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sábado, 11 de junho de 2022

Ameaça suprema - Rodrigo Constantino

Revista Oeste

Daniel Silveira foi tratado como se tivesse cometido de fato um terrível crime — deixando de lado que quem faz isso acaba sendo solto pelo STF, como uma liderança do PCC pode atestar

Da esquerda para a direita, Erika Kokay, Lula, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Jair Bolsonaro e Daniel Silveira | Foto: Montagem Revista Oeste/Agência Brasil/STF/SCO/Wikimedia Commons
Da esquerda para a direita, Erika Kokay, Lula, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Jair Bolsonaro e Daniel Silveira | Foto: Montagem Revista Oeste/Agência Brasil/STF/SCO/Wikimedia Commons

Um homem da Califórnia carregando pelo menos uma arma foi preso nesta semana perto da casa particular do juiz da Suprema Corte norte-americana Brett Kavanaugh, em Maryland, e levado sob custódia pela polícia. O homem havia dito aos policiais que estava lá para matar o juiz, relatou o Washington Post.

O homem foi descrito como tendo cerca de 20 anos e carregava pelo menos uma arma, relata o Post. A polícia teria sido informada de que essa pessoa poderia representar uma ameaça a um juiz da Suprema Corte antes de fazer a prisão. O suspeito foi levado sob custódia em uma rua próxima à casa de Kavanaugh, no Condado de Montgomery.

De acordo com o Post, o homem queria matar Kavanaugh porque estava chateado com o rascunho vazado de uma opinião majoritária que derrubaria a decisão Roe v. Wade, que criou um direito constitucional ao aborto no país, usurpando direitos estaduais. O homem também estava irritado com os recentes tiroteios em massa, informou o Post.

Isso é o que parece com uma ameaça concreta à Corte Suprema! 
 Mas como o juiz foi indicado por Trump, e como o potencial assassino aponta como motivo a mudança na questão do aborto, a imprensa não dará o devido destaque, já que não se encaixa em suas narrativas “progressistas”. Foi assim quando um apoiador de Bernie Sanders abriu fogo contra congressistas republicanos, quase matando um. A história pouco repercute e logo é abandonada.
 
Agora vamos comparar essa real ameaça, quase levada a cabo, com o caso Daniel Silveira no Brasil. 
O deputado bolsonarista, com imunidade parlamentar, exaltou-se num vídeo e chegou a falar de seu desejo de ver alguns ministros levando uns sopapos. O deputado se arrependeu depois, e ponto. Mas não para o STF. Para o ministro Alexandre de Moraes, isso foi visto como uma grave ameaça que justifica até “flagrante perpétuo”, ao usar o vídeo como se fosse um ato contínuo e infinito.

Moraes criou leis novas de sua cabeça, rasgou a Constituição, aplicou punições extremamente severas ao deputado, confiscou seu dinheiro, o da sua mulher, e Daniel foi tratado como se tivesse cometido de fato um terrível crime deixando de lado que quem faz isso acaba muitas vezes sendo solto pelo STF, como uma liderança do PCC pode atestar.

Nossa velha imprensa, infelizmente, entrou nesse jogo de absurdos ao tratar críticas ao STF, ainda que inflamadas, como ameaças reais. Essa banalização do conceito só interessa a quem quer abusar do poder e praticar o arbítrio, além de poupar aqueles que realmente representam ameaças. O MST, por exemplo, já foi até o prédio em que mora a ministra Cármen Lúcia e jogou tinta vermelha no chão. 
Isso é algo bem mais próximo de ameaça do que palavras indignadas. Mas o MST conta com a simpatia do ministro Fachin, por exemplo, e nada aconteceu com seus líderes.

O ladrão condenado por nove juízes pode ser candidato por truque supremo com base no CEP, mas o juiz que o prendeu não pode ser candidato por mudar o domicílio eleitoral

Qualquer pessoa minimamente atenta e com um pingo de imparcialidade já se deu conta, a esta altura, do ativismo político do STF. Alguns ministros nem tentam esconder seu desprezo ou seu ódio pelo atual presidente, e mobilizam uma escancarada perseguição aos seus apoiadores. Outros tentam ocultar o óbvio em meio ao palavrório jurídico, tentando dar uma aura de legitimidade ao que é, na verdade, pura militância partidária.

Mas ninguém sensato consegue negar os fatos: esses ministros operam para derrubar o presidente eleito, impedir sua reeleição, intimidar seus familiares e apoiadores próximos, tudo isso enquanto o ex-presidente corrupto que indicou vários desses ministros foi “descondenado” por malabarismos patéticos. 
Quem está confortável com esse estado de coisas está flertando com o perigo.
 
O ladrão condenado por nove juízes pode ser candidato por truque supremo com base no CEP, mas o juiz que o prendeu não pode ser candidato por mudar o domicílio eleitoral. 
O CEP salva um, condena o outro. 
Não é que o Brasil não seja para amadores, é que o Brasil é o país dos bandidos mesmo! 
E o “sistema” deixou claro que aceita qualquer um, menos Bolsonaro. Por que será?

Foi nesse contexto que o presidente Bolsonaro voltou a subir o tom nesta semana, num desabafo que também pode ser interpretado como um alerta ao povo brasileiro. “Enquanto aqui a gente está num evento voltado para a fraternidade, amor, compaixão, aqui do outro lado da Praça dos Três Poderes uma turma do STF, por 3 a 2, condena um deputado por espalhar fake news. Ele não espalhou fake news porque o que ele falou na live eu falei também, que estava tendo fraudes nas eleições de 2018″, afirmou Bolsonaro, durante evento no Palácio do Planalto.

Dizendo-se indignado com a decisão, o presidente criticou duramente os ministros Alexandre de Moraes, futuro presidente do TSE, e Edson Fachin, atual presidente do tribunal, a quem acusou de cometer um “estupro contra a democracia” ao se reunir com embaixadores de outros países para falar sobre as eleições de outubro próximo. Bolsonaro afirmou que ganha as eleições no Brasil “quem é amigo dos ministros do TSE”.

O duplo padrão realmente é escancarado. A deputada petista Erika Kokay, por exemplo, afirmou que houve fraude eleitoral em 2018, mas para beneficiar Bolsonaro
Deixando de lado o ridículo disso, vale perguntar: pode então dizer que a eleição foi fraudada ou não? 
A resposta, claro, sabemos: depende de qual lado você está! Se for um garoto-propaganda de Dilma Rousseff, por exemplo, pode até ser ministro supremo e repetir que está preocupado com hackers russos bem ao lado do colega ministro que garante a inviolabilidade das urnas!
 
É tudo tão bizarro que não dá mais para esconder a ameaça suprema, a verdadeira ameaça à democracia, que vem de militantes togados, que tratam como grave ameaça qualquer desabafo mais enfático, passando a perseguir seus autores. 
Não há ninguém carregando uma arma perto das casas particulares dos nossos ministros. 
Mas eles não se importam de rasgar a Constituição sob o pretexto de que precisam se defender dos “ataques” contra a instituição.

Leia também “Decreta logo Lula o presidente!”

Rodrigo Constantino, colunista - Revista OESTE


sábado, 29 de janeiro de 2022

O caçador de hipócritas - Revista Oeste

Olavo de Carvalho | Reprodução/Twitter
Olavo de Carvalho | Reprodução/Twitter 
 
Olavo de Carvalho. Controverso e polêmico para muitos. Um filósofo e um mestre para milhares de alunos espalhados pelo mundo. Uma farsa para alguns. Um gênio para outros. Não havia meio-termo para Olavo de Carvalho. E assim ele gostava. Não era escravo de ninguém e de nenhuma ideia.

Mas eu não estou aqui para te convencer a gostar de Olavo de Carvalho. O mergulho em sua obra, e não no personagem politicamente incorreto das redes sociais, é um mergulho que faz parte de uma decisão pessoal. O que eu posso dizer é que quem leu uma obra do escritor entende que ele foi um homem à frente do nosso tempo. Muito além do barulho vazio das discussões supérfluas das tóxicas plataformas sociais. Mas, como disse, não estou aqui para te convencer nem sequer a ler um artigo ou um livro do professor. Essa é uma viagem individual com passagem só de ida. É uma decisão extremamente particular exatamente por ser uma viagem sem volta.

Não fui aluna do Olavo. Assisti a algumas aulas de seu curso on-line de filosofia (COF), fiquei bastante impactada com o material, com as aulas e com a sua presença — bem diferente das redes sociais —, mas não tive como seguir o planejamento por falta de tempo, já que, quando me debrucei em algumas sessões, eu ainda estava na UCLA fazendo arquitetura, e a profundidade do material oferecido pelo professor merecia uma imersão completa.

Também nunca fui próxima do Olavo. Nunca o conheci pessoalmente e nunca tive nenhuma conversa particular com ele. Nossos encontros foram em entrevistas e programas que estivemos juntos, ou com a sua companhia nas páginas de suas obras. Taí uma coisa da qual me arrependo, mas o destino quis assim. Em 2020, participei do CPAC americano (Conservative Political Action Conference), que aconteceu em Maryland, Estado vizinho da Virgínia, onde Olavo morava. Uma pessoa próxima ao Olavo me perguntou se eu não gostaria de ir até a Virgínia para conhecê-lo e entrevistá-lo. Eu estava com a agenda muito apertada para apenas três dias. Havia compromissos pré-agendados e, por isso, agradeci e respondi que gostaria de visitá-lo com mais calma durante o ano de 2020. E então chegou a pandemia. E com ela toda a loucura que vimos e ainda estamos vendo. Não consegui encontrá-lo mais.

Quando via suas entrevistas ou assistia a vídeos antigos do professor (há vídeos espetaculares no YouTube, com um conteúdo que você jamais verá no Brasil), pensava o que diria a ele quando o conhecesse pessoalmente. Depois da morte do meu pai, em 2012, via no jeitão do Olavo, nos puxões de orelha em vídeos que eram carregados de palavrões e também de muito mel uma doçura nata de pai, de avô, mas que nem todos enxergavam. Olavo, sem saber, fazia-me entrar em uma saudosa conexão com o meu velho através dos trejeitos de quem ama uma boa resenha e através de sua coragem em não se ajoelhar para ninguém ou para nenhum movimento. Era a máxima aristotélica que meu pai fazia questão de dizer quase todo dia: “Sem coragem, não há mais nada, filha”. E Olavo era, antes de tudo, um homem de coragem. Como muito bem definiu Guilherme Fiuza, nosso parceiro aqui em Oeste, “um caçador de hipócritas”. Um homem que antes de mais nada não deixou que ninguém o colocasse em uma caixinha de etiquetas preconcebidas. Olavo era um caçador de arautos das falsas virtudes, da falsa bondade, daqueles que encobrem valores inconfessáveis por um punhado de ouro ou mesmo um rápido aplauso fácil.

Desmascarando Obama
E foi assim, desmascarando um hipócrita, que tive o meu primeiro contato com o escritor Olavo de Carvalho, em meados de 2012. Lendo um texto em que ele desnudava nada mais nada menos do que o queridinho do mundo moderno, Barack Obama, aquilo me chamou a atenção. Morando nos EUA há apenas dois anos, ainda não conseguia conceber em sua totalidade a farsa que Barack Obama foi e é.  
 
E ali, diante de um artigo de 2009, escrito logo após a eleição histórica de Obama, li pela primeira vez o nome do mentor que maquiou o ex-presidente americano para que a agenda da esquerda radical, disfarçada de bom-mocismo e tolerância, fosse implementada na América: Saul Alinsky. Em um texto intitulado “Os pais da crise americana”, Olavo me tirou da zona de conforto: “No caso em questão, a derrubada da previdência social americana e do sistema bancário que a sustenta não foi o efeito de uma confluência involuntária de fatores anônimos, não foi nem mesmo resultado de uma longa colaboração de inépcias, mas foi a simples realização de um plano traçado desde a década de 1960 por estrategistas de esquerda inspirados por Saul Alinsky, mais tarde o mentor de um jovem estudante de direito Barack Hussein Obama. (…) A regra é ensinada por Saul Alinsky, que ele mais tarde enunciaria por escrito em seu livro Rules for Radicals, de 1971: ‘Faça o inimigo pôr em pratica seu próprio manual’”.

Por mais que pareça banal, a porta que me fez entrar no mundo de Olavo de Carvalho foi a maneira que ele escrevia sobre o ex-presidente. Obama era o suprassumo mais carismático do mundo, quem é esse maluco que está dizendo que há muito mais (perversidade) por trás do fofo Obama? Então comecei a fuçar na internet em busca de mais informações sobre esse tal de Saul Alinsky; esse senhor que mora em Virgínia só pode estar louco. Nem meu marido, um republicano fiel nascido e criado na democrata Califórnia, demonstrava tanta estranheza e suspeita sobre Barack. Apenas não gostava. Teorias com esse tal de Saul Alinsky? Nah.

Em outro artigo, também de 2012, com o título “O Fome Zero de Obama”, Olavo me fisgou de vez. O texto falava sobre a economia norte-americana, que havia caído do primeiro lugar para o sétimo, de acordo com a escala de competitividade do Fórum Econômico Mundial. Falava do alto índice de desemprego nos EUA e como Obama, o super mega hipercompetente, além de fofo, era o recordista absoluto na distribuição de recursos governamentais não só aos pobres como também aos ricos
Na lista de ajudinha camarada, empresas falidas por má administração e por fraudes, mas que eram contribuintes polpudos da campanha do democrata. Sounds familiar? Na época, inclusive, Barack, em um encontro com Lula, disse que o petista era “o cara”, lembram? Pois então… as peças iam chegando ao quebra-cabeça que Olavo havia colocado na minha frente.

O artigo traz pontos excepcionais e mostra as diferenças e similaridades das estratégias de Lula e Obama, mas que gerariam o mesmo efeito por terem as mesmas raízes e foco. O texto não é difícil de ser encontrado na internet, e foi ali, nas linhas finais, que a minha mente se abriu de uma maneira que não seria mais possível voltar de onde parti. Não faria justiça se apenas explicasse, então transcrevo o último parágrafo: “(…) Dito de outro modo (a tática é): desarmá-los contra seus inimigos e armá-los contra suas próprias populações, de modo a fazer deles os cães de guarda, ao mesmo tempo dóceis e implacáveis, da nova ordem mundial. De sob as cascas dos velhos Leviatãs nacionais começa a erguer-se, majestosamente sinistro, o Leviatã planetário”.

Olavo conseguiu nos tirar da inércia política em um país que era ignorante e sem cultura

Uau. Mas não para por aí. Olavo já enxergava o que muito só vemos hoje e, mesmo assim, por causa da pandemia. Sem uma imprensa dissidente no Brasil, ficava fácil emplacar qualquer narrativa fantasiosa e distorcida. Mas, em outro artigo de 2012, Olavo mostra as cartas que hoje estão mais do que colocadas na mesa. Sob o título “Salvando o triunvirato global”, o professor que estudou profundamente os movimentos ideológicos e seus peões escreve: “Ninguém ignora que a escolha de Barack Hussein Obama como candidato do Partido Democrata em lugar de Hillary Clinton, em 2008, foi uma imposição, um Diktat, do Grupo Bilderberg. Também é preciso ter feito juramento de cegueira para não enxergar que, durante o seu primeiro mandato, o ungido do globalismo fez tudo para desbancar o dólar e desabilitar a posição dos Estados Unidos no cenário internacional, estancou a produção nacional de petróleo, gás e carvão, atrofiou o sistema americano de defesa, pôs seu país de joelhos ante a China e a Rússia e, tanto no Oriente Médio quanto em suas políticas de segurança interna, deu mão forte aos arautos do Califado universal. Igual favorecimento a expansão islâmica tem orientado a política da União Europeia e de vários governos do Velho Mundo abençoados pela internacional Fabiana”

E continua: “A vitória de Barack Hussein Obama é mais um passo nessa direção (uma ditadura mundial), um indicador claríssimo de que os Estados Unidos vão prosseguir na sua política de autodesmantelamento militar e econômico aliado à expansão ilimitada dos mecanismos de controle policial da sociedade, segundo os mesmos cânones politicamente corretos que os organismos internacionais estão pondo a todos os países do Hemisfério Ocidental.”

Yep. O velho de Virgínia avisou.

Independência intelectual
Eu poderia escrever mais 50 mil caracteres sobre os ensaios de Olavo que tocam em pontos da atual realidade e que fizeram despertar. Artigos que em muitas ocasiões fizeram Olavo ganhar nomes pejorativos como “doido” ou “teórico da conspiração”.

Mas Olavo falava muito além de política ou geopolítica. E insisto que essa é uma viagem individual que cada um tem de fazer. Olavo também falava e muito de Cristo, de amor, de Aristóteles, de Platão, de São Tomás de Aquino, de amizade, de valores, de princípios…  Falava de filosofia, de liberdade e sobre a verdade. E tudo de uma forma humana e calorosa, sem o pedantismo e a soberba de acadêmicos e muitos professores. Olavo conseguiu nos tirar da inércia política em um país que era ignorante e sem cultura. Despertar esse caminho nas pessoas é um dom que poucos têm. Por isso, ele era rejeitado e difamado por seus detratores. Uma vez aberta a porta para as obras do escritor, essa porta daria entrada para um vasto mundo intelectual de independência intelectual. Olavo não era um professor, Olavo era um mestre.

Essa foi umas das muitas pontas da minha história com o Olavo, escrita nas páginas de internet e nos olhos fitados em seus livros. Depois de sua morte, li centenas de relatos no dia que me impressionaram, não que eu não imaginasse que ele poderia ter tocado milhares de pessoas pelo Brasil e pelo mundo com a sua obra, mas havia algo mais. Havia homenagens de pessoas que se entregaram, ou voltaram, ao cristianismo por causa dele.  

Havia homenagens de pessoas que não sabiam o que era comunismo, marxismo cultural, Foro de São Paulo. Ordem Mundial. Havia homenagens de médicos, atletas, jornalistas, economistas e alunos que foram tocados de alguma forma por frases como: “Aconteça o que acontecer, não se deixe desencorajar. Não feche os olhos ante a realidade, por pior que seja. A coragem do espírito, o amor incondicional à verdade, é a mãe de todas as virtudes”. Muitos alunos espalhados pelo mundo hoje são professores e germinarão as sementes de seu legado pelas áreas da educação, espaço que Olavo sempre frisou que deveria ser reconquistado pela direita no Brasil antes de qualquer salto político robusto. E em tantas homenagens, havia faixas em barracos e casebres em favelas e comunidades carentes. O famoso jargão “Olavo tem razão” estampando as pobres fachadas que abrigam ricos intelectos.

Em tempos estranhos, quando a coragem parece ter desaparecido quase que por completo, em que a independência intelectual sentou no colo quente dos lobbies e a liberdade anda com uma corda no pescoço, Olavo, mesmo depois de sua morte, continua incomodando aqueles que não conseguiram desqualificar suas ideias. O ódio descabido a um inimigo que trazia conceitos diferentes daqueles que foram impostos durante décadas no Brasil não surpreende. A onda descabida de ataques ao nome do professor, bem menor que o vasto caminho de homenagens, só concretiza ainda mais o impacto de seu trabalho contra a miséria intelectual e a mesquinhez humana. Olavo, que tem frases célebres que iam no cerne de pontos cruciais na dor e no amor, certa vez disse: “Os mortos conduzem os vivos. Todos os meus mortos queridos… Não sinto saudade deles, porque eles estão presentes, eles existem. Nada do que aconteceu “desacontece”. Aquilo que aconteceu aqui durante uma fração de segundo já está na eternidade, nunca mais volta ao não-ser”.

Através dos caminhos desenhados por Olavo de Carvalho, fiz amizades incríveis com herdeiros intelectuais e amantes da busca do saber da verdade. Pessoas maravilhosas que foram lapidadas pela aura da bondade humana, forjada nos erros e nos acertos, darão continuidade aos propósitos defendidos pelo escritor. Aqui em Oeste, seguiremos caçando hipócritas, alimentando as árvores das ideias e não dos homens, e seguiremos na defesa inviolável e inegociável da liberdade
Porque não somos homens e mulheres de geleia. E sabe quando vamos parar? Nunca.

Obrigada, Olavo.

Leia também “Dead man walking”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste


quinta-feira, 29 de março de 2018

Tiros na noite






Depois da revelação de que a família do ministro do STF Edson Fachin,sofreu ameaças, os tiros contra o ônibus da caravana de Lula  fornecem ingredientes de um thriller policial às eleições presidenciais

O escritor norte-americano Dashiell Hammett (Maryland, 27 de maio de 1894; Nova York, 10 de janeiro de 1961) abandonou a escola com 14 anos e passou a trabalhar como mensageiro, entregador de jornal, escriturário, apontador de mão de obra e estivador na Filadélfia e Baltimore, até completar 20 anos, quando foi trabalhar na Agência Pinkerton de detetives. Em 1918, alistou-se no Corpo de Ambulâncias do Exército; voltou tuberculoso da guerra, tentou retomar a antiga profissão de detetive, mas acabou escritor de histórias policiais. Entre um porre e outro, foi o criador do noir americano, o gênero literário que surgiu nas revistas e jornais populares, a partir de contos e folhetins.

Autor de Seara vermelha (1929), O falcão maltês (1930), A chave de vidro (1930), Mulher no escuro (1933) e Continental OP (1945), Hammett trabalhou para o cinema em Hollywood. Na década de 1930, conheceu Lillian Hellman, jovem escritora e líder feminista, uma paixão até a morte. Ao lado de John dos Passos, Ernest Hemingway e Arthur Miller, entre outros intelectuais norte-americanos, destacou-se na luta contra o nazismo nos EUA, que somente entrou na II Guerra Mundial em 1941, após o ataque japonês a Pearl Harbor, no Havaí. Hammett se alistou novamente e serviu como sargento do exército americano.

Homem de esquerda, o escritor foi vítima da “caça às bruxas” promovida pelo senador Joseph McCarthy no início da década de 1950. Não colaborou com a comissão que investigava atividades supostamente subversivas na indústria cinematográfica, foi preso e incluído na lista que impedia os artistas de trabalharem em Hollywood. Hammett morreu doente e frustrado, mas deixou uma legião de seguidores. “Estava imóvel — os olhos amarelos acinzentados sonhadores —, quando ouviu o grito. Era um grito de mulher, agudo e estridente de terror. Spade estava atravessando a porta quando ouviu o tiro. Era um tiro de revólver, amplificado, reverberando pelas paredes e pelos tetos”, seus contos inspiram cenas recorrentes no cinema, como no clássico Um tiro na noite, de Brian de Palma, de 1981.

O sonoplasta Jack Terry (John Travolta) prepara a trilha sonora de um filme B sobre assassinatos em uma universidade. Na gravação de um áudio, em local ermo, salva a mocinha (Nancy Allen) de um acidente automobilístico. Ao resgatá-la, Jack descobre que ela estava em companhia do governador George McRyan (John Hoffmeister), um dos candidatos à Presidência dos EUA. Depois do incidente, na conferência do material sonoro, constata que o acidente pode ter sido um crime encomendado; percebe que o som do estouro do pneu, na verdade, era de um tiro de revólver.

Lava-Jato
Depois da revelação de que a família do ministro relator da Operação Lava-Jato, Edson Fachin, sofreu ameaças, os tiros disparados contra o ônibus da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fornecem ingredientes de um thriller policial às eleições presidenciais. Só foram descobertos por causa dos buracos de bala. Os tiros precisam ser investigados, tal qual nas histórias noir.


Condenado em segunda instância a 12 anos e 1 mês de prisão em regime fechado, Lula desafia a Justiça e força a barra para manter a candidatura a presidente da República, com uma retórica de radicalização política no gogó e um salvo-conduto do Supremo Tribunal Federal nas mãos, enquanto aguarda a conclusão do julgamento de seu polêmico pedido de habeas corpus pela Corte, suspenso porque dois ministros não poderiam perder o avião. Seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL), como já reiteramos, com discurso truculento e reacionário, retroalimenta a radicalização. É um ambiente que começa a sair do controle, como a segurança pública no Rio de Janeiro.

No Brasil, até agora, não houve atentados ou mortes na Operação Lava-Jato. Aparentemente, todos os envolvidos são pessoas de índole pacífica. Nem um pouco parecida com a dos responsáveis pelo assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSol), há duas semanas, executada com quatro tiros na cabeça, logo após sair de uma reunião de mulheres negras, supostamente uma resposta à intervenção federal na segurança pública daquele estado.

Na Itália, a Operação Mãos Limpas, deflagrada em fevereiro de 1992, com a prisão de Mario Chiesa, que ocupava o cargo de diretor de instituição filantrópica de Milão (Pio Alberto Trivulzio), em dois anos, resultou em 2.993 mandados de prisão e 6.059 pessoas sob investigação, incluindo 872 empresários, 1.978 administradores locais e 438 parlamentares, dos quais quatro haviam sido primeiros-ministros. Mas houve 12 suicídios e os juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino foram assassinados pela máfia.

Luiz Carlos Azedo - Nas Entrelinhas - CB

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Ameaça terrorista leva Serviço Secreto dos EUA a fechar Casa Branca



Casa Branca é fechada, e Serviço Secreto dos EUA detém uma pessoa

Área no entorno foi esvaziada após homem dizer que deixou explosivos na área

O Serviço Secreto americano deteve uma pessoa e fechou a ala norte da Casa Branca por alguma horas nesta segunda-feira após uma falsa ameaça de bomba. Segundo um relatório do Serviço Secreto, um homem se aproximou de agentes que estavam em patrulha em uma avenida próxima à Casa Branca e disse que deixara explosivos na área. O suspeito foi imediatamente levado em custódia, e todos os pedestres e veículos foram retirados do local. 


Turistas e pedestres passam em frente à Casa Branca, em Washington - MIKE THEILER / REUTERS

Unidades antibombas foram enviadas para a região e verificaram que um celular deixado pelo suspeito foi localizado, mas nenhum explosivo foi detectado. O morador de Washington Ervin Pettaway, de 33 anos, foi acusado por falsa ameaça e foi levado para a delegacia para um processo posterior.  Segundo a CBS News, repórteres tiveram que deixar a Casa Branca, e usuários do Twitter relataram que a área no entorno do local foi esvaziada. A porta-voz da polícia de Washington, Margarita Mikhaylova, disse ao "Washington Post" que as autoridades estava investigando um pacote suspeito fora da Casa Branca. Segundo a NBC, é a 23ª vez que há uma violação de segurança ao longo dos terrenos da Casa Branca desde 2014.

O presidente americano, Donald Trump, partiu nesta sexta-feira para o Havaí, antes de começar sua viagem para a Ásia. O avião presidencial Air Force One decolou da base militar de Andrews, Maryland. Trump visitara Japão, Coreia do Sul, China, Vietnã, Filipinas até o dia 15 de novembro.


Transcrito de: O Globo