Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador espingardas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador espingardas. Mostrar todas as postagens

domingo, 31 de janeiro de 2021

Número de civis armados ultrapassa 1 milhão no Brasil - Nos EUA, tem mais armas que habitantes e lá a polícia é respeitada

Correio Braziliense

Informação foi obtida pelo jornal O Globo via Lei de Acesso à Informação junto ao Exército e à Polícia Federal (PF), em uma parceria com os Institutos Igarapé e Sou da Paz

[Nos Estados Unidos para uma população abaixo de 350 milhões de habitantes, o número de armas em poder dos civis, ultrapassa os 390 milhões e a segurança - seja efetiva seja a sensação - é maior do que a existente  no Brasil.] 


Kyle Rittenhouse, 17 anos, assassinou [exerceu seu direito de defesa contra desordeiros que colocavam em risco sua vida]  dois manifestantes durante um protesto do Black Lives Matter em Kenosha, Wisconsin Imagem: Reprodução

Dois anos depois do primeiro decreto do presidente Jair Bolsonaro rumo à expansão do armamento da população, o país tem 1,151 milhão de armas legais nas mãos de cidadãos - 65% mais do que o acervo ativo de dezembro de 2018, que era de 697 mil [número inferior a 0,5% da população;
 
Os dados são inéditos e foram obtidos pelo jornal O Globo via Lei de Acesso à Informação junto ao Exército e à Polícia Federal (PF), em uma parceria com os Institutos Igarapé e Sou da Paz. O aumento mais expressivo, de 72%, se deu no registro da Polícia Federal, que contempla as licenças para pessoas físicas. O número passou de 346 mil armas de fogo, em 2018, para 595 mil, no fim de 2020.
 
Nos casos de armamentos registrados pelo Exército, que atendem aos Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs), a elevação, no mesmo período, foi de 58%: passou de 351 mil para 556 mil. Tanto em um quanto no outro órgão, o salto não é explicado apenas pelas novas armas de fogo, mas também por registros expirados que foram renovados.

Correio Braziliense

Carabina e pistolas são as armas mais registradas pelo Exército

Base de dados mostra que a indústria brasileira é responsável por 72% do total de vendas 
 
Em três anos consecutivos, a arma mais popular entre as registradas no Exército foi a carabina CBC 7022, calibre .22, usada para recreação em clubes de tiro e na caça. Na lista das mais compradas, aparecem como segunda e terceira colocadas, respectivamente, as pistolas Taurus TH 380 e Glock G25, ambas de calibre .380, cobiçadas por serem pequenas e garantirem a discrição no porte Leia mais:Armamento em poder de civis aumenta 65% em dois anos e ultrapassa 1 milhão
.................

Caça e autodefesa
No caso dos caçadores, o modelo é útil apenas para caçar animais de pequeno porte, em decorrência do baixo calibre. A caça, entretanto, é proibida no Brasil, com exceção da científica e da voltada para subsistência. A única espécie liberada para abate é o javali, para controle populacional.  O que impulsionou a aquisição dessa carabina foi o tiro desportivo, mas ela também costuma ser usada para defesa em rincões do Brasil e para caça. Ela não para o javali, não faz nem cosquinha. Mas mata o coelho, o ratão do mato... Não podemos esquecer que temos caça de sobrevivência aqui — afirma o diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança, Vinícius Cavalcante, que deu apoio técnico à análise.

Brasil Armado: As regras para quem quer ter uma arma de fogo dois anos depois do primeiro decreto de Bolsonaro que flexibiliza o acesso ao armamento

A segunda e terceira colocadas — pistolas Taurus TH 380 e Glock G25, ambas de calibre .380 — são armas para autodefesa. Enquanto a  é procurada pelo bom custo-benefício, a Glock desperta interesse por ser mais moderna e pela confiabilidade. Como são compactas, é fácil carregá-las escondidas.

 


Taurus
Uma mudança na lei, ainda anterior ao governo de Jair Bolsonaro, pode explicar a presença das duas entre as mais registradas. Em 2017, uma portaria autorizou o transporte de armas municiadas para atiradores nos deslocamentos até locais de treinamento e competições — algo de difícil fiscalização e considerado pelos críticos como uma espécie de porte maquiado. — No Brasil, é proibido andar com a arma aparente, a menos que seja de um órgão de segurança pública. Essas armas menores oferecem uma característica mais velada — diz o especialista em segurança Leonardo Sant'Anna.

De todas as armas registradas no Exército, 72% são de fabricação brasileira. Empatadas em segundo lugar, estão as importadas dos Estados Unidos (9%) e da Áustria    (9%), seguidas das italianas (3%). Por aqui, a Taurus é a marca dominante entre os revólveres (98%) e pistolas (49%), enquanto a E.R. Amantino e a CBC se sobressaem entre as espingardas (70%) e carabinas (59%), respectivamente.

Brasil - O Globo - MATÉRIA COMPLETA

 

sábado, 21 de setembro de 2019

Notícias da terra e da luta amazônica - por Míriam Leitão - por Míriam Leitão

O Globo

No dia em que o mundo parou para pedir por ações contra a mudança no clima, inúmeras batalhas continuaram sendo travadas em cada canto das florestas brasileiras. Falarei de uma ocorrida esta semana. Um grupo de oito homens se move no meio da noite de segunda para terça-feira para sair com três caminhões carregados de madeira tirada na Terra Arariboia, no Maranhão. Uma moto os acompanha. Estão bem perto da aldeia Três Passagens. Do meio do mato surgem indígenas guajajara que integram o grupo Guardiões da Floresta. Os madeireiros atiram em direção aos indígenas, e eles revidam com arco e flecha e espingardas. Ninguém se fere, felizmente, e os madeireiros fogem.

[um registro apenas  para informação: a Terra Arariboia mencionada acima, assim como dezenas de outras terras mencionadas na matéria, deixam a impressão que são terra pequenas, onde índios necessitados levam uma vida sofrida, de trabalho pesado e outros inconvenientes que afligem milhões de brasileiros que ganham salário-mínimo ou estão desempregados.
Nada disso, a Terra Arariboia tem 'apenas' 412 mil hectares - o que equivale a 412 mil campos de futebol, tamanho oficial - confirme no parágrafo final da matéria.
Quantos índios exploram a Terra Arariboia? No máximo, alguns poucos milhares. E essa abundância de terra é o tamanho comum a maior parte das reservas indígenas.
A cidade de São Paulo tem 152.100 hectares e uma população superior a 12.000.000 - dados do Google.]

Essas escaramuças acontecem em várias partes da Amazônia. O que há de comum em todos os eventos é a ausência do setor público. Ibama, Funai, Polícia Militar, Polícia Federal, todos os órgãos que poderiam se envolver para dar uma resposta a essa ação contínua, e cada vez mais agressiva, de tirar madeira da floresta ilegalmente estão ausentes. Em algumas tribos, os índios se organizaram em grupos de monitoramento da floresta e frequentemente se deparam com madeireiros. Naquela noite, lá na Terra Indígena (TI) Arariboia, os indígenas decidiram queimar os caminhões e a moto depois que os madeireiros foram embora. Eles sabem que adianta pouco avisar à polícia. No dia seguinte, os madeireiros voltaram e filmaram o que restou dos caminhões para circular nos grupos de WhatsApp da cidade de Amarante. Assim vai se alimentando o conflito.

Ontem mesmo, no dia em que milhões paravam no mundo pelo clima e pelo meio ambiente, um cacique Ka’apor, que está na TI Alto Turiaçu, também no Maranhão, pede socorro por WhatsApp para Antonio Wilson Guajajara, que é um dos guardiões da floresta e que está na Terra Caru. Avisa que perto do município de Zé Doca — o nome da cidade foi dado em homenagem a um grileiro — dentro da terra indígena foi localizado um acampamento de madeireiro.  As terras Caru, Awá e Alto Turiaçu são contíguas e ao lado da Reserva Biológica Gurupi, no Maranhão. A TI Arariboia fica mais ao sul, é cercada de inúmeros povoados e nela vivem 14 mil guajajara e alguns awá guajá isolados. Os awá guajá que vivem na Terra Caru, onde fiz reportagem em 2012, são definidos como de recente contato, mas existem integrantes dessa etnia que fogem de qualquer contato. São os isolados.

Nessas terras indígenas do Maranhão, os índios organizaram o grupo Guardiões da Floresta desde 2012.  A gente trabalha nessas quatro terras e também na do Rio Pindaré fazendo vigilância e passando informações para as autoridades. Além disso, as mulheres das aldeias fazem trabalho educativo nos povoados, em palestras e conversas de conscientização. São as guerreiras da floresta. Nunca houve um ato de violência, nenhuma morte felizmente — disse Antonio Wilson Guajajara.

Ontem no Alto Turiaçu, os indíos ka’apor fazendo a limpeza do limite da terra encontraram um grupo grande de invasores, e foi por isso que um líder pediu ajuda a Antonio Wilson que estava na terra Caru.  — Eu sei que é um momento delicado, mas vou assim mesmo. Não podemos recuar. Quero dialogar. Se a gente tivesse mais apoio seria melhor — disse o líder Guajajara.

A Terra Indígena Arariboia enfrentou em 2015/2016 um enorme incêndio que destruiu metade dos seus 412 mil hectares. Na época, foi possível ver os isolados se deslocando. Eles estão ficando cada vez mais expostos. E vulneráveis.  Carlos Travassos que foi chefe do setor de índios isolados da Funai conta que a TI Arariboia está sendo assediada por dois tipos de demanda. A de madeira de lei, que ataca o centro da terra onde estão os isolados, e a de madeira para fazer estacas para cercas das inúmeras fazendas da região.  — O primeiro é um mercado que está atrás de ipê, maçaranduba, sapucaia, copaiba, cumaru, tatajuba e os últimos cedros. O outro mercado é gigantesco porque tem um mundo de fazenda perto da TI. É pulverizado, porque um fazendeiro entra na terra, tira as madeiras e redistribui para outros. Os guardiões estão ativos, mas eles estão sozinhos. E as invasões estão atingindo em cheio os últimos locais das grandes árvores onde estão os awá guajá isolados — explica Carlos Travassos.
Assim, os índios por sua conta vão tentando defender a si mesmos e a floresta.

Blog da Míriam Leitão, com Alvaro Gribel, de São Paulo, em O Globo