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domingo, 10 de julho de 2016

A cor da pele, a opção sexual e o gênero, não podem ser aceitos como motivos para colocar cidadãos acima das leis

ARTIGO: A mancha do racismo institucional

Alton Sterling e Philando Castile se juntam a um grupo crescente de mártires — de Sandra Bland, em Hampstead (Texas), até Freddie Gray, em Baltimore (Maryland), e Michael Brown, em Ferguson (Missouri) — que morrem depois de entreveros com policiais nos últimos dois anos, um padrão de violência racial que deu início ao movimento “Black Lives Matter”, que se apoderou do imaginário nacional nos EUA.

A morte de Sterling, em Baton Rouge (Louisiana), na última terça-feira, foi registrada em vídeo. O desenrolar da ação em que Castile foi baleado em um sinal de trânsito em Falcon Heights (Minnesota), no dia seguinte, foi transmitido ao vivo na internet pela namorada da vítima. Seu lamento, interrompido pela tentativa de sua filha de 4 anos de confortá-la, se espalhou pela rede. 

Os dois vídeos, exibidos pelas emissoras de TV a cabo ao redor do país, oferecem um duro retrato do que significa ser um negro da pobre classe operária nos Estados Unidos de hoje.
Recentemente, a Suprema Corte deu carta branca à polícia para abordar praticamente qualquer um, o que torna ainda mais aceitável que negros homens e mulheres, meninos e meninas, gays, heterossexuais e transgêneros — sejam escolhidos para sofrer vigilância e assédio que podem, novamente, levar a momentos de brutalidade, violência e mesmo morte. Isso num mundo em que, somente em 2016, a polícia matou mais de 560 pessoas. 

Embora o democrata John Lewis, do estado da Geórgia, tenha sido aplaudido ao comandar um protesto na Câmara dos Representantes, reivindicando a votação de uma reforma sobre o controle das armas de fogo, muitos políticos não demonstram tanto afinco para questionar as mortes de cidadãos negros causadas por policiais. Teria algum político a coragem de realizar um protesto por Sterling e Castile e defender uma legislação bipartidária para dar fim a essa epidemia de violência contra a população negra?

O sistema da Justiça criminal americana representa as aspirações coletivas de milhões de pessoas que tomam decisões eleitores, políticos, juízes e promotores — e que criaram uma estrutura que demoniza os negros. O comportamento violento de agentes de segurança não deve ser visto como uma aberração, mas sim como resultado do racismo institucional e do preconceito contra negros da classe operária. E o sucesso do Departamento de Justiça para criar um consenso em cidades como Ferguson apenas arranha a superfície do problema, que faz com que negros sejam sistematicamente punidos por tribunais, sistemas de liberdade condicional, cadeias locais e penitenciárias estaduais e federais.

As mortes de Sterling e Castile refletem o modo panorâmico como as instituições democráticas americanas tratam o cotidiano dos negros no século XXI.  A maioria dos negros está excluída da excelência afro-americana, representada por nomes como Barack Obama e Beyoncé, e, como Streling e Castile, pode se ver em situações de vida ou morte a cada encontro com os agentes da lei. Eles habitam as esferas mais baixas da vida no país, locais particularmente vulneráveis à pobreza, discriminação racial, violência, segregação, ao desemprego, a perigos ambientais, doenças e morte.

A persistência e evolução do racismo institucional atestam como ela é considerada normal na cultura americana, em nossa política e democracia. A aberração desta perspectiva não é a morte de Sterling e Castile, mas as imagens da excelência negra que são rotineiramente saudadas como “progresso” racial.  A América Negra sempre foi um canário na mina de carvão, um denominador comum para as medidas de dor, sofrimento e miséria.


Embora alguns sonhos tenham se tornado realidade, muitos outros esbarraram em limitações legais e foram ameaçados pelo ressurgimento de antigos movimentos racistas, que catapultaram um candidato presidencial abertamente apoiado por membros de um movimento defensor da supremacia branca e por outros grupos de ódio. Este é o lado negro da promessa de Donald Trump de levar os Estados Unidos de volta à glória da era do presidente Dwight Eisenhower, um período marcado pela segregação aberta e violência contra os negros.

Por:Diretor e fundador do Centro para Estudo das Raças e da Democracia na LBJ School of Public Affairs; professor de História na Universidade do Texas em Austin; e autor de “Stokely: a Life", sobre o ativista Stokely Carmichael

 

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Estado da Geórgia executa uma mulher pela 1ª vez em 70 anos – Uma certeza temos: Kelly Gissendaner não cometerá mais nenhum crime



Kelly Gissendaner morreu cinco dias depois do Papa ter defendido fim da pena de morte  - A Geórgia executou nesta terça-feira a única mulher que estava em seu corredor da morte. Kelly Gissendaner, de 47 anos, condenada à morte por ter planejado com o amante o assassinato do marido em 1997, foi a primeira mulher executada em 70 anos no estado americano.
Às 0h21m (23h21m de terça-feira no horário de Brasília) cumprindo uma ordem do tribunal, Kelly Gissendaner foi executada segundo a lei. Ela deu uma última declaração e solicitou uma oração final antes de morrer — disse Gwendolyn Hogan, porta-voz da administração penitenciária do estado da Geórgia.

A execução de Kelly ganhou um significado particular, cinco dias depois de um pedido realizado pelo Papa Francisco no Congresso americano para abolir a pena de morte.  Na terça-feira, o representante do Vaticano nos Estados Unidos, Carlo Maria Viagano, fez um pedido urgente em nome do Papa para comutar a pena de Kelly. "Sem querer desestimar a gravidade do crime pelo qual Kelly Gissendaner foi condenada, imploro para comutar esta setença em uma pena que se traduza em justiça e piedade", escreveu.  

O Supremo Tribunal dos Estados Unidos negou pedidos de última hora feitos pelos advogados de Gissendaner para a suspensão da execução, feita por injeção pentobarbital. A Junta de Indultos e Liberdade Condicional da Geórgia se reuniu na terça-feira e manteve a decisão feita no início do ano de rejeitar o pedido de mudar a sentença de pena de morte para prisão perpétua. — A comissão rejeitou o pedido de reavaliação de sua decisão anterior, que descartou clemência para Kelly Gissendaner — disse o porta-voz da junta cerca de quatro horas antes do horário previsto para a execução.

Os membros do conselho não foram seduzidos pelo recente apelo da presa de clemência, que enfatizou seu comportamento modelo na prisão e remorso por tramar o assassinato de seu marido em 1997.

Os advogados de Gissendaner disseram ao conselho que a sentença de morte seria desproporcional para seu crime, porque ela não matou Douglas Gissendaner e não estava presente quando ele foi esfaqueado até a morte. O homem que realizou o sequestro e assassinato, o então namorado de Kelly Gissendaner, Gregory Owen, recebeu uma sentença de prisão perpétua.

Entre os apoiadores de Kelly estavam seus três filhos adultos e um ex-juiz da Suprema Corte da Geórgia, que disse que ele estava errado ao negar um dos apelos anteriores feitos pelos advogados dela. Seus defensores usaram nas mídias sociais a hashtag #kellyonmymind para que sua vida fosse poupada.

Fonte: Reuters