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terça-feira, 5 de julho de 2022

O Brasil ‘despiorou’ - Revista Oeste

Silvio Navarro

Dois anos depois de a velha imprensa ter inventado uma nova palavra para não elogiar o governo, a economia dá sinais concretos de melhora 

Foto: Shutterstock

Foto: Shutterstock

Na última segunda-feira, 27, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o pior momento da inflação havia passado. No dia seguinte, os números do Caged (banco de dados do Ministério do Trabalho) mostraram recorde de criação de empregos com carteira assinada. São novas notícias positivas para a economia do país, uma realidade muito diferente das retratadas nas manchetes da velha imprensa.                               

O verbo “despiora”, usado pela Folha de S.Paulo, virou piada. 
Mas o jornal gostou tanto que passou a repeti-lo, numa clara linha editorial que proíbe associar qualquer informação boa ao presidente. 
A moda pegou nas redações. Analistas passaram a anunciar uma hecatombe econômica para este ano, com recessão similar aos mais tenebrosos anos da gestão Dilma Rousseff. Pior: com a economia em ruínas, o número de desempregados superaria o da era petista.

Aconteceu exatamente o contrário. Mesmo num cenário de inflação global pelos efeitos da pandemia e de uma guerra em curso há quatro meses na Europa, os jornalistas, “infelizmente”, tiveram de repassar notícias boas.

A primeira delas foi a revisão do Produto Interno Bruto (PIB). Como disse Campos Neto nesta semana, durante evento em Portugal, o Brasil é um raro caso no mundo em que “as revisões estão sendo feitas para cima”. A última estimativa indica crescimento da economia de pelo menos 1,7% até o fim do ano alguns bancos de investimento falam em 2%. O prognóstico de melhora vai na contramão do rebaixamento que o Banco Mundial estima para o PIB global recuou de 4,1% para 2,9%.

“A guerra na Ucrânia, os lockdowns na China e as interrupções na cadeia de suprimentos prejudicam o crescimento”, disse nesta semana David Malpass, presidente do Banco Mundial. “Para muitos países, a recessão será difícil de evitar”

O desempenho brasileiro no exterior destoa do cenário global. “Em 2021, o Brasil atingiu uma corrente comercial de US$ 500 bilhões”, afirma Marcos Troyjo, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, o “Banco dos Brics” referência a cinco países emergentes: Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul. Ele foi secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia no início do governo Bolsonaro.

“As exportações chegaram a US$ 280 bilhões”, conta Troyjo. “O superávit, num cenário de guerra comercial, foi de US$ 61 bilhões. Isso vai crescer mais neste ano, pela performance dos cinco primeiros meses. Mostra que, além do cenário interno, temos vocação para crescer no exterior.”

Emprego
Outro dado que deixou os articulistas em parafuso foi a queda no desemprego, um triste espólio do final da era petista. O volume de carteiras assinadas chegou a 280 mil em maio, num total de 42 milhões de vínculos formais de emprego. O mercado de trabalho venceu a covid.

A Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), permite uma análise mais apurada. Pela primeira vez em seis anos, o índice de desempregados ficou abaixo de dois dígitos (9,8%). O arranque foi puxado pelo setor de serviços, justamente o mais sacrificado durante a pandemia. Um dos exemplos citados pelo próprio instituto foi a reabertura dos salões de beleza e dos transportes. A média salarial mensal do brasileiro foi de R$ 1,9 mil. “Torcedores do caos [arautos do pessimismo, nas adequadas palavras do general Edson Pujol, ex-comendante do Exército.] se decepcionam: todos os índices de atividade econômica e de mercado de trabalho surpreendem positivamente”, diz Alan Ghani, economista-chefe do SaraInvest e professor do Insper. “De previsão negativa no início do ano, o PIB poderá crescer mais do que 2% em 2022.”

Também em maio, o Banco Central informou que as contas públicas estão em ordem. O superávit primário consolidado — União, Estados, municípios e estatais — chegou a R$ 40 bilhões em abril. Ou seja, a arrecadação com impostos foi maior do que as despesas.

Vilão do planeta
O fiasco das profecias caóticas forçou a oposição a Jair Bolsonaro — dentro e fora das redações — a buscar outro discurso. No ano eleitoral, a munição encontrada foi culpá-lo pela inflação, atualmente em 12%, e pelo preço dos combustíveis e do gás de cozinha.

A inflação, de fato, é um problema — mas um problema global. Números alarmantes têm sido registrados nos Estados Unidos, na Europa e na América Latina inteira. Na Turquia, bateu em 73%. A vizinha Argentina é um retrato do drama: a inflação bateu 60%, o que tem promovido cenas de remarcação de preços em gôndolas de supermercados de Buenos Aires semelhantes às registradas durante o governo José Sarney. O peso argentino segue em desvalorização acelerada, e os comerciantes oferecem descontos para pagamentos em dólar ou real.

“Somos a oitava economia do mundo. Vamos crescer 2% neste ano. Somos um dos cinco principais destinos de investimento direto. Temos a maior corrente comercial da história” (Marcos Troyjo)

A inflação dos alimentos abriu caminho para o consórcio da imprensa trocar o rótulo de presidente genocida por um de tirano que espalha fome. Imagens de pessoas em situação de miséria passaram a ser estampadas na primeira página de jornais e portais na internet. Bolsonaro reagiu lembrando o discurso da própria mídia e seus aliados políticos: “Fique em casa, a economia a gente vê depois”. Não foi o bastante.

A situação é semelhante com os combustíveis, uma commodity em alta mundial. Imagens com valores nas alturas de bombas de gasolina e diesel passaram a ser usadas ao lado de cobranças ao governo. [cobranças que estão cessando, já que medidas tomadas pelo presidente Bolsonaro já derrubaram os preços dos combustíveis em mais de 12% = em Brasília, chegou a R$ 7,99 e agora está por até R$ 6,29 = queda superior a 20%.] Bolsonaro respondeu que, ao contrário de outras petroleiras pelo mundo, a Petrobras não reduziu sua margem de lucro e derrubou os presidentes da estatal em série. 
O consórcio de mídia adorou e publicou uma avalanche de manchetes que fizeram lembrar o petrolão — quando os cofres da empresa foram pilhados nos governos Lula e Dilma.
Bolsonaro mais uma vez respondeu. Mandou um pacote de medidas ao Congresso para tentar amenizar o impacto da inflação na renda da população pobre e segurar o preço dos combustíveis. 
A primeira cartada foi fixar em 17% a cobrança de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre combustíveis, o imposto de energia elétrica, combustíveis e transporte coletivo. Com isso, “dividiu a conta” com os governadores, que saíram da pandemia com os cofres cheios.
 
A segunda e mais ousada foi o envio de uma emenda à Constituição que amplia o valor do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 até o fim do ano, inclui mais 1,6 milhão de famílias no programa e dobra o vale-gás — R$ 120 por bimestre
Os caminhoneiros autônomos passam a receber um voucher de R$ 1.000 para abastecimento. 
Para não incorrer em crime eleitoral, já que a legislação proíbe a criação de benefícios neste ano, foi decretado estado de emergência no país. Desde o anúncio da elaboração do texto, o consórcio da imprensa decretou que o presidente cometeu crime eleitoral.

O fato é que nunca se torceu tanto contra o Brasil nas páginas dos jornais. E ninguém imaginava que a recuperação econômica pós-pandemia fosse tão rápida. O Brasil “despiorou” mesmo.

Leia também “A economia desmente os pessimistas”

Silvio Navarro, colunista - Revista Oeste


segunda-feira, 29 de abril de 2019

Sniper, caçador e silencioso: o ex-Bope que comanda o Escritório do Crime

Em novembro de 2011, o capitão do Bope (Batalhão de Operações Especiais) Adriano Magalhães da Nóbrega comandava uma operação noturna com o objetivo de desmontar um acampamento criado por traficantes em um trecho da Floresta da Tijuca localizado entre as favelas da Rocinha e do Vidigal, na zona sul do Rio. Não era fácil caminhar por aquelas matas. As trilhas foram criadas por ex-soldados do Exército que possuem treinamento de sobrevivência em selva e acabaram cooptados pelas facções criminosas.

"Passamos horas caminhando em meio à mata quando vi o capitão Adriano surgir do nada. Ele parecia um fantasma, todo de preto, com o rosto coberto por uma balaclava [espécie de gorro que vai do topo da cabeça ao pescoço] e óculos de visão noturna. Se quisesse teria nos tocaiado, sem dificuldade", afirmou ao UOL um oficial da Polícia Militar do Rio de Janeiro que participou daquela operação. Todos sabíamos de histórias do envolvimento dele com a contravenção. No fundo, a gente tinha medo dele. O cara parecia um psicopata. Diziam que ele gostava de matar com faca, mas nunca o vi matar ninguém.
Oficial da Polícia Militar do Rio sobre Capitão Adriano

As declarações revelam a mistura de admiração e temor que muitos policiais fluminenses demonstram ainda hoje pelo "Capitão Adriano". Há três meses o Ministério Público do Rio denunciou o ex-PM por comandar uma milícia na zona oeste do Rio e o chamado "Escritório do Crime", grupo de matadores de aluguel que tem como clientes preferenciais chefes do jogo do bicho carioca. Expulso da PM Capitão Adriano entrou para a PM fluminense no ano de 1996. Quatro anos depois, concluiu o curso de operações especiais do Bope. Na corporação, fez amizade com Fabrício de Queiroz, que trabalhou como ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), quando este foi deputado estadual. Anos depois, Queiroz indicou a mãe e a mulher de Capitão Adriano para trabalhar no gabinete do filho mais velho do presidente da República, Jair Bolsonaro.

Adriano chegou a ser homenageado por Flávio Bolsonaro com a Medalha Tiradentes, a mais alta honraria da Assembleia Legislativa. Era o ano de 2005, e ele estava preso sob acusação de cometer homicídio. Nessa mesma época, o ex-"caveira" (membro do Bope) começou a atuar como segurança para familiares do falecido bicheiro Valdomiro Paes Garcia, o Maninho. No serviço irregular, que resultou em sua expulsão da PM decidfida pela Justiça do Rio no ano de 2014, ele se envolveu na disputa fratricida pelo espólio do contraventor.

De acordo com testemunhos incluídos nos autos da investigação interna conduzida pela PM do Rio, obtidos pelo UOL, Capitão Adriano participou de ao menos oito homicídios entre os anos de 2006 e 2009, a mando do contraventor José Luiz de Barros Lopes. Conhecido como Zé Personal, ele era casado com uma filha de Maninho.  
"Em geral, as vítimas desses assassinos têm alguma relação com o crime e a Polícia faz vista grossa. Adriano não é o primeiro a prestar esse tipo de serviço. Outros policiais já fizeram o mesmo e praticamente todos tiveram o mesmo fim: a morte", afirmou um delegado da Polícia Civil do Rio, que pediu para não ser identificado.

Um bom matador é sempre útil. E Adriano é um dos melhores, talvez o melhor atualmente.
Delegado de Polícia Civil do Rio a respeito de Capitão Adriano 

A ficha de serviços mostra que Capitão Adriano recebeu treinamento de elite durante sua trajetória como PM. Entre os cursos em que se formou, estão os de sniper (atirador de elite), operações táticas especiais e segurança especial para autoridades.
Aficionado por armas e horas na "deep web" Os relatos ouvidos pela reportagem e documentos de seu processo de expulsão da PM classificam Capitão Adriano como "caçador de gente". Ele pode passar dias isolado em meio à Floresta da Tijuca ou, em busca de aprimoramento, horas em chats na chamada "deep web" (sites que não estejam indexado em mecanismos de buscas). É descrito como um aficionado por armas, equipamentos tecnológicos, treinamentos militares e jogos com simulações de combates.

"Os equipamentos dele eram pessoais, ele sempre aparecia com alguma novidade tecnológica. Foi com ele que vi pela primeira vez um bloqueador de sinal, hoje chamado de misturador, que impede o funcionamento de celulares ou GPS. Ele tinha comprado num site na internet", diz o oficial da PM. Mesmo um assassino altamente capacitado pode errar, como revelou às autoridades o pecuarista Rogério Mesquita, homem de confiança de Maninho e também envolvido na disputa pelo espólio do bicheiro. No começo de 2007, Zé Personal havia decidido matar Guaracy Paes Falcão, o Guará. Vice-presidente da escola de samba Salgueiro e primo de Maninho, Guará era visto como um rival pelo controle de pontos jogos da organização criminosa. Ele incumbiu o Capitão Adriano de executar a tarefa. Na primeira tentativa de matá-lo, o ex-caveira e seus comparsas seguiram um carro semelhante ao de Guará, um Peugeot preto. Em certo trecho da estrada Grajaú-Jacarepaguá, interceptaram e dispararam contra o veiculo. Só então os assassinos perceberam que se equivocaram e um casal foi morto por engano. O capitão havia "feito merda", como afirmou Zé Personal.

O segundo atentado atingiu o "alvo certo". Na madrugada de 14 de fevereiro de 2007, Guará deixou a quadra da Salgueiro, na zona norte do Rio, em direção à sua casa em Jacarepaguá, zona oeste do Rio. No banco de carona estava a sua mulher, Simone Moujarkian, 35, destaque da escola de samba. A viagem foi interrompida em frente à unidade do supermercado Guanabara, no bairro de Andaraí, quando os assassinos interceptaram o carro. Os atiradores acertaram 15 tiros de fuzil no Peugeot. Três disparos acertaram Guará; outros dois, Simone. Eles morreram no local.

Rogério Mesquita chegou a acusar Capitão Adriano de tentar assassiná-lo. O ex-PM foi absolvido pela Justiça por falta de provas. Em 24 de janeiro de 2009, o pecuarista foi morto a tiros a cerca de cem metros da Praia de Ipanema. Zé Personal teve o mesmo fim: em 17 de setembro de 2011, morreu quando frequentava um centro espírita na Praça Seca, na zona oeste do Rio. Na cadeia, homenageado: "dedicação e brilhantismo" O primeiro caso de homicídio cometido pelo Capitão Adriano que veio a público foi registrado no ano de 2004. Um flanelinha que havia denunciado um esquema de extorsão praticado por PMs foi morto a tiros dentro de uma favela do Rio. Adriano chegou a ser condenado na primeira instância, mas o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro anulou a sentença. Foi durante esta época na cadeia que ele foi homenageado por Flávio Bolsonaro. De acordo com o então deputado estadual, o PM merecia ter a honraria por, entre outras razões, ter êxito ao prender 12 "marginais" no morro da Coroa, no centro, além de apreender diversos armamentos e 90 trouxinhas de maconha. Para Flavio, Adriano desenvolvia sua função com "dedicação, brilhantismo e galhardia".



Sniper, caçador e silencioso: o ex-Bope que comanda o Escritório do Crime ... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2019/04/29/capitao-adriano-milicia-ex-bope-escritorio-do-crime-rio-de-janeiro-rj.htm?cmpid=copiaecola
Sniper, caçador e silencioso: o ex-Bope que comanda o Escritório do Crime ... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2019/04/29/capitao-adriano-milicia-ex-bope-escritorio-do-crime-rio-de-janeiro-rj.htm?cmpid=copiaecola

sábado, 12 de maio de 2018

De quem é a eleição sem os outsiders?

Joaquim não quis. Nem os dez pontos percentuais que lhe davam uma dianteira tão confortável como surpreendente lhe convenceram a seguir em frente com a candidatura. Preferiu se recolher. Ocupar o posto de mais um observador. E já pontificou: “a eleição não muda nada no País”. Que ao menos o prognóstico esteja errado. Precisa mudar. Joaquim, na verdade, temeu. Não queria macular a biografia. Receava dossiês fabricados à ocasião. Livrou-se até de um apartamento que mantinha em Miami e que já havia lhe causado alguma dor de cabeça quando ministro do Supremo. [pesadelos até certo ponto esperados; além da criação de uma empresa para adquirir o apartamento em condições mais favoráveis, pagando menos impostos, o ex-ministro ainda colocou como endereço da empresa no Brasil o seu apartamento funcional - na época era ministro do STF.] Tinha pesadelos com a ideia de perder renda e status, hoje obtidos através de um escritório de advocacia e das palestras realizadas para o universo privado — sedento por ouvir lições e experiências de um ex-presidente do STF. Joaquim aquiesceu. Esse combate não é para ele, lhe sussurrou a voz da consciência. Não é na verdade para os neófitos, amadores, pregam os donos dos feudos eleitorais. No tabuleiro da disputa, a desistência de Joaquim caiu como uma pedra. Quebrou o equilíbrio de forças. Rearrumou as estratégias.

Embaralhou tudo de novo. De quem será o espólio? Os aventureiros de ocasião já se apresentaram. Bolsonaro diz que irá tudo para ele. Em parte tem razão, dada a empatia que figuras de fora da curriola partidária desperta. O PT agora sonha de novo em liderar uma chapa de esquerda. Marina, que de início era cotada a montar uma dupla imbatível com o ex-ministro, ainda imagina arrancar um naco do prestígio de Joaquim para reascender o ânimo em torno de seu nome. Ganhou Ciro Gomes, ganhou Alckmin, ganhou Álvaro Dias e até Meirelles pode fisgar uma parte desse estoque de votos antes carreados para Joaquim. Na prática, na real mesmo, a retirada de seu nome a essa altura do campeonato e de tal pedestal de popularidade praticamente sela as chances dos potenciais outsiders. Primeiro foi o apresentador Luciano Huck, que hesitou bastante antes de bater em retirada. Ambos reuniam atributos muito procurados pelo eleitor. Joaquim Barbosa representava o novo, a biografia ilibada de alguém que veio da pobreza absoluta — ex-faxineiro antes de alcançar o olimpo — e, não fosse suficiente, ainda havia brilhado em uma seara especialmente cara aos brasileiros neste momento: a da ética e da justiça [o reeducando Lula quando se tornou conhecido do grande público também usou o argumento de sua origem pobre - chegou a dizer para destacar sua pobreza, melhor dizendo sua ignorância, que sua mãe nasceu analfabeta e sem dentes;
mesmo tendo vindo da pobreza, da ignorância Lula se tornou um corrupto - para dizer o mínimo.
Assim, fica a certeza que nascer pobre ou rico não é garantia de honestidade ou desonestidade.] . O eleitorado sem um alinhamento ideológico definido, que é contra a depravação do Estado, da vida parlamentar e da política tradicional, parecia caminhar para a alternativa viável e concreta. Escolher Joaquim, no entender dessa corrente de pensamento, seria optar pelo combate sem tréguas à corrupção. Demonstraria o apoio incondicional da sociedade ao trabalho da Lava Jato e da depuração ética já em curso. 

Sem Joaquim, com o centro esfacelado, a esquerda indefinida e a direita marcada pelo extremismo que lhe impõe um teto de simpatizantes [teto que subirá quando a campanha começar e aumentar o número dos que passarão a ver a certeza: a DIREITA É A ÚNICA SOLUÇÃO - Bolsonaro fará o necessário para consertar o Brasil. E uma vantagem adicional para Bolsonaro (mesmo idade não sendo garantia de longevidade) É jovem e tem mais chances de se candidatar a reeleição.]  as opções rarearam. Bastante! O público não quer mais (já demonstrou isso) os velhos modelos e as caras marcadas pelos veios da irregularidade. Acusações de caixa dois, de participação em esquemas ilícitos, de desvios de qualquer natureza serão fatais em candidaturas que almejam o Planalto. 

Definitivamente não vai valer apenas a base de apoio, a estrutura partidária e o tempo de TV. Para convencer, os potenciais presidenciáveis terão, necessariamente, de entregar um renovador plano de governo, algo alvissareiro que não soe falso. A decantação das opções entra na fase final. A distância de interesses entre o establishment político e os eleitores ainda é enorme. Forças tendem a se aglutinar para angariar musculatura. O impacto do fim da opção Joaquim ainda não está totalmente dimensionado. Vai além dos 10% que ele devolve ao jogo. A lembrar que o ex-ministro chegou lá sem dar uma única declaração sequer como presidenciável. Seu voluntarismo para buscar discretamente a filiação e se apresentar como opção foi tão rápido como o que mostrou ao se retirar. O cometa Joaquim reluziu por tempo curto no céu turvado de nuvens da eleição.

Carlos José Marques, diretor editorial da Editora Três - IstoÉ