. A convicção vem de muito tempo.” A convicção de Paulo Guedes é da vida toda, mas a de Bolsonaro não se sabe se existe.

O mais relevante são as contradições no presente. O candidato Jair Bolsonaro, na entrevista que concedeu à Globonews, havia defendido a recuperação do valor das aposentadorias e pensões em salário mínimo. Nos governos Fernando Henrique e Lula, houve sempre aumentos reais do salário mínimo. Por isso, muitos que se aposentaram com um múltiplo do mínimo hoje recebem menos, nessa conta, ainda que tenham tido correção pela inflação. Se fossem reajustados agora, nova bomba explodiria sobre a Previdência. Perguntado sobre se isso seria adotado, Guedes admitiu que há divergências. Disse que haverá uma coalizão de centro-direita que vai tentar “convergir os sistemas”. E avisou: “Ninguém terá superpoderes, muito menos um economista.”

Guedes disse que um eventual governo Bolsonaro manterá o teto de gastos, mas avisou que o teto vai cair porque não há parede. Ou seja, sem a reforma da Previdência ele é inviável. Afirmou que o sistema previdenciário está falido e comparou-o a um avião que está ficando sem combustível e vai cair, “e nós estamos tentando colocar nossos filhos lá, isso é um crime.” Com essa imagem forte, o que ele quer dizer é que tem de ser criado outro sistema de capitalização, de contas individuais. Quanto custará? Se os jovens vão contribuir para uma nova previdência, o combustível no velho avião acaba mais rápido. O programa fala em um fundo, mas não informa de onde sairá o dinheiro. [uma certeza existe: o combate aos beneficios fraudulentos, ao dinheiro sonegado pelos empresários - arrecadam dos empregados mas não repassam ao INSS - reduzirá em muito o déficit da Previdência Social, o que somado a outras medidas de menor impacto, mas, eficientes, vai melhorar em muito a situação previdenciária.
E Bolsonaro tem coragem para comandar tais providências.
Felizmente, ele faz sem se preocupar com o que vão pensar. Depois, se necessário, explica.
Uma das causas do fracasso da intervenção na segurança pública do Rio foi a oposição da turma dos direitos humanos a simples medida de fotografar passantes e enviar as fotos para uma delegacia.
Alegaram quebra de privacidade e o interventor recuou e deu no que deu.
Diante do primeiro protesto ele tivesse apenas determinado que continuassem com o trabalho contestado e aguardasse que alguém impedisse, o resultado da intervenção teria sido outro.
A bandidagem, com esta medida firme, começaria a entender quem estava mandando.]

Na área trabalhista, ele quer também um novo sistema. O programa defende uma carteira de trabalho “verde e amarela”, em vez da azul, que cria um regime de trabalho sem CLT. Nele, as normas seriam negociadas entre patrão e empregado. Perguntado sobre os subsídios à agricultura, disse que o setor ficará fora de sua alçada, mas que se depender dele não haverá. Bolsonaro tem buscado apoio no agronegócio.  O programa do PSL promete zerar em um ano o déficit público e para isso Guedes faz contas de pegar recursos que estariam disponíveis, como o que pode vir da cessão onerosa com a Petrobras, o fim do abono salarial, a devolução do BNDES, redução de isenções fiscais. Mas para os anos seguintes ele acredita que conseguirá privatizar “em um ataque frontal”. Imaginando que houvesse acordo para privatizar Petrobras e Banco do Brasil, levaria tempo para preparar o processo. Perguntado sobre isso, ele diz que está “fora da caixa”, ou seja, do pensamento convencional. O dinheiro seria usado para reduzir a dívida pública e diminuir o gasto com juros.

Guedes defende tirar da Constituição todas as vinculações constitucionais para que se possa fazer o orçamento a partir do zero, inclusive saúde e educação. [erro do Guedes: Saúde, Educação e Segurança tem que ser prioridade.] Mesmo quem acha que rearrumar as contas públicas exige decisões radicais tem noção da extraordinária dificuldade de fazer isso. Quando perguntado sobre a distância entre ele e Bolsonaro, Guedes diz que “todo mundo muda devagar”. Mas afirma que o candidato tem aprendido mais rápido do que os economistas brasileiros.

Blog da Miriam Leitão - O Globo

domingo, 22 de julho de 2018

Bolsonaro é fenômeno com calcanhares de vidro [?]

[Pontos fortes da candidatura Bolsonaro = destacados em itálico azul.

São tais pontos que somados ao fato, irrefutável,  que Bolsonaro tem votos e o fato tempo de TV que vai dispor utilizando o 'direito de resposta' tornam Bolsonaro imbatível e com reais chances de vencer no primeiro turno.

Os adversários de Jair Bolsonaro terão que se valer da calúnia, do deboche, do humor ridículo para atacar o candidato e para tanto a mentira será usada com abundância, ensejando ao deputado o 'direito de resposta' usando o tempo de TV do caluniador.

Os que optarem por não caluniar não conseguirão impor defeitos ao fenômeno Bolsonaro = não fornecem tempo para Bolsonaro e nem ganham a eleição.

Já os que tentarem acusar Bolsonaro terão que caluniar e divulgarão o fenômeno Bolsonaro. 

Pontos negativos, mas, que podem se tornar positivos com correções ao longo da campanha estão em vermelho.]

 
O que é um fenômeno? Um deputado de ultradireita não é um fenômeno. O endeusamento de Donald Trump não é um fenômeno. Pesquisa eleitoral não é um fenômeno. Fenômeno é um apologista de Trump liderar as pesquisas presidenciais no Brasil recitando teses de ultradireita. Com a aclamação de sua candidatura pelo raquítico PSL, neste domingo, Jair Bolsonaro consolida-se como grande surpresa da temporada eleitoral de 2018. Mas o fenômeno, indica o Datafolha, tem calcanhares de vidro que dificultam sua caminhada até o Palácio do Planalto.

Com Lula fora da raia, Bolsonaro lidera o páreo presidencial com 19%, informa a sondagem mais recente do Datafolha, divulgada em junho. Entretanto, um terço do eleitorado desenvolveu uma ojeriza pelo fenômeno —32% dos entrevistados disseram que jamais votariam no capitão. Bolsonaro tem dificuldades para crescer. Mais: nas projeções de segundo turno, sua liderança derrete.  Se não estivesse inelegível, Lula (49%) surraria Bolsonaro (32%) num hipotético segundo round. Marina Silva (42%) colocaria dez pontos de vantagem sobre o fenômeno (32%). Ciro Gomes (36%) subiria ao ringue estatisticamente empatado com a novidade (34%). Até Geraldo Alckmin (33%) emparelharia suas luvas com as de Bolsonaro (33%), num empate matemático. [quando se parte para o 'se', para o 'hipotético', passam a se considerar teorias, que  SE tivessem sido consideradas o Brasil estaria bem melhor do que hoje - uma delas é SE a maior parte do eleitorado brasileiro (considerando os famosos votos válidos) não tivesse votado em coisas como Lula e Dilma o Brasil não estaria f ... .]
 
Numa eleição imprevisível, em que 33% dos eleitores chegam à beira da urna sem ter escolhido um candidato, tudo pode acontecer. Mas a liderança de Bolsonaro tem, por ora, a solidez de um pote de gelatina. Sem alianças, o candidato terá algo como sete segundos para vender o seu peixe no horário eleitoral. Mal dá para pronunciar o nome.

Bolsonaro alardeia que vencerá a eleição no primeiro turno, fazendo suas barricadas na internet. Em política, impossível não é senão uma palavra que contém o possível.  Mas Valdemar Costa Neto, um PhD em poder, preferiu tomar distância. Ao farejar o risco de Bolsonaro dar com os burros n’água, o dono do PR decidiu apostar num burro mais seco. Entregou o tempo de propaganda do seu partido para o tucano Geraldo Alckmin, estimulando as outras legendas do chamado centrão a fazer o mesmo.

O fenômeno arrancou a extrema-direita do esconderijo entoando raciocínios que transformaram o candidato numa espécie de porta-voz do desalento. Bolsonaro captou no ar o sentimento do armário. Há quatro meses, ao filiar-se ao PSL, declarou que seu modelo é Donald Trump, “um exemplo para nós seguirmos.”

Na área da segurança pública, sua prioridade é liberar as armas, aproximando o Brasil dos Estados Unidos, país onde estudantes adolescentes matam colegas de classe com armas compradas na loja da esquina.  [atualmente, com a vigência do famigerado  'estatuto do desarmamento', em que só policiais e bandidos podem portar armas, o bandido sabe que ao assaltar alguém as chances de reação são praticamente ZERO.
Com a posse e porte livras o bandido terá que considerar chances concretas de uma reação.]  Apoiado pela Bancada da Bala, Bolsonaro deseja vitaminar o grupo no Congresso. “Quem sabe teremos aqui a bancada da metralhadora”, vaticionou. “Violência se combate com energia e, se necessário, com mais violência”.

No rol de inimigos de Bolsonaro, “marginais” e “vagabundos” dividem espaço com os homossexuais
“Um pai prefere chegar em casa e ver o filho com o braço quebrado no futebol, e não brincando de boneca”, declarou. “Casamento é entre homem e mulher. E ponto final”.
No final do ano passado, Bolsonaro classificou a turma do MST de “terrorista”. 
 Propôs um tratamento implacável: ''A propriedade privada é sagrada. Temos que tipificar como terroristas as ações desses marginais. Invadiu? É chumbo!'' 
 Chegou mesmo a defender o uso de ''lança-chamas'' contra os liderados de João Pedro Stédile.

Deputado federal de sete mandatos, Bolsonaro às vezes soa como se os seus 27 anos de Congresso fossem um mero asterisco. ''Se o Kim Jong-un jogasse uma bomba H em Brasília e só atingisse o Parlamento, você acha que alguém ia chorar?”, indagou numa palestra, arrancando risos da plateia.

De economia Bolsonaro reconhece que não entende bulhufas. [não entender de economia não é nada que atrapalhe  a vitória de Bolsonaro - o único inconveniente será um ponto explorado pelos adversários e que poderá confundir algum incauto.
Mas, entregando o comando da economia a quem conhece, o desconhecimento do assunto pelo futuro presidente, passa a ser sem importância.
O complicador que permanece é a necessidade de ORDEM para gerar PROGRESSO em um quadro de economia adverso.]  Nessa matéria, o candidato tornou-se uma espécie de jarro vazio, dentro do qual o economista Paulo Guedes despeja o seu receituário liberal. Guedes disse que, num eventual governo Bolsonaro, seriam mantidos em seus postos membros da equipe econômica da gestão de Michel Temer, um presidente reprovado por oito em cada dez brasileiros. 

[em que pese a elevada reprovação do presidente Temer, não pode ser olvidado que o atual presidente estava tendo êxito em sua política economica, com destaque para a redução do desemprego, mas, infelizmente, Temer foi vítima de um complô = uma nojenta tentativa de golpe, sofreu e sofre acusações sem provas = que desmontou todos os êxitos que seu Governo estava obtendo na economia;
tal fato só qualifica o acerto da equipe economica escolhida por Temer.]

Dogmático aos 63 anos, Bolsonaro comporta-se como se já não tivesse idade para aprender mais coisas. Polêmico, também não exibe a sabedoria dos políticos que aprenderam a ocultar o que ignoram. Para um candidato assim, tão controverso, a tarefa de reduzir antipatias é mais complicada. O fenômeno terá que se desdobrar se não quiser passar à história como o presidente mais fenomenal que o Brasil jamais terá.

Blog do Josias de Souza
 


quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Guedes, o sábio de Bolsonaro




Bolsonaro e seu guia econômico têm em comum visão apocalíptica da crise

[Bolsonaro presidente, situação irreversível - quanto mais sua candidatura for espancada mais cresce e se consolida.]


No mesmo dia em que Luciano Huck deixou seus bruxos a pé, o deputado Jair Bolsonaro anunciou que, eleito, convidaria o economista Paulo Guedes para o Ministério da Fazenda. Eles tiveram dois encontros, somando seis horas de conversas: “Ainda não existe um noivado entre nós, mas um namoro”.  Um eventual noivado do economista liberal com Bolsonaro remete à resposta que o escritor Bernard Shaw deu à atriz Isadora Duncan quando soube que ela queria que tivessem um filho com sua beleza e a inteligência dele: “Devo recusar sua oferta, pois a criança poderia ter a minha beleza e a sua inteligência”.

O deputado, que combateu todas as reformas de Fernando Henrique Cardoso e chegou a sugerir que fosse fuzilado, disse, na mesma palestra em que se referiu ao namoro, que “a China não está comprando no Brasil, mas sim o Brasil.”  No mesmo dia, num artigo, Paulo Guedes dizia que “o caminho para a recuperação da dinâmica de crescimento econômico e a regeneração da classe política passa pelo aperfeiçoamento das instituições republicanas e pelo aprofundamento das reformas”.

Guedes e Bolsonaro têm em comum uma visão apocalíptica da crise nacional. O deputado arrancou risos de sua plateia perguntando:Se o Kim Jong-un jogasse uma bomba H em Brasília, e só atingisse o Parlamento, você acha que alguém ia chorar? (Ele está lá desde 1991, mas deixa pra lá.)  Menos beligerante, Guedes escreveu há uma semana que “só um reboot mental poderá nos salvar”. Seria um “reboot liberal-democrata”, mas como se faz isso, não explicou.

A piada de Shaw não esgota o namoro de Bolsonaro com Guedes. Em outubro, o deputado teve 33% de preferências numa pesquisa estimulada do Datafolha para um cenário de disputa de segundo turno com Lula (47%). Os candidatos da ordem política vigente não chegaram perto disso.  Um pedaço da desordem vigente precisa de um nome que, como uma esponja, absorva suas ideias. Parece fantasia, mas o temível Lula, que se proclamou uma “metamorfose ambulante”, entrou no Planalto em 2003 com a planilha de uma “Agenda Perdida” que originalmente havia sido encomendada a Ciro Gomes.

A ela se deveu o encanto da banca por Antonio Palocci. Deu no que deu. (Desde seu tempo como prefeito de Ribeirão Preto, Palocci tinha outros projetos na agenda. Ele está na cadeia, e Lula foi condenado pelo juiz Sergio Moro por corrupção.)  A esponja é esperta, absorve apenas o que lhe interessa, depois se enxágua. Ideias chegam ao poder pelo voto, como aconteceu com Fernando Henrique Cardoso.

Paulo Guedes é um economista com passagem bem-sucedida pela academia e pela banca. Fez melhor que Roberto Campos, o corifeu do liberalismo nacional, que fracassou no mercado financeiro. Em 1964, ele foi nomeado ministro do Planejamento pelo marechal Castelo Branco.  A esponja da ditadura absorveu suas ideias durante três anos. Depois, como laranja chupada, ele foi para escanteio.

Em janeiro de 1974, querendo se aproximar do governo, mandou ao poderoso general Golbery um artigo em que expunha suas ideias a respeito da crise do petróleo. Ele disse o seguinte ao intermediário: “Para começo de conversa, qualquer coisa partindo dele será inoportuna. Se ele propõe uma ideia boa, vai pichar a ideia. A ideia é boa, mas se partir dele vai ser ruim. (...) É uma tristeza, mas é a verdade”.

Elio Gaspari, jornalista - Folha de S. Paulo