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domingo, 31 de janeiro de 2021

Número de civis armados ultrapassa 1 milhão no Brasil - Nos EUA, tem mais armas que habitantes e lá a polícia é respeitada

Correio Braziliense

Informação foi obtida pelo jornal O Globo via Lei de Acesso à Informação junto ao Exército e à Polícia Federal (PF), em uma parceria com os Institutos Igarapé e Sou da Paz

[Nos Estados Unidos para uma população abaixo de 350 milhões de habitantes, o número de armas em poder dos civis, ultrapassa os 390 milhões e a segurança - seja efetiva seja a sensação - é maior do que a existente  no Brasil.] 


Kyle Rittenhouse, 17 anos, assassinou [exerceu seu direito de defesa contra desordeiros que colocavam em risco sua vida]  dois manifestantes durante um protesto do Black Lives Matter em Kenosha, Wisconsin Imagem: Reprodução

Dois anos depois do primeiro decreto do presidente Jair Bolsonaro rumo à expansão do armamento da população, o país tem 1,151 milhão de armas legais nas mãos de cidadãos - 65% mais do que o acervo ativo de dezembro de 2018, que era de 697 mil [número inferior a 0,5% da população;
 
Os dados são inéditos e foram obtidos pelo jornal O Globo via Lei de Acesso à Informação junto ao Exército e à Polícia Federal (PF), em uma parceria com os Institutos Igarapé e Sou da Paz. O aumento mais expressivo, de 72%, se deu no registro da Polícia Federal, que contempla as licenças para pessoas físicas. O número passou de 346 mil armas de fogo, em 2018, para 595 mil, no fim de 2020.
 
Nos casos de armamentos registrados pelo Exército, que atendem aos Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs), a elevação, no mesmo período, foi de 58%: passou de 351 mil para 556 mil. Tanto em um quanto no outro órgão, o salto não é explicado apenas pelas novas armas de fogo, mas também por registros expirados que foram renovados.

Correio Braziliense

Carabina e pistolas são as armas mais registradas pelo Exército

Base de dados mostra que a indústria brasileira é responsável por 72% do total de vendas 
 
Em três anos consecutivos, a arma mais popular entre as registradas no Exército foi a carabina CBC 7022, calibre .22, usada para recreação em clubes de tiro e na caça. Na lista das mais compradas, aparecem como segunda e terceira colocadas, respectivamente, as pistolas Taurus TH 380 e Glock G25, ambas de calibre .380, cobiçadas por serem pequenas e garantirem a discrição no porte Leia mais:Armamento em poder de civis aumenta 65% em dois anos e ultrapassa 1 milhão
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Caça e autodefesa
No caso dos caçadores, o modelo é útil apenas para caçar animais de pequeno porte, em decorrência do baixo calibre. A caça, entretanto, é proibida no Brasil, com exceção da científica e da voltada para subsistência. A única espécie liberada para abate é o javali, para controle populacional.  O que impulsionou a aquisição dessa carabina foi o tiro desportivo, mas ela também costuma ser usada para defesa em rincões do Brasil e para caça. Ela não para o javali, não faz nem cosquinha. Mas mata o coelho, o ratão do mato... Não podemos esquecer que temos caça de sobrevivência aqui — afirma o diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança, Vinícius Cavalcante, que deu apoio técnico à análise.

Brasil Armado: As regras para quem quer ter uma arma de fogo dois anos depois do primeiro decreto de Bolsonaro que flexibiliza o acesso ao armamento

A segunda e terceira colocadas — pistolas Taurus TH 380 e Glock G25, ambas de calibre .380 — são armas para autodefesa. Enquanto a  é procurada pelo bom custo-benefício, a Glock desperta interesse por ser mais moderna e pela confiabilidade. Como são compactas, é fácil carregá-las escondidas.

 


Taurus
Uma mudança na lei, ainda anterior ao governo de Jair Bolsonaro, pode explicar a presença das duas entre as mais registradas. Em 2017, uma portaria autorizou o transporte de armas municiadas para atiradores nos deslocamentos até locais de treinamento e competições — algo de difícil fiscalização e considerado pelos críticos como uma espécie de porte maquiado. — No Brasil, é proibido andar com a arma aparente, a menos que seja de um órgão de segurança pública. Essas armas menores oferecem uma característica mais velada — diz o especialista em segurança Leonardo Sant'Anna.

De todas as armas registradas no Exército, 72% são de fabricação brasileira. Empatadas em segundo lugar, estão as importadas dos Estados Unidos (9%) e da Áustria    (9%), seguidas das italianas (3%). Por aqui, a Taurus é a marca dominante entre os revólveres (98%) e pistolas (49%), enquanto a E.R. Amantino e a CBC se sobressaem entre as espingardas (70%) e carabinas (59%), respectivamente.

Brasil - O Globo - MATÉRIA COMPLETA

 

sábado, 2 de janeiro de 2021

2020 foi melhor do que o ano anterior. E entramos bem em 2021! - Vozes

Réveillon em Copacabana: virada de 2020 para 2021 não teve aglomeração no Brasil

Feliz 2021! Começa uma nova jornada, cheia de esperança e renascimento, e vontade que seja um ano melhor do que o ano passado. Eu acho que 2020 foi melhor do que o ano anterior: os resultados estão aí. Inclusive nas mortes. Não esqueçam que em 2019, as doenças respiratórias mataram 267,8 mil brasileiros. Vamos vencer, sim, a Covid, e vamos tocar esse ano.

O papa calou
Eu achei muito estranha a timidez do papa argentino ante a decisão sobre a liberação do aborto na argentina. O papa deu uma declaração ambígua de que ninguém nasce se não for pela vontade de alguém. Foi muito indireto e ficou estranho. Diz que ele está com dores fortes no ciático. Talvez tenha sido isso que tenha restringido as manifestações dele a respeito do que a Argentina fez com a vida humana.
 
"....O Papa só se manifestou agora sobre o tema aborto num país que é eminentemente católico. Acho que a Argentina ficou bem dividida com essa aprovação do aborto até a décima quarta semana de gravidez, ou seja quase quatro meses de possibilidade de interromper. É terrível. ......."

O agro teve um ano espetacular

Uma mensagem especial ao agro, que teve uma atuação espetacular neste ano. Não paralisou, não faltou alimentos nos supermercados, não faltou nada. Havia muito temor de quebra-quebra, invasão, mas o abastecimento continuou normal, porque o pessoal do campo seguiu plantando, inclusive estimulando a agroindústria, produção de máquinas e exportações.

Salário mínimo está mais alto
O salário mínimo subiu de R$ 1.045 para R$ 1.100 a partir desta sexta-feira (1). Já está no Diário Oficial e já está em vigor. Mas é bom lembrar que o auxílio emergencial acabou. É bom lembrar que a Caixa Econômica está abrindo créditos pequenos para pequenas demandas, com um sistema muito rápido de concessão de crédito.

Novo mercado para produtos militares brasileiros
O ministro Fachin anulou a isenção para armas curtas, o que beneficiará a Taurus dos EUA, mas não a brasileira. Agora, a Taurus brasileira, que sempre forneceu fuzis para a polícia, está vendendo mais de 12 mil fuzis para o exército das Filipinas, que só comprava dos EUA. Ou seja: ganhamos uma concorrência dos EUA. É um grande feito. Depois das Filipinas, há encaminhamento de negociação de 500 mil fuzis brasileiros para a Índia, que também pode ser um cliente dos aviões militares da Embraer.

O Brasil vai entrando bem neste 2021. Ganhamos todos. Um bom ano, cheio de saúde. 
 
Alexandre Garcia, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes

domingo, 26 de maio de 2019

Passeata é inútil quando o problema é o despreparo

Recuo no caso das armas foi só mais um, desde a bobagem sobre a embaixada em Israel

Vai mal um presidente quando precisa de grupos na rua em manifestações de apoio. Collor precisou. Pode ir mal um país quando seu presidente recomenda aos apoiadores evitar ataques ao Congresso e ao Judiciário. Que apoiadores são esses? Estarão enganados quanto às convicções democráticas de seu líder? Podem ter-se enganado, talvez, quando esse líder repassou em rede um texto sobre a impossibilidade de governar com as instituições. O tom do texto era golpista, mas ele declarou, depois, havê-lo simplesmente repassado.

Por que repassou, se discordava, e sem adicionar uma palavra de rejeição? Isso nunca foi explicado, mas explicar nunca foi o forte desse presidente. Ele comprovou essa qualidade, mais uma vez, ao anunciar um projeto capaz de render mais que o trilhão de reais pretendido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, com a reforma da Previdência. O projeto, soube-se depois, é uma fórmula para o governo ganhar dinheiro com a atualização de valor de imóveis incluídos na Declaração de Renda. Na prática, seria uma antecipação do imposto pago depois da venda. E se esse bem nunca for vendido? A ideia básica já foi rejeitada em países do mundo rico. Para o presidente e alguns de seus auxiliares, deve ser uma grande novidade. A propósito: o ganho para o Tesouro, se houver, ficará muito longe do trilhão, segundo fonte do próprio governo.

Enquanto o presidente se ocupava da manifestação, estranhamente descrita por alguns como um “protesto a favor do governo”, congressistas ocupavam espaço político, aprovavam na Câmara a medida provisória de recomposição dos ministérios e punham em tramitação um projeto próprio de reforma tributária. Para alguns, a movimentação na Câmara foi um recuo do Centrão, pressionado pelo governo e por seus apoiadores. A visão oposta parece mais adequada. Afinal, os deputados, além de mostrar serviço, negaram a transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o Ministério da Justiça e se anteciparam ao projeto governamental de mudança dos impostos e contribuições. Pode-se discutir o alcance de cada um dos projetos, o da Câmara e o do Ministério da Economia, mas o Executivo foi inegavelmente atropelado – e sem invasão de atribuições, acusação dirigida ao presidente no caso do decreto sobre porte de armas. Mais importante ainda, parlamentares de peso, a começar pelos presidentes da Câmara e do Senado, já se declararam comprometidos com a reforma da Previdência, com ou sem atuação do Executivo.

Contestado no Parlamento e no Judiciário, o presidente acabou forçado a editar um novo decreto sobre o assunto, para restringir, por exemplo, o acesso a certo tipo de fuzil. Um dia antes, as ações da Taurus haviam disparado na bolsa paulista, depois de anunciada pela empresa uma fila de 2 mil pessoas interessadas na compra daquela arma. Entre outras mudanças, o segundo decreto reduziu as facilidades para crianças ingressarem nas escolas de tiro e iniciarem a vida no mundo do bangue-bangue, tão valorizado entre muitos bolsonaristas. [epa... valorizado e necessário; usar uma arma sem treinamento é válido, desde que necessário;
mas, o ideal é o  treinamento, intenso e frequente.] 

Mais um recuo foi incluído, portanto, na lista bolsonariana. O presidente já havia recuado, por exemplo, da tentativa de controlar o preço do diesel. Não parece ter abandonado totalmente a ideia, mas foi forçado a amaciar sua atitude depois de uma desastrada pressão sobre a diretoria da Petrobrás. Recuou também da decisão de impor seus critérios, formalmente, à publicidade das estatais. A bobagem estava claramente encaminhada, na área de Comunicação, quando o secretário de Governo, general Santos Cruz, chamou a atenção para a Lei das Estatais. Não pode o Executivo, segundo essa lei, meter-se em decisões administrativas como a publicidade estritamente mercadológica. [desse entendimento, discordamos; sendo o governo o maior acionista de uma estatal - no caso em questão o Banco do Brasil, sociedade de economia mista, sendo o governo o acionista majoritário - é justo que ele possa interferir quando recursos da empresa estão sendo desviados para finalidades que não compensam - no caso o objetivo alegado era aumentar a clientela do BB, só que o público alvo não é numeroso, não compensando gastar muito com publicidade para atrair seus integrantes.]

No começo do mandato o presidente já havia abandonado [adiado para as calendas gregas.], ou pelo menos adiado, o plano de mudar para Jerusalém a embaixada em Israel. Advertido para o custo de uma encrenca com países muçulmanos, grandes importadores de alimentos produzidos no Brasil, reviu sua ideia e substituiu a mudança da embaixada pela instalação de um escritório comercial. Mais que uma decisão econômica, esse remendo foi uma tentativa de mostrar-se fiel ao compromisso de seguir, algum dia, seu líder Donald Trump e ao mesmo tempo contentar os apoiadores evangélicos. Nenhum desses motivos tem relação com os interesses políticos e econômicos de uma diplomacia de respeito.

O Executivo brasileiro recuou também do anunciado abandono do Acordo de Paris sobre o clima. Deu mais um passo atrás ao confirmar, depois de havê-la negado, a realização, em Salvador, de uma conferência regional preparatória para uma grande reunião sobre a questão climática em Santiago do Chile. Alguém próximo do presidente deve ter-lhe apontado os enormes custos diplomáticos e comerciais de suas bravatas anticonservacionistas. Os custos internos do empobrecimento ambiental deveriam ser suficientes, mas a esses o presidente e vários de seus auxiliares parecem absolutamente insensíveis.

Enquanto o presidente passava mais uma semana tropeçando, perdendo tempo e sendo forçado a recuar mais de uma vez, o vice Hamilton Mourão participava de reuniões em Pequim, era recebido pelo presidente Xi Jinping e tentava anular os danos causados por seu chefe e pelo ministro das Relações Exteriores na relação com a China, maior cliente das exportações brasileiras. Além de ser grande compradora, a China tem um importante programa internacional de investimentos em infraestrutura. É preciso, sim, avaliar a conveniência de cada projeto, mas isso é função normal de um governo tecnicamente preparado, competente na ação diplomática e levado a sério pelas autoridades estrangeiras.

Sem essas qualidades, nenhuma passeata de apoio será suficiente para fortalecer um presidente e sua equipe. A ruindade será do governo. Não adianta culpar a democracia.

 
 

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Os vencedores levam TUDO e Eu estou devolvendo meu revólver

Os vencedores levam tudo

Governos passados nos tiraram a esperança e alguns bilhões de dólares. Bolsonaro ameaça tirar pedaços vivos do Brasil

Mas que briga é aquela que tem acolá? É o filho do homem com o seu general. Não pretendo analisar uma luta interna no governo, cheia de insultos escatológicos. 

Pergunto apenas se vale a pena tantos militares no governo, com ataques permanentes contra eles e uma certa ambivalência de Bolsonaro. Se a ideia é apanhar pelo Brasil, talvez não seja a melhor aposta. O risco de desgaste das Forças Armadas é grande. E os resultados até agora, desanimadores.  Os termos que certos setores do bolsonarismo colocam são, na verdade, uma armadilha. Não respondê-los significa um silêncio constrangedor para quem participa do mesmo projeto de governo. Respondê-los é cair numa discussão de baixo nível, um filme onde todos morrem no final.

A única experiência que tive com Olavo de Carvalho foi um trecho de seu livro O Imbecil Coletivo. Nele, Olavo diz que não tenho competência nem para ser sargento do Exército de Uganda ou do Zimbábue, não me lembro.  Foi há muito tempo. Minha reação foi esperar que o Exército de Uganda, ou o do Zimbábue, protestasse. Como não disseram nada, também fiquei na minha. [de nossa parte nunca decidimos perder tempo lendo qualquer coisa do aiatolá de Virginia; 
depois do seu estúpido festival de insultos escatológicos, decidimos 'decididamente', pela prática do já gasto: não li e não gostei.]
 
Todo esse vespeiro no governo Bolsonaro é também resultado da fragilidade da oposição. Mas, observando as consequências, percebo que o Congresso vai preenchendo o vazio de poder não para oferecer uma alternativa mais sensata à sociedade, mas para garantir um retrocesso no aparato de controle da corrupção. Um dos pilares da Lava-Jato é a integração das instituições. O Congresso quer impedir que a Receita Federal e o Ministério Público compartilhem informações. Numa comissão da Câmara, tiraram o Coaf das mãos de Moro, um outro desmanche dos pressupostos da Operação Lava-Jato.

E não é só o Parlamento. O STF sente-se mais tranquilo para blindar os deputados estaduais, que só podem ser presos com autorização das Assembleias. Algo que sabemos muito improvável. Outro passo: autorizar anistia para crimes de colarinho branco, validando o decreto de Temer. [aqui pedimos vênia para discordar do ilustre escriba: 
O STF apenas confirmou que o presidente da República pode exercer atribuições que a Constituição Federal, estabelece como sendo privativas do chefe do Poder Executivo Federal.
Se a Constituição não limitou tais poderes, eles não podem ser revogados, exceto por 'emenda constitucional'.] 
 
Bolsonaro se apresentou com a bandeira anticorrupção. No entanto, no mundo real, há vários indícios de retrocesso. Não houve competência nem para evitá-los, quanto mais avançar numa agenda que interessou a milhões de eleitores. Os tropeços de Bolsonaro e dos seus ardentes defensores abrem um espaço de poder, até agora percorrido pelo Congresso com seus objetivos claros.  Enquanto isso, ele se diverte dando tiros de retórica. Ele prometeu que vai fazer de Angra dos Reis uma Cancún brasileira. São ideias de quem está no mar e pisou pouco em terra firme, nos morros e favelas de Angra.

Esta semana, houve tiroteio, dias depois da passagem do governador Wilson Witzel. Ele foi a Angra num helicóptero e disse: “Vou acabar com a bandidagem”. Deu uns tiros, inclusive em tendas de oração, felizmente desertas, hospedou-se num hotel de luxo e voltou para o Rio. Outra fixação de Bolsonaro é acabar com a Estação Ecológica de Tamoios, próxima ao lugar onde foi multado por pesca. Estação ecológica é de acesso limitado aos cientistas porque é uma permanente fonte de pesquisa.

No passado, critiquei publicamente o senador Ney Suassuna, que comprou um barraco de um posseiro dentro da Estação de Tamoios e nela queria construir sua mansão. Uma década depois, a ideia do senador acaba se impondo sobre a minha. Cancún implica construir muitas , e mandar para o espaço nossa riqueza biológica concentrada ali naquela unidade de conservação.  A política de meio ambiente de Bolsonaro parte da negação do aquecimento global, e em todas as áreas ambientais tem dado sinais negativos. O consolo é que há mais gente lutando para proteger seu território. No entanto, certos danos podem ser irreversíveis. O licenciamento de agrotóxicos é o mais liberal da história, num momento em que o mundo se preocupa não apenas com a saúde humana, mas também com o desaparecimento das abelhas, dos insetos e das borboletas.

O processo vai ser acentuado também no Brasil. E, sem abelhas, como é que vão polinizar nossas plantas? Dando tiros de espingarda? Se apenas brigassem entre si, os bolsonaristas provocariam menos danos que a briga permanente do governo contra a natureza.
Governos passados nos levaram a esperança e alguns bilhões de dólares. Bolsonaro ameaça levar pedaços vivos do Brasil.

Fernando Gabeira (publicado no Blog do Gabeira)
Eu estou devolvendo meu revólver

Eu estou oferecendo de bel grado, a quem quiser e estiver com o dedo coçando, a arma que o decreto presidencial me outorgou como sendo de direito e tiroteio. Matem-se a gosto com a minha Taurus. Teçam à queima roupa suas considerações finais sobre como vai a humanidade e como é vil o vizinho da cobertura – tudo agora com o beneplácito cidadão do cano quente oferecido pela legalidade bolsonara. Metam bronca uns nos outros. A justiça, sempre tão cágada, terá agora a urgência necessária.

Peço apenas que o futuro portador de minha Glock, por gratidão a este que ora lhe faz tamanho bem, não atire de imediato no jornalista. Breve, uma vírgula mal colocada, uma opinião pelo avesso, e este aqui fará por merecer o arrebite corregedor. Por enquanto, me deixe acabar o texto. Guarde-se para mais adiante o inevitável estampido da justiça Magnum.  A nova lei privilegia jornalistas da cobertura policial, o que, admito, não é inicialmente o meu caso. Sou um anotador de irrelevâncias, especialista no que antiga seção da Veja – e eu era repórter exclusivo dela – chamava “Vida Moderna”. Faz tempo. Acabaram com a editoria. Vida moderna no Rio se limita aos novos armamentos com mira telescópica que chegaram ontem ao porto, malocados num contêiner.

Toda cobertura jornalística no Rio tem viatura de luzes vermelhas piscando e policial esculachando geral. Matava-se de amor no Largo do Estácio. Hoje, na área de Cultura, acabaram de prender na Penha, sob suspeita de tráfico, o DJ do Baile da Gaiola, o mais interessante acontecimento musical da cidade. A polícia também esteve na editoria de gastronomia e, pelo crime de notas frias para ajudar a corrupção do governador, levou o chef do japonês do Leblon.

Por isso, transformado em repórter policial pelas evidências da cena carioca, eu me enquadraria na ordem bolsonara de portar uma Smith&Wesson 9mm. Poderia cumprir pautas com segurança. O coldre ostensivo sobre a barra da calça jeans talvez me fizesse soar mais convincente diante da fonte que, a princípio , balbuciasse o clichê do nada a declarar. Neste faroeste caboclo, bastaria rodar o tambor da Beretta e o lead viria já na primeira pergunta.

Fiz entrevistas com Bezerra da Silva no Cantagalo e numa delas o sambandido me cantou em primeira mão um samba da pesada: “Você com um revólver na mão é bicho feroz/ Sem ele anda rebolando e até perde a voz”. Eu agradeço o esforço bolsonariano de permitir  ao repórter policial mirar no exemplo do supremo mandatário e, se assim lhe aprouver, matar dentro da lei – mas melhor não. Jornalistas portam perguntas, puxam gatilhos de dúvidas, ricocheteiam ideias, fazem saraivada de investigações e, armados de persuasão, disparam críticas. Nada que deixe cheiro de pólvora na mão. A propósito, aos que quiserem se atirar no novo bang-bang civilizatório, eu ofereço as cinco mil munições do calibre mais arrombador, outra gentileza decretada como salvaguarda e manutenção da paz. Metam-se bala sem parcimônia. Tô fora.

Jornalista no faroeste brasileiro quer apenas o direito de poder chegar no meio do saloon e repetir o forasteiro que Clint Eastwood interpretou em “O estranho sem nome”. Depois de constatar o estado lamentável do estabelecimento, a desordem geral da espelunca, Clint Eastwood se fez curto e grosso: “Está na hora deste lugar mudar de xerife”.

Joaquim Ferreira dos Santos - O Globo
 

domingo, 17 de fevereiro de 2019

A rebelião do andar de cima

Desde sua eleição, o governo foi confrontado por três movimentos corporativos. Cedeu em dois e é provável que a Procuradoria-Geral da República cederá no terceiro  

Bolsonaro não gosta de 'ativismo', mas recuou quando foi confrontado por servidores

Quem se encantou pela franquia Bolsonaro achando que se livraria das
bandeiras do corporativismo petista,   não sabia o tamanho do ativismo do andar de cima. O presidente anunciou que "vamos botar um ponto final em todos os ativismos do Brasil". Todos, não.  Desde sua eleição, o governo foi confrontado por três movimentos corporativos. Cedeu em dois e é provável que a Procuradoria-Geral da República cederá no terceiro. Em todos os casos mobilizaram-se servidores do andar de cima, gente com salários mensais que vão de R$ 20 mil a sabe-se lá quanto.

A primeira rebelião veio dos procuradores da Fazenda Nacional. Paulo Guedes queria colocar um diretor do BNDES na cadeira de procurador-geral. A corporação rebelou-se, avisando que centenas de procuradores abandonariam seus cargos em comissão, pois o procurador-geral deveria ser escolhido no quadro da instituição. Ganharam.

O segundo confronto deu-se com os auditores da Receita Federal. A Agência Nacional de Aviação queria que eles cumprissem a norma da revista ao entrarem em áreas restritas dos aeroportos. Os descontentes mostraram seu desagrado apurrinhando a vida de milhares de passageiros, obrigando-os a esperas de até quatro horas nas filas das alfândegas. Resolveram inspecionar todas as malas desses supostos contrabandistas. No dia seguinte, três ministérios foram acionados e o governo cedeu.

A terceira rebelião veio dos procuradores da República. Até a última terça-feira, 192 doutores devolveram 325 funções não remuneradas. Eles apresentam reivindicações técnicas, nas quais está embutida uma questão salarial, escondida nos penduricalhos de uma categoria que ganha, no barato, R$ 25 mil líquidos. Por trás dessa rebelião está o painel da sucessão da procuradora-geral, Raquel Dodge. A batalha ainda não terminou. Até hoje, magistrados e procuradores ganharam todas.
Ativismo do andar de cima é outra coisa.

Nos EUA mexe-se na 'Bosta Seca'
Oito em cada dez magistrados brasileiros querem importar o instituto saxônico do "plea bargain" sem que exista sequer tradução consolidada dessas palavras para o português. O ministro Sergio Moro fala em "solução negociada". Trata-se de aceitar que um réu reconheça sua culpa, negocie um acordo com o Ministério Público e obtenha alguma leniência do juiz.

Muito bonito na teoria, mas a prática será outra. O Brasil importou o mecanismo da delação premiada e criou o monstrinho da doutrina da "Bosta Seca". Em 2015, quando o doleiro Alberto Youssef disse numa audiência em Curitiba que um outro réu mentira em sua delação e ofereceu-se para uma acareação, um procurador disse que "esse é o tipo de coisa que quanto mais mexe, pior fica". Em seguida, ouviu-se: "É igual a bosta seca: mexeu, fede".

(...)

A privacidade de Moro
Em Brasília, o ministro Sergio Moro foi do noviciado ao folclore em menos de dois meses.
Quando lhe perguntaram se, dias antes da edição do decreto que facilitou a posse de armas, encontrou-se com hierarcas da indústria Taurus, deu a seguinte resposta:
"O direito à privacidade, no sentido estrito, conduz à pretensão do indivíduo de não ser foco de observação de terceiros, de não ter os seus assuntos, informações pessoais e características expostas a terceiros ou ao público em geral."

Madame Natasha intrigou-se com a vontade de Moro de ficar fora das vistas do "público em geral". Mandava melhor Armando Falcão, seu antecessor de 1974 a 1979, com o famoso bordão "nada a declarar".
Faltou sorte a Moro. Na mesma semana a Alta Corte do Reino Unido julgou o caso dos endinheirados proprietários de um prédio vizinho ao museu Tate, que reclamavam porque binóculos colocados no terraço devassavam suas casas. O juiz Anthony Mann mandou-os passear e sugeriu que fechassem as cortinas ou baixassem as persianas.

O limite de Guedes
Guedes pode muito, mas não deve mexer com o agronegócio sem combinar com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
A lealdade do pessoal que sustenta a doutora tem uma solidez que não existe na turma do papelório.

Lula em casa
Cresceu a ala de comissários petistas interessados em sondar magistrados para saber como seria recebido um pedido da defesa para que ele fosse transferido para o regime de prisão domiciliar.

Elio Gaspari, jornalista - O Povo

 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Promessa cumprida

 Bolsonaro restitui ao cidadão o direito de decidir como se defender

Ao assinar decreto facilitando o acesso da população às armas de fogo — por enquanto, apenas para a posse em casa e em empresas —, Bolsonaro restitui o direito dos cidadãos de decidir como se defender. A medida, porém, por si só pode não ser suficiente para conter a criminalidade
Em 2017, quando ainda ensaiava os primeiros passos da sua candidatura à Presidência, o então deputado federal Jair Bolsonaro postou um vídeo nas redes sociais no qual se apresentava como uma espécie de garoto propaganda do fuzil modelo T4, da indústria brasileira de armamentos Taurus. Depois de elogios à arma, ele dizia: “Se eu chegar lá, você brasileiro de bem em um primeiro momento vai ter isso aqui em casa [e apontava para um revólver]. E você, produtor rural, vai ter esse aqui [apontando para o fuzil que propagandeava].” Na quarta-feira 16, Bolsonaro cumpriu o prometido ao assinar um decreto que flexibiliza a posse de armas de fogo — e que, na prática, garante a qualquer brasileiro maior de 25 anos a possibilidade de ter não somente um, mas até quatro artefatos guardados em seu lar ou estabelecimento empresarial. O texto é o primeiro passo para a desfiguração completa do Estatuto do Desarmamento, que virou lei em dezembro de 2003.

Ainda que seja controversa a argumentação do governo de que o cidadão de posse de uma arma tem melhores condições de proteger sua propriedade e sua família da violência, Bolsonaro tem razão ao afirmar que esse era um desejo da sociedade que até então se ignorava. O Estatuto do Desarmamento previu um referendo, realizado em 2005, que perguntou à população se a comercialização de armas de fogo e munições deveria ou não ser vetada. E, embora a intenção do governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva fosse claramente que a consulta confirmasse a proibição, a população a rechaçou. “Como o povo soberanamente decidiu por ocasião do referendo de 2005, para lhes garantir esse legítimo direito à defesa, eu, como presidente, vou usar esta arma”, disse Bolsonaro, mostrando a caneta esferográfica ao assinar o decreto.

Confiança na boa fé dos cidadãos 
Antes da nova regulamentação, a lei estabelecia que um cidadão poderia ter uma arma caso atestasse a sua “necessidade”. A justificativa, então, era verificada pela Polícia Federal, que autorizava ou não a posse.




Loja de armas em São Paulo (Crédito:MIGUEL SCHINCARIOL)
Não havia, porém, critérios objetivos para aferir a solicitação. O decreto estabelece esses requisitos e tira da Polícia Federal a atribuição de conferir previamente a necessidade da posse de arma. Ela passa a ser meramente declaratória, seguindo o princípio de que a palavra do cidadão tem fé. Na prática, para se ter uma arma agora, basta ser maior de 25 anos, fazer um curso de tiro, apresentar um atestado de bons antecedentes criminais e psicológicos e viver em uma unidade da federação com uma taxa de homicídio superior a 10 por 100 mil habitantes — todos os estados brasileiros se encaixam nesse quesito.
A lei permite que a pessoa tenha até quatro armas. O prazo de registro do armamento, antes de cinco anos, passou para dez anos. Para pessoas com filhos (crianças ou adolescentes) e que convivam em casa com portadores de deficiência mental, será preciso declarar que têm um cofre ou algum lugar seguro para guardar a arma.
Além disso, o decreto também institui a boa fé no ato do pedido ao acesso à arma. Em linhas gerais: o cidadão não precisará mais provar que aquilo que ele alega é verdade. Se passar a valer como regra geral, poderá ser um avanço importante. Em democracias mais evoluídas, como os Estados Unidos, esse princípio diminui a burocracia e a necessidade de documentação para provar o que se declara. Trata-se de um passo relevante rumo ao desmantelamento da cultura cartorial brasileira.

COMO FAZER FRENTE A ISSO? O armamento de organizações criminosas inclui artefatos de uso exclusivo do Exército (Crédito:Divulgação)
Se alguém for flagrado mentindo na declaração estará sujeito à pena de um a dois anos de prisão, mais multa. “Temos, sim, uma vitória. Apenas estamos determinando o que já estava previsto no Estatuto do Desarmamento. Simples assim”, comemorou o deputado Alberto Fraga (DEM-DF), atual líder da Bancada da Bala no Congresso. Especialistas em segurança pública preocupam-se, porém, com o fato de que a instituição do princípio da boa fé se inicie por um tema tão delicado quanto a posse de armas de fogo. Nenhum integrante de facção que ainda não tenha ficha suja vai se declarar criminoso diante de um Policial Federal. E não há a garantia de que não venha a usar um parente ou amigo sem passagem na polícia para adquirir armas para ele.


 Por essa e outras razões, o decreto desagradou ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, que queria menos flexibilidade na liberdade para a posse de arma. Um dos pontos aos quais Moro se opunha era a licença para que cada cidadão possa comprar até quatro armas. Ele preferia um limite de duas armas por pessoa. Até mesmo integrantes da Bancada da Bala, como Fraga, admitem nos bastidores que a liberação de quatro armas foi excessiva. Até porque o decreto fala em quatro por pessoa, não por propriedade. Moro também pretendia incluir no texto a possibilidade de negar o registro com base em “fundadas suspeitas” de informações falsas ou de que o requerente fosse ligado ao crime, não apenas no caso de antecedentes criminais comprovados.

 No campo bolsonarista há também aqueles que consideram o decreto muito tímido . Integrantes da Bancada da Bala já discutiam na quarta-feira estabelecer em lei uma redução do limite de idade de 25 para 21 anos. E esperam poder aprovar também maior flexibilização para o porte, ou seja, a possibilidade dos cidadãos sairem às ruas armados. O aumento no número de armas nas ruas, porém, tem o potencial de desagradar outra base de apoio a Bolsonaro: a polícia, que enfrentaria um aumento no risco na abordagem de suspeitos. “O porte tem que ser mais restrito”, diz Flávio Werneck, presidente do Sindicato dos Policiais do Distrito Federal.

MATÉRIA COMPLETA, em IstoÉ



 

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Bolsonaro promete discutir porte e redução de idade mínima para compra de armas

Na Câmara, uma nova redação para a lei que trata do armamento propõe reduzir de 25 para 21 anos a idade mínima permitida para a compra de armas no País

 Após assinar o decreto que facilita a posse de armas no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro prometeu discutir mais mudanças e citou a possibilidade de flexibilizar também o porte e reduzir a idade mínima, que hoje é de 25 anos, para que um cidadão possa comprar uma arma. Pelo Twitter, Bolsonaro afirmou que vai conversar com ministros após retornar do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, na semana que vem, para "evoluir" em pontos do decreto e avaliar mudanças que cabem ao Congresso Nacional

"Após voltarmos de Davos, continuaremos conversando com os ministros, para que juntos, evoluamos nos anseios dos CACs (colecionador, atirador, desportista ou caçador), porte, monopólio e variações sobre o assunto, além de modificações pertinentes ao Congresso, como redução da idade mínima! O trabalho não pode parar!", escreveu Bolsonaro no Twitter, na noite de terça-feira, 15.  

Depois que Bolsonaro editou o decreto, ativistas pró-armas e integrantes da bancada da bala no Congresso viram avanços com a medida, mas evitaram comemoração, pedindo mudanças mais substanciais no Estatuto do Desarmamento. O líder do PSL na Câmara, deputado Delegado Waldir (PSL-GO), declarou ao Broadcast Político que defendeu que o governo debata a quebra do "monopólio" da Taurus, principal fabricante de armas no País.

Outras questões, como idade mínima e flexibilização do porte - autorização para o cidadão andar com arma - também foram cobradas. Na Câmara, uma nova redação para a lei que trata do armamento propõe reduzir de 25 para 21 anos a idade mínima permitida para a compra de armas no País.

O Estado de S. Paulo 
 

Defender a própria vida é um direito irrevogável

Só cretinos fundamentais acham possível enfrentar animais selvagens e feras humanas com apelos e técnicas de persuasão

Aprendi a lidar com armas de fogo graças a Nossa Senhora Aparecida. Não, não estou brincando com coisa séria. Explico-me. Em Taquaritinga, onde nasci, o povo festeja o dia da padroeira do Brasil soltando rojões. Num certo 12 de outubro, meu pai resolveu trocar os fogos de artifício por um Taurus calibre 32. E, enquanto homenageava a santa com tiros de revólver, ensinou os filhos a manejarem sem perigo e com destreza objetos que tanto atormentam os pacifistas de botequim. A partir daquele ano, as lições foram ministradas em todos os dias de foguetório.

Mantenham o revólver apontado para o chão, alertava meu pai. Examinem o tambor e vejam se existe alguma bala no cano com os dedos longe do gatilho. Apoiem na outra mão a mão que empunha o cabo. E atirem sempre para o alto, em espaços abertos. Essas aulas práticas bastaram para que aprendêssemos que armas devem ser usadas com cuidado e em ocasiões especiais. Nenhum de nós virou pistoleiro, ninguém na família saiu pelas ruas da cidade querendo decidir pendências a bala.

Graças a métodos semelhantes, sucessivas gerações de taquaritinguenses aprenderam a manejar armas com a naturalidade de quem empina uma pipa. Existe ao menos uma em cada casa. Espingardas proliferam na zona rural, ao alcance dos braços de agricultores dispostos a usá-las contra onças ou feras humanas. Mas não passa de um dígito o número de mortes por armas de fogo contabilizadas a cada ano.

Esse número é invariavelmente inferior ao de casos de tentativas de assalto ou ataques de bichos ferozes frustrados por um mero disparo de advertência.  No referendo de 2005, passou de 80%, em Taquaritinga, o contingente de eleitores que votaram a favor do direito de ter em casa uma arma. Repetiu-se por todas as regiões brasileiras a derrota dos que acham que devemos enfrentar desarmados bandidos tão ferozes quanto animais selvagens. O decreto assinado ontem pelo presidente da República, portanto, atendeu à vontade da grande maioria dos brasileiros.

Defender a própria vida é um direito que jamais será revogado. Pergunto: é possível exercê-lo recorrendo exclusivamente a apelos, técnicas de persuasão, ou mesmo a socos e pontapés? Só cretinos fundamentais acham que sim. [a proibição de armas só interessa aos bandidos e à turma esquerdista, que busca eliminar do cidadão o direito a defender sua vida, a de terceiros e também o direito de propriedade - que tanto incomoda a corja lulopetista - óbvio, quando a propriedade não é deles.]

Blog do Augusto Nunes - Veja - Edição da semana 2617 16/01/2019
 

domingo, 17 de dezembro de 2017

Gigantes das armas travam guerra silenciosa por mercado de R$ 2,5 bi

Audiência realizada pela Polícia Rodoviária revela bastidores da disputa bilionária pelo comércio de armas.

 

Um edital aberto pela Polícia Rodoviária Federal, que se transformou em um contrato para a aquisição de pistolas, revela os bastidores de uma disputa bilionária pelo mercado de armas no Brasil. O Correio teve acesso aos documentos de   uma audiência realizada pela corporação no último dia 18 de outubro, em Brasília, que contou com a participação de oito empresas, duas nacionais e seis estrangeiras, em busca de um nicho comercial com números iniciais na casa dos R$ 2,5 bilhões, mas que, a partir do lobby e de eventual queda do Estatuto do Desarmamento, pode atingir valores hoje ainda incalculáveis.

A ata do encontro entre integrantes da Polícia Rodoviária e representantes das empresas revela o objetivo de avaliar a capacidade nacional e internacional para o fornecimento de armas para corporações brasileiras. O motivo inicial era avaliar o cenário para futura aquisição de pistolas semiautomáticas pela Polícia Rodoviária. No local, além de empresas brasileiras, como a Taurus e a estatal Imbel, compareceram representantes de fabricantes de armas de países como a Itália, Estados Unidos, Israel, Áustria, República Checa e Alemanha. Os prepostos das companhias multinacionais eram, na maioria, militares da reserva das Forças Armadas ou policiais brasileiros.

Um levantamento realizado pelo Correio, a partir do cruzamento de números de policiais e de seguranças com o preço médio das armas, aponta para um mercado promissor, ainda que excluídas as vendas para civis — com a eventual queda das regras de acesso a armamentos, o potencial de negócio será ainda maior. E é de olho nessas cifras que empresas estrangeiras se esforçam para ganhar espaço no território nacional. A negociação concretizada pela PRF evidencia isso.

A partir do que seria o objetivo da audiência, empresas participantes do encontro se surpreenderam com o anúncio, cerca de um mês depois, de que a companhia austríaca Glock saiu vencedora do processo seletivo para a compra de 10 mil armas para todos os agentes da PRF. O resultado foi publicado no Diário Oficial da União (DOU), no dia 20 de novembro. Antes de firmar contrato com a Glock, a PRF publicou um Extrato de Inexigibilidade de Licitação. Ou seja, a compra das pistolas calibre 9mm ocorreu sem um processo licitatório formal, algo que daria mais transparência e legitimidade ao processo. O valor do contrato é de R$ 18 milhões, e a PRF informa, na publicação oficial, que a empresa estrangeira foi escolhida por conta da “inviabilidade de competição”.

Estiveram presentes na audiência representantes da Taurus (brasileira), Imbel (Exército), Israel Weapon Industries (Israel), Beretta (Itália), Smith & Wesson (EUA), Sig Sauer (Alemanha) e CZ (Checa), além da Glock. O presidente da Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições (Aniam), Salesio Nuhs, afirma que uma compra dessa amplitude, sem licitação, gera uma competição desleal entre as empresas nacionais. “A aquisição sem licitação tem servido de atalho para o não enfrentamento de uma questão extremamente importante”, disse Nuhs, que é da direção da Taurus. “A aquisição do produto estrangeiro tem isenção de tributos e o fornecedor brasileiro recebe alta carga tributária e altos custos regulatórios para atender a legislação, o que não ocorre com os produtos estrangeiros, isso gera desvantagem competitiva.”

Atualmente, levando em conta o contingente das Forças Armadas, da Polícia Militar dos estados, Polícia Civil, PRF, vigilantes de empresas privadas e guardas-civis estaduais, o Brasil possui um mercado aberto para a aquisição de 1,4 milhão de armas. Somente a Polícia Militar conta com um contingente nacional de 421 mil homens 220 mil militares compõem as fileiras do Exército e 118 mil, as polícias civis.

A possibilidade de negócio que gera a cobiça de empresas do mundo vai além desses números. A portaria nº 234, de 1989, e a nº 02, de março de 2014, do Comando Logístico do Exército Brasileiro, autoriza que cada policial possa comprar duas armas, fora a que utiliza durante o serviço e é fornecida pelo Estado. Mudanças na Portaria R-105, do Exército, responsável pelo controle de armas dos órgãos de segurança, devem flexibilizar a importação de armas e já autorizam a presença de fábricas estrangeiras no país. No entanto, há dois meses, o texto segue sob análise da Casa Civil. O general de Brigada Ivan Neiva, da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército (DFPC), afirma que a negociação entre PRF e Glock passou pelo processo de avaliação do Exército.
“Existem tabelas que estabelecem o tipo e a quantidade de armas que cada um desses órgãos podem ter. Então quando eles vão comprar, eles nos informam e nós verificamos se essas armas vão entrar na tabela. A PRF foi autorizada a importar essas armas. No momento, há um processo que não passa por nós”, diz Neiva. Nos últimos meses, aumentou no Congresso a pressão para a derrubada do Estatuto do Desarmamento, que deve se tornar maior com as estrangeiras atuando no Brasil. A “bancada da bala” colocou em pauta projetos que mudam a legislação para liberar o porte irrestrito a civis. É o caso do projeto 480/2017, que tem como objetivo excluir artigos da lei que determinam a apresentação de uma “declaração de efetiva necessidade” para obtenção de armas. A proposta segue na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
Falhas
A abertura de mercado ocorreu, pelo menos de imediato, em decorrência de falhas apresentadas por pistolas modelo 24/7, da Taurus — um espaço antes monopolizado pela companhia privada e pela estatal Imbel agora se torna alvo de lobby mundial. O professor Arthur Trindade, coordenador do Núcleo de Estudos sobre Violência da Universidade de Brasília (UnB), teme que a cobiça das empresas estrangeiras gere aumento de pressão para a abertura ainda maior do comércio nacional desses produtos. “A importação de armas do exterior é uma demanda antiga das instituições de segurança pública, por conta da qualidade baixa das armas nacionais, onde existe o monopólio da Taurus. Por outro lado, esse interesse das organizações estrangeiras no Brasil pode aumentar o lobby para abertura de mercado, seja no setor público ou para a população civil”, afirmou. [irônico é que esse pessoal que estuda a violência sempre é contra à  liberação da posse e porte de armas - na cabeça deles desarmando a população civil (que já está desarmada devido o funesto 'estatuto do desarmamento' - cuja revogação é esperada para breve) acaba a violência;
esquecem que os bandidos, com ou sem 'estatuto do desarmamento' cada dia estão mais bem armados.].

Procurada pela reportagem do Correio, a Polícia Rodoviária Federal informou que “a escolha se deu após uma série de estudos e ensaios científicos, trabalho sistemático e sistematizado, buscando opção de armamento que, efetivamente, possa atender às necessidades e especificidades do policial rodoviário federal”. 

Representantes da Smith & Wesson no Brasil afirmam, em nota, que receberam “com surpresa” a informação de que a PRF decidiu adquirir as armas sem licitação. “Estamos absolutamente convencidos de que a via eleita da inexigibilidade de licitação para aquisição das pistolas, por parte da PRF, fica longe de se amoldar aos critérios estabelecidos por lei. Estamos avaliando com os nossos parceiros comerciais a hipótese de questionar em juízo a opção da PRF”. As demais empresas citadas na reportagem não se manifestaram sobre o tema.
Correio Braziliense

sexta-feira, 10 de março de 2017

Deputados contra uma uma fraude: Estatuto do Desarmamento - o Povo já se manifestou contra o famigerado Estatuto pró bandidos

Bancada da bala faz nova investida contra Estatuto do Desarmamento

Parlamentares querem aprovar projeto que retira exigências para compra de armas; presidente da Câmara silencia sobre tema

 Armas apreendidas durante operação policial no Rio - Fabiano Rocha/ Agência O Globo 16/08/2016
Lamentável que apreendam armas nas mãos de cidadãos de BEM - elas são úteis, necessárias e salvam vidas das pessoas de BEM; bandidos preferem atacar pessoas que sabem estão desarmadas e o Estatuto do Desarmamento oferece essa informação

Numa manobra liderada pelo deputado Alberto Fraga (DEM-DF), a bancada da bala tentará derrubar nos próximos dias os principais pontos que ainda mantinham de pé o Estatuto do Desarmamento. Na terça-feira, depois de uma coleta relâmpago de assinaturas, Fraga apresentou requerimento à Mesa da Câmara com um pedido de votação em regime de urgência do projeto 3.772, que relaxa as regras para compra, registro e porte de armas de fogo. Caberá agora ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidir quando a proposta da bancada será colocada em pauta.

Pela lei, se aprovado o requerimento de urgência, o projeto ganha prioridade e pode ser colocado em pauta a qualquer momento, a depender da vontade do presidente da Casa. Procurado, Maia não respondeu sobre o assunto. Deputados da bancada da bala têm Maia como um aliado. Na campanha que o levou a primeira vez ao comando da Câmara, ele teria prometido à bancada levar o projeto ao plenário. Quando assunto veio a público, o deputado negou.

A bancada da bala afrouxou importantes pontos do Estatuto desde que a lei foi aprovada, em 2003. [aprovada em 2003 mas repudiada pela maioria do POVO BRASILEIRO em plebiscito realizado em 2005.] Mas agora, com o recrudescimento de um discurso contra a violência urbana, os deputados decidiram partir para um ataque frontal para eliminar as restrições ao comércio e porte de armas. Pelo projeto 3.722, do deputado Rogério Peninha (PMDB-SC), qualquer pessoa, a partir de 21 anos de idade, poderá portar armas livremente. Basta que, para isso, não tenha antecedentes criminais e não seja reprovado em teste de sanidade mental.

Hoje o porte de armas de fogo é limitado a determinadas categorias e a pessoas que, por questões particulares, comprovem a necessidade de andar armado como medida de autoproteção. O projeto, encampado pela bancada da bala, também dispensa a renovação do registro. Pela proposta, basta ao dono da arma fazer o registro no momento da compra. Hoje o registro deve ser revisado a cada três anos. Essa é uma forma do Estado garantir a atualização de armas perdidas e roubadas.

Essas informações são consideradas essenciais na solução de determinados assassinatos ou em investigações sobre narcotráfico, entre outros crimes violentos. Sem estes dados, as polícias terão mais dificuldades rastrear armas extraviadas e descobrir a identidade de mandantes ou executores de determinados crimes. O projeto da bancada também permite que uma pessoa tenha a posse de até seis armas com o direito de comprar 50 cartuchos por mês para cada uma delas.

Para a coordenadora da ONG Igarapé, Ilona Szabó de Carvalho, o esvaziamento do Estatuto aumentará imediatamente o volume de armas de fogo em circulação e o resultado disso será a explosão dos índices de violência no país. Ela lembra que, hoje, o Brasil já ocupa o primeiro lugar do ranking mundial em números de homicídios por arma de fogo em termos absolutos. Com a previsível expansão do mercado de armas, a tendência seria o aumento de confrontos resolvidos à bala, ou seja, mais mortes. — A aprovação desse projeto seria uma irresponsabilidade — afirma Ilona Szabó de Carvalho.

Na movimentação pelo afrouxamento do Estatuto, a bancada da bala afirma que pessoas comuns precisam e até devem ter armas de fogo em casa, no carro ou nos lugares por onde andam para se defender de eventuais ataques de criminosos. Eles dizem que bandidos armados levam vantagens sobre cidadãos honestos desarmados.Depois da aprovação do Estatuto, a violência aumentou afirma o líder do DEM, Efraim Morais (PB), um dos primeiros a endossar a iniciativa da bancada.

Para o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), trata-se de um argumento falacioso. Ele lembra que, em confrontos diretos, bandidos contam com o fator surpresa e quase sempre ferem ou matam as vítimas armadas. O deputado argumenta ainda que armas são um chamariz a mais para criminosos, e tornam as pessoas honestas ainda mais expostas. Criminosos atacam por vários motivos, um dos mais comuns é a busca pela posse de mais armas. — É mentira que as restrições a circulação de armas tenha aumentado a violência. Este é um argumento falacioso. Pesquisas mostram que as regras do Estatuto fizeram os índices de violência diminuir e não o contrário — afirma Alessandro Molon.

O deputado menciona vários estudos sobre o assunto, um deles conduzido por Daniel Cerqueira, pesquisador do Ipea. Numa premiada tese de doutorado, Cerqueira aponta que cada aumento de 1% no número de armas em circulação numa cidade corresponde a um crescimento de 2% no número de homicídios. Cerqueira fez o estudo com base em dados sobre assassinatos em cidades de São Paulo em 2010, e até hoje a pesquisa é considerada um marco nos estudos sobre armas de fogo e violência urbana. — Os deputados (da bancada da bala) não querem saber de evidências. Querem botar o bloco na rua porque isso vai dar mais lucros para a indústria armamentista — afirma o pesquisador.

O mercado de armas de fogo no Brasil é abastecido principalmente pela Taurus, que está entre as quatro maiores fábricas de armas de fogo leves do mundo. A empresa teria até uma espécie de monopólio de fornecimento de armas para as policiais militares e civis do país. A empresa seria uma das principais responsáveis pelo financiamento das campanhas eleitorais de alguns deputados da chamada bancada da bala. — Esse projeto, no fundo, atende aos interesses comerciais de um único grupo empresarial — afirma o sociólogo Renato Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

DEPUTADO DIZ QUE TEM APOIO SOCIAL
Fraga desdenha das críticas ao projeto. Segundo ele, a proposta atende a um clamor da população por mais segurança. O deputado sustenta ainda que o projeto terá ampla acolhida na Câmara ao contrário do que imaginam os defensores do Estatuto. — Vá lá e fale com Molon, com Chico Alencar (PSOL-RJ). Eles também são contra (desfigurar o estatuto). A sociedade está a nosso favor. As pesquisas mostram isso disse o deputado, coronel reformado da Polícia Militar do Distrito Federal.

Preocupados com o avanço da bancada da bala, ativistas de diversas entidades civis deverão viajar a Brasília na próxima semana para conversar com deputados e senadores. Eles entendem que só com forte mobilização poderão evitar um golpe fatal contra o Estatuto.  — Este projeto não pode ser aprovado. É um risco para a sociedade brasileira sobretudo neste momento de crise — disse Ilona.

Fonte: O Globo
 

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Jandirão é vítima de sua concepção de mundo. Ou: A comunista e a empreiteira

Deputada estridente do PCdoB que foi financiada por empreiteira está na lista de Sérgio Machado

Como vocês sabem, viciosos são os outros, não é? Os comunistas e esquerdistas genéricos, não. Serão sempre inocentes, mesmo quando culpados.

No dia 22 de fevereiro de 2015, o Blog do Coronel informou que a deputada Jandira Feghali (RJ), uma legítima comunista do Brasil, havia recebido doações de subsidiárias da Construtora Queiroz Galvão, investigada no petrolão. Transcrevo trecho do post escrito há quase um ano e cinco meses:
“Aí a gente vai ao TSE ver quem sustentou a campanha da descabelada comunista. Em primeiro lugar, duas empresas do Grupo Queiroz Galvão, que está sendo processada para devolver mais de R$ 1 bilhão por participar do esquema do Petrolão. A Energia Verde Produção Rural entrou com R$ 300 mil e a Companhia Siderúrgica Vale do Pindaré com outros R$ 110 mil. Além disso, a donzela furada Feghali recebeu mais R$ 50 mil do Estaleiro Brasfels, envolvido até a casa de máquinas na roubalheira instalada na Petrobras. Não esquecer que o PCdoB tem grande influência na estatal, pois comanda a Agência Nacional do Petróleo há anos!”

Nota antes que continue: o titular do Blog do Coronel, que não gostava de ter seu nome divulgado, morreu, infelizmente, no dia 15 de março deste ano. Eu o conhecia. Era um profissional sério e competente. Adiante.

O Blog do Coronel noticiou a doação porque Jandira conhecida por “Jandirão” em razão da maciez do seu estilo era uma das que corneteavam contra as doações privadas, embora tivesse recebido uma bolada justamente de subsidiárias de uma empresa investigada.

Agora se sabe que a ínclita comunista foi citada por Sérgio Machado na lista dos políticos que teriam recebido dinheiro por sua influência. Chato pra ela, né? Jandirão foi uma das que usaram as gravações de Machado para tentar desestabilizar o governo Temer. Agora, ela própria tem de responder.

A mulher tenta se explicar: “Na campanha de 2008, conversei com Machado sobre a possibilidade de sua ajuda pessoal, sim. Mas afirmo que não há qualquer contribuição da Queiroz Galvão em minhas campanhas através de Sérgio Machado, apenas de duas subsidiárias em 2014 por contato direto através do PCdoB.”
Ah, bom! E ela foi adiante: “Lembro que todas as empresas que atuam no setor naval e que contribuíram para minha campanha estão registradas oficialmente com nome e valor. Neste período, também não havia denúncias de envolvimento na Lava Jato.”

Como, senhora?
A Operação Lava Jato foi deflagrada em abril de 2014. As doações que Jandira tem de explicar são de 9 e 25 de setembro daquele ano e de 15 de outubro. Ah, todo mundo já sabia, sim, que as empreiteiras estavam envolvidas até o talo. Paulo Roberto Costa havia decidido fazer delação em agosto…

Leia a íntegra no Blog do Reinaldo Azevedo

Uma prova de que Maria do Rosário, a inestuprável, fez campanha a favor do desarmamento mas aceitou doação da Taurus, a maior fabricante de armas leves do Brasil